História Eterna aliança - Um dia de praia

- Segurem os chapéus! — berrou.
— Não estou de chapéu — berrou Izume, pois o barulho do motor era ensurdecedor.
— Que bom.
O barco cortou as águas azuis.
Sakura abraçou Izume. O vento desarrumava-lhe os cabelos, cobrindo-lhe os olhos e ela tinha que agarrar-se à borda do barco. O casco batia na água, fazendo a embarcação pular.
— Oba — gritou Izume, extasiado. Sasuke sorriu.
O cabelo caía-lhe no rosto e parecia mais jovem, despreocupado.
— Mais rápido?
— Mais, mais — berrou Izume.
— Então lá vamos nós.
Acelerou e o barco ganhou velocidade. Quando finalmente fez uma curva fechada e voltou para a costa, virou-se para os passageiros.
— Foi divertido?
— Foi! — gritou Izume.
— Você é um inconseqüente! — disse Sakura. Ele riu.
— Não, apenas muito feliz. — Desacelerou. — Este barco não é ruim, mas não é possante. Podem chegar a mais de cem nós. Isso sim é correr. Mas mesmo assim nos divertimos, não é?
De repente, mostrou-se irritado. O barco que alugara na marina era ideal para passeios de exploração da costa. Mas ainda não podiam passear. Seria reconhecido e a mídia começaria a espalhar rumores e especular sobre a pessoa com quem estava. Não queria isso. Queria que o casamento fosse oficialmente anunciado do palácio. Não por consideração ao pai, que não merecia nenhuma depois de ter tratado Izume de maneira tão detestável, nem pela mãe. Mas para a segurança de Sakura.
Ela já experimentara muita dor. Graças aos pais, e a tudo que lhe acontecera.
Mas, até então, nenhuma palavra vinda do palácio. Ele já dera tempo ao pai para aceitar o que fizera. Talvez devesse mandar outro recado.
Cuidaria disso hoje. Shicamaru o faria.
Levou o barco ao cais e lançou a âncora. Izume pulou na água. Sasuke desceu e estendeu os braços para Sakura.
— Eu consigo.
Ele a pegou no colo, sorrindo; ela suspirou. Era tão leve... Leve, voluptuosa e maravilhosa naquele conjunto de biquíni vermelho cereja. O cabelo despenteado dava-lhe um ar brincalhão.
— Sou pesada demais para você.
Ele riu, debochado. E pensar que achava que aquelas roupas largas eram para esconder o excesso de peso. Não havia uma gordurinha, nada fora do lugar.
— Posso agüentar o dobro de seu peso — disse, confiante. Colocou-a na areia. Ela parecia alegre. Os braços nus eram macios e começava a ficar bronzeada, já que expunha a pele ao sol.
Já estava se acostumando com a transformação. O olhar de descrença era raro e aceitava o que acontecera. Saía da caixa onde os pais a aprisionaram, um caixão para sua feminilidade.
Bem, jamais voltaria àquela caixa. Em breve, a feminilidade floresceria na glória merecida.
O semblante alterou-se. Paciência, Sasuke começava a descobrir, era uma virtude rara.
— Tio Sasuke, preciso de um castelo de areia. Venha ajudar.
Sasuke ficou satisfeito em desviar a atenção. Ligou para Shikamaru depois do almoço.
— Que tal fazer uma foto exclusiva?
Primeiro enviaria as fotos para o palácio. Para lembrar o pai que o tempo estava acabando, que, se mantivesse o silêncio, ele simplesmente faria a comunicação e deixaria a imprensa especular sobre o motivo do casamento não ter sido anunciado pela família.
— Não espere muito, Sasuke. A segurança em Esmerald Beach pode ser rigorosa, mas mesmo assim — a voz do amigo trazia um aviso —, tem gente que mataria por essa história.
— Estou ciente. Então, vem tirar a foto amanhã?
— Estarei aí. Acha que eu perderia o segundo grande furo de minha vida?
Sasuke desligou o telefone e viu Sakura tentando convencer Izume a tirar a soneca da tarde.
Shikamaru viria amanhã tirar fotos do casal feliz, da família perfeita. Um casamento de conto de fadas, com final feliz: o príncipe playboy casando-se com a mãe adotiva do filho do irmão.
Cinderela. E não a irmã feia, como Sakura sempre se vira. Uma Cinderela cuja transformação o deixara excitado.
Que ele queria beijar, possuir. Teria ele o direito? Desejava-a desesperadamente. Desejava-a por ser bonita, atraente, desejável. Estava impaciente, como lhe dizia o corpo sempre que a via. E a queria também para o bem dela — porque ela o tinha feito sentir-se livre e porque a vira transformar-se numa linda mulher. Sim, Sakura havia se libertado de seus complexos e merecia ocupar a posição que toda mulher como ela deveria assumir.
Mas ele tinha o direito de colocá-la em tal posição?
Ela é minha esposa. Que outra mulher deveria desejar?
A expressão tornou-se sombria. Sim, é minha mulher, mas o casamento tivera Izume como objetivo. Tudo no casamento, incluindo as fotos no dia seguinte, seriam para Izume. Visando-lhe a segurança, o futuro. Não o deles.
Por que não o nosso futuro? Por que não nós? As palavras assumiam forma em sua mente, vindas do mesmo local que lhe dizia que a mulher que estava ao seu lado era sua esposa.
Ficou imóvel ao se dar conta do que pensava. Sentimento. Desejo.
Casara-se com ela prometendo um casamento de conveniência, com o objetivo de protegê-los. Quando o objetivo fosse alcançado e não houvesse perigo de escândalo, então o casamento seria desfeito. Ambos ficariam livres.
Não quero isso...
A constatação surpreendeu-o.
E outra emoção seguiu-se. Não sabia o que era. Só sabia ser um sentimento muito forte.
Naquela noite tornaria o casamento real.
As fotos amanhã mostrariam um conto de fadas real.

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