Eu nunca pensei que casar me deixaria tão nervosa. Um frio corria por minha barriga e instantaneamente, eu a massageava quase sem parar. Vestida em um roupão branco, eu caminhava de um lado para o outro daquela porcaria de quarto. A costureira ajeitava alguns mínimos detalhes no vestido e eu era obrigada a esperar. Sammy e eu estávamos separados há quase cinco horas, o que eu achava ridículo. Já que nós éramos nós que iríamos casar. Essa idiotice de ‘o noivo não pode ver o vestido da noiva, se não dá azar’, era ultrapassada pra mim. Não sei o porquê de nos manter separados, não era necessário e muito menos obrigatório. Suspirei pesadamente olhando a hora em meu celular. Em menos de uma hora e meia, eu finalmente estaria dizendo ‘sim’ para o grande amor da minha vida. Só de pensar nisso, meus olhos se enchiam de lágrimas, mas Lydia me fez prometer que não iria chorar para não borrar a maquiagem.
Eu ainda não estava crédula que Sammy e eu iríamos nos casar. Passamos por tantas coisas, tantos obstáculos que por algumas vezes, eu cheguei a pensar que não conseguiríamos vencer.
— Amanda, você precisa ficar calma. — Lydia disse me repreendendo.
— Eu não consigo. —Reclamei sem parar de andar. — Estou tão nervosa que estou a ponto de colocar todo o meu estomago para fora.
— Fique calma, amiga. —Ela massageou meus ombros. — Pelo seu bem.
— Eu sei, mas não consigo evitar. —Mordi meu lábio inferior. — Estou com medo de cair, de o meu vestido ficar preciso em baixo do meu pé e eu me esbofetear no chão. Ou então eu sofrer um desmaio e todos rirem da minha cara.
— Deixa eu ver se entendi. —Julia colocou a mão no queixo para pensar. — A garota que esperou anos por um garoto, quase o perdeu para uma vadia, por pouco não perde o marido, está com medo de fazer feio no altar?
— Por aí... —Soltei um riso fraco.
— Escuta Amanda, vai dar tudo certo. Não tem com o que se preocupar. Fique tranquila e pense positivo, está bem? —Julia falou e eu assenti.
— Está pronto. — A costureira se levantou com o vestido em mãos. — Agora sim, está perfeito. —Ela ajeitou os óculos preto no rosto e colocou o vestido em frente ao meu corpo. — Vamos colocá-lo agora mesmo.
— Certo. —Balancei a cabeça.
Tirei o roupão e deixei que escorregasse até o chão. Observei meu corpo no enorme espelho antes de colocar o vestido. Acho que eu entraria no vestido.
Meu vestido era branco como todos os outros vestidos de casamentos, mas o detalhe era a faixa roxo escuro meio preto, ela ia se iniciava em minha espinha e se mesclava com o longo babado. O que me incomodava um pouco era o decote. Nada chamativo ou escandaloso, apenas sexy e bonito. Meus cabelos estavam enfeitados com pequenos cachos e presos todos para o lado. Minha maquiagem foi feita para combinar com o vestido. Os olhos bem delineados, a sombra escura, mais algumas coisinhas no rosto e nos lábios, um batom preto arroxeado em jus a faixa. Escolhi a sandália mais baixa que consegui, pois já bastava o peso do vestido, eu não iria ficar maltratando também os meus pés.
— Você está tão perfeita. —Emma falou enquanto me fitava pelo espelho.
— Ficou ainda mais bonito do que eu imaginava. —Bella parecia estar emocionada.
— Com licença, não quero ver nenhuma mulher pelada. Não e que eu não goste... Eu amo, adoro, mas vocês todas namoram e Amanda me ensinou a respeitar as mulheres. Estão todas vestidas? — Thomas disse entrando com os olhos tapados por suas mãos.
— Estamos sim, Thomas. — Disse sorrindo. Thomas tirou suas mãos de seu rosto e me encarou sorrindo. Senti uma lágrima se formar ao encarar seu sorriso.
— Eu acho que eu vou chorar. — Thomas disse com a voz falha. — Sem querer se grosso, mas vocês podem sair daqui? Queria conversar com a minha irmã.
As meninas se despediram de mim, e saíram do quarto deixando a mim e Thomas, sozinhos. Numa velocidade incrível os braços de Thomas envolveram meu corpo. Não me preocupei em meus cachos amassarem, ou o meu vestido. Apenas queria abraça-lo.
— Não acredito que você irá se casar. — Ele sussurrou melancólico.
— Nem eu. — Respondi.
— Você quer desistir? Dá tempo ainda. A gente corre, e some daqui, e...
— Thomas. — Disse o interrompendo. — Casar é o que eu mais quero nesse mundo.
— Droga. — Ele murmurou sorrindo. — Meu plano falhou. — Consegui sorrir em meio a tentativa de não chorar, o que estava sendo difícil. — Você é minha princesa. O que vou fazer quando você for?
— Casar também, construiu sua família. — Falei.
— Cala a boca, eu sou mais velho. Eu deveria estar casando. — Ele disse fazendo uma pausa. — A gente sempre foi grudado.... Eu só não imagino você indo embora. Não quero que você vá. Todos os irmãos se casam, e quando o tempo passa eles se separam, não se falam mais. Não quero que isso aconteça com a gente. Eu te amo muito, você não imagina o quanto.... Apenas não se afaste de mim, eu te imploro, eu não irei aguentar. — Thomas pediu.
— Eu nunca irei te deixar, meu irmãozinho. Você significa tudo para mim. — Respondi
— Caralho, eu estou chorando. — Ele disse se afastando e secando as lágrimas. — Você está chorando. — Ele disse me encarando. — Pare de chorar.
— Desculpa, desculpa. — Disse abanando o rosto.
— Nós dois somos dois chorões. — Ele disse sorrindo. Não consegui evitar o nervosismo e o abracei forte.
— Eu te amo, Thomas. — Disse.
—Eu também te amo, minha pequena Campbell. — Ele disse fungando. — Sempre irei te amar. — Disse sorrindo e beijando o topo da minha cabeça. — Sempre.
(...)
Ao chegar à porta da igreja, eu não sabia se chorava, gritava ou simplesmente saía correndo. Acho que ambas as sensações me tomaram de uma só vez. Segurei nos braços de Thomas e olhei para ele como se pedisse para ele não me deixasse fazer alguma besteira até chegar ao altar. Apertei o buquê em minhas mãos contei mentalmente até dez. As garotas entraram na igreja antes de mim, anunciando que eu havia chegado e provavelmente foram param o altar ocuparem seus lugares como madrinhas.
— Amanda. — Uma voz chamou atrás de mim, me virei rapidamente. Minha respiração falhou. Ele estava vestido em um terno preto, sapatos sociais, e uma blusa social branca. Seu cabelo estava penteado em um topete perfeitamente alinhado. Pude sentir seu perfume de longe. Seus olhos castanhos me fitavam alegres. Seu sorriso ficava lindo estampado em seu rosto. Jack estava ali.
— Jack. — Falei sorrindo, e andei apressadamente me jogando nos braços dele.
— Céus, como você está linda. — Ele disse sorrindo.
— Obrigada. — Respondi.
— Meu Deus, não consigo acreditar que você vai se casar. — Ele disse sorrindo. Pude ver seus olhos marejarem. Ele passou sua língua por seus lábios os umedecendo, e continuo. — Você foi o meu primeiro amor. — Disse melancólico.
— Jack...
— A primeira garota que eu olhei com desejo.... Com amor. — Ele disse sorrindo. — Eu me pegava te admirando e tentando absorver o efeito que você tinha sobre mim. Você foi a minha perdição, Amanda. Você foi a pior, e a melhor coisa que já aconteceu comigo. — Jack disse e uma lágrima escapou de seus lindos olhos castanhos. — Eu te amei tanto... Pra no final você me chutar.
— Me desculpa, Jack, eu...
— Não se desculpe. — Ele disse se aproximando e segurando meu rosto com suas duas mãos. — Graças a isso, eu conheci Madison. Ela me faz tão feliz. Eu a amo. — Ele disse sorrindo. — Eu não quero dizer a bíblia aqui. — Disse rindo. — Eu só quero te dizer que eu te amo, sempre irei te amar. Você foi o meu primeiro amor e sempre vai ser.
— Eu amo você, Jack. — Disse chorando.
— Pare de chorar, não queria fazer você chorar. — Ele disse me abraçando forte. — Eu só queria dizer, sabe... Adeus. Espero que Sammy te faça a mulher mais feliz desse mundo. Eu estou orgulhoso de você, minha pequena. — Ele disse beijando lentamente minha testa. — Você sempre estará no meu coração, Amanda Campbell.
— E você sempre estará no meu, Jack Gilinsky. — Completei o abraçando tão forte que me perguntei se eu não estava o machucando.
Jack se afastou de mim, sorrindo e adentrou a igreja. Me recompus e agarrei o braço de Thomas.
— Chegou a hora. —Thomas sussurrou para mim antes de começarmos a dar os primeiros passos. — Vamos fugir. Por favor. — Thomas falou.
— Vamos entrar, Thomas. — Respondi tremendo.
Assim que passamos pela entrada, a música de fundo começou a soar. Para minha surpresa não era a tão famosa marcha nupcial. Por mais clichê que pudesse parecer, no fundo tocava A Thousand Years.
Meus pés me aproximavam cada vez do altar e o meu coração palpitava tão forte que eu jurei ouvir as batidas dele. Levantei a cabeça e encontrei Sammy em pé, as mãos encontravam-se em frente ao seu corpo e eu poderia dizer que ele estava mais lindo do que sempre. Seu terno era o casual preto, com uma blusa social branca, sapatos sociais de mesma cor e os cabelos penteados de um jeito sexy e arrumadinho. Ele sorriu para mim e imediatamente eu me acalmei.
Quando nossos passos cessaram, eu senti as minhas pernas bambearem e eu fiquei seriamente grata por Thomas estar me segurando. Observei o padre com as mãos cruzadas, a batina branca e uma faixa lilás caindo por seus ombros. Ele não deveria ter mais de cinquenta anos. Desviei o olhar para Sammy e ele me estendeu a mão. Olhei para Thomas e assenti para que ele me soltasse, demorou alguns segundos para que ele fizesse isso, mas depois ele concordou e soltou-me, entregando-me para Sammy.
— Cuida bem da minha princesa, por favor. — Thomas pediu a Sammy. Senti minhas lágrimas voltarem. Sammy assentiu sorrindo.
Segurei em sua mão e fiquei de frente para ele. Rodei o olhar pela igreja e vi que todos já estavam sentados.
A música parou e o padre pigarreou baixinho. Engoli em seco e me foquei em Sammy. Ele mordeu os lábios enquanto me olhava de cima a baixo e eu senti meu rosto esquentar. Minha vontade era de dar um belo tapa em seu braço, mas me contive e felizmente ele parou. Voltamos a pose séria e o padre iniciou a cerimônia.
— Irmãs, irmãos, tios, tias, pais e amigos, estamos reunidos aqui hoje para unir esse homem e essa mulher em sagrado matrimônio. —Ele disse e abriu um pequeno livro, logo em seguia colocou seus óculos. — Samuel Howard Wilkinson e Amanda Lee Campbell, viestes aqui para celebrar o vosso Matrimônio. É de vossa livre vontade e de todo o coração que pretendeis fazê-lo?
— Sim. — Eu e Sammy respondemos juntos. Ele sorriu.
— Vós que seguis o caminho do Matrimônio, estais decididos a amar-vos e a respeitar-vos, ao longo de toda a vossa vida?
— Estamos sim. — Respondemos.
— Estais dispostos a receber amorosamente os filhos como dom de Deus e a educá-los segundo a lei de Cristo e da sua Igreja?
— Estamos. —Respondemos sorrindo um para o outro. Sammy riu sapeca, e eu o repreendi com o olhar.
— Uma vez que é vosso propósito contrair o santo Matrimonio, uni as mãos esquerdas e manifestai o vosso consentimento na presença de Deus e da sua Igreja.
Como pedido, nós unimos nossas mãos esquerdas e nos encaramos. Foi então que senti falta de algo.
— Vocês estão com as alianças aí? —O padre sussurrou para nós.
— É... Matthew? —Sammy olhou para o amigo de pé atrás dele. — Não está esquecendo nada?
— Oh sim, me desculpem. —Ele enfiou a mão no bolso da calça e tirou um saquinho vermelho de lá, depois entregou a Sammy. — Foi mal, as crianças estavam brigando pra quem iria entrar e acabou não entrando ninguém. — Matthew disse dando uma risadinha.
— Pronto, aqui está. —Sammy me entregou uma das alianças. A aliança era de ouro, grossa e tinha os nossos nomes bordados nela juntamente com a data que estávamos casando. — Posso continuar?
— Sim, filho. Prossiga. —O padre permitiu.
— Eu Samuel Howard Wilkinson, recebo a ti por minha esposa Amanda Lee Campbell, e prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da nossa vida. —Ele encaixou a aliança em meu dedo e eu senti a primeira lágrima correr.
— Eu Amanda Lee Campbell, recebo a ti Samuel Howard Wilkinson, por meu esposo e prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da nossa vida. —Foi a minha vez de colocar a aliança em seu dedo.
— Confirme o Senhor, benignamente, o consentimento que manifestastes perante a sua Igreja, e se digne enriquecer-vos com a sua bênção. Não separe o homem o que Deus uniu. E pelo poder que a mim é dado, eu vos declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva. —Ele nos abençoou.
Sammy puxou-me pela cintura e me beijou antes que eu esperasse. Passei as mãos por seu pescoço e aprofundei mais o beijo. Ouvimos a salva de palmas e alguns gritinhos. Separamo-nos com pequenos selinhos e logo em seguida ele beijou minha testa.
Eu estava tão feliz, que não conseguia descrever aquele momento. Vi Thomas sorrindo e chorando batendo palmas junto com os outros. Realmente aquilo não tinha dinheiro nenhum do mundo que pagasse.
(...)
A nossa festa de casamento, foi realizada em sitio que havíamos alugado. A decoração ficou por conta de Bella. As mesas estavam posicionadas ao ar livre, assim a banda que entoava uma música dançante. Para a minha felicidade, eu troquei de vestido depois da cerimônia e pude tirar aquele peso do meu corpo.
O vestido escolhido era um vermelho comprido, com alguns detalhes frontais e costas nuas, ele tinha uma abertura em minha perna direita e descobria até o início da minha coxa.
Levei o buquê junto comigo para jogá-lo e uma ''sortuda'' pegá-lo. Caminhei até os convidados para agradecê-los enquanto Sammy conversava com os meninos.
— Amanda, hora de jogar o buquê. —Emma gritou para mim.
— Vamos lá. —Disse tremendo.
Uma roda de umas quinze mulheres se formou e eu subi em pequeno banquinho para conseguir a proeza de jogar o buquê para trás. Sammy estava ao meu lado, com um copo de alguma bebida em mãos, ele piscou pra mim, antes que eu começasse a contar. A
— Um, dois e.... Três. —Joguei o buquê para trás e me virei logo para ver quem havia pegado. Acabei me desequilibrando do banquinho e Sammy me pegou em seus braços. Ele me colocou de pé, e me beijou lentamente. Suas mãos foram de encontro a minha cintura, e as minhas de encontro ao seu cabelo, puxando-o para cima levemente. Sammy apertou minha bunda com uma de suas mãos e nos separamos rindo.
— Mamãe, mamãe. —Ariel me chamou. — Eu peguei o buquê.
— O que? — Sammy perguntou incrédulo.
—Eu roubei da tia Julia. — Ela disse rindo. — Quando crescemos, eu e Andrew iremos no casar.
— Nem por cima do meu cadáver, mocinha. — Sammy murmurou. Gargalhei baixo e abracei Sammy.
Faziam cerca de duas horas que estávamos na festa, tiramos muitas fotos, demos muitos abraços, e eu comi por duas pessoas, literalmente. Sammy me chamou para dançar. Eu não lembro a música que tocava, mas era lenta e calma.
— Você está linda. —Ele circulou a minha cintura e me trouxa para mais perto.
— Você fala como se não estivesse. — Disse descansando minha cabeça em seu peito.
— Nós vamos ser muito felizes, Amanda. Mais do que já somos agora. — Não sei se foi apenas coincidência, mas Sammy e eu encaramos Ariel ao mesmo tempo. — Nós três vamos ser muito felizes.
— Eu te amo. Te amo. Te amo. — Disse beijando seus lábios carnudos e macios.
— Eu te amo ainda mais, minha princesa. — Ele disse correspondendo meu beijo.
Sammy me beijou e subiu as mãos por minhas costas. Passei as minhas por seu pescoço e arranhei vagarosamente sua nuca. Foi quando ele nos separou e entrelaçou nossos dedos puxando-me para longe da festa.
— Sammy, o que está fazendo? —Perguntei segurando na barra do meu vestido para não pisar nele.
— Vamos embora. —Respondeu simplesmente.
— O que? Não podemos ir embora, Sammy. Isso é uma festa. — Disse rindo.
— Vamos fazer a nossa própria festa. — Ele virou a cabeça e piscou pra mim.
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