História Eternamente Ligados - Portland, aqui vamos nós!

Fiquei algum tempo sozinha, apenas aproveitando a sensação de estar isolada, sem aquela pressão no peito. Jacob sentou ao meu lado depois, e ficou comigo ali, apenas vendo as ondas quebrarem na costa.

– Amanhã vai ser o aniversário da Ashley, sabia? – perguntei. Meus sentidos de bruxa estavam alarmados, mas ignorei esses instintos, sabendo que cutuca-los de nada adiantaria.

– Nop, mas temos que fazer algo legal para ela. Toda essa transição e imprintings... – ele deixou o final da frase pairar, indicando que algo tinha acontecido em minha ausência. – Mas antes, porque está pelada? – Jake perguntou com a sobrencelha erguida.

– É... Complicado. – respondi com um suspiro.

Vi ele fazer uma careta de nojo, e menear a cabeça em um acena negativo. Acabei por rir de sua cara. Ele tirou a camisa, e entregou para mim.

– Imagina se um daqueles tarados vê você assim – Jake semicerrou os olhos para mim. Gargalho alto, vestindo a roupa, que acabou por não cobrir quase nada.

– Vamos voltar a falar sobre o aniversário da Ashley, mas fique sabendo, mocinha, que está conversa não parou por aqui – Jacob colocou a mão na cintura, elevou a destra até a altura do meu rosto, e falou as palavras, imitando uma mãe preocupada.

Gargalhei, deitando no chão com as mãos na barriga. Ele deitou ao meu lado, e eu percebi que tinha sorte por Jake estar começando a se lembrar de mim. Ficamos ali por um tempo, apenas olhando o céu azul acima de nós. Era bom.

– Ashley sempre quis uma festa na praia – disse depois de um tempo.

– Ainda é cedo. Podemos ajeitar tudo e fazermos a comemoração em La Push. Os Sangue-Sugas podem ajudar, principalmente a baixinha da Alice – respondeu-me rindo de leve. Acompanho-o.

– Então vamos começar! – digo animada, sentando.

– Primeiro você tem que colocar uma roupa, cabeção.

– Ashley ainda está dormindo – ouvi Seth dizer no andar de baixo.

Toquei a maçaneta e abri a porta, para ter absoluta certeza, de que ela dormia. A pequena estava deitada de lado, respirando profundamente. Quem via ela dessa forma, pensava que ela era um anjo... Coisa que era, mesmo.

– Só aviso que se você corromper a pureza dela... — pulei até o centro da sala, usando minha magia para não deixar minhas pernas receberem o impacto, além de cair silenciosamente.

– Eu te castro — disse no ouvido de Seth, puxando suas calças para cima.

Com um grito abafado, o lobinho deu um pulo, se virando para mim, com os olhos arregalados.

– Não faça mais isso! – disse alto.

Olhei para Jacob, vendo o que o mesmo estava com a mão no rosto, tentando falhamente segurar o riso. Quando nossos olhos se encontraram, foi impossível contar a risada, e logo ambos estavamos rindo loucamente.

Quando finalmente nos recuperamos, sentamos no sofá de frente para Seth, sorrindo maliciosamente.

– Então, como você teve o imprinting pela Ashley, sabemos que fará tudo por ela e é por isso que você vai distrair minha irmã hoje e amanhã. Não deixe ela aparecer em La Push! – digo rapidamente.

Um sorriso maroto apareceu no rosto dele, fazendo com que eu e Jake começássemos a rosnar.

– Nada de sexo! – dissemos ao mesmo tempo.

Em poucos segundos Seth começou a ficar vermelho como um pimentão, cruzando os braços.

– Eu sou puro – ele refutou indignado.

– Tão puro quanto eu? – perguntei erguendo uma sobracelha.

– Sim – respondeu hesitante.

– Então você não pode nem mesmo beija-la, por agora.

O celular de Jacob toca. Me sobressalto mas não deixo transparecer, começando a fitar meu irmão.

– Hey, Baixinha – ele disse em um tom feliz.

– Te espero em 10 minutos, em Portland — ouvi alguém dizer no outro lado da linha.

Jacob dirigiu rapidamente, chegando na cidade em exatos 10 minutos. Quando finalmente descemos, um vulto apareceu ao meu lado segurando uma mecha do meu cabelo.

– Quem é essa? – perguntou olhando para mim de maneira analizadora.

– Minha irmã – Jake desceu do carro, abraçando minha cintura – Achei que a Nessie tinha falado sobre ela.

– Sou Susanne Black. Qual o seu nome? — perguntei estendendo a mão.

– Alice Cullen — ela sorriu saltitante.

– Não sabia que você tinha uma irmã! Porque nunca nos contou? – seu tom era ofendido. As mãos na cintura deram um toque de comédia a cena. Gargalhei alto.

– É uma longa história – ele alongou o O de "longa".

– E o que estamos esperando, então? Vamos as compras!

Acordei com uma leve carícia na bochecha, e assim que abri os olhos, duas íris negras me observavam com adoração.

Fiquei vermelha quase que instantaneamente. Provavelmente estava com remela nos olhos, um ninho de rato existia no lugar dos meus cabelos, e eu tinha babado. Típico.

Isso não pareceu ser importante aos olhos de Seth, que abriu um sorriso alegre.

Me sentei, apoiando as costas na cabeceira da cama, e então pude ver a surpresa que me aguardava. Uma bandeja com café, suco, torrada, Nutella e mais um monte de coisa que eu provavelmente não iria comer estava ali, na minha frente, esperando para ser comido.

– Que horas são? – perguntei quando olhei para a janela e vi luz demais pro meu gosto.

– 10:00 horas. Você estava dormindo tão tranquilamente que não quis te acordar – mordi o lábio inferior por impulso. Lembro da Susan dizer que isso deixava um homem louco, e acabei por morder com mais força ainda, morrendo de vergonha.

– Devo estar realmente cansada. Em Malibu eu acordava bem cedo para aproveitar as ondas e a falta de turistas na praia. – peguei a xícara com o líquido negro que eu tanto amava. Café. Jesus, eu poderia sobreviver apenas com café!

– Você surfa? – uma placa de neon acendeu com os dizeres "pontada de incredulidade", em minha cabeça.

– Claro! Nem mesmo a Anne consegue ser tão boa quanto eu. O mar e a praia são como uma segunda casa pra mim – dei de ombros, bebericando o líquido quente.

– Talvez a gente vá a La... – medo passou por seus olhos e ele se calou, como se tivesse se lembrado de algo muito importante – La Push. É a nossa praia, mas não hoje. E nem amanhã – disse rápido demais.

Acabei sorrindo com a maneira com que ele estava se atrapalhando.

– O que você está me escondendo? – questionei colocando uma mecha rebelde atrás da orelha. Seth engolir em seco, respirando fundo.

Me inclinou em sua direção, ficando de quatro. Já tinha visto Susanne fazer isso uma vez, quando ela levou um de seus "amigos" pra casa. Fiz questão de pressionar a lateral dos seios com os antebraços, deixando o babydool fazer o resto do trabalho.

Ele corou violentamente, se afastando de mim. Em sua pressa, tropeçou no tapete, caindo de bunda no chão.

Meu coração doeu quando vi a cena, levantei correndo e me agachei ao seu lado, segurando sua cabeça.

– Você está bem? Desculpa, desculpa, desculpa – murmurei rápido.

Seth gemeu baixo massageando a nuca. Afastei sua mão delicadamente, e comecei a fazer os mesmos movimentos de outrora.

– Vem, deita na cama – disse ajudando-o a se levantar.

Peguei a bandeja e levei para a cozinha, voltando para o quarto onde estava dormindo antes.

– Que tal passarmos o dia todo vendo filmes? – perguntei sentando ao seu lado – Ou pelo menos até a Su vir me ver.

– Acho que ela vai passar a noite fora – Seth se afastou para o outro lado da cama de solteiro, indicando para eu ficar ao seu lado – Foi pra Portland com o Jake – ele deu de ombros, mas ainda sim estava tenso – Que filme quer ver?

– Simplesmente acontece? – o Clearwater ergueu as sobrancelhas – É romance!

– Melhor categoria de filmes é terror. – fiz uma carranca. Terror? Blargh!

– Então você escolhe. Não gosto muito desse tipo, mas... – beijei sua bochecha, mas só me afastei alguns segundos depois.

– Sua irmã vai me matar – gemeu baixo. Um grande sorriso apareceu em meus lábios. Era por isso que ele estava estranho! Teria que conversar com Susanne.

– Vai logo – acabei rindo.

– O que você acha desse, Jake? – perguntei assim que sai do provador. Estava usando um vestido branco, que tinha uma gola redonda e mangas que cobriam os ombros. Havia uma abertura na barriga, que deixava a mostra boa parte da minha pele, mas terminava na minha cintura e pouco abaixo dos seios. A saia terminava bem acima da metade de minhas coxas, me deixando sexy na medida certa.

Meu irmão me fuzilou com o olhar, cruzando os braços.

– Não vai sair com isso – disse ao mesmo tempo em que Alice gritava:

– Perfeito!

Sorri convencida, dando uma voltinha para deixar Jacob ainda mais irritado.

– Vai ser esse mesmo – entrei no provador e coloquei novamente minha calça jeans preta justa e a regata vermelha.

– Agora temos que ir num bufê encomendar a comida – a Cullen anunciou, anotando algo em um pedaço de papel.

– Que horas a comemoração vai começar? – perguntei assim prendi meu cabelo em um rabo de cavalo frouxo.

– Hoje, meia noite – ergui uma sobrancelha, encarando a vampira.

– Neste mesmo dia? – questionei confusa. Alice acenou.

– Tecnicamente vai começar amanhã – ri do comentário – Como temos pouco tempo, vocês vão chamar os convidados enquanto a minha família arruma a festa. Tudo bem pra vocês?

Dei de ombros.

– Por mim tá ótimo.

Compramos as roupas que usaríamos a noite e saímos do local.

Um arrepio se iniciou na minha nuca, para depois descer pelas minhas costas. Alguém nos observava disso eu tinha certeza!

Olhei ao redor, claramente desconfiada, até que vi um vulto correndo na direção da estrada que levava para a floresta. Seus velocidade era parecida com a de um de nós, mas eu conhecia bem aqueles movimentos com as mãos.

Quem quer que fosse, tinha magia.

Alice deixou cair as sacolas, quase caindo. Segurei seu braço antes que ela fosse mesmo ao chão.

Seu olhar recaiu sobre mim, cheio de suspeita e medo. A Cullen segurou meu braço com muita força, forçando-me a olha-la.

– Ele está procurando por vocês. O garoto com olhos de gato. Susanne, vocês correm perigo!

É o que?