História Eternamente Vinte - Toujours dans mon coeur

MinSeok teria para sempre vinte anos.

Não importava quantas estações se passassem, quantas folhas caíssem e quantas lágrimas eu derramasse. Eu sempre o manteria em viva lembrança, seja olhando para seus gatos ou abraçando as pelúcias que aos poucos estavam a perder seu cheiro, sem resultado de quantas vezes eu borrifava seu perfume sob estas.

MinSeok nunca voltaria.

Foi em dia comum de outono que eu o perdi, quando as folhas alaranjadas caíam das árvores e se juntavam as demais no chão já coberto por estas. As abóboras sendo as únicas coisas que floresciam naquela estação em que as crianças se fantasiavam de todas as maneiras, batendo em portas distintas e gritando gostosuras ou travessuras em busca de doces coloridos.

E, como uma boa criança, MinSeok não ficaria de fora. Fui arrastado - diga-se de passagem, pois eu estava ali com muita boa vontade - até uma loja de conveniências, daquelas em que pode comprar de tudo. Meu pequeno enchia sua cesta com balas e pacotes diferentes de doce, empolgado por encontrar um diferente a cada prateleira. Enquanto eu somente o admirava de longe, observando sua agitação por uma data que o fazia tão bem, sorrindo por seus olhinhos brilharem e ouvindo meu nome ser chamado por sua voz suave e serena.

 "Dae, venha ver isso!"

Era por volta das seis quando voltávamos, carregando as milhares de sacolas com decoração enquanto Seok apenas levava as fantasias, visto que sua animação o faria derrubar tudo. Com um sorriso sincero eu acompanhava seus passos, ele rodopiava e até se abaixava para segurar algumas folhas, e então as jogava pelo ar com uma gargalhada, era uma cena realmente adorável.

Antes de chegarmos em casa, existe um caminho, lindo pelo dia; assustador à noite. Morávamos em uma cidade pequena, as pessoas se conheciam; os vizinhos sempre amigáveis.

Fomos nascidos e criados ali.

Depois de arrumar tudo, estávamos deitados sobre o tapete felpudo, tomando chocolate quente e café assim respectivamente, enquanto acariciávamos nosso gato. Estava tudo perfeito, até MinSeok levantar-se de súbito alegando que havia esquecido de comprar os marshmallows.

Eu insisti, implorei, disse que não eram importantes e até mesmo ofereci-me para que eu mesmo fosse comprá-los. Mas ele disse que queria fazer tudo por si próprio, e eu permiti. Esse foi meu maior erro.

...

Já eram quase dez da noite e MinSeok ainda não havia retornado, eu estava preocupado, ligando para mercearia enquanto arrancava os cabelos em busca dele. Nada.

MinSeok sumira por exatas três semanas, e nesse meio tempo, fiquei na casa de seus pais. Consolando tanto eles quanto a mim mesmo. Eu não queria perdê-lo, eu não poderia. Qual seria o sentido de acordar de manhã sem um bom dia sonolento e um beijo seu? Sem poder abraçá-lo e sentir o cheirinho de café quando descesse as escadas para a cozinha? Sem as risadas por piadas tão sem sentido que se tornavam engraçadas? Eu não teria mais motivos para continuar ali. Eu estava desmoronando aos poucos.

Quatro dias depois eles acharam um corpo.

Ficamos apreensivos, queríamos que fosse ele, mas ao tempo mesmo não. Encontrá-lo sem vida seria meu fim. Disseram-nos que o acharam no lago, com o rosto contra a água e com somente parte da roupa.

Fomos ao necrotério, e eu não desejaria algo assim para ninguém. Era seu rosto, tão sem cor, sem expressão. Sem vida. Estava limpo, mas eu podia ver claramente as feridas que haviam sido deixadas ali. Arranhões e marcas profundas em seu braço e pescoço eram explícitos até demais na minha concepção. Sua mãe chorava de maneira incessante, um choro alto e doloroso de quem perdera seu único filho por algo tão fútil, logo sendo acolhida por seu marido.

E eu estava num canto qualquer, ainda perplexo demais para ter quaisquer reações.

Prenderam o homem que havia feito isso, ele alegou que pretendia fazer isto com outro, mas MinSeok se parecia demais com esse outro. E eu só queria que ele queimasse no inferno.

Eu não queria realmente saber, não gostaria de ir ao velório e chorar um pouco mais de tudo aquilo que passei derramando por dias. Eu preferia ter algo bom seu junto comigo, não uma última olhadela melancólica.

Então eu conservei sua imagem, aquela pura e divertida. Um Kim MinSeok feliz e sorridente, que não se preocupava com as coisa e levava a vida de maneira leve.

Porque, para mim, MinSeok teria para sempre vinte anos.