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História Eterno - Capítulo 2:


Escrita por: GiullieneChan

Capítulo 2 - Capítulo 2:


Fanfic / Fanfiction Eterno - Capítulo 2:

Naquela mesma noite, em uma modesta, mas bela casa nos arredores de Rodório, uma menina de cabelos negros olhava as estrelas da sua janela, sonhando com as histórias que ouvia sobre as grandes batalhas do passado. Tão distraída que não percebeu que mais alguém entrava em seu quarto, até sentir a mão afetuosa sobre sua cabeça:

—Jantar em dez minutos, princesa! –disse Shura à filha, recebendo o sorriso dela de volta.

—O que tem para jantar?

—Hoje é quarta, não é?

—Bolo de carne... –ambos falaram ao mesmo tempo fazendo uma careta e começando a rir.

—Não fale pra sua mãe sobre o que pensamos do bolo de carne dela.

—Não sou besta de contar. –a menina voltou a olhar as estrelas.

—Cicatrizes novas? –Shura perguntou apontando para o band-aid no nariz da menina e outra na bochecha.

—Só alguns arranhões no treino. O mestre Shaka é durão, mas eu sou mais! –dizia orgulhosa.

—Sei que vai superá-lo um dia. –ele riu. -O que está olhando?

—Nada. –Shura não acreditou muito na resposta dela e a menina suspirou antes de falar. –A armadura falou comigo! Isso é normal? Eu tô ficando doida da cabeça?

—Qual armadura “falou” com você? –Shura espantou-se. Sabia que cavaleiros e armaduras possuíam um tipo de ligação, mas apenas aqueles destinados a usá-las podiam sentir isso.

—A de escorpião. –ela respondeu.

—E o que ela “disse”?

—Não sei. –ela deu de ombros. –Ela não falou, falou... eu vi uma imagem.

—E o que você viu?

—Alguém usando a armadura na minha cabeça.

—E... –alguém bateu na porta e a esposa de Shura apareceu. –Querida?

—Temos visitas! –Sukhi avisou, com um sorriso nos lábios. -Você também, filha. Mas, lave as mãos antes de vir pra sala!

Shura achou prudente continuar a conversa com Esperanza depois, sabia que os cavaleiros mantinham uma conexão com suas armaduras, mas acreditava que a filha ainda não possuía um cosmo tão apurado para fazer tal conexão, ainda mais com uma armadura dourada.

Suas preocupações de pai foram deixadas de lado ao ver quem o visitava.

—Camus!

Shura saudou o velho amigo com um aperto de mão seguido de um abraço. O cavaleiro de Aquário não disfarçou o constrangimento por causa do cumprimento afetuoso do espanhol, mas logo se recompôs ao dar passagem a uma menina de cabelos azuis.

—Há quanto tempo, meu amigo! Se lembra de Nike?

—Sua menina? –Shura deu um largo sorriso quando Camus confirmou com um aceno de cabeça. –Mas... uau! Está quase adulta! E tão bonita quanto a mãe!

A menção de Milo fez com que a expressão de Camus se alterasse um pouco. O francês sempre foi bom em esconder seus sentimentos, menos quando se lembrava com saudades de seu grande amor que havia partido dessa vida.

—Desculpe, Camus. Eu... –Shura havia ficado visivelmente embaraçado ao perceber o que havia feito.

—Vieram para jantar, certo? –Sukhi perguntou, abraçando Nike afetuosamente. –Fiz bolo de carne!

—Não queremos incomodar! É uma visita rápida, pretendemos partir logo pela manhã. –Camus pensava em recusar educadamente o jantar, já sabia da fama da esposa de Shura com a culinária e não pretendia passar aquela noite com algum problema estomacal.

—Já? Mal chegaram! –Sukhi olhou para o marido e em seguida para Camus.

—Camus. Já se passaram o quê? Doze anos? –Shura começou a falar e levou uma cotovelada da esposa e um olhar reprovador dela. –O quê?

—Nada, apenas que você é a sensibilidade em pessoa! –respondeu Sukhi e depois virou-se para Camus. –Vocês vão jantar conosco sim!

—Já que insistem... –nesse instante Camus parou de falar por conta da chegada de uma menina à sala.

Ela se vestia com as roupas largas, um pouco surradas de um aprendiz. Os cabelos negros presos em um rabo de cavalo, os olhos igualmente escuros fixos em Camus, pouco antes de apontar para ele e gritar:

—O DESTRUIDOR DE DOCES!

—ESPERANZA! –disseram Shura e Sukhi ao mesmo tempo, repreendendo a filha.

—Ele derrubou meu doce! –a menina insistia, cruzando os braços e olhando para Camus com ar acusador. –E ainda disse que a culpa era minha! Ele me deve um doce!

Camus a olhava com uma expressão aparvalhada na face, Nike atrás dele começou a segurar a vontade de rir.

—Ela está certa. –disse Camus de repente. –Eu derrubei seu doce e não me desculpei adequadamente.

—Viu? –ela apontou e Shura colocou a mão na cabeça dela, como se pedisse para parar. –Me deve uma bomba de chocolate!

—Façamos o seguinte. –disse Camus tentando amenizar o constrangimento dos amigos diante da fúria da filha. –Quando der, eu comprarei duas bombas de chocolate para você. Uma para compensar a que perdeu e outra como pedido de desculpas.

—Cinco. –ela lhe disse.

—Como?

—Cinco bombas de chocolate! –fazendo o número cinco com a palma da mão.

—Cinco não é muito?

—E os danos morais que me causou por ter perdido meu doce e me feito chegar atrasada ao meu treino? Cinco bombas e nenhuma a menos!

—Esperanza! –Shura não sabia onde esconder o rosto.

De repente, uma gargalhada tomou conta do local. Shura e Sukhi olhavam surpresos para Camus que não se segurava mais diante da espontaneidade da menina em negociar a reparação dos danos que sofreu. Nike olhava encantada para o pai rindo, ela mal se lembrava de vê-lo assim em toda a sua vida. Seus sorrisos eram todos marcados por uma sombra de tristeza, e era a primeira vez que via seu pai gargalhando.

—Ela vai te dar muito trabalho, amigo! –Camus dizia ainda rindo, respirando fundo e tentando se recompor, agachando para ficar na mesma altura da menina. –Cinco parece-me justo.  Concordo! Mas só poderei te pagar quando voltar do meu retiro, certo?

A menina estendeu a mão a ele, erguendo o dedo mindinho e dizendo séria.

—Jura? Promete prometido? Promessa de dedo mindinho. Se você estiver mentindo terá que engolir mil agulhas e cortarei o seu dedo! –falou séria e Camus teve que segurar a vontade de gargalhar de novo, perguntando-se onde havia escutado isso antes.

—Juro! –entrelaçaram os dedos mínimos selando a promessa.

O cavaleiro teve a sensação de sentir uma corrente elétrica passando por seu dedo e achou que era apenas algo causado pelo seu cansaço da viagem e sua ansiedade de voltar para casa. Despediu-se logo do casal de amigos e de Esperanza, que ainda o olhava desconfiada, e foi embora.

Durante o trajeto de volta às doze Casas, onde repousaria em seu templo com a filha, esta que até então estava calada, resolveu conversar:

—Foi legal vê-lo sorrindo, pai.

—Eu sempre estou sorrindo, Nike.

—Mentir é feio. –ela riu. –Aquela menina é fofa!

—É sim. –Camus concordou e olhou para a mão, precisamente para seu dedo mínimo onde havia feito a tal promessa para quando a visse novamente. Se sentiu estranho e deu um sorriso.

—Olha aí de novo, está sorrindo! –Nike apontou para o rosto do pai.

—Pode parar, filha. Até parece que vivo carrancudo e resmungando pelos cantos. Eu fico assim? –Nike ia falar algo. –Não responda! De todo modo, vamos logo dormir. Amanhã vamos para casa.

—Quando retornamos ao Santuário?

—Eu não sei. Só quando for necessário.

 

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Doze anos se passaram desde que Camus voltou à Sibéria com a filha, em um exílio auto imposto. Nesse período, Nike havia se tornado amazona de Coroa Austral, enchendo o coração de seu pai de orgulho. E como precisava jurar lealdade a Atena, a moça passou a viver no Santuário.

Nesse período, Esperanza cresceu em corpo e cosmo, superando as expectativas depositadas por seu mestre e pais. Com o tempo, os antigos cavaleiros dourados deixaram que a nova geração assumisse seus lugares, e era a vez da morena abandonar o posto de amazona de prata e se elevar aos Doze mais poderosos. Apenas era necessário um teste final. Um desafio dourado: Enfrentar um cavaleiro de ouro e vencer. E um novo Grande Mestre a nomear legítima herdeira de Escorpião.

—Não! –disse Camus ao mensageiro, olhando a carta de convocação. –Deixei bem explícito que só deveria ser chamado em caso de algum ataque de algum deus enlouquecido. Acaso isso está ocorrendo?

—N-Não... –respondeu o mensageiro, tremendo diante do olhar duro de Camus.

—Então, não vejo motivos para voltar ao Santuário e para isso! –olhando com desdém a carta e jogando-a em um canto.

Alguém pega a missiva, lendo seu conteúdo e sorrindo:

—Amor, quanto tempo vai passar fazendo isso consigo mesmo? –a jovem loira de beleza exuberante pergunta, lendo a carta. –O Santuário te chamou novamente, não seria um ato de rebeldia recusar?

—Não sou mais o cavaleiro de Aquário, Olesya. –ele respondeu entrando na casa e sendo seguido pela loira. –Hyoga é meu sucessor, ele que faça o tal teste na tal amazona!

—Mas é o melhor mestre do Santuário! –ela retirou o casaco de peles e se sentou em uma poltrona, cruzando as graciosas pernas e segurando a carta. –Deste lugar esquecido pelos deuses saíram poderosos cavaleiros! Não deve menosprezar o fato de que essa convocação é um sinal de que respeitam sua opinião nesse teste. Não iriam deixar qualquer pessoa usar uma armadura de ouro! Igual quando Atena pediu que se tornasse o Grande Mestre e...

—Olesya, não vou ficar no Santuário. Sei que sente falta da Grécia e quer voltar, mas eu nunca te pedi que largasse tudo para vir pra cá comigo!

Camus suspirou, não se lembrava quando e nem como se envolveu com Olesya. Ela não era uma amazona, mas era a sobrinha de um cavaleiro e cresceu conhecendo o Santuário.

Se viram por acaso, quando, em uma viagem, foi abordado por esse cavaleiro sobre voltar ao Santuário a pedido de Atena e se tornar seu próximo Grande Mestre. Isso foi há cinco anos, e prontamente o recusou. E continua recusando, apesar das insistências de Atena.

Desde aquele dia, Olesya se tornou uma parte de sua vida e a atração pela russa foi imediata. Talvez impulsionada pela sua solidão e por não precisar ocultar quem era ou sobre sua vida à ela, se permitiu esse relacionamento. Afinal, a filha insistia que ele não deveria ficar sozinho.

Mas não tinha pretensões românticas com a loira e não mentiu a ela quando disse que o envolvimento entre eles seria apenas sexual, mas com o tempo acostumou-se com a insistente presença dela. Confessava a si mesmo que ela era uma boa companhia, culta e inteligente, e uma excelente amante. Mas não era amor que sentia pela mulher, apesar de saber que ela desejava ir além naquela relação.

Olesya tinha uma insistência irritante para que ele aceitasse o novo cargo e retornasse ao Santuário. Estava feliz em viver longe do Santuário, das lembranças e naquelas terras frias. E parecia que ela não queria entender aquilo.

—Nunca me disse por que se recusa a voltar lá. Nem a sua filha me diz nada... –ela faz uma careta ao se lembrar de Nike. –Ela nem conversa comigo! Mas eu sei que é porque a mãe dela morreu lá.

—Eu...

—Até quando vai deixar o passado mandar em você, Camus? –ela disse em um tom duro, fazendo-o virar-se para encará-la. –Os mortos não voltam, meu amor. Acha que a mãe de Nike não ia querer que você continuasse a viver e fosse feliz? Eu realmente devia fazer as malas e voltar para Atenas, já que você insiste em ficar aqui nesse deserto de gelo longe da civilização! E pensar que desperdicei anos da minha vida com você. Pensei que fosse mais maduro!

—Não é por isso que eu não retorno ao Santuário.

—Você mente muito mal. Prove, então! –ela o desafiou.

—Não tenho que provar nada.

—Está deixando uma lembrança mandar em você. Tsc.

—Isso não é verdade! –se irritando.

—Prove que é um homem que não deixa ninguém, muito menos o passado, mandar em suas decisões. –ela insistiu. –Apenas vá lá e diga pessoalmente à Atena que não quer o cargo ao invés de rechaçar seus mensageiros! Assim, ela vai entender e te deixar em paz.

Camus foi até a porta e a abriu, olhando o homem que tremia de frio esperando do lado de fora na neve.

—Diga a Atena que estarei de volta em uma semana.

 

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Santuário, algum tempo depois.

A bela e jovem mulher de longos cabelos negros e rosto coberto por uma máscara de prata, usando as roupas de uma amazona, corria entre os habitantes de Rodorio, desviando-se deles, passando por uma carroça e pegando no ar um pacote que quase caiu no chão, entregando ao jovem trabalhador, enquanto seguia a trilha a caminho do Santuário.

—Obrigado, senhorita Esperanza! –gritou o rapaz acenando e vendo-a já longe e suspirando sonhador.

Conhecida pelos habitantes pois cresceu ali, a cumprimentavam e a chamavam pelo nome, e ela os respondia com igual entusiasmo, até passar correndo em frente a uma loja de doces, onde outrora era uma barraca simples.

Ela retorna em marcha ré, olhando para a vitrine e as guloseimas expostas.

—Ah, minha cliente mais antiga e fiel! –o proprietário da loja apareceu, já com os sinais do tempo no rosto, mas o mesmo sorriso.

—Oi, senhor Dimitri! –ainda correndo no mesmo lugar, velhos hábitos não mudavam. –Desculpe a pressa!

 —Tudo bem! –ele retira um pacote e entrega a ela. –Por conta da casa para comemorar sua ascensão às Doze Casas! Sinto que ajudei ao te dar muita energia com meus pratos! Hahahahahaha!

Esperanza para de correr, pegando o embrulho e o abrindo. Retira a máscara discretamente para Dimitri não ver completamente seu rosto e aspira o doce aroma de chocolate das bombas.

—O doce néctar dos deuses... –ela suspira. –Obrigada!!!

—Quando é o grande dia em que trocará de armadura?

—Quando o novo grande mestre for nomeado. Ele que tem que me sagrar Amazona de ouro. –falou pensativa. –Mas não falaram contra quem irei lutar no desafio dourado.

—Cinco anos que o mestre Shion se retirou. –o homem diz saudoso. –Sinto falta de vê-lo caminhar na vila ajudando a todos. É um bom homem! Onde ele está agora?

—Me falaram que voltou para Jamiel. E... –olha o relógio. –AH, tenho que ir ver Atena! Estou atrasada!

Saiu correndo, se despedindo de Dimitri, olhando para trás para lhe acenar ao longe. Acabou por ter sua corrida interrompida ao esbarrar em alguém. O impacto a joga para trás e ela teria vergonhosamente caído sentada, em uma posição nada honrosa para uma futura amazona dourada, se uma mão forte não a tivesse segurado pela cintura enquanto outra pegava o pacote com rapidez, mostrando que aquela pessoa possuía bons reflexos.

Mas a máscara prateada de Esperanza soltou de seu rosto com o impacto, revelando o rosto da jovem ao homem que a amparava. Ela o fitava com o rosto corado, enquanto Camus parecia surpreso ao estar diante dela e da beleza que ostentava, instintivamente apertando-a contra o próprio corpo e pressionando os seios fartos dela contra si.

Esperanza piscou os olhos várias vezes, como se o reconhecesse, e imediatamente apontou para seu rosto, numa clara demonstração de espanto:

—VOCÊ?!

—Eu?

Camus ficou sem entender aquela acusação furiosa da moça, mas depois piscou os olhos várias vezes ao reconhecê-la. Aquela mulher de corpo escultural, seios fartos contra seu corpo, era a filha de Shura? Era Esperanza?

—Me deve cinco bombas de chocolate, seu tratante!

 

Continua...



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