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História E.T.I.M. - Escola Técnica dos Mortos - Planos de Fuga da Morte


Escrita por: RafaelAllier

Capítulo 2 - Planos de Fuga da Morte


A agitação popular dentro do cubículo crescia exponencialmente em número e grau. Enquanto ouvia-se os sons de mãos tocando na porta como tambores em um sambódromo, o pânico dos adolescentes não aparentava que iria cessar assim tão cedo. Nesse cenário surge Bruna, que decide tomar alguma atitude em relação ao ocorrido. Andando até a frente da sala, começa a pedir uma calma que é impossível. Ninguém ali estava interessado em escuta-la ou segui-la como líder.  Assim, volta a seu canto, forçando algumas lágrimas, querendo ver se alguém compadecia-se, o que não aconteceu. Sem o Cláudio para acudi-la ninguém mais oferecia-se para fazê-lo, o que era lógico, afinal. Todos estavam no meio de uma ataque zumbi, coisa que não passava na mente de nenhum deles que poderia vir a acontecer algum dia, nem mesmo em seus mais profundos devaneios. Ela, entretanto, persiste, silenciosamente, tentando encontrar uma solução lógica. Imagina que, por mais impossível que aparenta-se, a fuga poderia, e deveria, ser uma opção a ser levada em consideração. Afinal, ficar em um local sem comida e água não é o mais sensato, ainda mais em uma sala onde a grande maioria a odeia. E mesmo que consigam mantimentos a deixariam morrendo de fome de qualquer maneira ou a usariam como isca viva. Não, bobagem, eles não seriam capazes. Por mais que não gostassem dela, não conseguiriam chegar a tal ponto. Mas pensando bem, não poderia arriscar. Em situações desesperadoras é necessário pensar de forma desesperada, ou algo próximo a isso.

Ela começa, então, a traçar um plano em sua cabeça, uma maneira de sair do laboratório sem ser seguida, e principalmente, sem ser devorada pelos zumbis. Vamos ver, as janelas são muito altas e mesmo que as alcançasse não poderia sair por elas, são gradeadas. A porta, bem fechada e protegida por Luís, parecia ser a única opção. Contudo, ao mesmo tempo que ela abre o caminho para a liberdade, também coloca não somente ela, mas toda a sala, em perigo eminente. O que fazer se envolta só existem computadores, mesas, cadeiras e crianças choronas? Bingo! Crianças choronas! Zumbis são atraídos por barulho! Mas como direcionar som de maneira tão intensa que atraia mortos vivos e, ao mesmo tempo, os tire das portas da sala? Nesse momento, alguma coisa começa a vibrar no bolso da blusa de Bruna. Como não havia pensado nisso antes?! O celular, é perfeito! Ao mesmo tempo que ele emite uma onda sonora alta o suficiente, também é móvel, ou seja, é possível direcionar o barulho para algum lugar fora da sala. Então estava decidido. Bruna iria sair de lá com seu celular. Ou melhor, sem ele. Bastava colocar uma música bem alta e atira-lo pela janela, de modo que os zumbis se concentrassem do lado de fora da sala, desobstruindo a porta e ajudando-a a fugir. Pronto, tudo estava minimamente planejado, bastava agora esperar pelo momento mais oportuno, a noite. Todos estariam dormindo, e, como não são tão espertos assim, não vão deixar alguém como vigia e mesmo que deixem, seria mais fácil derrotar alguém que estivesse sozinho. Por essa eles não esperariam, e, acima de tudo, seria oportunidade perfeita de se vingar de tudo pelo o que passou durante os últimos dois anos.

Enquanto isso, na sala da coordenadora, Rafael, Giovanna e Claudio aguardavam a dona da sala chegar. Aparentemente, ela estava tratando um caso de um aluno que havia pulado o muro e sido pego pela polícia. Se tal coisa espalha-se poderia acabar destruindo a imagem dos alunos da escola, que apesar das adversidades, era muito boa. Durante a espera, cada um ocupou-se com algo, Rafael sentara em uma cadeira que estava na frente da mesa da coordenadora, Claudio e Giovanna mexiam em seus celulares. Ambos pareciam estar bem entretidos, mas Rafael não. Olhava, sem motivo aparente, para o teto. Que demora. Geralmente o pessoal da administração é rápido quando se tratava de conversar com os alunos, ainda mais a coordenadora. Algo não parecia certo. E realmente não estava. No meio de devaneios, o trio começa a escutar sons de sapato. É ela. Assim, Claudio, que estava mais próximo da porta, avança em direção a mesma, já preparando-se para cumprimentar aquela que entrava.

- Meudeusdocéu! – exclama Claudio, fechando rapidamente a porta da sala da coordenação.

- O que foi? – questiona Rafael, tirando seu olhar do teto e olhando fixamente para Claudio.

Claudio rapidamente puxou a cadeira em que Rafael estava sentado e colocou-a na porta, barrando qualquer um de entrar ou sair. Logo após ele senta-se na mesma e encara seus amigos com olhos arregalados.

- Que palhaçada é essa Claudio?! Por que fechou a porta?! – exclama Rafael.

- Você não vai querer saber!

- Vou sim, fala logo ou eu arranco você dessa cadeira e dou com ela na sua cabeça!

Claudio, então, levanta-se, porém, continua segurando firmemente a cadeira com suas mãos, de modo a mantê-la da no lugar. Ele aponta com o dedo pelo buraco da fechadura, e chama Rafael e Giovanna para ver. A imagem que segue espanta a todos. Era, de fato, a coordenadora que estava ali. Porém, não esperavam ver essa versão, que não parecia nem um pouco afim de conversar. Pelo contrário, seus olhos vermelhos e sua pele acinzentada deixavam bem clara sua missão.

- O que vamos fazer? – questiona Claudio, com voz trêmula.

- Se acalmar! – responde Rafael, tomando uma incrível quantidade de folego.

Rafael se senta no chão, fecha os olhos e tenta pensar em alguma maneira de sair daquela situação.

- Agora não é hora de meditar! – berra Giovanna.

- Cala a boca, por favor! Fica ali com seu amigo e me deixa pensar em paz!

Rafael volta a refletir sobre a situação. Estavam em uma sala pequena, sem janelas, que não dava para lugar nenhum, no final de um corredor, o que significava que seria difícil sair dali. Por um momento, começou a relembrar de todos os filmes e seriados americanos de zumbis que pode, tentando identificar situações semelhantes. Nada. Por Deus, tinham até filmes de zumbis na Renascença, mas nada de escolas. Aparentemente os diretores americanos ainda não foram criativos o suficiente para pensar em uma situação como essa. E foi nesse momento que ele finalmente lembrou-se que naquela sala havia um computador que era usado pela coordenadora para controlar os sinais da escola.

- Gente, esse computador não é usado para tocar os sinais? – questiona Rafael, apontando para o computador em cima de uma mesa redonda, próxima a parede do fundo da sala.

- Acredito que sim! – responde Claudio, surpreso.

Em uma rápida troca de olhares entre os dois, Claudio entende o que Rafael quer dizer. Zumbis são atraídos por som, logo, se ativar o sinal do corredor correto é possível abrir caminho e sair daquela sala. Em um salto, Claudio levanta-se e vai em direção ao computador, quando é interrompido por Giovanna.

- Esperai. E se ainda tiverem pessoas não zumbificadas no corredor? Isso seria mata-las! Por que aqui é só um, mas lá seriam todos os possíveis zumbis que estão pela escola, por que eu tenho certeza que não é só ela que está assim!

- Então o que você propõe? Que a gente fique aqui e espere ela morder todo mundo? – retruca Claudio, pronto para ativar os sinais.

- Não, seu idiota! Zumbis ficam mais devagar durante a noite. Eu vi isso em uma série. Vamos esperar anoitecer um pouco, assim damos chance pra alguém escapar se conseguir.

- Eu não vou colocar minha vida nas mãos do seu conhecimento de séries, Giovanna! Se vocês querem ficar aqui, tudo bem, mas se algo acontecer comigo eu vou atrás de você mesmo morto! – exclama Rafael, cruzando os baços e indo em direção a mesa.

- Você não vai ativar os sinais, não é Rafael?! – questiona Giovanna.

- Não! – responde Rafael, pegando alguns grampos e o grampeador em cima da mesa. Eu vou me preparar.

- Com um grampeador? – diz Claudio, segurando uma risada.

Todos, tanto aqueles no laboratório quanto o trio da coordenação aguardam pacientemente o anoitecer. Próximo das sete da tarde, Rafael, percebendo que Claudio e Giovanna estavam cochilando no chão, vai em direção ao computador e ativa o sinal do primeiro pavilhão de salas. Esse pavilhão localizava-se próximo a administração, o que, de um modo, poderia prejudicar a saída dos três da coordenação, contudo, deixava o terceiro pavilhão, que era o que estava mais próximo a saída, livre, facilitando a fuga. Com o som do sinal, Giovanna e Claudio acordam, assustados e atordoados.

- Tá na hora! Vamos! – exclama Rafael, puxando a cadeira e abrindo a porta.

- Você tá louco! – diz Giovanna, levando e colocando seus braços sobre o rosto, em posição de defesa.

Rafael abre a porta com um rápido movimento. A coordenadora, que antes tapava a porta, agora está indo em direção ao barulho. Rafael, percebendo isso, pega o grampeador e arremessa na cabeça do zumbi, que cai no chão, atordoado.

- A cadeira! Rápido!  - grita Rafael.

Giovanna e Claudio agarram a cadeira, que antes protegia a porta, e levam rapidamente até o local onde o zumbi está caído.

- Amassem a cabeça dela! – ordena Rafael.

- M-mas por que?! – questiona Claudio, esbugalhando seus olhos.

- Amassa!

A contra gosto, Claudio e Giovanna pegam um dos pés da cadeira e, com certa dificuldade, perfuram a cabeça do zumbi.

- Por que disso?! – exclama Giovanna, soltando violentamente a cadeira.

- Vocês acham que vamos embora daqui como?! Á pé?! A região inteira deve estar contaminada, precisamos de um meio de transporte!  - responde Rafael, colocando a mão nos bolsos da calça da professora e retirando um molho de chaves. Agora corram para o estacionamento, e não parem até chegarmos lá!

 

 

 



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