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História E.T.I.M. - Escola Técnica dos Mortos - Curso Técnico da Morte


Escrita por: RafaelAllier

Capítulo 1 - Curso Técnico da Morte


     Mais um dia monótono começa a surgir na ETEC, uma das escolas técnicas da cidade. Os portões, que se abrem ás sete e se fecham as sete e meia, estavam escancarados. Era uma quinta feira, e costumeiramente, alguns alunos iam até uma feira que ficava ali perto para comprar pasteis. Essa foi uma das coisas que fez com que, especificamente naquele dia, não tivessem muitos alunos para assistir a primeira aula, especialmente na turma de 3º Logística. No dia anterior eles tinham combinado que todos iriam até a feira, o que faria com que ocorresse uma falta coletiva e ninguém levasse ausência. Porém, sempre existem os floquinhos de neve que querem agradar o professor, ou por pura inflação de ego ou buscando uma nota adicional.  Nesse caso, o nome da figura é Bruna. Ela, dando uma desculpa de estar com dor de cabeça, decidiu não seguir o combinado.

     Os minutos passam, e as pessoas que estavam comendo, logo, vão até o portão, aguardando que o sinal da segunda aula batesse para que pudessem entrar. Dentre os alunos, um garoto em especial se destacava por estar segurando dois pasteis e já estar comendo um. Era João, colega de sala de Bruna, que voltava contente da feira. Junto com ele, andavam uma menina ruiva, chamada Beatriz; uma garota baixa e de maquiagem pesada, Giovanna e um garoto com cara de cansado, Rafael. Todos, assim como João e Bruna, também estudavam no 3º LOG.

- João, precisava comprar três pasteis?! Você tá passando fome em casa? – perguntou Beatriz, elevando seu tom de voz.

- Ai, Bia! – respondeu.

- Vamos, retrucou Rafael. Já são quase oito e quinze. Se a gente não andar mais rápido, vamos perder a segunda aula também.

     O grupo, então, aperta o passo, e consegue chegar na escola faltando pouco para o portão fechar. Eles correm até o primeiro corredor, sala 16, contudo, ao se aproximarem, começam a escutar uma discussão. Houve-se a voz de Pedro, o bode expiatório e bobão, Raphael, um dos “garotos do fundo” e Igor.

- Tinha que ser a Bruna – diz Pedro, levantando-se de sua mesa.

- Cara, que vacilona – diz Raphael, concordando.

     A sala começa a ficar barulhenta, ao ponto de que Rafael, João, Beatriz e Giovanna conseguem entrar na sala sem serem percebidos pelo professor. Para os desavisados, entrar na sala após o sinal pode, dependendo do dia, até render uma advertência. O professor, vendo o crescimento do furdunço, tomou lado.

- Ei, ei! Galera, calma ai. Se querem discutir, façam isso lá fora.  Por causa da “saidinha” de vocês, só vamos ter só uma aula e ainda estão fazendo todo esse barulho?!

     Em respeito àquele professor, que aliás, a sala em geral gostava muito, todos pararam. A aula, então, começou. Porém, um claro clima de tensão ficou no ar. Todos, quando podiam, encaravam Bruna que, isolada na parede próxima a porta, deixava algumas lagrimas sair. Por mais comovente que isso possa parecer, todos ali já estavam acostumados com essa situação. Esse tipo de comportamento era normal, e causava, em alguns, deleite e em outros, raiva.

- Que menininha vitimista. Fode com todo mundo e depois quer pagar de coitadinha! – escuta-se alguém falar.

     O professor, notando a situação, passa um exercício na lousa e vai até Bruna.

- Você está bem? Quer sair pra tomar uma água? – diz ele.

Não. – responde ela, forçando mais algumas lagrimas. Está tudo bem.

     O sinal bate. O professor, contudo, permanece. Ele teme que a sala acabe linchando a menina, e espera até que o próximo professor chegue.

- Tchau gente, e juízo! – diz ele.

   O outro professor, depois de cumprimentar aquele que estava na sala, entra.

- Bom dia. Então, vamos lá, lab. 1.

     Era aula de TCC, uma matéria exclusiva de escolas técnicas onde se faz um trabalho que mostre, basicamente, o que você aprendeu durante o curso. Todos iam até o laboratório, deixando na sala somente Bruna e mais um pessoa, um menino, chamado Claudio.

- Vamos, Bruna. – diz ele. Você sabe que eles são assim mesmo, não é?

- Mas é que eu não queria ferrar com ninguém. – responde ela, deixando mais algumas lágrimas saírem.

- Mas você não ferrou ninguém. – retruca Claudio. Se eles se deram mal foi por conta própria. Agora vamos, temos que agilizar o TCC. Ele já está bem atrasado.

- Ok. – fala Bruna, enxugando suas lagrimas com as mangas de sua blusa.

     Os dois, então, se juntam a Beatriz, Rafael, João e Giovanna, que eram membros do grupo de TCC e os estavam esperando na entrada do pavilhão.  Todos vão até o laboratório 1, pegam três computadores e os dividem entre si. Rafael e Bruna, João e Beatriz, Giovanna e Claudio. Esta é a formação das duplas. Assim que entraram em suas contas, Rafael já começa a distribuir o que cada um tem que fazer. Ele e Bruna iriam editar o arquivo enquanto Claudio e Giovanna faria gráficos e Beatriz e João procurariam imagens. Tudo, até aquele momento, estava andando relativamente bem e tranquilo. Ninguém, por enquanto, queria brigar com Bruna, afinal, estavam ocupados o bastante jogando online para se preocuparem com isso. O silencio da sala, entretanto, é quebrando por uma voz feminina.

- Professor, posso ir no banheiro? – diz Ana Carolina, uma garota baixa de cabelo rosa.

- Pode. – retruca ele. Mas volta logo. Não quero ninguém zanzando pela escola.

     Ana, tendo tido a permissão, sai da sala.

     Enquanto isso, no lado de fora do laboratório, um estranho se aproximava do portão de saída da escola. Ele aparentava ser um mendigo, pois estava com roupas rasgadas e cheirava muito mal. Um dos funcionários da escola, o faz tudo, conhecido como Seu Nelson, foi até o local ver do que se tratava.

- Ei. O que você quer?

     Nada. Seu Nelson, desconfiado, chamou um dos guardas que estavam na portaria para resolver a situação. O vigilante veio, aproximou-se do aparente mendigo e perguntou, também, o que ele queria. Mais uma vez, nenhum som é emitido. Desconfiando que seja algum tipo de brincadeira, o guarda estende seu braço para empurrar o sujeito quando, de debaixo dos panos velhos, uma boca surge e abocanha sua mão direita.

- Me solta, velho louco! – diz o guarda, enquanto tenta tirar a boca de sua mão.

     Com ajuda de Seu Nelson, o vigilante consegue escapar, contudo, não ileso. Uma enorme marca de mordida, agora, estava estampada na pele e muito sangue vasava do local. As pressas, Seu Nelson vai até a secretaria e pede ajuda, levando álcool em gel e panos para estancar o ferimento. Quando ele retorna ao local, porém, o vigilante não está mais lá. Um trilha de sangue é vista, e logo, ele associa isso ao desaparecimento. Seguindo os rastros ele chega até a área verde da escola, conhecida como O Abacateiro, região onde malicias e devassidões ocorrem. Lá, ele encontra o vigilante ajoelhado, em silencio. Desconfiado, Seu Nelson aproxima-se vagarosamente, sempre chamando e avisando sobre os primeiros socorros. Vendo que as palavras não estavam dando certo, ele deixa os panos e o álcool ali, e saí.

     O tempo passa, cinco, dez, quinze minutos e nada da Ana voltar. O professor, então começa a se enfurecer.

- Mayara, vai atrás dessa menina! – diz ele.

- Tá! – diz Mayara, uma menina de óculos e longos cabelos castanhos.

     Mayara, então, sai de seu computador, que estava no fundo da sala, e vai até a porta, não antes de ser interrompida por Igor, que se oferece para ir em seu lugar.

- Vai lá, eu não queria sair mesmo. – responde ela.

     Igor sai. No mesmo instante, Giovanna, Claudio e Rafael vão até o professor. Eles precisavam falar com a coordenadora educacional sobre um projeto para escola. Ele, relutante, deixa-os sair, tendo em mente que, como o assunto é com a coordenadora, deve ser algo muito importante. Então eles, não muito depois de Igor, também deixam a sala.  O trio passa pelo longo corredor que separa o laboratório do pátio e percebe um silencio estranho, afinal, eles estavam em uma escola. Não dando muita atenção, eles seguem seu caminho, passando pelo pátio até chegar a secretaria, uma área da escola que não liga-se a nenhum outro pavilhão ou corredor. Lá, pedindo rapidamente autorização, eles passam por um corredor interno da secretaria e entram na sala aonde a coordenadora os aguardava.

     Enquanto isso, no laboratório onde o restante da turma estava, o professor, mais uma vez, se questionava sobre a demora não só de Ana, mas também de Igor. Decidido a saber o que estava acontecendo, e com medo de levar uma advertência da direção, ele levanta-se e abre a porta, que estava logo ao lado da mesa onde o mesmo estava. Ao abrir a porta, ele percebe duas coisas estranhas: o súbito silencio e um indivíduo no início do corredor que estava andando em sua direção. Ao forçar um pouco mais a vista, ele percebe que tratava-se de ninguém menos que Igor.

- Onde você estava, garoto! E onde está a Ana?! Era pra você buscar ela e não ficar passeando pela escola! Venha aqui agora! – disse o professor, aumentando seu tom de voz.

     Igor, todavia, não parecia importar-se com nada do que foi dito. Pelo contrário, nem ao menos ele ouviu o professor, apenas caminhava em sua direção, lentamente. Percebendo a atitude do menino, o professor continuou seu sermão até que ele percebeu algo diferente em Igor. Em seu braço, na região próxima ao ombro, havia uma enorme mancha vermelha escarlate.

- O que é isso no seu braço? Não me diga que você... – diz o professor, ao ser interrompido pela imagem que seguiu sua fala. O braço, que de longe parecia ter uma mancha, de perto mostrava-se ter um ferimento. Um pedaço da carne que ali ficava foi arrancado e sangue escorria do local até seus dedos, caindo no chão e marcando-o com gotas que vinham do pátio. Assombrado, o professor fica ainda mais aterrorizado ao ver que, seguindo seu aluno, estavam outras pessoas, de alunos a funcionários, com partes faltando. Um uma parte da cocha, outro com os dedos e vários com a parte lateral do pescoço.

- Peguem as cadeiras, agora! – exclama o professor, batendo abruptamente a porta.

- O que foi – pergunta Beatriz, estranhando a atitude espontânea do professor.

- Pega as cadeiras! – responde o professor, agarrando duas cadeiras, uma em cada braço.

- Fala logo o que é! – grita Raphael.

- Zumbis, cacete! – responde o professor.

- Zumbis?! Se tá loco, Marcos, deve ser aqueles caras do Hopi Hari! – diz Raphael, rindo da situação. Se quer ver?!  Vou abrir essa porta e não vai dar nada.

     Raphael vai em direção a porta, porém, é impedido por Marcos, que o alerta, mais uma vez, sobre a situação. O professor, contudo, é zombado pela sala, que apoia a abertura da porta. Marcos, relutante, deixa fazer o que é proposto, contanto que, quando a porta fosse aberta, ele estivesse longe da mesma. Com o professor longe e todos os alunos ansiosos para ver o que aconteceria, Raphael prepara-se para abrir a porta quando escuta a mesma ser batida. A sala fica em silêncio.

- Para, gente, é o Igor! – diz ele, colocando a mão na maçaneta e preparando-se para puxá-la.

     Ele, rapidamente, puxa a porta e vê que Igor está na frente dos supostos monstros do parque. Ele, então, vira-se em direção a turma.

- Viu gente? – diz ele, enquanto sente seu ombro ser tocado por alguém. O que foi Igor?!

     A sala, novamente, fica em silencio absoluto. Raphael encara Igor por alguns instante, quando, a sala antes quieta, enche-se de gritos. Igor abocanha o braço de Raphael, que grita de dor. Luís Eduardo, um garoto que estava próximo a porta, empurra seu colega de sala, que agora se tornará alimento dos “monstros” para fora, e rapidamente fecha a porta.

- Peguem as cadeiras! – diz Luís.  

- O que você fez! – grita Marina, uma das esportistas da turma, referindo-se a atitude de Luís.

- Era ele ou nós! Você nunca assistiu The Walking Dead? Depois que é mordido acabou! – responde ele, colocando cadeiras na frente da porta.

- Mas ele é nosso amigo! – diz Marina, chorando.

- Era! Se você também não quiser ser, é bom ajudar aqui! – exclama Luís.



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