Já de pé, relaxei meus pés e torci de leve o pescoço. Não era longe a viagem da Inglaterra à França, mas o fato de estar esperando a tanto tempo para ver Emma, me cansava. Eu estava ansioso para reencontrá-la e meu as batidas fortes no meu paeito não me faziam esquecer disso.
Peguei minha pouca bagagem, chamei um táxi e segui para a casa de Emma. Minha mãe me deu bastante apoio para voltar à Paris no natal, mas meus avós não conseguiram entender. Os prometi voltar mais vezes para a Inglaterra, mas senti que não foi o suficiente para eles ficarem satisfeitos. Emma não sabia que eu iria vê-la, mas falei com seu irmão que já ia muito com a minha cara e combinamos tudo. As luzes natalinas brilhavam e lembrei da minha infância, quando eu ajudava minha mãe e Vianney a decorar o nosso apartamento, mesmo nós sempre indo para a Inglaterra nesse período.
Peguei meu celular e os fones. Apertei o play para Sans Patience, de Joyce Jonathan. Emma precisava de uma prova sobre o que eu sentia por ela e na minha opinião cantar uma música da sua cantora favorita, cujo eu não curto, era uma prova de amor. Joyce Jonathan tinha uma voz suave e forte, mas ainda assim, eu preferia Oasis.
O carro parou e eu paguei o motorista com o dinheiro que minha mãe havia me dado. A casa de Emma estava bastante iluminada com luzes amareladas e eu lembrei do seu cabelo de ouro. Toquei a campainha, enquanto segurava a minha bolsa com a mão esquerda. A porta foi aberta e eu vi Roy, o garoto sorriu como se eu fosse algum tipo de Super-Homem ou algo parecido.
— E aí, cara? — o sorriso dele se abriu ainda mais. — Eu não contei nada para a minha irmã.
Fingi uma careta.
— Claro que não, garoto! — baguncei seu cabelo.
— Qual é, ben? — ele protestou.
Entrei, mesmo não tendo sido convidado e Roy me seguiu. A família estava toda reunida na sala, vi seus pais, que me cumprimentaram receosos e uma tia e uma prima de Emma. Os adultos foram para a cozinha e eu sentei no sofá, agradecendo por eles não tocarem no assunto.
— Eu estou pensando em cantar uma música.
— Qual? — a prima de Emma perguntou.
— Uma da Joyce Jonathan, Sans Patience — sorri tímido. — Mas não sei, não canto muito bem e não consegui pegar toda a letra.
— Você canta, não canta, Jannett? — Roy encarou a prima.
Jannett tinha os cabelos escuros e uma franja lisa caia sobre sua testa. Seu cabelos eram comprido e seus traços pareciam com os de Emma.
— Tudo bem, eu posso ajudá-lo — ela suspirou.
Roy sorriu malicioso.
— Ela também toca piano, se você precisar.
— Garoto! — ela bufou, mas seus olhos brilhavam de convencimento.
— É pela Emma — falei e Roy concordou com a cabeça.
A jovem revirou os olhos e por fim, sorriu com carinho.
— Tudo bem, se é por ela.
Roy foi pegar os microfones, enquanto Jannett se posicionava no piano do pai de Emma. Ela pegou um dos microfones da mão de Roy e o colocou no apoio, o outro ele me deu e meu coração pulou.
Eles me encararam.
— Eu começo agora? — eu quis saber.
— Seria interessante, ela ouviria a sua voz e ficaria curiosa — Jannett falou.
Roy deu uma gargalhada e eu entendi.
— Na verdade, ela iria se assustar — falei brincalhão.
A morena me ignorou e começou as notas no piano. Pigarreei e comecei.
On peut passer sa vie ensemble
Se dire que c'est pas si mal
C'est mieux à deux
Même à deux balles
Fiquei muito envergonhado quando os pais de Emma e sua tia vieram para a sala, curiosos. Mas Jannett começou a cantar e me senti menos idiota.
Ou bien tout reprendre à zéro
Mais c'est plutôt de mon âge
On fait pas trop gaffe au chrono
J'entends parler des efforts
Parler des enfants
Parler sans m'entendre
J'attends d'être sûre de moi
De trouver toi
Et je prendrai le temps
Algo em mim extremeceu quando eu vi a cabeleira loura da garota que eu amava. Seus olhos arregalaram-se quando me viu cantar para ela e a minha boca sorriu boba. Ela não estava mais na cadeira de rodas, Emma andava com a ajuda de amuletas.
On vit sans patience
Sans réfléchir aux conséquences
On fonce, on force
Ela aproximou-se de mim com um pouco de dificuldade e ficou me encarando, sorrindo. Pisquei para ela, feliz com a sua recuperação.
Une bombe qui s'amorce
On peut choisir d'être sécur
Comme on épargne de l'argent
Pour être paré aux coups durs
Parei de cantar e a puxei para um abraço. Depois nos beijamos e Jannett continuou a canção.
Ou alors choisir l'aventure
Se dire qu'on verra bien
Vivre la vie à son allure
On vit sans patience
Sans réfléchir aux conséquences
On fonce, on force
Je comprends qu'on ait peur
Que le temps nous rattrape
Et qu'il nous laisse seuls à nous battre
On vit sans patience
Sans réfléchir aux conséquences
On fonce, on force
On vit sans patience
Sans réfléchir aux conséquences
On fonce, on force
Une bombe qui s'amorce
Olhei em volta e todos estavam nos encarando. Jannett descansava a cabeça no seu punho fechado, sorrindo.
— Parece que eu estou amando a filha de vocês — eu disse para o casal gordo que me encarava.
Emma sorriu timidamente e os encarou.
— Eu não posso dizer que gosto de você, rapaz. Mas minha filha é muito grandinha para ser proibida de amar alguém — o homem falou.
— Até o Roy gosta de você — a mãe de Emma falou, surpreendida quando viu o garoto abrançando não só Emma, como a mim também.
Roy me observou com cautela.
— Só tente não bater o carro no da minha irmã novamente.
***
— Esse sempre foi o meu lugar preferido — Emma disse.
Estávamos sentados em umas cadeiras no seu quintal iluminado e verde.
— Existe um mundo lá fora e o seu lugar favorito é um quintal?
Ela me repreendeu com o olhar.
— Tudo bem, tudo bem. Sabe, eu até gostei de cantar Joyce Jonathan — confessei e ela me beijou.
Eu realmente estava com saudade daquele beijo. Nunca pensei que eu pudesse demonstrar tanto carinho através de um. Peguei na sua nuca e ela sorriu.
— No próximo natal você pode cantar uma música da Joyce Jonathan e do Vianney comigo? — ela pediu.
— Tenho mais que trezentos e cinquenta dias para pensar — disse e voltamos ao beijo.
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