História Eu e você. - Dignitas.

Respirei fundo e bati na porta. Uma mulher loira, aparentava ter seus 30 anos me atendeu. Pegou minha bolsa e me apontou para o quarto em que eles estavam. Abri a porta e observei por alguns segundos os pais e a irmã de Will, eles estavam rindo despreocupadamente. Acabei esbarrando em uma cômoda e tentei inutilmente pegar o livro que caira.
Todos que estavam ali me olharam, menos Will, mesmo assim ele me reconheceu. Balancei a cabeça cumprimentando todos, que retribuiram.
- O som familiar de Louisa Clark fazendo sua entrada. - Will falou com o seu famoso tom irônico, pude perceber uma felicidade nele.
Não pude conter o sorriso.
- Podem me deixar a sós com ela um pouco?
- Claro, querido. - Camilla tocou seu rosto e levantou gentilmente.
Sr. Trainor passou por mim e tocou o meu ombro. A irmã de Will, apesar de relutar, murmurou um "obrigada" e a mãe deles me olhou com  gratidão.
- Belo lugar. - Falei andando até a janela  que estava na frente da cama.
Abri a cortina e o sol entrou naquele quarto, que mesmo sendo incrivelmente fofo e aconchegante não mudaria o que aconteceria lá em poucas horas. O jardim era a paisagem mais linda de todas que eu já vira em toda a minha vida. Flores das mais diversas espécies e cores estavam lá e o gramado era de um verde tão puro que parecia ser pintura. - Lindo jardim.
Sorri ao falar isso
- Fiz uma boa escolha,não?  - Ele continuava com suas brincadeiras mesmo em um momento tão delicado.
Se formou um nó na minha garganta e eu senti vontade de vomitar mais uma vez. Mas eu forcei um sorriso, que pareceu reconforta - lo. "Não fique triste, Louisa! Você tem que aceitar. Por ele." 

Will estava lindo. Ele estava de blusa e calça brancas bem leves e o seu bronzeado das ilhas Maurício ainda estava lá.
- Deite do meu lado. - Ele deu uma batida com o dedo que conseguia mexer ao seu lado.
Andei até Will e me deitei ao seu lado,como ele pediu, coloquei minha cabeça no seu peito e fiquei assim por um tempo, ouvindo o seu coração bater.
- Você não vai...?
- Eu não vou te fazer mudar de ideia.
- Que bom, por que é a minha decisão. 
Nós dois sabíamos que era isso. Não tinha mais jeito.
- Senti sua falta. - Sua voz entregou o seu medo por nunca mais me encontrar.
Segurei a camisa dele tão forte que pensei ter rasgado.
- Eu também senti, Will.
Ficamos assim por mais um tempo sem falar nada. Eu só queria sentir o cheiro dele até decorar, para nunca mais esquecer.
- Ei Clark, conte uma coisa boa.
Fiz o que ele pediu, contei a nossa história. Desde o início, de como ele foi um total babaca ( que ele deu uma risada gostosa) e como eu mudei a história da minha vida depois que eu o conheci.
- E esse foram os melhores 6 meses da minha vida.
Fez-se um longo silêncio.
- Engraçado, Clark, os meus também.
Então meu coração se partiu, a promessa que eu fiz para não chorar se desfez e meu rosto se contorceu em uma dor que eu nunca tinha sentido.
- Não chore, Lou. - Ele murmurou. - Por favor. Não faça isso. Olhe pra mim.
Fechei os olhos e balancei a cabeça.
- Olhe pra mim. Por favor. - Sua voz estava cansada.
- Não quero que você fique zangada comigo...
- Não é isso... Eu só. .. Eu só não quero que me veja com essa cara horrível.
- Você ainda não entendeu, não é? - Pude ouvir um sorriso na sua fala. - A decisão não é sua, Clark.
Respirei fundo e me apoiei em um dos meus cotovelos.
- Você está absolutamente linda. 
- Engraçadinho.
- Venha cá - Disse ele. - Bem pertinho de mim.
Deitei de novo e coloquei o braço dele de baixo da minha cabeça e enrosquei as nossas pernas. Peguei a sua mão e entrelacei nas minhas. Ele conseguiu apertar a minha mão. E ficamos assim por um tempo, até que uma gritaria do lado de fora começou. 
Levantei a cabeça e olhei para ele. Ele estava dormindo tranquilamente. Tirei as suas mãos de mim delicadamente e fui ver o que estava acontecendo.
- Onde está o Will?! - Uma garota de cabelos claros, magra e de rímel borrado perguntava respirando ofegante. - Eu cheguei a tempo, não é?
Ela estava atordoada.