História Eu estou - Eles não me presenciam

Escuto gritos, murmúrios. Grande aglomeração de pessoas, tento entender o que está acontecendo. Tudo está tão confuso, não consigo compreender porque estão desesperados.

Noto que não me sentem, não me presenciam, como seu não existisse, uma pessoa acaba de passar por mim e praticamente me atravessa como se eu fosse uma cortina de seda. Percebo que a minha direita está um homem de cabelos compridos e veste branca, estende sua mão para mim e me chamas, corro desesperado para a multidão e os gritos se desesperam mais ainda.

Pensando que tinha despistado aquele homem misterioso de perto de mim, vejo uma luz branca no meio daquela aglomeração de pessoas, mas percebo que ele não é notado por elas também, apenas eu consigo vê-lo.

Passando-se um período curto de tempo, alguns bombeiros passaram ligeiros com uma moça jovem em seus braços, estava queimada, gemia e berrava, ao mesmo tempo dizendo:

- Não deixem ele morrer eu imploro!

Fiquei pasmo quando olhei-a, pois era minha namorada. Naquele momento tudo parou, não escutava mais nada, apenas enxergava ela, seu sofrimento, sua angustia, chorava como se fosse uma criança que acabas de nascer.

Imediatamente corri em direção ao centro e vi alguns rastros de sangue e pedaços que mais pareciam partes de um veículo, tinha alguns de meus colegas que estavam lá, chorando olhando todos na mesma direção. Uma mulher de costas com um jovem em seus braços, aparentava ter meia idade, possuía cabelos loiros e curtos, uma camiseta branca com flores belas, como se fossem um buque de que acaba de ser montado.

Em algumas partes de sua camisa estavam sujas de sangue, seu braço esquerdo estava fazendo um movimento continuo de vai e vem, parecendo que estava acariciando o rosto de quem ela está segurando com o outro braço. Em seguida ela dá um grito agoniante e depois diz uma única frase.

-Não deixem meu filho morrer eu por favor! Salvem ele!

Quando dei a volta para olhar quem era, deparei que era a minha mãe. Agora eu consigo entender o que está acontecendo, aquele jovem que está em seu braço sou eu, por isso não me sentiam, não me presenciavam, não me notaram, não me... Eu estou morto.