História Eu estou de volta, Sakura - CAPÍTULO XL

Sakura amanheceu aquele domingo nervosa, como de se esperar. Muito cedo concluiu os afazeres e acabou ficando ociosa em casa. Perguntava-se o tempo todo como Sasuke iria vestido, como ele se comportaria, se ao menos sorriria para o pai dela. E Mebuki? Dela pior ainda não sabia o que esperar. Mas seu coração estatelava-se em Kizashi. Aquela altura a mãe já havia lhe contado sobre ela está namorando. Ele deve ter imaginado todo tipo de coisa. Será que já chorou?

Do outro lado, o Uchiha não se sentia pressionado. O dia começara como qualquer outro. Fez as refeições como sempre e tirou boa parte do tempo livre para ler. Não sabia o que usaria, mas descobriria a noite. Estava no final do capítulo quando bateram a porta. Sabia que não poderia ser ela, já que a mesma esperaria ele ir buscá-la em casa.

Era mais ou menos três da tarde. Quando abriu inesperadamente Naruto saltou para dentro. Parecia mais dono da casa que o próprio Sasuke.

- fui convidado pro seu grande dia!

- meu grande o que?

- de conhecer seu sogrão!

O rapaz de cabelo preto parou frente o amigo que se acomodava deitando no sofá.

- e o que tem de mais?

Naruto arregalou os olhos azuis o máximo que pôde. Em seguida soltou uma risada debochada, que não agradou muito Sasuke. Esse por sua vez sentou quieto no sofá à frente. Sabia que ele se faria claro logo.

- conhecer o sogrão é um dos ritos mais importantes dentro do relacionamento. No meu caso não foi tão complicado porque eu já conhecia a um bom tempo o pai da Hinata, mas você não conhece os pais da Sakura-chan. Conhece?

- não. Mas porque isso é tão importante quanto você diz? Você é meio exagerado.

O Uzumaki suspirou como se precisasse de paciência com uma criança.

- Sasuke, a primeira impressão que você dará a família dela é absolutamente importante! Eles irão avaliar você.

- avaliar?

- sim! Eles avaliarão se você é homem suficiente para fazer a filha deles feliz.

- que baboseira. – com isso o Uchiha virou o rosto de lado desinteressado. Apesar de tudo Naruto sabia que havia o fisgado em alguma de suas palavras, e esperou calmamente ele virar de volta com aquele olhar óbvio preocupado disfarçado de curiosidade.

Sasuke fez exatamente como ele previu. Ajeitou o corpo no lugar que estava sentado para prestar discretamente mais atenção. Naruto sorriu largo deitado na mesma posição – você quer saber mais?

- sim.

- os pais se preocupam muito com quem seus filhos convivem especialmente por quem eles se apaixonam. Não da pra culpá-los, estão apenas cuidando daquilo que lhes é mais precioso.

- isso é óbvio.

- por isso você tem que deixar uma ótima impressão neles. Porque eles irão analisar você, julgar você e dependendo da forma como eles entenderem você, farão a cabeça da filha deles a seu favor ou contra.

- por que eles iriam colocar a Sakura contra mim? Ela já é adulta, pode escolher quem ela quiser.

- meu caro amigo, nós dois somos leigos nesse assunto de família por que, né? Mas pela Hinata eu aprendi que os pais têm uma absurda influência na forma como elas nos vêem. Especialmente quando desagradamos eles!

Sasuke pareceu um pouco tenso com aquela informação estranha.

- se faça claro, Naruto.

- você precisa ganhá-los pro seu lado se quiser ter um relacionamento sossegado com a sakura-chan. Senão eles irão infernizar seu namoro com todo tipo de coisa apenas por não terem ido com a sua cara. Claro que não são todos os pais no mundo que fazem esse tipo de coisa, mas vamos ser francos com sua situação: Sakura-chan a única filha dos Haruno; a menininha preciosa do papai, mimada pelos dois até mesmo agora; esteve esse tempo todo solteira debaixo da saia da mãe e amparada pelo pai; sem contar que eles dois sabem muito bem o quanto você já a fez sofrer. Consegue imaginar as inúmeras vezes que tiveram de vê-la se acabar em choro por sua causa sem poderem fazer nada? Provavelmente não. Eles irão secá-lo como urubus a espera da morte duma carcaça ambulante!

Aquele discurso todo fez o rapaz sentir uma grande pressão sobre os ombros. Sasuke apoiou o rosto na mão como se estivesse cansado. Estava começando a entender o quão sério era aquele “evento”. Por isso Sakura parecia tão nervosa no dia anterior.

- você não pode chegar lá de qualquer jeito. Precisa ser bom. O melhor. Ta entendendo a seriedade disso?

- to.

- eles provavelmente estão esperando o pior cara do mundo pela sua fama, especialmente pelo que viram na filha deles o que você causava nela. – Sasuke engoliu seco – você tem que aparecer completamente diferente do esperado. Acha que consegue fazer isso?

- diferente... Disso aqui? Não sei.

Naruto riu.

- não outro Sasuke, até porque eu acho que você não conseguiria, mas um homem comprometido. Precisa apenas convencer eles que suas intenções são simplesmente fazer a Sakura-chan feliz.

O loiro pulou para o lado do amigo e passou o braço em torno dele apertando-o contra si.

- vai da tudo certo! Não tem do que ter medo.

O Uchiha o olhou pelo canto dos olhos com desgosto – depois de tudo isso que você disse, ainda tem coragem de debochar.

- não é deboche! Eu acredito em você! Mas para da uma forcinha eu estou aqui.

- e como você pode me ajudar exatamente?

Naruto o soltou e coçou o queixo tentando ser enigmático.

- com dicas simples, ué?

Sasuke se sentia mais perdido agora que antes dele chegar.

- que tipo de “dica”?

- por exemplo: você ao menos sabe o nome do pai dela?

Com aquela indagação ele deu-se conta que realmente não fazia idéia de como se sairia no jantar. “deixe comigo” Naruto repetiu.

Antes da noite chegar o loiro retirou-se para o próprio lar. Deixando o Uchiha a própria mercê, esse se baseava apenas nas coisas soltas que o amigo o havia indicado. Algumas dessas coisas ele ignorara, pois parecia absurdo demais, todavia o que considerou importante absorveu. Colocou uma roupa boa, nada social demais, nem “vagabundo” demais e tirou para a casa da namorada. Chegando lá, a moça ainda se arrumava.

Sentado na cama vendo-a correr de um lado para o outro tentava parecer tranquilo.

- quem tanto seus pais convidaram? Achei que seria algo só nós quatro ou algo assim.

Sakura colocava um brinco pequeno enquanto respondia frente ao espelho.

- era pra ser, mas a Senhora Mebuki é exagerada demais pra isso. Nem imagine como foi quando eu menstruei pela primeira vez. – ela suspirou – eu pedi a ela que fizesse algo não tão grande, não quero que ela torne nosso relacionamento um acontecimento estrelinha na família. Pedi que chamasse o Naruto e a Hinata, a Ino e o Sai. Fora eles ela convidou alguns tios meus e primos, não muita gente. Mas pode ir esperando uma festa.

Dessa vez quem suspirou fora o rapaz. Seria mais difícil do que imaginara horas antes enquanto ouvia Naruto dissertar sobre sogros e genros.

- ah não se preocupe, vai da tudo certo! Minha mãe da maior força.

Sakura se virou para ele e caminhou até o namorado sentado cabisbaixo. Levantou-lhe a cabeça e deixou uma marca clara de batom na testa dele. Quando finalmente se afastou ele pôde apreciar a linda mulher que sorria em sua direção.

- tão... Meu deus.

Ela mordeu o lábio sorrindo tímida. Sasuke seguiu até ela e a abraçou – sim, vai da tudo certo.

Os dois foram finalmente para saída. Haruno certificou com o olhar se havia trancado tudo e antes de passarem pela porta parou frente a ele, puxou-o ereto e ajeitou os botões tortos da camisa. O Uchiha apenas a observou de cima em sua delicadeza com os dedos pequenos.

- sabe, eu estou pensando apenas como meu pai reagirá ao me ver com alguém.

- me certificarei de mostrar ao Kizashi-san que ele não precisa ter medo, porque eu não lhe farei nenhum mal. Nunca mais.

Ela levantou os olhos verde para ele nervosa e cheia de esperanças. Enfim saíram e trancaram a porta principal. Agora só precisavam chegar ao lugar objetivo daquela noite, fazer tudo da certo e acabar logo aquele suspense.