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História Eu estou de volta, Sakura - CAPÍTULO XLVII


Escrita por: NanaSugar

Capítulo 47 - CAPÍTULO XLVII


Fanfic / Fanfiction Eu estou de volta, Sakura - CAPÍTULO XLVII

Os três dias do Hinamatsuri eram feriado em Konoha. As pessoas não faziam nada além de se prepararem para as noites de festa. Sakura acordou já com o pensamento em que roupa vestiria para o segundo dia. O leque enfeitava escorado no abajur do criado mudo ao lado da cama. Branco e vermelho. Pegou-o esticando o braço ainda deitada na cama. Sorriu para o objeto artesanal e o acomodou de volta em seu lugar. A bonequinha que havia ganhado estava sobre uma estante junto de seus livros sorrindo para a entrada da sala.

Queria mostrar outras coisas ao namorado no evento. Levantou cheia de preguiça, era quase meio dia. “eu não tenho o que almoçar... O que vou fazer?”, mas já sabia o que faria. Tomou um banho, pegou uma bolsa e saiu. Iria obviamente à casa de Sasuke. Sorridente dobrou a rua, lá na outra esquina reconheceu uma figura peculiar. Um homem. Ele andava em sua direção aparentemente com o mesmo propósito. O Uchiha enfim parou frente à namorada.

- aonde vai?

Ele perguntou tranquilo.

- almoçar com você.

- na minha casa?

- sim. Por quê?

Ele riu baixo – porque eu ia pra sua casa fazer o mesmo.

Estavam os dois debaixo do sol das onze, concentrado em suas cabeças, fervilhando seus miolos.

- o que faremos, então?

Sasuke parou alguns minutos e decidiu pagar um almoço para os dois. O que mais poderiam fazer se ambos não haviam preparado nada esperando no outro? Caminharam sob as sombras das árvores cheias até o restaurante mais próximo. Encontraram por coincidência Kakashi no mesmo lugar. Quando viu o casal ele acenou receptivo chamando-os para a mesa em que estava.

Os dois foram ao encontro do sensei e sentaram com ele. O homem de cabelos platinados cruzou as mãos apoiando o queixo nos dedos entrelaçados. Deu uma profunda olhada no rapaz à frente. Nos olhos parecia haver algo mais, uma pergunta ansiosa a espera de uma resposta positiva. Mas Sasuke apenas o ignorou desviando a atenção para o garçom. Sakura não entendeu aquele estranho comportamento entre os dois – vocês estão me deixando de fora de algo? – mas dessa vez ela foi ignorada. Kakashi acenou para um jovem atendê-los fingindo não ter ouvido a pergunta da garota.

A pessoa que o Hokage chamou se aproximou com uma caderneta na mão.

- já sabem o que vão querer?

Cada um escolheu um prato diferente. O jovem anotou tudo e saiu, anunciando aos três que a comida deles chegaria logo. Enquanto esperavam, Kakashi puxou assunto com a pessoa mais acessível da mesa: Sakura. Ajeitando-se na cadeira, virou para ela alegre quase como uma mocinha.

- então Sakura, como estão vocês dois?

Ela olhou rapidamente para o namorado tentando ler alguma reação no rapaz, mas ele continuava indiferente. Ajeitou o cabelo rosa com os dedos do jeito que sempre fazia e respondeu.

- acho que posso falar por nós dois que as coisas estão indo bem. Tanto eu quanto ele não sabemos a forma “correta” de se namorar, se é que existe uma, mas estamos aprendendo mais um sobre o outro.

O Hokage afastou um pouco da mesa para o garçom colocar os pratos de cada um.

- eu fico muito feliz em ouvir isso. Realmente não tem uma forma “certa”, apenas aprendizado. Deve ser muito diferente pros dois já que uma parte da vida eram apenas amigos, depois se tornaram inimigos e agora são namorados!

Sakura timidamente riu daquilo. Era verdade, passaram por várias fases.

Depois de comer e pagar a conta, o casal despediu-se do sensei, que ficou no restaurante para uma sobremesa. Ao menos foi o que ele disse. “acha que ele ta esperando alguém pra um encontro?” a garota perguntou, Sasuke apenas deu de ombros.

Demoradamente a segunda noite de festival chegou. Era um centro de convivência muito grande, apesar de passarem por lugares repetidos não conseguiam lembrar. O Uchiha notou que naquela noite, muita gente estava de máscara. Aquilo o intrigou. Prontamente Sakura lhe explicou “isso é por causa da atração principal de hoje. O Kabuki.” Mas o jovem ficou meio sem jeito ao ouvir a resposta e sentir-se ainda mais confuso. Não se lembrava de saber o que significava kabuki.

- Sakura... Você pode me dizer o que é isso?

Ela bateu os longos cílios naqueles olhos verdes para ele e sorriu – sim, eu te digo.

Caminharam para um canto onde o barulho era ameno, sentaram num banco de pedra que dava frente ao pátio esquerdo do evento. Havia um espaço vazio no meio, as pessoas se aglomeravam mais as pontas próximas aos estandes de vendas. O colorido das lanternas estendidas sobre eles iluminava o chão como um mesclado de tinta ascendente.

A Haruno usava algo parecido com uma yukata rosa, só que abaixo da obi-band a saia se encurtava e deixava a amostra tanto as coxas brancas quanto um short preto que vestia por baixo. As botas iam até os joelhos e os dedos ficavam de fora. A moça indiscretamente passou as pernas por cima das do namorado se posicionando na diagonal pra ele. Na hora o rapaz olhou em volta e em seguida para os joelhos da namorada que estavam sobre os próprios. Timidamente pôs a mão apoiando-a na perna da garota. Sakura que se escorava nas mãos riu ao perceber que ele estava envergonhado. Sasuke a olhou de relance e desviou o olhar um pouco emburrado notando a si mesmo constrangido como uma criança.

Sakura lhe beliscou a bochecha leve e iniciou a explicação que ele pedira.

- o Kabuki é um tipo de teatro composto de homens onde eles atuam para o “público popular”, digamos assim. É muito divertido, ele junta o cômico com o trágico, o vulgar e o elegante. Sempre contando uma história como o próprio nome nos diz “ka-bu-ki: cantar, dançar e representar”. É praticamente uma caricatura o desenrolar do conto. Os homens usam roupas tradicionais e muito coloridas. O cenário em si é muito chamativo. Pintam o rosto como máscaras e quando têm personagens femininas, tenha certeza alguém vai se vestir de mulher.

- então as pessoas estão com máscaras por causa dessa apresentação?

- é. O pessoal entra no espírito da coisa. Eles já vêm com os rostos pintados ou com as máscaras mesmo.

- e qual é a história contada?

Sakura fez uma pausa.

- a nossa. A luta com Kaguya. Claro que não é nada extravagante, também não é nada igual ao que aconteceu. Como eu disse é uma caricatura é bastante engraçada e as pessoas se divertem muito. Você vai gostar!

O rapaz coçou a cabeça e olhou para as luzes acima – uma caricatura nossa né?

Pouco depois Ino e Sai passaram pelos dois ainda no mesmo lugar. A loira parou para falar com a amiga – já se reconciliaram? – Sakura perguntou rindo. Ino acenou que não com a cabeça.

- eu disse a ele que hoje é a chance dele se acertar comigo.

- já imagino onde isso vai acabar.

Yamanaka piscou o olho pra rosada – é sempre mais gostoso depois de uma briguinha, sabe?

Sai também se aproximou perguntando se iriam assistir ao espetáculo. “parece que esse ano o ator que fará você é mais esquisito que do ano passado”. Haruno suspirou e levantou.

- por que eles sempre escolhem os mais esquisitos pra fazerem meu papel?

Antes que o rapaz pálido pudesse responder, ela serrou os olhos para ele numa ameaça. Ele balançou a cabeça rindo e deu um passo pra trás – eu entendi.

O som dum grande sino ecoou grave até eles. Sasuke levantou por último estranhando, parecia um alarme. Ino o acalmou dizendo que era o chamado para a apresentação da qual falavam. Os quatro foram para perto do palco onde iria acontecer. Encontraram novamente Hinata e Naruto que foram acompanhando-os. Sakura comprou um algodão doce no caminho e o dividiu com o namorado. Ficaram numa posição relativamente boa, apesar de ter algumas pessoas à frente. Naruto e Hinata se aproximaram mais já que a grávida era pequena demais e não via nada além das costas das pessoas.

- aqui ta bom pra você? – Sasuke perguntou. Ela assentiu que sim com a cabeça.

O palco estava completamente adornado e colorido. Extravagante, exagerado. Assim como a rosada havia advertido. Aos poucos os personagens foram surgindo em meio à música. Dançando e movendo-se de forma exorbitante. Logo o cenário da guerra estava montado. A Kaguya possuía uma longa peruca assanhada na cabeça que quase lhe cobria a face branca, e as roupas folgadas cheias de adereço lhe deixava maior do que realmente era. O Naruto tinha o rosto riscado com muitas linhas vermelhas e um kimono colorido em sua maior parte laranja. Da mesma forma o Sasuke estranho de cabelo preto e esquisitamente com uma careca azul e um coque amarrando o resto para trás. Ele usava uma armadura cheia de penduricalhos coloridos e o rosto lembrava uma máscara carranca.

Viam-se os instrumentistas logo atrás dos atores e o narrador no canto vociferando os acontecimentos acompanhado de algumas cantorias. Todos os personagens apresentados seguiam essa linha característica em postura e visualidade. Em meio a risos e espantos o público observava cada detalhe bizarramente e divertidamente caricato.

De fato a Sakura entre os atores era o mais estranho. O mais alto do grupo, e apesar disso o mais delicado. Graciosamente ele falava e agia dentro de uma luxuosa yukata coberta do haori florido forrado, que arrastava no chão deixando uma calda redonda no caminho. O rosto em pó de arroz e os lábios rubros. O cabelo especificamente rosa, provavelmente a única coisa que realmente lembrava à verdadeira Haruno, estava preso com vários adornos e pequenas rosas. Alguém na platéia gritou “onnagata!”. Sasuke olhou pra própria namorada e riu.

- ele parece mais feminino que você.

A garota respondeu apenas com uma cotovelada, que mesmo ele não demonstrando nem tirando o sorriso sínico, doeu de verdade.

Aos poucos à base de sons de corda, tambores e risadas, a história foi chegando ao fim. Em seu clímax todos ficaram calados, mesmo praticamente todo mundo sabendo os acontecimentos de co (com exceção das crianças). A narrativa sobre o momento em que Naruto e Sasuke perderam seus braços foi bastante dramática, apesar do sangue jorrando dos braços dos atores serem apenas fitas de cetim vermelhas. Quando finalmente acabou o último ato, o grupo levantou e agradeceu reverenciando o público. Todos aplaudiram e assobiaram. Durante os agradecimentos dos atores, Naruto veio ao encontro de Sasuke todo sorridente, quase não se continha de rir.

- você viu, não viu?

- o que? – ele sabia exatamente do que se tratava, mas preferiu se fazer de desentendido.

- o Sasuke careca! Eu adoro quando eles fazem você careca, fica muito engraçado! Toda aquela postura rabugenta digna de confundir vocês dois mais aquela falta de cabelo no meio da cabeça ficam ótimos!

Sai cortou o loiro anunciando que no ano anterior, o careca era o próprio Uzumaki.

- parem de zombar da peça! Faz parte do estilo do teatro seguir essas tendências tradicionais. – Sakura os interrompeu.

- realmente, aquela você não tinha nada a ver. Ela nunca tem, é sempre mais delicada mais feminina e mais bonita que...

Infelizmente pra Sai ele não pôde concluir a frase. Já estava no chão quando se deu conta e a bochecha ardia. Sakura voltou a postura normal relaxando o punho.

- o próximo não será leve como esse.

Ino riu e balançou a cabeça vendo o pobre namorado caído no chão. Apesar disso não fez nada para ajudá-lo, como já dito ela estava “de mal” dele. Hinata pegada na mão do marido falou quase nostálgica olhando em volta:

- amanhã é o final do Hinamatsuri. Depois disso, só ano que vem.

- é verdade. Amanhã temos a procissão das bonecas. – Yamanaka disse para os companheiros – o momento mais bonito do festival.

Sakura enfim bocejou cansada. Já era madrugada. Pediu então pra Sasuke a levar pra casa. Os dois se despediram do resto do pessoal e seguiram caminho para fora da grande praça de eventos. Enquanto andavam calados no frio a rosada tremeu um pouco e resmungou baixinho “que vento gelado”. O Uchiha olhou calmamente pra ela e passou o braço em torno dela a trazendo pra mais perto.

- se tivesse vindo com uma roupa menos curta, talvez não tivesse sentindo esse frio.

Ela parou de pensar nas coisas aleatórias que lhe vinham à cabeça e o fitou de baixo pra cima. Ele ignorou continuando o caminho sério. Sakura não aguentou e caiu na risada.

- o que é tão divertido?

Beliscando-o pela bochecha ela respondeu – ora! Você aí achando ruim eu andar exibindo minhas pernas.

- não estou achando “ruim”. Só estou aconselhando... Até porque qualquer um que as olhe não as terá. – ele apertou a moça num abraço desengonçado – elas são só para mim.

Haruno lhe beijou no queixo, foi onde conseguiu alcançar por causa da posição.

- é, mas são minhas pra andar em primeiro lugar, ta?

Ele sorriu e concordou com a cabeça.

Ainda seguiram calados, mas antes de chegar à esquina, um pouco inquieta ela fez um bico – anata... Aquele onnagata é realmente mais delicado que eu?

Sasuke deu uma pequena travada nos pés antes de seguir normalmente. Sakura era de fato uma mulher peculiar. Por fim não segurou a risada.

- isso quer dizer que você ta concordando é?!

Ele afagou-lhe o cabelo rosa e a abraçou mais forte sem responder.

- você ta concordando sim! Quero mais você não. É pra você me achar a mulher mais incrível do mundo, ouviu?


Notas Finais


Espero que consigam entender o Kabuki. Eu achei essa forma de teatro muito divertida!
Obs - a imagem da capa do capítulo é um Kabuki.


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