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História Eu, Eu Mesma e Minha Ignorância - Twenty Three


Escrita por: MadeixasNegras

Notas do Autor


Espero que gostem! :)

Capítulo 23 - Twenty Three


Fanfic / Fanfiction Eu, Eu Mesma e Minha Ignorância - Twenty Three

Luke Warren parou em frente à casa de Miles por volta das sete e meia da noite. A rua já estava escura aquela hora da noite e não se via nenhum movimento na vizinhança. Ele desligou o carro e me olhou. 

-O que você vai fazer amanhã? - Luke perguntou, envolvendo uma de minhas mãos úmidas nas suas, frias.

-Ah, é amanhã o feriado, né?

Luke assentiu. Se não fosse por ele, eu não lembraria que amanhã não teríamos aula por conta do feriado regional. Uma pontada de alegria se acendeu dentro de mim por pensar que eu não precisaria acordar cedo.

-Vou fazer uma monte de nada em lugar nenhum. E você? - disse, sorrindo levemente.

-Eu também não tenho plano nenhum, mas se você quiser, pode ir lá pra casa. Passar o dia comigo. 

A oferta era realmente tentadora, mas só de imaginar que eu poderia conhecer a família de Luke, eu me sentia ansiosa. Mesmo assim, fiquei tentada a aceitar. Passar o dia com Luke me deixaria bem, apesar de tudo.

-Se eu disser sim, você vem me buscar?

-Se você pagar o combustível, sim. - Luke riu consigo mesmo - Eu venho.

Então, Luke se inclinou sobre mim e destravou minha porta manualmente. Seu rosto estava a poucos centímetros do meu quando, novamente, trocamos um beijo acalorado. As borboletas estavam em polvorosa dentro do meu estômago e minha mente estava a mil por conta da adrenalina. Luke não era afobado nem muito intenso. Só seguia o ritmo harmônico que tínhamos desenvolvido nas últimas horas. Nada demais nem de menos, chegava a ser romântico. Apaixonado. 

Por um momento, cogitei a possibilidade de passar a noite na casa de Luke. Não queria que nossos lábios se separassem. Não queria deixar de sentir a respiração dele perto de mim, não queria deixar de sentir aquele frio na barriga toda vez que sorríamos um para o outro. Na verdade, eu não queria ficar sem ele. Naquele momento, me dei conta do que o que eu sentia por Luke era verídico, aparentemente recíproco, e não adiantava eu querer me convencer do contrário.

Depois que lentamente nos separamos, ele apenas sorriu e ligou o carro novamente. Abri minha porta, e antes de sair de vez, dei um selinho rápido em Luke. Como uma despedida. Depois de descer do carro, observei Luke Warren dirigir alguns metros pela rua escura e virar a esquina. Logo eu estava sozinha outra vez. Parte de mim queria ter ficado com ele, mas a outra sabia que seria irresponsável e até meio babaca fazer isso com Miles.

Um arrepio frio correu meu corpo quando bati na porta da casa de Miles com os nós dos dedos. Esperei alguns segundos, até que Catherine abriu a porta para mim. Ambas sorrimos e eu entrei, sentindo o calor do termostato me envolver. Eu já ia tirando meu casaco e indo em direção ao quarto de Miles falar com ele quando Cathy me pediu um momento.

-Amie, posso falar com você por um instante? - ela perguntou, sentada num dos sofás da sala.

-Ahn? Claro, o que foi? - me virei, já no início do corredor.

-Queria saber se está tudo bem com você e seus pais. - Cathy disse, num tom quase que intimidador, com os olhos semicerrados.

Eu definitivamente não estava esperando aquela pergunta. Andei um pouco na direção dela, pensando em algo confortável para dizer.

-Tá sim, na medida do possível. Por quê?

Cathy apenas me olhou, não disse nada. Senti minhas bochechas se aquecerem e passou pela minha cabeça que talvez ela soubesse que eu estava mentindo. Eu devia estar entregando tudo pela minha expressão.

-Sabe, você pode confiar em mim assim como confia no Miles. - ela afirmou, se aproximando um pouco mais, apoiando uma das mãos no balcão da cozinha.

Fiquei por um instante com o olhar fixo no dela, e então pisquei várias vezes para saber se aquele diálogo era real.

-Olha, sra. Harrison, eu realmente não queria te incomodar... - ela me interrompeu antes de eu terminar.

-Você não está me incomodando. - Cathy ergueu as sobrancelhas e sorriu ligeiramente - Não é problema nenhum você ficar aqui. Na verdade, você está aqui por causa de Miles, não por mim. Acho que se estiver acontecendo alguma coisa, acho que seria de bom tom me contar.

-Eu não moro com a minha mãe. - soltei, após alguns segundos de silêncio, sentindo meus lábios se curvarem e meu coração se acelerar por ter que falar sobre aquilo outra vez - Minha mãe morreu no início do mês.

Procurei algum sinal de compaixão, benevolência, ou até mesmo pena no olhar de Catherine, mas não vi nada. Ela estava impassível. Acho que decepcionada, irritada, por eu ter fingido que estava tudo bem quando não estava nada bem.

-Meu pai se mudou com a esposa há alguns dias e me deixou pra trás. Desde então eu não tenho mais onde ficar e... - subitamente me senti muito vergonhada para expor tudo na frente dela - Fiquei aqui. Não tenho pra onde ir. Mas não contei nada pro Miles.

Esperei que Catherine falasse algo, mas ela só continuava a me encarar.

-Ele é meu melhor amigo mas eu fiquei... Não sei, com medo da reação dele. Eu sinto muito, de verdade.

-Não é para mim que você tem que pedir desculpas. - Cathy suavizou a expressão e andou até mim, mais uma vez - Sou eu que sinto muito pelo que aconteceu. Você está muito vulnerável, o mínimo que eu posso fazer é te abrigar, mas com a condição de que Miles esteja ciente de tudo. 

Assenti, respirando fundo por ela ter sido tão compreensiva. Catherine estendeu os braços e me abraçou apertado, talvez tentando me consolar por algo que eu já estava superando há muito tempo. 

-Eu tenho certeza de que Miles vai te entender, ele também parece gostar muito de você. Aliás, ele disse que iria passar o feriado de amanhã com você em Nova York e eu acho que seria uma boa oportunidade de contar as coisas para ele. Tudo bem? - ela sorriu levemente e esperou uma confirmação minha.

Novamente, só assenti e disse que iria falar com ele antes de me deitar. Eu sentia como se fosse desmaiar, ter uma síncope, a qualquer momento. Catherine havia me pegado de surpresa, e apesar do final feliz, eu tinha me sentido ainda mais mal por ter escondido tudo de Miles durante todo esse tempo. Bati na porta do quarto dele e logo em seguida, entrei. Ele estava usando o computador, aparentemente concentrado, com fones de ouvido.

-Miles! - chamei, e vi ele se virar e tirar os fones.

-Oi, Am. Achei que você fosse chegar mais cedo, onde você foi?

-Dar uma volta. - desviei o olhar para o chão e me sentei na cama de Miles, perto de onde ele estava.

-Ok então. - ele se afastou um pouco do computador, andando pelo quarto com a cadeira giratória - Eu tenho planos pra gente amanhã.

Lembrei do que Catherine havia dito sobre Miles e eu irmos para Nova York no dia seguinte. Ele nem tinha me dito nada, e euu nem tinha dinheiro suficiente para aquilo, por mais que parecesse uma ideia legal.

-Diga. - disse, ignorando o fato de Cathy já ter revelado a surpresa. 

Miles parou com a cadeira na minha frente, e exclamou, sorrindo:

-Vamos passar o dia em Nova York amanhã. Não é demais? - ele perguntou, empolgado, e eu não pude conter meu sorriso.

-Mas Miles... - eu ri, sem jeito - Assim, do nada? Eu nem tenho roupa pra essa ocasião.

-Ah, não tem problema. A gente dá um jeito, o que importa é a gente ir.

-Não, você não entendeu, eu não tenho dinheiro pra pagar tudo isso.

-Tudo isso? Tudo isso o quê? Eu posso pagar nossas passagens e você paga só a comida. E aí? - Miles ergueu as sobrancelhas e sorriu, num entusiasmo contagiante.

-Se for assim... Tá! Vamos pra Nova York amanhã. - cedi e vi Miles ficar radiante.

-Fechou então! Tava pesquisando os horários. Tem um Greyhound que sai daqui às oito e chega lá por volta das onze. - ele voltou para o computador e digitou algumas coisas - A gente pode patinar no Wollman Rink, ir no Empire State, dá pra fazer tanta coisa legal! - ele se virou para mim - Especialmente você, que nunca foi lá.

Apenas sorri, feliz por Miles estar tão animado. Combinamos acordar mais ou menos no horário em que acordaríamos se tivesse aula. Miles pediu para que eu levasse uma bolsa com nossos pertences, e antes de dormir, organizei tudo. Além do necessário, optei por levar também um casaco mais quente e meias, porque talvez eu precisasse. Depois de deixar tudo preparado, lembrei de Luke e senti meu coração acelerar.

"Não vou poder ficar com você amanhã, Luke", pensei, um pouco desapontada.

Resolvi ligar para ele, mesmo que estivesse tarde. Não demorou muito para que ele me atendesse.

-Hey, babe. - Luke atendeu, com uma voz ridiculamente provocante.

-Oi, garoto. - ri, sentindo as borboletas fazerem festa no meu estômago.

Passei a conversa toda sorrindo sem perceber. Disse que Miles tinha inventado de ir para Nova York e que eu teria que dispensar a oferta dele.

-Quem é Miles mesmo? - ele perguntou, quase num tom de deboche.

-Meu amigo, onde eu tô ficando. Você conhece ele, não?

-Acho que sim. Queria que você viesse pra cá, você sabe.

-Eu sei, também queria. Mas ele planejou tudo e ficou tão animado... Enfim, só liguei pra te avisar mesmo. Te mando mensagem quando a gente chegar lá.

Luke concordou e depois desligamos. Fui dormir com a mente dividida, pensando tanto na ida a Nova York quanto em Luke Warren. Não conseguia deixar de pensar que Luke talvez realmente quisesse algo de verdade comigo. Mas era até engraçado pensar que, antes de Lucy morrer, ele era um completo estranho com quem eu não simpatizava nenhum pouco, e semanas depois, estávamos nos beijando numa caminhonete em frente ao McDonald's. Como dois amantes apaixonados. Pensei que talvez eu estivesse indo rápido demais. Ou que ele estivesse secretamente rindo de mim e me fazendo de idiota. Mas se isso era verdade ou não, eu só iria descobrir se continuasse investindo nesse amor improvável.


Notas Finais


Espero que tenham gostado! :)


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