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História Eu, Gabriel. - Semear


Escrita por: krypthor

Notas do Autor


Espero que gostem <3

Capítulo 2 - Semear


Fanfic / Fanfiction Eu, Gabriel. - Semear

Pelos portões pontiagudos e velhos entrei, sentia as pedras no chão passando em meus pés,  era tão estranha a sensação de estar ali, como se pela primeira vez eu fosse visto, como se eu fosse real aos olhos humanos.

Aqui estou, dentro de uma igreja antiga, suas paredes são de pedras incrivelmente grossas já verde por causa do tempo, olhando para cima consigo ver uma enorme ilustração do reino, alguns anjos pequenos e gordinhos. Incrível a capacidade das pessoas acreditarem em fatos não verídicos, não comprovados.

Ao meu lado senta-se uma senhora de cabelos brancos com uma roupa completamente preta, com um terço na mão começa a rezar baixo, quase sussurrando, parece desesperada em seu modo de respirar, como se quisesse ajuda com urgência. Me entristece saber que no momento por uma erro meu não irei poder ajudar ninguém, é como ficar sem se alimentar.

—O padre Gregor chegou, venha, vou lhe apresentar. –Falou Piper que estava olhando fixamente ao altar junto com suas mão me puxando com uma força indescritível. —Anda logo.

Apressei os passos, sentindo cada segundo em que se passava, talvez a vida mortal não seja tão ruim assim, mesmo com a ausência de Rafael em meus olhos, ainda sentia sua presença, eu sabia que ele estava ali, me guiando por todo o meu caminho, como eu fazia. Lembro-me de cada mensagem recebida e dada, as reações, as dúvidas e incredulidades, aprendi tanto com mortais mas ao mesmo tempo não aprendi, ao menos sei que muitas palavras são superficiais, não tem o objetivo de ajudar ou acrescentar algo, apenas iludir para as pessoas viverem na mentira, em um sonho acordado.

—Esse é Gabriel. –Piper disse aprontando em minha direção. —E esse é Gregor. Ele é o nosso padre, posso apostar que ele pode lhe ajudar com seu problema com as drogas.

—Não uso drogas.

—Essa é a fase da negação, meu filho. Aceite e arrependa-se que o Senhor te perdoará. –Murmurou o padre fazendo sinal da cruz no ar. —Você está morando na rua? Temos um abrigo para crianças e jovens, posso arrumar um lugar para você, vai ser pequeno, mas quente e com certeza será bem vindo em nossa igreja. Sinta-se em seu lar.

Fiz positivo com a cabeça enquanto Gregor enganchava em meu braço e me conduzia até um corredor frio e escuro, pergunto-me o que eu tenho que aprender, talvez ver a bondade em exagero dos outros seja errado.

—É um pequeno canto, tem uma lâmpada ainda velha, mas garanto que é melhor que a rua. –Disse ligando a lâmpada que estava pendurada por alguns fios no teto. Realmente era pequeno, mas eu realmente não ligo para isso, em minha concepção os bens materiais são as últimas coisas que importam, pois no final nada será levado.

—Obrigado.

—Vamos ter um pequeno café agora, você está convidado.

Fiz que sim.

Entrei com ele em um pequeno refeitório, haviam muitas crianças lá, quase todas estavam agarradas em algum brinquedo ou urso, sentei-me ao lado de uma garotinha com cabelos negros, apresentava uma feição de tristeza, com seu urso cor de rosa apertado em seus braços, apoiava sua cabeça no mesmo, assim ignorando seu prato.

—Está tudo bem? –Perguntei com esperança de que eu conseguisse ajuda-la, esse era minha rotina desde sempre, ajudar era tudo o que eu fazia.

A garota assustada não me respondeu, compreendi que não é todo dia que alguém chega lhe oferecendo ajuda sem nada em troca. Já ouvi muitas súplicas com esse pedido, a maioria queria um amigo ou algum companheiro apenas para lhe escutar, mas não olhavam dentro de si mesmo, pois também só queriam falar.

Vi Piper servindo o resto das mesas, isso me fez refletir, em mundo tão caótico ainda havia pessoas boas com uma empatia enorme, ela trazia uma paz imensa, como Rafael. Talvez seja ele me dando a cura para a saudade.

—Posso sentar aqui? –Indagou Piper que agora estava com seu pequeno prato azul com bordas douradas em suas mãos.

Fiz que sim com a cabeça.

—Oi, Rosie. –Falou Piper acariciando o cabelo da garota que estava com seu urso cor de rosa nos braços. —Rosie não gosta muito de falar quando tem gente nova aqui na igreja, com o tempo eu tenho certeza que irão se tornar colegas.

Permaneci calado, quando ouvi ela dizer “com o tempo” me subiu um calafrio, comecei a lembrar que talvez eu fique por bastante tempo aqui, como eu poderia resistir, já sentia falta de minhas penas brancas, tão sedosas quanto seda, tão brancas quanto a luz, realmente tenho que aprender a esquecer, a não olhar para trás, pois não adianta, não volta e machuca o coração.

—Você também não é muito de falar, não é?

—De onde vim eu era acostumado a só falar quando me mandavam entregar alguma mensagem, de vez em quando falava com meu amigo Rafael.

—Ás vezes você fala umas coisas que me assustam! Primeiro me diz que é o anjo Gabriel, bem, sabemos que isso não é verdade e depois diz que não usa drogas. Então? Qual é a sua? Você vive no sonho por natureza? –Piper me olhava com uns olhos de quem iria cometer um homicídio.

—Não preciso usar drogas pra sonhar, como você diz.

Ela calou-se e voltou a mexer com o garfo em sua comida, não parecia estar com fome, acho que estava mais interessada em saber quem eu sou do que comer, felizmente aprendi com meu erro, se as pessoas não acreditam então vou parar de insistir, elas só conseguem ver aquilo que lhes convém.

—Bem, acho que irei voltar ao lugar que Gregor me cedeu. –Falei levantando e pegando meu prato. —Agradeço pela comida.

Fui em direção ao quarto, tentei entrar em conexão com meu mentor, fiz um grande esforço para entrar em um estado de relaxamento por completo, mas o som das vozes estava muito alto, tentei repetidamente ao ponto das próprias tentativas me atrapalharem. Tentei pela última vez, respirei fundo e imaginei o lugar onde eu gostaria de estar, o lugar onde provavelmente meu mentor estaria, senti um formigamento e uma súbita queda de pressão, eu sabia o que estava acontecendo, era ele, meu mentor, meu amigo, era Rafael, sentia sua presença, sentia ele se conectando comigo, eu sabia que meu guia não iria me deixar sozinho nessas horas difíceis. A cada minuto que se passava já era mais nítida a luz que se abria na pequena parede de pedras em que me encostava, eu sentia uma sensação de paz, um sentimento de voltar para casa. Quando menos esperei estava presente, vi Rafael como nunca tinha visto antes, com sua pele negra e seus olhos brilhantes, abria um enorme sorriso enquanto estendia sua mão.

—O caminho para a volta está dentro de você, todas as nossas metas estão guardadas em um futuro e só você pode se ajudar até chegar lá. Não se deixe abater, nunca se esqueça que um dia você que avisou sobre o grande nascimento e isso jamais será esquecido, assim como sua volta ao seu lar. Fique em paz, transmita a paz, isso é realmente eficaz. –Em seguida vi a bonita e brilhante luz desaparecer, ainda com os olhos fechados, sentia no astral todos meus medos se dilacerando, como se eu fosse libertado de uma grande corrente, sim, agora eu realmente estava em paz, agora eu sabia meu propósito: semear.

Voltei ao consciente, acho que já tinha passado uma hora, agora escutava o som das crianças cantando, todas em um tom uniforme, era tão bonito, como se fossem destinadas exatamente para aquilo, como se tivessem encontrado seu rumo na melodia, sei que muitos podem não ser designados a isso, mas fico feliz em saber que um dia a música e a melodia irão se encontrar em todas aquelas pequenas vidas que um dia irão se tornar vastos futuros. 


Notas Finais


Gente desculpa por repetir muito as lembranças. Prometo que no próximo não vai ter tanto "flashback"


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