Acordei com certa dificuldade, pois meu telefone não parava de tocar. Acendi o abajur ao lado da minha cama tateando com minhas mãos até conseguir pegar meu celular em cima da mesinha.
" Ah ! Só pode ser minha tia". Pensei.
Meus olhos se abriram com dificuldade por causa da claridade, me fazendo desenhar a senha de acesso do aparelho de qualquer forma, por sorte consegui desbloquear e atender a chamada a tempo.
-Oi... Falei sonolenta.
- Você está se lembrando do seu compromisso hoje? Disse a mulher totalmente disposta; pelos barulhos que se ouviam de fundo na chamada diria que ela estava fazendo obras em casa a plena madrugada.
- Claro... Digo sonolenta, ficando mais cansada a cada palavra dita - Preparar as fichas de acolhimentos dos alunos novatos! Enfiei minha cara nos travesseiros cedendo minhas forças ao sono interrompido.
- Isso mesmo! Boa garota. Ela sorriu da situação como se tivesse ligado de propósito para atrapalhar meu sono - Ser líder de colegial estudantil tem muitas responsabilidades sobrinha e você sabe como sou cuidadosa com os detalhes.
Desde que me candidatei a líder colegial minha tia e diretora da escola conversou comigo e tentou me convencer do contrário, ela dizia que seria ruim misturar escola com família e que ela transformaria minha vida em um verdadeiro inferno se eu não levasse a sério a função. Conclusão, ganhei e até agora não sei o que é ter paz.
- Mas eu posso dormir mais um pouco tia, ainda são 5:30 da manhã? Falei com a voz abafada por causa dos travesseiros.
- Claro! Ela sorriu mais uma vez antes de desligar o telefone na minha cara.
Voltei a dormir
...
O meu alarme toca assiduamente às 6:30 da manhã, o que me dá tempo suficiente para fazer minhas higienes matinais , tomar meu café da manhã e pegar uma carona com o meu namorado que todos os dias passa em minha casa para me levar até a escola.
*Som de buzina
"Falando nele..."
Entrei rapidamente no seu carro, antes de sairmos demos o nosso beijo matinal como de costume. Eu e Austin nos damos super bem, antes de começarmos a namorar nem sequer falava com ele , achava que ele era esses babacas de times de futebol que se acham o centro do universo, mas um dia tudo mudou quando eu comecei a frequentar o clube de leitura da escola e lá estava Austin, fiquei encantada com tudo que falava e comecei a observa-lo durante algumas semanas, até descobrir que ele também me observava. Então um dia indo pra casa a pé, ele gentilmente me acompanhou e desde então vi que tínhamos tantas coisas em comum que o nosso primeiro beijo realmente foi melhor do que a expectativa.
...
Chegamos na escola alguns minutinhos atrasados. Austin foi correndo para a aula dele e eu para a minha.
Será um dia cansativo hoje. Muito cansativo.
...
Apesar de ter uma agenda bem cheia para uma jovem como eu, acho que dou conta. Me considero uma futura adulta promissora, tenho uma vida boa, planos estudantis, sou respeitada por todos e admirada. Particularmente faço um lindo casal com Austin, que além de talentoso e bonito, ainda é um namorado exemplar, sem querer me gabar tenho uma vida que funciona perfeitamente bem.
Nesta manhã tive três longos horários de aulas antes de ir almoçar com minhas amigas. Este era meu momento favorito onde eu podia sorrir, falar de outras coisas e fugir das minhas responsabilidades com Dinah e Ally, mas infelizmente o tema da conversa de hoje são homens e eu não estou afim.
-Mas você viu que o David está mais sarado que o normal, ele deu uma olhada em mim no treino hoje. Disse Ally se olhando no espelho do seu pó compacto.
- Credo, ele deve tá tomando bomba, desencanta amiga, ele deve está querendo só brincar contigo. Completou Dinah enquanto comia suas batatas fritas.
- Me poupe gente! Falei com um tom irritado na voz. - Vocês só falam de homens e eu aqui mergulhada em compromissos, achei que fosse me desestressar com vocês, mas estou ficando pior.
-Fácil dizer isso , você namora o gostoso do Austin e não pode reclamar de nada. Disse Dinah arremessando uma batata frita em mim.
- Mesmo que não namorasse, tem coisa mais importante para falar que homens nesse momento.
- Tipo o quê ? Perguntou Ally.
- Tudo! Levantei da minha cadeira com minha bandeja nas mãos e deixei as duas sozinhas na mesa. -Eu não estou pra brincadeirinhas hoje , estou uma verdadeira pilha. Segui falando.
...
No centro de sociabilização da escola, conhecido como pátio pela maioria dos alunos, encontrei com o meu namorado na arquibancada com seus amigos do time de futebol americano.
- Amor! Tenho uma novidade. Austin se levantou, em seguida segurou minhas mãos me puxando para um abraço assim que me aproximei dele - Mas, antes vamos para um local silencioso por que é um assunto importante. Saímos do pátio ouvindo piadas sujas dos amigos de Austin, sobre como nós éramos pervertidos e estávamos procurando um lugar para transar na escola.
Passando pelo corredor principal e indo em direção à sala de música, entramos em uma sala vazia. Nos beijamos rapidamente antes que ele começasse a conversa.
- Fala! Estou curiosa. Segurei em suas mãos, por alguns instantes pensei que ele fosse me pedir em casamento.
- Minha irmã, aquela que falei que estudava em um internato no sul do estado voltou e já está matriculada na escola, você sabe que o começo é difícil e... Ele pausou a sua fala, pensando cautelosamente nas próximas palavras - Eu achei que você poderia ser... E olhou fixo em meus olhos .
- Fala logo! Disse impacientemente.
- Amiga dela! Pronto falei. Ele tapou o rosto com as duas mãos envergonhado do que havia pedido. Fiquei surpresa, porque eu não a conhecia e muito menos gostaria de forçar uma amizade com a minha futura cunhada.
- Mas você acha mesmo que ela vai gostar de mim? Coloquei minhas mãos em minha cintura enquanto encarava o moreno na minha frente.
- Claro! - Ele se aproximou.- Quem não gosta de você ?- E me abraçou forte.
...
Saímos de mãos dadas até o pátio e minha cabeça já estava pilhada com esse novo compromisso, bem diferente dos demais para ser exata, mas tão difícil quanto.
- Vamos dar um jantar lá em casa , quer ir? - Disse Austin quebrando o silêncio entre nós dois.
- Não, melhor não , é uma reunião de família e talvez ela não vá se sentir a vontade comigo lá. Tentei não parecer desesperada para recusar o convite e não aborrece-lo.
- Tudo bem, mas, na escola, posso contar com você? Ele fez biquinho para mim na intenção de me fazer aceitar a sua proposta.
- Claro ! Falei por fim , lhe dando um selinho rápido antes de voltar ao ensaio do acolhimento.
...
Já era quase fim de tarde, estava na sala do grêmio estudantil me preparando pra ir embora, quando vi minha tia carregando uma pasta imensa e aparentemente pesada com documentos vindo em minha direção.
- Eu estava te procurando. Ela colocou a pasta sobre minha mesa. - Tome aqui as fichas, você precisa estar cedo aqui amanhã para organizar a reunião com os novatos e os auxiliar no passeio guiado pela escola.
- Tudo bem... Baixei minha cabeça sobre minhas mãos, demonstrando meu cansaço. - Novatos, cedo , auxiliar, escola... Falei por fim, mostrando que eu já havia entendido o recado pela milésima vez.
...
Em casa, depois que terminei meu jantar, tomei um bom banho quente, a àgua morna relaxava meus músculos inrrigecidos de tanto andar por aquela escola gigante.
Saí do banho e vesti meu pijama mais confortável, havia me prometido que iria revisar as fichas antes de deitar, porém o cansaço foi tremendo que me fez apagar de sono em poucos minutos. Mesmo sabendo que precisava fazer isso hoje!
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