História Me apaixonei pela irmã do meu namorado! - Ao primeiro olhar.

P. V. O LAUREN 

É hoje, finalmente o dia que volto para casa chegou,  tenho que por meu capuz e fingir mais uma vez ser quem  eu  não  sou, o que é  uma verdadeira merda. Ser perfeita em uma família de mentiras não há espaço para defeitos ou anormalidades, como diria meu pai. Eu só preciso fingir mais um pouco e em apenas um ano vou estar bem longe daqui. 

...

- Senhorita, eu preciso terminar a corrida. Disse o taxista impacientemente, tirando-me dos meus pensamentos, encarando-me através do espelho dentro do carro. 

- Desculpa, está aqui o pagamento. 

 Entreguei o dinheiro a ele e finalizamos minha corrida. Desci do taxi lentamente, aproveitando meu eu verdadeiro por mais alguns minutos, apenas encarando o carro sumir após a curva do condomínio. Na frente da casa dos meus pais uma onda de questionamentos pairava em meus pensamentos. A Quanto tempo eu fui afastada do lugar que eu me sentia segura e jogada em um completo abismo.

 Fiquei parada analisando cada cantinho da frente da casa da minha infância tão querida; a casa que eu me recordo estava totalmente mudada, então só me restava alguns simples detalhes,  como os bonecos de porcelana na grama e as rosas  vermelhas que eu e minha mãe plantavámos na primavera. Só que agora tudo era absurdamente estranho para mim;  antes de ter coragem de tocar a campainha, eu estava me preparando para uma batalha interna. Depois de inúmeras frustrações, episódios passados, lágrimas e uma triste decisão, é difícil voltar e não ser bombardeada pelas dolorosas lembranças.

...

Escutei o som das chaves na porta, anunciando que dai por diante assim que ela se abrisse não teria mais volta, eu estava oficialmente em casa.

E foi minha mãe quem à abriu.

- Lauren querida! Disse ela tentando parecer surpresa , como se eu não soubesse que ela me viu chegar pelas brechas nas persianas na janela da sala. 

- Oi mãe. A abracei segurando firme minhas malas, tinha a sensação que poderia correr para longe dali a qualquer momento, enquanto ainda tinha chance.

  Ela se aproximou devagar e me abraçou forte mais uma vez, o suficiente para me sentir, mas rápido o bastante para não me incomodar. Senti minha garganta fechar, um nó se formar, enquanto isso eu lutava para fingir que não havia sentido nada. Minha mãe por sua vez, chorou discretamente, enxugando seus olhos com o dorso das mãos.

 Entrei devagar na sala, percebendo as diversas mudanças na mobília,  o sofá de couro todo riscado que eu ficava quando era  criança foi substituído por um de tecido acetinado cor rosê, a mesa do jantar  de madeira , agora era toda de vidro.

"Espero que meu quarto ainda seja o mesmo." Pensei.

Meu pai também veio ao meu encontro, me dando um forte abraço e também permitiu se emocionar. Austin meu irmão mais velho, me deu um rápido abraço, bagunçando meu cabelo como sempre fizera quando éramos crianças. 

-Vamos deixar suas malas no seu quarto e descer para  jantar em família. Disse minha mãe entregando minhas malas ao meu pai que as carregou uma em cada mão subindo a escada até o meu antigo quarto. 

 Minha mãe estava muito entusiasmada com seu sagrado jantar em família, então por ela eu seguraria as coisas horríveis entaladas em minha garganta, cultivadas desde que eles me forçaram a ir para aquele internato.

Durante o jantar o silêncio reinava, apesar da maioria das tentativas de diálogo acabarem logo no início. 

Austin, tratava de manter sua boca cheia para não ter que dar o primeiro passo na conversa. Nem ao menos pareciamos uma família de verdade , éramos como uma versão macabra de propaganda de margarina na TV. 

-  Então, como era o internato? Perguntou meu pai, fazendo sua voz ecoar pelo cômodo, devido ao silêncio.   -Você fez muitos amigos?

Parei para pensar na minha resposta . Se eu respondesse o que estava em minha mente,  esse jantar terminaria em brigas e mais brigas. Então resolvi relaxar. 

-Sim! ...Ou não... Talvez? Por mais que eu tentasse o sarcasmo me perseguia, era meu estado natural de espírito. 

Meu irmão, quase soltou uma risada, mas a conteve graças o olhar reprovativo da minha mãe.

Eles se entreolharam .

- Amanhã  você vai começar  na escola do seu irmão. Disse minha mãe   enquanto empurrava mais assado no meu prato, isso porque ela ainda acha que esse é meu prato favorito.

- Ah! Minha nossa que legal. Tentei fingir entusiasmo   mas só consegui mais risadinhas do meu irmão que já estava vermelho de tanto segurar suas risadas.

- Minha namorada vai te ajudar, amanhã  estarei muito ocupado com o futebol. Disse Austin por fim, contribuindo com a cota de frases da noite.

- Sua namorada?  Fiz a melhor cara de paisagem que podia, para ele entender o quanto eu estava interessada. Revirei os olhos de raiva, nada pior que ser entregue para uma total estranha no seu primeiro dia de aula e ainda por cima quando essa estranha é sua cunhada.

Depois do jantar e da minha enorme demonstração de tédio, fui para meu quarto. Por sorte eles não mexeram nas minhas coisas. Corri para minha cama me jogando em cima dela e bagunçando os travesseiros ligeiramente alinhados. Os lençóis dobrados e cheirando a amaciante mostravam que minha mãe estava preocupada com o que eu fosse achar daquele ambiente.  Abri minha mala e tratei de deixar a decoração um pouco mais parecida com a Lauren de hoje. 

Colei  pôsteres novos e arranquei os meus antigos, deixando as marcas de papel  colado na parede do quarto, um toque vintaje. Abri o guarda roupa e me deparei com aqueles vestidos coloridos  que minha mãe me forçava a usar na igreja, retirei todos e os aremesei pra na  cadeira ao lado da janela, pra na cama arrumada.

- Boa pontaria, Jauregui. Falei para mim mesma sorrindo divertidamente.

Retirei minhas botas da sorte e deitei sobre as roupas espalhadas em cima da cama, olhei para o teto onde as constelações que eu e meu pai fazíamos com aquelas estrelas que brilhavam no escuro ainda estavam lá.  Eu era tão inocente, tão ingênua,  essa Lauren não existe mais.

Apenas deitei e cai no sono gradualmente, depois de um dia de viajem cansativo, nada melhor que sua cama em seu próprio quarto de infância, para se sentir em casa.

...

A claridade que entrava através das janelas de vidro me fez acordar desesperada,  estava a partir do minuto seguinte atrasada para a escola. Precisava ser o mais rápida que pudesse, pois minha educação é muito importante para mim.

...

  De banho tomado, vesti minha calça  jeans rasgada, minha blusa preta de cetim, jaqueta de couro, pus minhas pulseiras, passei lápis  de olho na linha d'agua marcando bem forte meu olhar  e coloquei meus óculos escuros.

Desci de encontro a minha "família feliz" para tomar café  da manhã e recebi um olhar assustado de todos na mesa.

- O que foi? Falei por fim, mordendo uma maçã  verde.

- Nada ! Falaram todos de uma só vez, mas eu sabia que eles não estavam acostumados a me ver vestida desse jeito. Depois de anos longe de mim, eles não tinham nenhum poder para opinar sobre meu estilo.

...

Fui para a escola infelizmente com meu irmão.  Como estávamos atrasados ele avisou que não passaríamos na casa da sua namorada, pois a esse horário ela já estaria na escola.

Assim que descemos no estacionamento subterrâneo, recebi alguns olhares espantados, todos curiosos para saber quem era a doida roqueira ao lado do galã  do time e seguimos andando para uns dos portões de acesso.

- Austin, posso voltar pra casa? Falei assim que chegamos ao portão principal e aquela multidão de alunos nos engulia com olhares curiosos e julgadores.

         - Pode. Ele seguia na frente me guiando,  enquanto passávamos pelo corredor e éramos observados por todos aqueles alunos que o conheciam e nem sabiam quem eu era - Você vai ter que aguentar a mamãe  a manhã  inteira e como ela está  com vontade de vocês irem a shoppin...

- Já me convenceu - O interrompi antes que terminasse de falar, enfrentar essa escola era melhor que a dona Clara- O que devo fazer? Pra começar aqui quero dizer?

- Vai até  aquele pessoal ali. Ele apontou para um portão lateral que dava ao lado externo da escola.- São  as boas vindas aos novatos.

Segui sem me despedir do Austin,  precisava demonstrar que não estava com medo, que era forte o suficiente para seguir me virando sozinha como sempre fiz.

- Ei ! Meu irmão gritou. Olhei para trás ao vê-lo quase desaparecer naquele mar de alunos. - Estou feliz por você ter voltado! Ele gritou novamente, até sumir de vez da minha visão. 

"Aí, droga! Por que estão todos me encarando?" Pensei assim que me aproximei do grupo de pessoas.

- Lauren Jauregui! Uma voz femenina disse rispidamente.

- Aqui! Falei levantando a mão esquerda em seguida.

- Está  atrasada, mas sem problema... A linda garota com grandes laços azuis no alto da cabeça  e olhos castanhos tão intensos, ficou muda quando realmente me viu por inteiro.

E eu tbm ficaria se fosse o contrário, ela era linda.

"Fala sério,  porque não  vim para essa escola antes!"