P.O.V CAMILA
Ouço repetidas batidas na porta do meu quarto.
- Filha! Era a voz da minha mãe, me chamando sem parar - Você vai se atrasar. E ela apenas continuava batendo na porta.
-Poxa mãe ... Falei irritada com o ruído produzido sem pausa - Só mais um pouquinho... Me estiquei na cama encontrando uma posição confortável pra voltar a dormir.
- E o seu compromisso? Sua voz abafada pela porta me fez recobrar a consciência, como se a palavra "compromisso" fosse um gatilho para mim.
Senti meu coração quase sair do peito ao lembrar que tinha um compromisso importante hoje. Saltei da cama e sai correndo imediatamente para o banheiro.
Olhei para o relógio na parede e faltava exatamente 20 minutos para a acolhida começar e eu era responsável pela acolhida. Como poderia chegar atrasada?
- Meu Deus se eu não chegar a tempo, vou virar chacota na escola e minha tia vai me tirar o cargo. Choraminguei frente ao espelho enquanto me maquiva numa velocidade jamais imaginada.
Já vestida, arrumada e maquiada desci rapidamente as escadas do andar de cima, indo de encontro a porta da rua. Assim que cheguei na porta minha mãe me interrompeu:
- Você não vai tomar café? Sinuhe apareceu na sala , com uma maçã em uma de suas mãos.
- Não dá tempo mãe! Falei choramingando ao imaginar a decepção que iria causar em minha tia.
Finalmente consegui abrir a porta.
" Porta idiota"
- Toma ! Ela arremessou a maçã em minha direção em poucos segundos. Apanhei ela no ar e agradeci , saindo em disparada para a escola.
...
Assim que me aproximei da entrada da Champions, vi um grupo de jovens em volta da minha tia e deduzi ser o grupo de alunos novatos. Me aproximei devagar para não atrapalhar enquanto ela dialogava com eles. Assim que cheguei perto o suficiente, cumprimentei todos desejando um bom dia.
- Bom dia Camila , finalmente você chegou - Disse minha tia me dando um abraço. - Pessoal, silêncio, essa é a líder do Colegial da Champions High School e aluna modelo, Camila Cabello.
- Oi gente! Cumprimentei com apertos de mão alguns alunos próximos de mim.
- Ela vai dar início ao passeio, pois eu tenho um compromisso importante agora pela manhã.
Minha tia saiu me deixando com todos aqueles alunos nitidamente entusiasmados com a escola.
- Vamos começar! Falei por fim, levando os alunos em um passeio guiado pela escola modelo da região.
Comecei com boas vindas , falei brevemente sobre a história da escola e os prêmios que ela já tinha recebido em competições interestaduais e olimpíadas. Andamos boa parte do primeiro lote, se tratava de uma escola com a maior estrutura da região .
Já estávamos na metade do passeio, quando eu fiz uma primeira chamada para saber se todos os novatos estavam presentes.
-Alfred!
-aqui!
-Lindsen!
-Aqui!
-Normani!
-Aqui!
-Lucy!
-Aqui!
...Outros nomes foram chamados todos presentes!
-Lauren! ...
-Lauren! ...
-Alguém a viu?
-Lauren Jauregui!
-Aqui!
- Está atrasada, mas sem problema...
Minha voz simplismente parou quando eu vi a dona daquela doce voz. Fiquei muda por alguns segundos quando ela apareceu totalmente no meio do grupo. O que me surpreendeu foi que sua voz não conduzia com a sua figura, ela era tão forte e emponderada, demonstrava ser uma pessoa de singular personalidade.
Ela tinha um olhar intenso, também podera seus olhos verdes como duas esmeraldas me fitando , seu rosto com traços fortes me deixaram sem ação só de olhar para ela. Eu nunca pensei que diria isso, mas , eu pegaria essa garota se gostasse de meninas, ela era muito bonita.
- Obrigada por comparecer! – Falei por fim , me retirando do transe em que estava.
...
E prosseguimos com a nossa pequena excursão, passando pela biblioteca, sala de computação, lanchonete, auditório, sala de música, artes e Teatro.
...
Ao final do passeio começamos a direcionar cada um a sua sala. E coincidentemente ou não, sobrou apenas a garota de olhos de esmeralda e eu para ir a sala de aula.
- Bem senhorita... Peguei sua ficha na minha pasta gigante - Sua primeira aula é matemática e você ainda tem dez minutos pra chegar na aula a tempo. Fechei a planilha recebendo um olhar desconfiado da moça a minha frente.
- Pra quê tanto formalismo? Ela sorriu de canto, me analisando dos pés à cabeça com seus olhos fixos em mim. - Quem hoje em dia na nossa idade fala "senhorita" ?
- Pessoas que tem um mínimo de educação. Coloquei minhas mãos em minha cintura levantando a cabeça, não podia deixar ela me intimidar.
- Isso pra mim é frescura. Ela sorriu me encarando novamente, enquanto mordia levemente seus lábios.
-Não vou discutir com você, pois tenho coisas mais importantes para fazer. Falei por fim indo na direção contrária para a minha aula. - Ah! Só mais uma dica. Falei ao ver ela se aproximar da porta da sua sala. - Se eu fosse você tratava de não entrar na aula do senhor Robson de óculos , ele definitivamente odeia.
- Obrigada ! Ela gritou - Valeu pela dica caretinha. Falou ela enquanto sorria divertida, entrando na sala em seguida.
- De nada, SENHORITA! Gritei também entrando em minha sala.
...
Depois de três horários de ciências, minha mente estava uma verdadeira zona, mal conseguia me concentrar lembrando das minhas responsabilidades como presidente estudantil, apesar de que , uma coisa diferente do habitual não estava me deixando sucegar, aquela garota arrogante que eu conheci mais cedo. Não consiguia parar de pensar nela.
"Pode parar Camila, o que deu em você, não pira, você não gosta disso" Balancei minha cabeça tentando afastar esses pensamentos.
Decidi por impulso sair da aula alegando dor de cabeça, mesmo que não precisasse de pretexto, todos os professores me adoravam e sempre me deixavam sair.
Assim que sai da sala, segui pelo corredor em direção ao grêmio escolar que ficava na quinta sala após a minha, não queria ser vista por ninguém dando uma "escapada " da aula, lá seria o lugar perfeito, ninguém diria que eu estava apenas que querendo fugir da aula.
De repente, vi aquela garota de mais cedo sair da sala de aula andando a passos largos pelo corredor , ela se afastou o suficiente para não ser pega, acabou parando em frente a entrada do pátio proibido. Curiosamente a segui só para ver o que ela estava tentanfo fazer. Sem pestanejar ela ignorou os avisos e as tábuas pregadas na entrada e entrou, puxando uma tábua solta.
O "pátio proibido" como era chamado, dava de encontro a entrada de uma pracinha desativada a anos atrás, repleta de Brinquedos do jardim I , onde um garoto se acidentou gravemente. A administração passada, apenas fechou o local, colocando tábuas e fitas na entrada. A escola nunca realizou nenhuma reforma ali, desperdiçando esse espaço. Mas a maioria dos jovens da escola frequenta esse lugar quando querem fazer coisas proibidas, sem serem pegos.
...
- Ei! Gritei assim que me aproximei da barreira de madeira, a garota olhou para trás assustada. - Seu nome é Lauren não é? Ela apenas confirmou com a cabeça rapidamente.
- Porque você não está em aula? Falei, enquanto lutava para passar por entre a brecha solta.
Notei que ela tentava esconder algo de mim, mas o cheiro me chamou atenção.
- Você está fumando? Falei indo finalmente ao seu encontro.
- Vai se meter na sua vida , me deixa quieta careta. Ela reclamou se esquivando de mim enquanto procurava um lugar para sentar.
- Não! Tentei retirar o cigarro de sua mão- Se você for pega eu estou ferrada.
- Ah é ? Ela levantou sua sobrancelha esquerda, me dando aquele olhar desafiador - Olha como eu estou preocupada. Ela deu uma longa tragada no cigarro soprando a fumaça bem no meu rosto.
- Isso é serio? Tossi um pouco , devido a fumaça que expirei. - Você sabe que está acabando com a sua saúde e com a minha também, não é? Estendi minha mão em sua direção insistentemente para que ela me entregasse o cigarro.
- Quer saber sua patricinha intrometida? Ela levantou do banco onde estava sentada e praguejou. - Eu vou jogar o cigarro fora, se você prometer calar sua boca e me deixar em paz. Ela estava furiosa, será se eu a irritei tanto assim? Ela jogou o cigarro no chão e pisou em cima, enquanto me encarava furiosa.
- Eu agradeço... Dei um largo sorriso, que em poucos segundos se apagaram ao ver que a garota não estava tão contente quanto eu assim. - É por essas e outras coisas , que é muito difícil ser eu. Desabafei sem perceber que fui infeliz em meu comentário.
- Ah... Eu fico imaginando como deve ser difícil ser você. Ela me olhou com desdém dos pés a cabeça. - Garota você não sabe de nada da vida! – E se aproximou me encarando com nojo. O que me deixou com medo, o que a vida havia feito para deixar essa garota tão amarga?
Ficamos em silêncio...
-Então tá. Falei interrompendo o silêncio que havia se criado - Quer voltar pra aula? Segurei sua mão por impulso, sentindo de repente uma onda tomar conta do meu corpo.
- Nem morta! Ela soltou minha mão rapidamente - Ainda é o primeiro dia. Ela então se levantou e começou a andar para longe de mim.
E eu fui atrás tentando convencê-la a voltar, não podia deixa-la sozinha. Ela se aproximou da grande dispensa ao oeste de onde estava a entrada da pracinha. A dispensa era um lugar velho e onde armazenavam variadas coisas, desde materiais de construção à cadeiras escolares quebradas.
- Não entra aí! Sai correndo ao vê-la adentrar naquele lugar imaginando quantos incetos ou ratos estavam ali.
Sem pensar duas vezes entrei naquele lugar logo em seguida. Tudo estava sujo e empoeirado, como eu imaginava, já que ninguém usava e frequentava o lugar há séculos.
- Aff, Até aqui? Disse ela cruzando os braços assim que me viu chegar.
...
Ela retirou mais um cigarro do bolso.
- Você só pode estar de brincadeira comigo! Falei a encarando furiosa.- Garota se você for pega eu me ferro também .
- Nossa ! Despertei a fera em você ? Ela me olhou desafiadoramente, me dando um sorriso de canto. - É só esse cigarro , eu juro! -Ela cruzou os dedos, selando sua promessa com um beijo neles.
- Está bem. Bufei de raiva, tapando minha narinas com minha mão para não respirar aquela fumaça.
Então a garota se dirigiu até a porta, e sem alguma razão fechou-a, porém empregou mais força do que deveria, fazendo com que a porta desse um grande estalo.
- Ai que susto! Falei assim que a porta bateu. - Porque fez isso?
- Para aliviar a barra caso alguém apareça. Ela seguiu em minha frente e sentou- se em uma mesa .
- Eu sou um tanto claustrofóbica e não suporto poeira. Segui para a porta para abri-la novamente - E eu também não gosto de lugares abafados. Girei a maçaneta com força, porém ela estava emperada e não abria.
- Estamos presas! Falei em choque, assim que percebi que a porta estava emperrada.
- Nossa garota... Ela sorriu - Como você é exagerada. E deu mais uma longa tragada em seu cigarro.
-É serio! Gritei encarando-a com desespero.
Ela me encarou seriamente assustada com o meu berro.
- Eu estou presa neste cubículo. Falei novamente , enquanto procurava alguma brecha naquela porta de ferro enferrujada.
- SOCORRO! Alguém me tira daqui! Pus-me a gritar enquanto a garota me encarava dando algumas gargalhadas. Então ela apenas se levantou da mesa e veio em minha direção.
- A gente não está, tran -ca-da. Ela me olhou assustada enquanto girava a maçaneta , sua pupila dilatada dizia que sua surpresa foi real. - Más notícias , estamos trancadas.
Nos entreolhamos pensando em uma saída para aquela situação.
- Calma...Cadê seu celular? Ela perguntou de repente.
-Eu deixei na minha bolsa. Falei, tateando os bolsos da minha calça. - E o seu?
- Droga! Eu também deixei. Ela ficou cabisbaixa pensativa.
- A NÃOOOOOOOO! Gritei a pleno pulmões.
"Ficar presa em um lugar assim com essa garota , não é uma coisa Boa!" Pensei.
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