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História Eu Me Apaixonei Pelo Teu Caos (EM REVISÃO) - Rainbow


Escrita por: dirtypaws

Notas do Autor


Amoooooores! Quanto tempo, não?! Eu peço mil desculpas por todo esse tempo sumida daqui, sem notícias e sem atualização. Eu confesso que inúmeras vezes pensei em desistir disso aqui e jogar uma nota aqui de encerramento da história, sem concluí-la. Mas acho que isso seria covarde de minha parte. Eu passei por uns bocados, mas não desisti. Demorou, mas veio. Espero que gostem e obrigada por não deistirem de mim.
Desculpem qualquer erro de digitação. Ficou um capítulo enorme e não revisei. KK <3

Capítulo 10 - Rainbow


Jade’s POV

— Por favor, vai embora. Eu quero ficar sozinha. — Virei meu rosto para o outro lado, evitando encará-la. Foi tudo o que consegui dizer, me esforçando o máximo que eu pude para não gaguejar, já que um nó havia se formado em minha garganta.

E ela foi, sem dizer mais nada.

Eu não podia acreditar no que tinha acabado de ouvir. As palavras de Tori vieram como um soco. Mas eu preferia mil vezes ter levado um soco. Fiquei parada por um tempo que não pude contar. Então como se eu tivesse despertado, eu senti um tremor subindo pelo meu corpo e eu sabia exatamente que tipo de sentimento era esse.

Droga, droga! Você é uma idiota, Jade! Como poderia esperar algo de bom? É lógico que a Vega só estava experimentado, é lógico que ela iria cair em si e achar que foi um erro! Burra! Como eu sou uma burra...

 Soquei o volante inúmeras vezes, esbravejando, sem perceber no quanto eu já estava chorando. Liguei o carro e arranquei o mais rápido que eu pude dali, só queria ir para longe. Limpava meu rosto com a palma da minha mão, mas parece que minhas lágrimas nunca queriam cessar. Depois de alguns minutos vagando sem destino algum, resolvi que era melhor fazer uma parada. E sabia exatamente onde ir.

Adentrei um bar que eu costumava ir, o Rainbow Bar & Grill. Ele é um bar meio incomum em Los Angeles, no que diz respeito a sua decoração, pois está cheio de objetos inusitados e instrumentos musicais espalhados por todos os lugares - sem falar na luz vermelha que ilumina o amplo bar com vários sofás para sentar. No menu uma vasta variedade de cervejas, variadas bebidas, pratos e petiscos. Eu adorava esse lugar. Fui diretamente ao balcão e me sentei em um dos bancos. Estava cheio, tocava alguns rock’s clássicos. Amanda prontamente veio, com um sorriso aberto.

 — Oi, Jade. Bom ver você de novo. — Havia um sorriso meio safado ali que eu tentei ignorar.

— Bom ver você também, Amanda. — Sorri.

— E então, o que vai ser hoje? — Ela perguntou e eu pude ver sua língua umedecer seus lábios. Eu sabia que era uma pergunta com dublo sentido.

— Vodka pura, por favor. — Respondi simplesmente.

Ela virou-se e rapidamente colocou um copo com vodka à minha frente. Eu virei de uma vez.

 — Mais um, por favor.

Ela fez o mesmo e eu também. E fez assim mais duas vezes seguidas. Ela observava com um misto de curiosidade e preocupação.

— Uou! Acho melhor você ir com calma, pelo menos, não acha? Eu tenho um tempo livre pra agora, Jade. Posso te fazer companhia... O David pode me cobrir aqui. O que você acha?

Balancei os ombros como se dissesse um “tanto faz”. Mas sorri gentilmente. Eu já me sentia meio zonza, mas não o bastante para amenizar ou disfarçar o que eu estava sentindo. Eu só queria esquecer.

— Tudo bem.

Ela virou-se para falar com David. Ele assentiu e ficou em seu lugar, enquanto ela contornava o balcão, chegando até mim. Ela sorria como se nada no mundo pudesse abalá-la, eu tinha um pouco de inveja disso. Amanda era linda, ela tinha cabelos longos e loiros. Seus olhos eram de um azul penetrante, que faria qualquer pessoa se perder neles, e eu já havia me perdido algumas vezes. Ela era mais ou menos do meu tamanho, tinha 25 anos e é dona desse grande bar que seu pai havia deixado. Ela amava trabalhar nele como se fosse apenas alguma funcionária como os outros que ali estavam. Era gentil e tratava todo mundo bem. Ela nunca se importava com o meu humor ou com um pouco da falta do meu interesse, ela era boa demais. Eu idiota demais. Mesmo assim, nunca foi inevitável de termos nos envolvidos uns tempos atrás depois do meu relacionamento com Beck. Eu sempre soube que ela desenvolveu sentimentos por mim. Até porque ela já fez questão de deixar isso claro. Mas eu nunca correspondi da mesma forma e mesmo assim ela não se importava. E sempre que nos víamos ou que eu voltava ali, ela se aproximava e ficávamos.

—  Vem, vamos para o nosso lugar. —  Ela estendeu a mão e eu segurei. Ela apertou, entrelaçando nossas mãos, me guiando até a mesa que costumávamos sentarmos para conversar e beber. Nosso contato era diferente, não havia eletricidade percorrendo meu corpo até o dela, não havia coração pulsando fortemente ou um leve frio na barriga. Apenas duas mãos entrelaçadas.  

Eu sabia que algo estava errado, pois eu sentia todas estas sensações em apenas um contato mínimo com Tori em tão pouco tempo. E nada, absolutamente nada com quem eu já conhecia há tanto tempo. E isso me assustava. Nem mesmo com Beck existia todas essas sensações. Talvez seja por isso que eu tenha me sentindo tão bem e completamente péssima agora. 

Ahh, Tori... O que você está fazendo comigo? Merda! Eu estou tão perdida... Estou gostando de uma menina que nem se quer pode me corresponder. Que talvez nem de mulher goste. Que acha que nosso beijo tenha sido um erro...Talvez tenha sido? Mas não foi pra mim... 

Balancei minha cabeça levemente para afastar os pensamentos. Eu queria esquecer, apenas isso. Amanda logo se sentou e me puxou para sentar ao seu lado. Seu sorriso ainda continuava ali.

— Então, o que está havendo? Tudo bem com você?

— Sim... Tudo. — Respondi quase tão baixo que se ela não estivesse ao meu lado, nem teria escutado. Ou talvez só tenha respondido embolado, graças ao pouco álcool que já se fazia presente.

— Tem certeza? — Ela virou-se um pouco, me esquadrinhando, buscando alguma incerteza no que disse. — Quando você aparece assim, bebendo tanto do jeito que estava, sei que não tem algo certo. Vai Jade, você me conhece, pode me contar.

— Eu estou bem, Amanda. Ou melhor, vou ficar bem... Além disso, nada que um bom porre para melhorar, não é?! — Disse sorrindo. — E acho que vou agora mesmo pedir mais um pouco de bebida. Já volto. — Fui me levantando e ela me segurou pelo pulso e como eu já estava um pouco alterada, cai no mesmo lugar que eu estava.

— Espera, Jade. — Ela me segurou. — Você não pode sair bebendo assim, porque pelo que conheço de você, aposto que você veio dirigindo, não foi?

Balancei os ombros, concordando. Ela estreitou os olhos, me olhando como se estivesse pronta a me dar uma bronca. Mas não deu. Sua mão pousou na minha e ela acariciava levemente.

— Você não veio com algum amigo?

—  Não.

—  Mas sabe que vai ter que voltar de táxi para casa, não sabe?! Eu não vou deixar você voltar dirigindo.

— Ah, qual é, Amanda?! Esquece isso por enquanto. Eu só quero me divertir e esquecer a vida de merda que eu tenho! — Eu provavelmente tinha feito cara de quem estivesse sofrendo ao pronunciar a última frase, pois vi em seu olhar um pouco de pena. 

— Tudo bem... Mas que esteja claro que você vai embora num táxi. Ou dependendo, eu mesma vou te deixar em casa. —  Ela respondeu séria. Mas logo seu rosto ficou ameno. —  Sabe, eu senti falta de você, Jade... Temos nos visto tão pouco, não acha? —  Ela tocou meu rosto. Quando vi, ela aproximou-se e depositou um breve beijo em meus lábios.

—  Ah, é... sim... Faz um mês que não nos vemos, não é? —  Nada. Eu não havia sentido nada, nem um arrepio e muito menos desejo, que era pelo menos o que eu costumava sentir com Amanda.

— Um longo mês... — Ela sussurrou enquanto tocava e observava meus lábios.

Amanda envolveu sua mão no meu pescoço e me puxou para si, nossos lábios celaram-se e logo ela pediu permissão com a língua para aprofundar o beijo dessa vez. Eu pensei em me afastar, mas cedi, dando abertura para ela. Eu precisava disso se eu quisesse esquecer. Nossas línguas dançaram juntas, nossos lábios moviam-se juntos, mas nada. Não era nada do que um simples beijo. Ainda não havia eletricidade entre nós, não havia aquele gosto doce e único que Tori tinha... Não que o beijo de Amanda fosse ruim, ao contrário, era ótimo, ela beijava bem, era maravilhosa, tinha um gosto bom, mas era apenas isso.

Droga, Tori... Como vou tirar você da minha mente se eu mal consigo ficar com alguém e não desejar que seja você? Eu estou realmente perdida... 

Nos afastamos. Ela sorria graciosamente. Ela não se importava se as pessoas pudessem vê-la daquela forma comigo. Ela sempre disse que não se importaria e que se um dia eu chegasse a lhe dar uma oportunidade para termos algo maior, ela teria o maior prazer de dizer a quem fosse que eu era sua namorada.

— Bom, acho que agora vou buscar umas bebidas. Você quer? — Talvez eu só precisasse beber muito mais para poder me envolver totalmente sem ter que ficar pensando na Vega.

Ela riu.

— O bar é meu, lembra? E eu estou trabalhando, infelizmente preciso voltar ao meu trabalho. Mas não se dê o trabalho de pagar, é por conta da casa. Você só precisa aparecer mais vezes ou me pagar com alguns beijos. — Ela piscou, aproximou-se mais uma vez e me deu um outro beijo, eu retribuí. — Na próxima eu bebo com você sim.

— Claro que não, Amanda. — Ela levantou as sobrancelhas, confusa. Logo corrigi. — Claro que eu vou pagar, eu faço questão! —  Eu falava do dinheiro, mas acho que ela entendeu que eu me referia aos beijos. Pois logo aproximou-se de novo me dando outro beijo.

— Eu preciso voltar ao trabalho agora, Jade. Vou mandar o David vir aqui e anotar o que você quer e ele trará, apesar de que o quê você quer, estará trabalhando atrás daquele balcão. — Ela apontou para o balcão, movendo as sobrancelhas numa forma de provocação e rindo. Balancei a cabeça, também rindo. Ela era linda, mas não era a Tori...

Porra, Jade!

— Tudo bem, vou aguardar. — Ela levantou e me puxou mais uma vez para si.

— Estou de olho em você. Não suma de vista, preciso que volte para casa em segurança. — Me beijou. — E vamos nos falando pelo telefone, se quiser.

— Claro. — Sorri. E então ela se despediu brevemente alegando que assim que eu quisesse ir embora, era só avisar. Falou com David, que logo apareceu ao meu lado.

— O que a senhorita deseja nesse momento?

Tori.

— Traga alguns shots de tequila, por favor. — Ele assentiu e depois de uns minutos apareceu depositado tudo em minha mesa.

Foda-se, é sexta-feira, nada melhor que um porre pra esquecer essa minha vida de merda... Ou ela...

Fui bebendo um por um. Depois peguei meu celular para ver se havia alguma notificação.

Tori - 10 ligações perdidas.

3 mensagens.

 [Tori]: Jade?!?!

[Tori]: Jade, pelo amor de Deus, retorne minhas ligações ou pelo menos me responda!

[Tori]: Jade... Eu sei que talvez você nem queira falar comigo ou me ver, mas eu preciso conversar com você. Por favor, me responda, ou me ligue! Eu estou preocupada!!

Ah, agora você está preocupada?!

Eu observei as três mensagens por um longo tempo, pensando se responderia. Deixei a bebida fazer efeito, junto com a vodka que eu já havia tomado. O que não demorou muito...

 

 

 

 

Tori’s POV

Quando havia voltado para o meu quarto e me jogado sobre a cama, eu ouvi pneus cantando, o que me fizeram levantar rapidamente em direção à janela, meio ao choro, para notar que era Jade que havia saído como uma louca com o carro. Meu coração apertou-se. O medo que eu sentia de ficar longe dela, tornou-se maior ao vê-la saindo naquela velocidade com o carro. Um frio percorreu todo o meu corpo, o medo de algo acontecer com ela não me deixava nem pensar direito. Rapidamente fui em busca do meu celular e disquei o número dela inúmeras vezes. Nada. Todas as chamadas caiam na caixa postal.  Resolvi mandar algumas mensagens.

[Tori]: Jade?!?!

10 minutos. Nada.

[Tori]: Jade, pelo amor de Deus, retorne minhas ligações ou pelo menos me responda!

20 minutos. Novamente sem resposta.

Que droga, Jade!

Eu sentia meu corpo todo tremendo. Eu termia o pior. Eu esperava a qualquer momento receber alguma ligação ou ficar sabendo de alguma notícia... Logo senti meu rosto inundado por lágrimas novamente.

[Tori]: Jade... Eu sei que talvez você nem queira falar comigo ou me ver, mas eu preciso conversar com você. Por favor, me responda, ou me ligue! Eu estou preocupada!!

Meia hora. Nada.

Beck. Talvez ela estivesse com Beck... Talvez eu deva ligar para ele só para me certificar... Droga. Será que ela já foi atrás dele? Será que decidiu que era melhor voltar com ele?

A raiva e a dor dominavam meu peito. Eu não queria acreditar nem por um segundo que ela teria corrido para ele de novo. Segurei meu telefone, mexendo em meus contatos até parar no contado de Beck. Observei por uns segundos, criando coragem para ligar. Suspirei, fechando os olhos.

Jade... Onde diabos você está? Por favor, me responda... Se estiver com ele, se algo acontecer, eu...

Senti meu celular vibrar em minha mão. Abri os olhos imediatamente para constar que era uma ligação de Jade. Atendi o mais rápido que pude.

— Jade?

—  Alô? Hã... Tori? — Uma voz suave fala ao outro lado da linha. Não era ela. Pude ouvir pessoas conversando ao fundo e um pouco de música.

— Sim. Quem é? Cadê a Jade? — Meu coração estava batendo rápido.

 — Meu nome é Amanda. Eu sou amiga da Jade. Ela está aqui comigo no Rainbow Bar & Grill. — Senti uma pontada de ciúmes. Bar? Amiga?  — Ela bebeu demais, se envolveu numa briga e eu apartei. Quando quis levá-la em casa, ela começou a gritar dizendo que não iria a lugar algum e chamou por você. Então tomei a liberdade e peguei o celular dela, que por sorte estava desbloqueado, então procurei por seu contato e liguei. — O tom de voz era cínico. Empalideci.

— Briga? Ela está bem? — Eu provavelmente estava gritando. — Pelo amor de Deus, me passa o endereço daí, eu vou buscá-la!

— Sim, ela está bem. Eu cheguei a tempo das coisas ficarem piores. Eu estou nos fundos do bar com ela. Já que não posso levá-la, eu decidi te ligar. O endereço é: 9015 W Sunset Blvd, West Hollywood.

— Ok. Estou correndo praí.

— Certo. — Desligou.

Corri para me trocar, descendo as escadas em seguida correndo. Eu mal conseguia pensar por completo.

Amanda. Amiga. Bar. Bebeu demais. Briga. Chamou por você...

Trina estava vendo TV. Nossos pais ainda não haviam chegado. Parei em frente à ela.

— Trina, preciso do carro.

— Sai da frente, Tori. Eu estou perdendo um programa importantíssimo, você sabia? — Ela falava tentando girar a cabeça para olhar a TV. — É meu programa favorito de moda. Inclusive eu estava pensando em inscrever você, porque eles ajudam as pessoas que não tem um pingo de senso de moda.

Revirei os olhos.

— Trina, eu preciso do carro.

— Você nem carteira tem, irmãzinha. Lembra disso?! Você precisa tirar a carteira. Isso me lembra que você tem que falar com nossos pais sobre isso porque eu não aguento mais ter que—

— Porra, Trina! Só me dá as chaves do carro! Eu não vou muito longe, não tem problema não ter carteira. Eu sei dirigir, apesar disso. Em alguns minutos eu estarei aqui.

— Olha aqui, Tori... Se pegarem você, eu não vou te buscar na cadeia não, ouviu? Mamãe e papai que vão. Mas já que você vai pegar o carro, será que poderia me comprar nachos? — Deu um sorriso amarelo e me estendeu as chaves. As peguei sem falar nada e fui correndo em direção à porta.

— Aliás, onde você vai? — Ela gritou.

Atrás da garota por quem estou apaixonada e inevitavelmente não consigo ficar longe...

— Estarei em casa daqui a pouco. — Falei fechando a porta atrás de mim. Corri para o carro, coloquei o endereço no GPS e dirigi o mais rápido e cuidadosamente possível.

Não era tão longe, cheguei em exatos 20 minutos. Era um lugar bastante conhecido e centrado em Los Angeles, fácil de achar. Assim que estacionei, corri para os fundos do bar. Mas notei que não era exatamente do lado de fora que estavam. Havia uma porta, bati. Nada. Corri para a entrada do Rainbow, estava cheio e era um bar agradável, tocava rock clássico e era bastante vermelho e diversificado. Fui em direção ao balcão.

— O que a senhorita deseja? — Um rapaz simpático se prontificou a me atender, sorrindo.

Jade.

— É... A Amanda. — O quê eu disse? — Eu preciso falar com ela. Ela pediu para que eu a encontrasse nos fundos do bar. — Corrigi.

Ele sorriu abertamente, seu olhar tinha um interesse que eu tentei decifrar.

— Ah, claro, a Amanda. Ela está lá atrás com uma moça que brigou agora pouco aqui. Acho que é a namorada dela.

— Namorada? — Senti meu rosto quente.

— Sim. Provavelmente, pelo que vi. — Em pigarreou.

VIU O QUÊ??

— Vá por esse corredor aqui à direita, no final há uma porta... Elas estão lá. — Ele me apontou me indicando onde seria.

— Ok. Obrigada. — Fui caminhando até lá. Sentia um misto de preocupação e ciúmes. Sim, eu estava com ciúmes. 

Namorada? Mas que porra...

Bati à porta e levou um minuto para ser aberta. Uma mulher loira, de olhos azuis abriu a porta com um sorriso que logo se desmanchou ao me encarar e me cumprimentou sem vontade. Logo avistei Jade ao fundo com um saco de gelo sobre o rosto, ela estava sentada em um sofá que havia lá. Meu coração se encheu de alegria por vê-la e de dor por vê-la machucada. Pedi licença e caminhei apressadamente até ela.

 — Jade? Você está bem? O que houve? — Toquei em seu ombro e ela me encarou como se não acreditasse que eu estivesse ali. — Céus, Jade... — Seu rosto havia um roxo com um corte perto da área do olho esquerdo, acima da bochecha. Ajoelhei-me de frente a ela e toquei-lhe o rosto levemente. Ela se esquivou um pouco ao meu toque, fazendo uma careta de dor. Mas ela limitou-se a balançar os ombros e me encarar com expressão fechada. Nada disse.

Mas é claro, sua idiota. Ela está magoada. O que você esperaria? Ela com certeza está mais brava ainda por você estar aqui... 

— Jade... Fala comigo, por favor...

— Tori...

— Ela veio aqui, bebeu, conversamos, ficamos... — Amanda que estava encostada à porta com os braços cruzados e com cara de poucos amigos a cortou. Falando de forma seca, mas sorriu quando disse a última palavra. Senti meu rosto ficar quente. Eu encarava Jade e depois Amanda, sem acreditar no que ouvia. Jade olhava para nós duas como se não entendesse nada. — Mas tive que voltar ao trabalho em seguida. Eu sabia que ela não estava bem. Mas ela insistiu que gostaria de se divertir, apenas. E eu prometi que a colocaria num táxi ou a levaria em casa. Mas depois de uns minutos, vi ela discutindo com uma moça que passou por ali e esbarrou nela sem querer. Eu sabia que como ela estava alterada, algo a mais iria acontecer. Jade a empurrou e a menina partiu para cima dela com um soco certeiro. Jade também conseguiu dar um nela. Mas logo cheguei com os meninos para afastá-las. — Ela suspirou. — Então eu a trouxe para cá, disse que a levaria em casa e ela me empurrou gritando. Eu tentei conversar com ela, mas ela estava furiosa. Ela não queria nem me ouvir, apenas disse que não iria a lugar nenhum a não ser que você a buscasse. — Ela fechou a cara e encarou Jade. Inevitavelmente sorri e me virei para Jade que parecia estar meio aérea a nossa conversa, com o saco de gelo no rosto de novo. Gemendo baixinho.

— Certo. Eu vou levá-la para casa em segurança. Não se preocupe. — Jade me encarou de forma engraçada. Suas mudanças de humor pareciam se alterar quando bebia. — Vamos, Jade? — Estendi minha mão que foi prontamente segurada. Senti um tremor assim que nossas mãos se encaixaram, senti a mesma sensação de choque, mas eu tinha que ignorar, era preciso. Ela levantou-se junto comigo com um pouco de dificuldade, cambaleando, dava para ver que ela ainda estava sob efeito do álcool.

— Com você, latina, eu vou para qualquer lugar! — Ela disse com um pouco de dificuldade, enquanto sorria abertamente, apertando minha mão e abrindo o outro braço que estava segurando o saco de gelo, provavelmente me convidando a abraçá-la. — Aliás, como você me encontrou mesmo...? — De repente ela fez cara de intrigada. — Ah, não importa! Você veio, Vega. VOCÊ VEIO.  — Ela disse um pouco mais alto e rindo. — Você veio por mim... — Beijou minha bochecha, logo senti uma eletricidade percorrer de seus lábios para o meu rosto.

— É Jade, eu vim. — Disse rindo enquanto observava seus gestos.

Eu sempre irei vir por você, West...

Com a mão que antes segurava a sua, a puxei envolvendo seu braço sobre meus ombros, dando apoio a ela, que sem pestanejar, colou seu corpo ao meu, sorrindo. Senti nossos corpos vibrando ao contato imediato. Meu coração logo estava disparado.

— Vamos embora, beberrona. — Fui caminhando com ela. Quando tínhamos atravessado a porta e estávamos no corredor, virei-me com Jade para agradecer a Amanda. — Obrigada por cuidar dela. Aliás, cadê o carro dela?

— Eu levarei assim que eu fechar o bar. As chaves estão comigo. — Ela se aproximou de nós. Para ser mais exata, de Jade, me ignorando. — Te verei em breve, Jade. Agora preciso voltar ao trabalho. — Puxou o rosto da minha morena e depositou um beijo breve em seu lábios e caminhou até o final do corredor, voltando para onde ficava o balcão.  

O QUÊ? MAS QUE PORRA É ESSA?!

Jade me olhou com os olhos arregalados.

— Tori... Eu...

— Depois. — Disse secamente. A guiei para fora do bar. Destravei o carro e abri a porta do passageiro, ajeitando ela ali. Fechei e caminhei para o outro lado. Suspirei, ligando o carro e dando partida.

Minha mente estava um turbilhão de pensamentos.

Jade. Amanda. Beijo. Me afastar. Beck. Estar aqui com ela. Ai Tori, porque você tinha que se importar tanto?

— Você mentiu para mim? — Depois de 5 minutos dirigindo, ela perguntou, cortando meus pensamentos.

— O quê?

— Você disse que não tinha carteira. Você mentiu para mim? — Ela estreitou os olhos. A olhei rapidamente e ela tinha um olhar de quem se fazia de magoada, mas estava se segurando para não rir. — Quer dizer que você tem carteira e só queria minha carona para estar mais perto de mim? — Ela ria agora. Mas eu sabia que não era sobre isso que ela se referia.

— Não, eu não menti. Eu não tenho carteira, Jade. Eu apenas sei dirigir, mas ainda não tive tempo de fazer a prova.

— Sei... — Ela virou o rosto para o outro lado da janela. Seu humor já havia mudado de novo. Tínhamos muito o quê conversar. Mas não agora, ela precisava estar sóbria.

Passamos o restante do caminho em silêncio. Estacionei em minha casa, pedi que ela me aguardasse do lado de fora enquanto eu só iria entregar as chaves para minha irmã e a acompanharia em casa. Ela parecia não querer, mas nada disse.

— EU NÃO ACREDITO QUE VOCÊ PEGOU O CARRO E NÃO ME TROUXE NACHOS! — Trina gritava atrás de mim. — TORI!!! EU QUERO MEUS NACHOS!

— Pede pelo telefone, Trina! E avisa nossos pais que daqui a pouco eu estarei em casa! — Bati a porta e caminhei até a Jade.

— AVISA VOCÊ! — Pude escutar a voz abafada da Trina. Revirei os olhos.

Sem pedir permissão, a envolvi em meus braços novamente. Caminhamos em silêncio até sua casa. Jade ainda cambaleava um pouco e levava a mão ao rosto. Ela procurou pelas chaves de casa no bolso e abriu com bastante dificuldade. Eu travei, ia deixá-la só até ali. Ela notou.

— Qual é, Tori?! Você me traz até aqui agarrada comigo e está com medinho de me levar até o quarto agora? — Ela virou o rosto me esquadrinhando com uma feição engraçada. — Eu prometo que não vou te moder e nem te agarrar... Só se você pedir com jeitinho. — Ela agora olhava para minha boca. Eu estremeci. — Vem.

Ela me puxou e fechou a porta atrás de si. Subimos as escadas e logo adrentamos seu quarto. Ao contrário do que eu pensava seu quarto era todo branco e não com paredes pretas ou todo escuro e assustador. Era incrivelmente espaçoso e com suíte. Além da sua cama de casal, havia um closet. Havia alguns quadros e vinis em algumas das paredes. Também havia uma guitarra, um teclado e um microfone no canto do quarto, perto de seu notebook. Provavelmente Jade amava tocar e gravar suas músicas ali. Ele tinha uma atmosfera agradável e seu cheiro, que fazia eu me sentir em casa. Mas eu não achava que o fato de me sentir em casa era questão do quarto em si.

A ajudei se sentar na cama. Ela foi tirando seus coturnos e roupa, ficando apenas de sutiã e calcinha. Não pude evitar olhar.


Céus, Jade... Como você é linda! Como seu corpo é lindo... Eu adoraria sentir o gosto da sua pele, o seu gosto... Mas não posso.

 

— Gosta do que vê, Vega? — Seus olhos azuis me fitavam, formando um sorriso safado e lindo ali. Sentia meu rosto queimar. Mas ela nem se importou, puxou as cobertas e se jogou debaixo delas.

— Ei, o que você está fazendo? — Eu perguntei tentando disfarçar meu constrangimento. — Você precisa é de um banho pra tirar todo esse seu porre e cuidar desse seu rosto. — Eu tentava puxá-la de volta.

— Nãaao. — Ela disse com a voz arrastada, enterrou o rosto sob os travesseiros. Logo em seguida ela esbravejou. — Ai, droga! Essa porra dói! — Ela voltou a me encarar, tocando o próprio rosto com uma expressão de dor.

Me segurei para não rir.

— Deixa de ser chata e me deixa tirar um cochilo, sim? Aproveita que eu sou boazinha e deixo você ficar bem aqui do meu lado, ó. — Ela moveu-se para o outro lado da cama e puxou a coberta para cima, me convidando a deitar ali do seu lado.

Engoli seco. Eu precisava me afastar dela e não me deitar ali do seu lado, eu precisava dar um jeito de ficar longe, eu não podia me envolver mais do que já estou me envolvendo de novo... Mas ela precisa de cuidados, não que eu fique longe...

Droga! Foda-se!

Retirei apenas meus sapatos. Ela me olhava atentamente, ainda com a coberta levantada revelando um pouco do seu corpo ainda seminu. Meu coração parecia sair pela boca. Meu corpo se encheu de desejo. Eu logo puxei a ponta que ela segurava, abaixei-o sobre a cama e me deitei por cima. Era perigoso demais ir para debaixo das cobertas com ela daquela forma... Pude ver um pouco de decepção em seus olhos, mas ela não questionou, apenas sorriu fracamente e virou se lado para me olhar. Eu fiz o mesmo.

Ficamos em silêncio por um longo momento, até que a vi se vencer pelo cansaço e fechar os olhos. Sua respiração foi ficando amena e constei que ela já estava dormindo. Fiquei mais uns minutos ali. Era o momento de ir embora, amanhã eu conversaria com ela.

Ah, Jade... Como você pode mexer tanto assim comigo? Eu quero tanto ficar com você, mas não posso... Deus, eu não posso.

Toquei-lhe o rosto suavemente. Eu desejava desesperadamente beijá-la, nem que fosse uma última vez. Mas eu não podia. A ouvi e vi suspirar.

— Tori... — Ela sussurrou sem abrir os olhos. Eu não respondi. Notei que sua respiração estava um pouco mais acelerada. Mas não dei importância. Ela devia estar sonhando. Fiquei observando-a.

O que será que ela está sonhando comigo?

Sorri de imediato ao imaginar.

— Eu estou apaixonada por você. — Ela completou depois.

Não, ela não estava sonhando... Talvez eu estivesse...?

 Meu coração como se tivesse combinado com ela, acelerou-se tão rápido que eu tinha certeza que ela estaria escutando. Então vi um sorriso levemente estampado em seu rosto que logo foi sumindo devagar enquanto sua respiração voltava a ficar mais leve. Eu fiquei observando-a sem conseguir me mover de tamanha euforia. Meu corpo todo vibrava e ao contrário de mais cedo, agora era de felicidade. 

Céus! Se eu estiver sonhando, eu não quero acordar!

Não consegui me segurar. Aproximei meu rosto do dela e depositei um beijo leve em seus lábios.

Eu também estou apaixonada por você, morena... Como estou... Desde a primeira vez que te vi, em meus sonhos... 



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