História Eu não sou gay - Jikook - Six

JUNGKOOK POV ON 

Ok, eu sabia que meu pai e minha mãe estavam em casa, mas, porque ele havia vindo tão cedo pra casa, quer dizer, era hora do almoço, mas ele e minha mãe nunca almoçam em casa, e nunca, nunca mesmo, sobem ao meu quarto, ou trocam alguma palavra comigo, eles vivem trabalhando e quando estavam em casa, vivem trancafiados cada um no seu escritório, eles apenas trabalham, não me lembro da última vez que havia trocado uma palavra com eles sem brigar e acabar com um olho roxo e o corpo dolorido, sim, eles me batiam, os dois, minha mãe geralmente me agredia verbalmente, já meu pai era outra história, ele tinha sérios problemas com a bebida, e sempre descontava em mim, estando bêbado ou não, mas quando ele bebia era pior. 

-Jungkook, será que você poderia pedir a esse...- Ele olha para Jimin com desdém, talvez por suas roupas simples, eu me sinto com raiva, okay, eu não era a melhor pessoa do mundo, nem a mais educada, mas, ver meu pai direcionar aquele olhar para Jimin me deixava com raiva, eu não sabia dizer o porque, apenas me sentia com raiva-...seu amigo, nos dar licença, preciso falar sobre algo muito sério com você garoto.- Meu pai havia bebido? A voz dele estava...diferente, seu olhar também estava, tudo bem, agora eu tinha ficado com medo. 

-Eu já estou de saída senhor Jeon.- Jimin diz timidamente, pega sua mochila que estava jogada num canto, nós não tínhamos nem almoçado, muito menos ensaiado para a peça de teatro, olho para Jimin, seus lábios estavam mais inchados e vermelhos devido ao nosso beijo intenso, e ele estava corado, talvez por meu pai quase ter nos pegado num momento, meio que, íntimo, nunca agradeci tanto a Deus por ter empregadas. 

-Tchau Jimin.- Sorrio amarelo pra ele, que devolve o sorriso e faz uma curta reverência para meu pai que nem o olha. 

-Leve esse garoto para saída, ou vá polir os móveis, não me importo, apenas saia daqui, quero falar com Jungkook a sós.- Meu pai diz a empregada que murmura um "Sim senhor", e sai apressada, meu pai fecha a porta e me encara, nem bêbado ele deixava de ser assustador. 

-Então...- Começo para que ele diga o que tanto queria dizer a mim. 

-Eu e sua mãe, quero dizer, aquela vadia, nos separamos, e você vai ficar sobre minha guarda, já está decidido, não reclame, não diga uma palavra, apenas concorde.- Ele diz e eu me assusto, então era por isso, meu pai não costumava beber de dia de semana, mas ele tinha um motivo para isso hoje, mas, porque eles se separaram? Quer dizer, não que eu me importasse, com ou sem minha mãe seria a mesma coisa, agora uma pessoa a menos para me bater, mas fico incomodado ao lembrar da última surra que meu pai tinha me dado, foi porque eu voltei muito tarde para casa com cheiro de bebida, minha mãe apenas assistiu, sem expressão alguma, era isso que ela costumava fazer, mas, talvez se eu morasse com minha mãe eu não apanhasse tanto, mas isso seria claramente impossível, minha mãe era uma maldita viciada em drogas, e meu pai, um pinguço, a diferença era que meu pai praticamente mandava na cidade toda, inclusive nos juízes, ou os comprava com dinheiro, minha mãe apenas o auxiliava, me pergunto como eles conseguiam manter a empresa em pé depois de terem bebido e se drogado o fim de semana todo, mas, porque eles se separaram? Porque meu pai havia chamado minha mãe de "vadia"? O casamento deles não era dos melhores, na verdade só estavam juntos porque os pais de minha mãe e os de meu pai eram sócios, os antigos donos da empresa, e para manter o poder e assumir a empresa, meu pai e minha mãe tiveram que se casar, nunca os vi trocando uma palavra que não envolvesse emprego, acredito até que eu tenha sido feito em cima de uma mesa de escritório, mas, eu não queria imaginar tal coisa, não agora. 

-PAI!- Digo antes que ele saia do quarto, ele se vira e me encara sem ânimo nenhum, apenas esperando que eu continuasse eu me levanto da cama e vou até ele.- Por que? Por que se separaram, porque chamou mamãe de...vadia?- Pergunto curioso e meu pai revira os olhos. 

-Eu não disse para não perguntar nada seu idiota?!- Meu pai grita vindo pra cima de mim e eu me assusto, mas não tenho tempo de tentar me defender, ele desfere um tapa forte em meu rosto e eu caio no chão, sinto meu rosto arder, e meus olhos começam a arder também, eu iria chorar, não, eu não iria, seguro as lágrimas de cabeça baixa, eu não queria encarar aquele idiota, eu não deveria, a menos que quisesse levar outro tapa desse, ou talvez coisa pior.- Nos separamos porque a vadia da sua mãe me traiu, não pergunte ou comente isso com ninguém, sua mãe irá embora de casa amanhã, e eu não quero que você mantenha nenhum tipo de contato com ela, e, caso me desobedeça, você já sabe muito bem o que te espera.- Ele diz e passa a mão no cinto preto de couro, eu engulo seco, eu tinha muito, muito medo daquilo, ele me bateu com o sinto apenas duas vezes, a primeira vez quando eu tinha 7 anos, e eu só me lembro de ficar três dias no hospital internado, porque havia "caído da escada", depois ele me bateu de novo á dois anos atrás quando eu tinha 15 anos, porque ele me ouvira falar com Tae sobre as dúvidas que eu tinha a respeito de minha sexualidade, e era por isso que eu sentia tanto medo de ser gay, eu não sabia o que meu pai faria caso eu fosse realmente, mas Park Jimin me fazia esquecer isso, me fazia esquecer os problemas e o pai homofóbico que eu tinha, mas mesmo assim, eu tinha medo, eu ficava com medo, eu estava com medo, me pergunto o que teria acontecido caso ele me pegasse naquela situação com Jimin, ele certamente nos mataria, no mínimo, meu pai sai do quarto e eu me levanto com o rosto ainda ardendo e a maldita vontade de chorar que ainda se fazia presente, suspiro profundamente. 

-Ela traiu ele, ele vai descontar em mim toda sua frustação, tenho certeza.- Digo e fecho os olhos fortemente ao sentir as lágrimas começarem a cair.- E agora...Jimin, eu tenho que parar com isso, mas como? O gosto dele é tão bom...AIGO! Eu não sou gay, não posso ser gay. Por que Jimin? PORQUE VOCÊ FAZ EU ME SENTIR ASSIM SEU IDIOTA?!- Grito dando socos no ar, eu deveria me distanciar de Jimin, deveria cortar todos os laços com ele assim que o teatro acabasse, e era isso que eu iria fazer, eu vou me afastar de Jimin. 

*** 

No outro dia, na escola, eu vejo Jimin, mas o evito, evito falar com ele, olhar pra ele, passar perto dele, pensar nele, faço de tudo para me manter longe de Jimin, mas, o professor de teatro vai até nossa sala com a cara mais triste que eu já havia visto nele e nos chama, o professor de matemática nos libera contra a vontade dele. 

-Então garotos...- Senhor Dakhon começa, Jimin estava ao meu lado, e eu estava nervoso com aquela proximidade.-...a peça não irá mais ocorrer, infelizmente, Yujin, minha filha adotiva teve alguns problemas devido a minha sexualidade e a de meu marido, eu acabei discutindo com o diretor, e...fui despedido, estaremos indo embora da cidade semana que vem.- Eu suspiro aliviado e Jimin faz o mesmo. 

-É realmente uma pena professor.- Jimin diz tristemente e o professor apenas assente, e sai de perto de nós, Jimin me encara, mas eu não devolvo seu olhar. 

-Jungkook...- Ele me chama nervoso.-...Sobre ontem eu... 

-Sobre ontem o que? Não aconteceu nada ontem, aliás, porque está falando comigo? Você não ouviu o que o professor disse Jimin? Acabou, não vai ter mais peça, não tem porque nós continuarmos nos falando, você me faz mal, me faz sentir coisas que eu não deveria sentir, então...apenas me esqueça, se afaste de mim.- Digo rudemente, e vejo Jimin com um semblante surpreso. 

-A culpa não é minha se você é um mimadinho idiota que não aceita que é gay.- Ele diz com a voz embargada me surpreendendo. 

-Eu não sou gay, e você também não Park Jimin, vamos esquecer tudo o que aconteceu.- Eu digo seriamente encarando Jimin, doía vê-lo daquela forma, mas eu me mantive firme enquanto lágrimas escorriam pelo rosto de Jimin, eu queria secá-las, mas não fiz isso. 

-Então é esse o seu trabalho, você faz com que...com que eu questione minha sexualidade, me agarra em sua casa, faz com que eu me apaixone por você, e depois diz para eu esquecer o que aconteceu ontem, simplesmente me diz para esquecer, como eu posso esquecer?- Engulo seco, ele estava apaixonado por mim, eu me viro para entrar pra sala sem responde-lo, mas simplesmente não consigo, eu, por algum motivo, não conseguia simplesmente deixar aquele garoto quase que desconhecido, mas por quem eu sentia algo estranhamente forte, então eu apenas o abraço, e surpreendentemente ele me corresponde, ficamos assim durante alguns segundos, mas era perigoso ficar daquele jeito em frente a porta da sala, pego Jimin pelo braço quebrando o abraço e o levo dali, da porta da sala de aula, até um canto mais afastado da escola, eu encaro Jimin que ainda chorava e o abraço novamente sem falar nada, eu não sabia nem porque estava fazendo isso, muito menos saber o que falar naquele momento, ficamos assim até Jimin, já mais calmo, se afastar de mim e me encarar. 

-Jimin...eu também...- Suspiro tentando tirar coragem de algum lugar para falar aquilo para ele-...eu também sinto algo por você, eu não sei o que é, mas não consigo me afastar, eu tentei, mas algo me prende a você...e um amigo meu, disse que talvez se nós tentássemos algo...talvez tudo ficasse mais claro, talvez...talvez eu seja gay, mas, eu não estou dizendo que gosto de você, talvez eu goste é só que...Aigo.- Viro o rosto pro lado me lembrando da conversa com Jin 

FLASH BACK ON 
Lá estava eu, em plena 2 da manhã ligando para Jin, eu não parava de pensar em Jimin e em meu pai, o que eu faria? Será que eu estaria mesmo apaixonado por Jimin? 

-Alô..?- A voz sonolenta de Jin atende o celular. 

-Jin...eu, eu preciso de sua ajuda.- Digo quase chorando, Jin percebe o tom desesperado em minha voz. 

-O que foi Jungkookkie? Aconteceu algo?- Ele me pergunta preocupado 

-Sim...- Eu explico tudo a Jin, desde os sentimentos estranhos até a surra que eu tinha levado aos quinze anos por ter dúvidas sobre minha sexuliadade  

-Você está apaixonado.- Jin diz sério do outro lado da linha. 

-Não eu não estou, é só que...- Eu tento me explicar 

-Não tem essa de "só que..." Jungkook, é difícil, eu sei, mas, você é gay, aceite quem você é, se defenda de seu pai e da sociedade, se entregue a esses novos sentimentos, por um momento, apenas por um momento, permita-se viver sem medo de seu pai.- Ele me corta sério 

-Você está dizendo que eu... 

-Sim, você deve se deixar levar pelo que sente pelo Jimin, se descubra, se você gostar de homens mesmo, vai saber. 

-Mas meu pai...-Eu digo com medo 

-Faça isso escondido, até que esteja pronto para se assumir, se Jimin realmente sente algo por você, tenho certeza que irá compreender, mas antes, tente se afastar, lute com todas as suas forças, se você conseguir se afastar de Jimin sem hesitar, parabéns, você não sente nada por ele, e essas coisas são apenas dúvidas e os hormônios, mas se você não conseguir se afastar, sentir com se Jimin fosse um imã que te puxa cada vez mais, sinto muito meu amigo, mas você é gay e está apaixonado por Jimin.- Ele termina e ouço um "Quem é amor?" Do outro lado da linha, eu sabia de quem era aquela voz, Namjoon, Jin diz "Jungkook amor, é o Jungkook." E Namjoon não diz mais nada 

-Eu farei isso, desculpe por te incomodar tão tarde, obrigada por me ajudar Jin, até amanhã. 

-Até amanhã Jungkook, e pense bem.- Ele diz e eu desligo o celular me jogando na cama e adormecendo, eu estava muito cansado para pensar em algo. 

FLASH BACK OFF 

*** 

-Tudo bem...- Diz Jimin calmamente, pude ver que sorria, aquilo me fez sorrir também, foi tudo tão rápido, os sentimentos por Jimin, a coragem para fazer isso, eu nem sabia o que havia acontecido, mas, estava acontecendo, e eu queria aproveitar isso, ah Jimin, porque você me faz sentir isso por você? 

JIMIN POV ON 

-Tudo bem...- Digo calmamente, eu estava tão feliz, Jungkook gostava de mim também, quer dizer, ele não havia dito isso, mas estava claro que era isso, eu havia falado com minha vó, e ela disse para que eu fosse feliz, ah, como eu amava minha vó. 

FLASH BACK ON 

Eu havia contado tudo para minha vó, esperando o pior, mas lá estava ela, com um de seus sorrisos reconfortantes. 

-Está tudo bem Jimin, caso você for mesmo gay, te amarei do mesmo jeito.- Ela dizia calmamente limpando as lágrimas de meus olhos. 

-Mas eu não sei o que fazer vovó, eu não sei o que fazer.- Digo e abraço fortemente, ela se surpreende, eu não a abraçava muito, nem me abria com ela, mas eu precisava disso, precisava falar. 

-Querido, é tão simples, se entregue, diga a ele o que sente, se assuma, eu tenho certeza que será melhor do que guardar para si mesmo.- Ela diz e retribui a meu abraço 

-E se...e se ele não gostar de mim vó? 

-Esqueça o "e se.." Por um momento Jimin, ora, se ele não gostar de você, quantos garotos tem no mundo hum? Você não morrerá.- E assim eu decidi o que fazer. 

-Eu te amo vó. 

-Eu também te amo meu neto.- Ela diz e eu sorrio. 

FLAHS BACK OFF 
-Mas...- Jungkook me olha, sempre tinha um "mas"- Teremos que fazer isso...sem que ninguém saiba, ok?- Eu o encaro, certo, não seria tão fácil assim, era óbvio que não sairíamos de mãos dadas nos beijando por toda Seul, eu suspiro 

-Tudo bem...mas, algum dia nós.. 

-Sim, algum dia, quando ambos estivermos prontos, nós vamos nos assumir, é só que...meu pai é homofóbico, espero que entenda o meu lado.- Eu arregalo os olhos, o pai de Jungkook era homofóbico, percebo então a marca de uma mão do lado direito de seu rosto, engulo em seco. 

-Tudo bem.- Digo e Jungkook me abraça fortemente 

-Eu prometo que você não terá que esperar muito para que possamos sair por aí com um casal, ok?- Eu apenas faço que sim com a cabeça, me sentia tonto, e feliz, havia sido tudo tão rápido, mas eu não me importava, eu estava feliz. 

JUNGKOOK POV ON 

-Jungkook...- Jimin me chama ainda abraçado a mim, eu murmuro um "o que?" E ele continua timidamente.- Nós...nós estamos er..namorando?- Eu me assusto com aquela pergunta, até porque, nem mesmo eu sabia o que estava acontecendo entre nós. 

-Não.- Digo firme.- Nós não estamos namorando, estamos...ficando, isso, estamos ficando, não é nada tão sério, mas é um tipo de relação, mas não um namoro, até porque, será escondido, ninguém pode saber, ok Jimin?- Pergunto hesitante, eu não queria que ninguém soubesse. 

-Tudo bem.- Ele diz um pouco triste, eu o aperto mais contra mim. 

Eu não sabia porque havia feito aquilo, foi tudo tão rápido, eu apenas confiei em Jin, fecho os olhos inalando o cheiro dos cabelos de Jimin, espero que eu não me arrependa de ter feito essa loucura.

Continua...