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História Eu Não Sou Gay! - John Watson não é gay, acredite


Escrita por: Death-Lady

Notas do Autor


Olá, sejam bem-vindxs! Eu sou a autora que começa uma porrada de histórias e tem dificuldade de continuá-las, mas está realmente confiante que conseguirá terminar essa aqui. Como vão?

Não, não sei o que estou fazendo da vida.

Socorro.

-xoxo-

PS.: Pode ser que algumas incoerências sejam encontradas no decorrer dos capítulos. Podem me avisar e eu tentarei arrumar. Mas, como eu mesma não faço muito sentido, não garanto que ficará mais entendível. :D

Capítulo 1 - John Watson não é gay, acredite



 

TÍTULO ORIGINAL DO CAPÍTULO:

– A OCASIÃO EM QUE JOHN WATSON PERCEBEU A PRÓPRIA HOMOSSEXUALIDADE – 

 

 

Era início da primavera londrina. Derretia-se a neve do inverso passado, transformando o manto esbranquiçado em lagos de água suja e crianças em mártires, pela diversão tão tristemente acabada; brotavam pequeninos botões de flores aqui e ali, nas árvores e canteiros, tão timidamente como seria o acenar de uma adolescente apaixonada ao pretendente; mostrava-se um tantinho mais quente o sol a iluminar, ainda muito porcamente, a cidade, como em saudação aos cidadãos ingleses.

Poucos eram os automóveis àquela altura, sendo ainda demasiado cedo para que começasse o fluxo contínuo, apenas alguns poucos trabalhadores da madrugada voltando para suas casas em busca do merecido descanso, ou trabalhadores das piores horas da manhã, aquelas em que o sol começava a surgir horizonte acima, mas encontrava-se ainda muito baixo para se considerar realmente sua vinda, indo em direção às suas horas árduas de trabalho.

Debruçado contra uma das janelas frontais do 221B da rua Baker, ombro direto sutilmente dolorido contra o material duro da parede, levemente acariciado pela cortina ao lado, John Watson observava ao acordar silencioso de um novo dia, uma nova estação do ano, um recomeço, tempo de novas descobertas. Todas as manhãs eram recomeços, costumava pensar ele, e aquela não haveria de ser diferente.

Na mesa ao lado, ligeiramente alta e em formato circular, entalhada em madeira, cuja beleza acabara por perder-se há muito, repousava-se sua xícara de chá matinal, a quentura do líquido escapando por entre a espaçosa borda superior da porcelana de má qualidade. Apanhou o objeto, lhe sorvendo a água conjugada a ervas com um cuidado exacerbado, cuidado este totalmente vão, percebeu, ao queimar os lábios e parte interna da boca, com o soltar mal-educado, e realmente raro – afinal, era inglês –, de um "Porra" por entre dentes serrados. Não era apenas a temperatura: ao que indicavam as evidências, John não nascera com o dom para fazer chá.

Com exaspero, a xícara foi novamente abandonada contra a mesa, conforme as feições de Watson contraíam-se em desgosto. Teria que esperar pela sra. Hudson para lhe preparar seu café da manhã, com o corriqueiro "eu não sou sua governanta". Não havia nada mais a se fazer exceto esperar, de qualquer maneira... a cidade ainda não se havia acordado suficientemente para que ele sentisse a necessidade de adentrar suas ruas e conhecer seus segredos, e, além disso, o último caso em que haviam, ele e Sherlock Holmes, trabalhado já chegara ao fim, teriam de esperar uma nova história aparecer, algo ao qual Sherlock não iria cessar de escutar na terceira palavra e gritar "Chato!", com a indelicadeza habitual.

Preparava-se para levantar-se e rumar a qualquer lugar do apartamento, quem sabe à procura de algo o que ler, qualquer pedaço de papel para distrair-se de seu mau-humor causado pela recorrente insônia, quando, então, ouviu um ruído distinto e inesperado aos ouvidos.

Viajando por entre as paredes suficientemente espessas do corredor quase em frente, passando voando pelo espaço aberto da cozinha, lhe atingiu o som abafado, distinto e, por pouco, animalesco dum gemido, em volume suficientemente alto para que ouvisse, embora não tanto para que não duvidasse do que ouvira. Seu cenho franziu-se, tanto em curiosidade como em descrença. Afinal, além dele mesmo, o único ali presente, possivelmente preso em seu décimo sono, era Sherlock. Sendo completamente honesto, John não via no amigo a natureza necessária para um sonido como aquele.

Não seria a primeira vez em que era surpreendido pelo outro.

Em seu interior, algo pareceu se remexer, como se houvesse-se alojado em suas entranhas algum tipo estranho de animal, a manifestar-se agora em resposta ao que quer que lhe havia saudado com um aceno capaz de lhe causar náuseas.

Estagnou-se, esperando, atentamente escutando, cada um dos músculos de seu corpo parecendo retesar em antecipação e o animal dentro de si gritando por mais. Havia de existir mais, nem que fosse apenas para uma averiguação de fatos, não? No final das contas, John era o assistente de um detetive consultor, era bastante óbvio constatar seu interesse em qualquer tipo de barulho a romper o silêncio daquele início de manhã.

O som se repetiu... mais alto... estrangulado, de certa forma, e o coração de John Watson decidiu-se por parar, apenas momentaneamente. Era a voz de Sherlock; um tanto diferente, claro, quase irreconhecível, mas, ainda assim, era ele. Sherlock. O mesmo Sherlock sobre quem ele possuía sérias dúvidas tratar-se de um ser humano legítimo – havia sempre a possibilidade de alienígenas terem acabado por esquecer um dos seus em uma de suas visitas ao planeta, ou, quem sabe, cientistas malucos possam ter deixado escapar um de seus robôs experimentais. Tudo era possível. Quando tratando-se de Sherlock Holmes, o possível passava a possuir um sentido ainda mais amplo, excedendo o impossível para outros seres. Todavia, não aquilo... não, não aquilo...

'Eu devo estar enganado', pensou John por um momento, ouvidos ainda atentos, ainda procurando entender. 'Não é possível que Sherlock esteja mesmo fazendo aquilo o que penso estar a fazer'. E, no exato momento em que sua mente formulava consigo mesma a última das palavras pertencente à frase, um novo gemido – pois era, definitivamente, o que eram aqueles sons, tão incomuns àquela voz – reverberou belamente contra as paredes do apartamento, mais contido que o anterior, mas ainda bastante audível... e muito distinguível, levando um rubor inesperado às bochechas de Watson, seu rosto queimando de tal maneira a parecer que lhe haviam acertado um bom tapa.

Seu estômago revirou-se com certa suavidade, apenas um lembrete de que estava ali, apenas deixando claro a John: isso te afeta, amigo.

O afetava, de fato, embora ele soubesse não poder admitir tal coisa nem mesmo subconscientemente. 'Não é como se você estivesse gostando, não é mesmo, John?', pegou-se perguntando mentalmente. 'Não, nunca. Eu não sou gay, pelo amor de Deus!'. Infelizmente, nem mesmo sua voz interior era suficientemente verdadeira para que acreditasse; além disso, tampouco haveria John de convencer sua mente teimosa quando via-se a afastar-se de seus aposentos à janela, deixando para trás sua xícara de chá horrível e sua vista da cidade, inconscientemente atravessando todo o caminho entre a sala-de-estar e a cozinha, rumando corredor adentro, seguindo os sonidos esporádicos.

Quando deu-se por si, por pouco não batera o nariz diretamente com a superfície maciça da última porta do corredor. Branca. Inofensiva durante todas as ocasiões em que se pegara encarando-a, com exceção àquela. O objeto, julgado inanimado, pareceu retribuir seu olhar assustado, confuso, lhe ameaçando silenciosamente, desafiando-o a entrar.

O quarto de Sherlock.

Do interior deste, soavam os ruídos de ordem selvagem, abafados, mas, agora, tanto mais audíveis. Do interior de Watson, gritou seu próprio animal, por pouco não lhe abrindo um buraco e lhe saindo corpo à fora; encontrava-se em todos os lugares, como se corresse pela extensão de todo o corpo de John numa fúria avassaladora, sem que o deixasse respirar; alojou-se em seu coração, fazendo com que este palpitasse de maneira extremamente estranha, quase juvenil; depois voltou-se ao estômago, onde plantou uma enorme pedra de gelo, apenas para derretê-la com um incendiar longe de ser desagradável, embora surpreendente; torceu as tripas com certo desdém; e, então, quando John imaginou não poder ver-se em pior situação, o maldito lhe desceu às bolas, apertando-as num punho de ferro, deliciosamente doloroso... Outro gemido de Sherlock, ele mesmo parecendo pouco conseguir conter-se... o som abafado de sua respiração desregulada... e foi todo o necessário para que, tomado por algo completamente novo e desconhecido, sutilmente assustador – como admitiria mais tarde –, John Watson irrompesse quarto a dentro abruptamente.

Num segundo, tudo o que podia fazer era observar a forma como corriam as envergaduras da madeira da porta em frente, tão sutilmente visíveis graças à pintura clara a que submeteram-na; no outro, os dedos agarravam com força a maçaneta, em uma tentativa de manter-se estável, não demorando a girá-la e, num rompante, colocar aberto o objeto. A determinação de um cérebro anuviado pelo que lhe parecia muito com um incontrolável desejo fez com que as pernas curtas de John o carregassem para dentro, como guiou o par de orbes de pupilas dilatadas, cujos quais haviam temporariamente perdido seu tom azulado habitual ao negror do sentimento, diretamente a ele...

Sherlock...

"Oh... meu... Deus..." Foi o que John disse, em meio a um suspiro um tanto estrangulado, sem fôlego; sentiu como se alguém lhe envolvesse o pescoço com um cinto, sem piedade, lhe roubando dos pulmões todo e qualquer átomo de oxigênio. Era a mão pálida de Sherlock a estrangulá-lo, ao mesmo tempo em que tocava a si mesmo com ferocidade, repleto de uma vontade surreal, diferente de tudo aquilo o que procurava expressar corriqueiramente. Eram os dedos esguios, compridos, de unhas curtas e ossos quase assustadoramente proeminentes a tomar todo o ar de John com aquele apertar malicioso, as estocadas fortes. Eram os quadris de músculos tanto sutis, tanto proeminentes devido ao esforço da atividade, a golpeá-lo repetidamente. Eram as coxas musculosas, de pele tão clara que parecia translucida à luz de uma nova manhã, a retesarem-se, aplicando pressão e matando o pobre John pouco a pouco. Era o abdômen sutilmente arqueado, com curvinhas sutis, sufocando-o. Era o corpo como um todo, brilhando contra os lençóis escuros, não por qualquer tipo de problema mental que Watson pudesse vir a ter, mas pelo suor a lhe escorrer. Era o membro grosso, pulsante, preso entre aqueles dedos esguios, por entre cuja glande John assistia, em puro deleite, o escorrer de um líquido translúcido, brilhante contra a luz; perguntou-se, por um momento, qual seria o gosto... doce? Amargo? Talvez salgado? Naquele momento, John não imaginava menos que algo delicioso, que lhe escorreria por entre os lábios e o lambuzaria por completo... eram estes pensamentos a arrancar a unhadas seu estoque de respirações possíveis. Era o olhar dirigido a ele por um Sherlock repleto de êxtase, tão completamente perdido em seu próprio prazer, que sequer parecera dar-se conta de que, de fato, aquele era seu amigo, seu colega de apartamento, a assisti-lo em seu momento íntimo. Era a maneira maravilhosa com que os lábios avermelhados eram casualmente umedecidos pela língua, apenas para que se moldasse na mais insanamente promíscua das formas, expelindo para fora mais daqueles sons, aqueles os quais haviam, em primeiro lugar, levado John àquele momento, àquela situação, em que gemidos e movimentos frenéticos pareciam sequestrar o ar de seus pulmões e libertar, de uma vez por todas, a besta enclausurada em seu corpo.

John doía. Por inteiro. Cada ínfimo pedacinho seu ardia, a ponto de uma combustão instantânea àquela visão, àquele homem. John pulsava. Por inteiro. Desesperadamente. John sentia-se bastante próximo de uma falência múltipla ali mesmo.

E o maldito Sherlock Holmes simplesmente não parava, como se aquele seu conhecido egocentrismo se felicitasse com a nova companhia, como se a presença do amigo, o suposto melhor amigo, o tornasse ainda mais animado a continuar, ainda mais determinado a chegar ao ápice, como se soubesse que Watson o queria também... como se soubesse que os orbes vidrados de Watson ansiavam presenciar o momento exato em que todo o corpo se retesaria e o maior dos prazeres o acometeria.

'Talvez ele realmente saiba' pensou o menor dentre eles, sentindo um arrepio lhe percorrer todo o corpo diante da perspectiva – não saberia dizer se em apreciação ou medo.

"J-John..." não fora um chamado ou repreensão. Sherlock gemera seu nome, trêmulo; sua voz parecia levemente quebrada, vindo do mais profundo de seu âmago com uma força capaz de levar o homem a quem pertencia o tal nome à loucura. E era aquilo o que realmente acontecia, não? John Hamish Watson estava louco, havia realmente enlouquecido, depois de todo aquele tempo em companhia do detetive maluco de Londres. Que outra explicação haveriam de encontrar para a situação em que se metera, senão a de que imaginava aquilo tudo? Sherlock Holmes não lhe gemeria o nome caso John não houvesse esquecido alguns parafusos para trás, talvez dentro daquela xícara de chá com sabor tenebroso.

Ainda assim, fora impagável.

Cada célula de seu ser parecia repleta de uma eletricidade sem precedentes, tornando-se líquido com o poder da sensação experimentada pelo homem... o membro entre as pernas pulsava como nunca anteriormente, apenas diante da visão de Sherlock naquele estado de luxúria, lhe gemendo especialmente, as quatro letras dançando por sua língua como se a ela pertencessem.

"Droga, Sherlock!" Ralhou John mentalmente. Bem, ele imaginou ter sido mentalmente, embora, naquele exato momento, já não houvessem em si certezas de qualquer tipo, todas as suas noções e sensações acerca do mundo ao redor parecendo restringirem-se unicamente à maneira beirando a divindade com que Holmes contorcia-se contra os lençóis, parecendo fundir-se a eles, tocando a si mesmo com rapidez cada vez maior.

Encontrava-se tão irremediavelmente compenetrado na cena em frente, como se assistisse ao mais interessante de todos os filmes e escutasse à mais maravilhosa das canções, que, conforme Sherlock atingia seu clímax com um retesar abrupto de cada um dos músculos de seu corpo e algo como um gemido áspero, rouco e estranhamente contido, John Watson não pôde conter-se a emitir aquele mesmo som junto a ele, numa necessidade quase incontrolável de correr ao outro e lhe tomar o membro entre os lábios, apenas para saboreá-lo em fim, apenas para senti-lo.

Não foi capaz de mexer parte alguma, no entanto. Pois, com o chegar do ápice do prazer do amigo, o fechar suave dos olhos enevoados, o relaxar instantâneo vindo com o fim da ação, chegou também a realização daquilo o que acabara de ocorrer. De uma única vez, bombardeando-o com impiedade, lhe voltaram todos os pensamentos de decoro e educação básicos, toda a negação por aquilo o que acabara de presenciar, negação ainda maior por aquilo o que sentira ao presenciá-lo.

Seu próprios olhos fecharam-se, durante um segundo apenas, e, quando voltou a colocá-los abertos, havia um plano em sua mente desesperada.

"Me... me desculpe, eu não..." As mãos gesticulavam rapidamente, como em uma tentativa falha para acalmar-se; o coração ainda lhe martelava o peito com violência, da mesma forma que faria um pássaro tentando escapar de sua gaiola; a respiração não era regular, mas ele fingia que sim; o animal, furioso, rosnava dentro de si com uma força que o machucava, procurando sair, procurando inebriar, uma vez mais, os sentidos racionais de Watson e mandá-lo para cima do corpo nu e, oh, tão convidativo, de Sherlock. "Não... não quis entrar e... entrar e... ver você todo nu... e... droga, me desculpe, mesmo..." Vergonhosamente, fingia toda a situação não ter passado de um simples mal entendido, um cálculo equivocado no momento de entrar, sem bater, no quarto de um outro homem. 'Patético, Watson. Patético'. "Isso é uma tatuagem?" Pouco abaixo do triangulo muscular direito, os olhinhos claros captaram, com surpresa, certa cor, algum tipo de desenho, pequeno o suficiente para tornar-se indistinguível àquela distância. Sherlock não voltou a abrir os olhos, mas encontrava-se pronto a colocar-se a responder, quando, de maneira abrupta e cômica, John quase gritou – quase –: "Não, não responda, eu não quero saber... não é da minha conta." 'Santo Deus, salve a minha alma, não deixe que este maldito a corrompa e a carregue para o fundo do inferno. Amém.' "Eu vou sair agora."

E da mesma maneira com que havia entrado, como se algo pegasse fogo e houvesse nele a necessidade de salvar a vida do outro, Watson saiu, mais correndo que realmente andando de volta à área comum do flat, de volta ao seu lugarzinho anterior à janela... de volta ao seu chá com sabor de meia suja... Pensando bem, naquele momento, o sabor já não lhe era assim tão desagradável. Do lado de fora, o grande astro em fogo colocava-se definitivamente às vistas, irradiando luz sobre os passantes, carros e belas árvores e prendendo a atenção daquele a observá-lo. Ou, ao menos, era aquilo o que ele gostava de imaginar.

 

 

 



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