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História Eu pertenço a você. - Capítulo Único


Escrita por: LenaLoba

Notas do Autor


Mergulho hoje nesse universo maravilhoso com minha primeira fic. Nunca pensei em criar uma, muito menos yaoi. Mas, leitor, mesmo que não goste do gênero, de uma chance. Por que, acima de tudo, a historia é sobre duas pessoas que se amam. E para amar, não importa o gênero o numero ou a cor... Tudo o que importa é o amor.

Obrigada e boa leitura.

Capítulo 1 - Capítulo Único


 

                                    “É um amor pobre aquele que se pode medir.”

                                                       (William Shakespeare)

 

 

 

                                                                                                                                                                                         

Foi apenas arrogância.

Quando eu resolvi falar com você naquele dia, foi apenas arrogância. Apenas por aparentar ter a mesma idade que eu e não por que esperava algo de você. Jamais pensei que seriamos amigos, mas foi tão simples. Você  se mostrou tão ingênuo e facilmente manipulável.

E eu usei você.

Me aproveitei da sua bondade. Fiz de sua amizade uma razão para largar aquela vida que eu não mais tolerava. Foi por mim que eu o quis como amigo. Não tinha nada a ver com você. Foi apenas por eu não ter mais nada que quis provar sua amizade. Mesmo não sabendo o que isso significava.

Eu já havia matado tantos que nem podia contar. Desde aqueles que se apegavam a vida até aqueles que imploravam pela morte rápida. Fortes e fracos, gênios e tolos. Não importava. No fim todos sangravam da mesma forma. Todos fugiam da mesma forma... Mas você não era assim.

Você não era assim.

Gon, você deveria ter tido medo quando soube o que eu era. Deveria ter fugido assim como todos faziam. Por que você ficou? Por que você ignorava as regras básicas de sobrevivência?

Realmente um tolo.

Foi apenas por você ser tolo o bastante para vir atrás de mim que eu resolvi ir com você. Me divertir com você. Mas, Gon...

Foi apenas arrogância. 
 
Treinei e treinei com você por arrogância. Só por ter absoluta certeza que você nunca seria mais forte que eu. Embora toda a sua tolice fosse divertida, era esse tipo de pessoa que eu era. Você era gentil e eu me diverti mais do que podia imaginar. Foi por isso que não me importei em prometer procurar seu pai com você, ou em me envolver em todas as bobagens nas quais se metia. 

Mas não sei em que momento foi que comecei a me preocupar com você. Nem quando me peguei não querendo me separar. Foi realmente uma surpresa quando percebi que não me importava em me machucar se isso significasse protegê-lo. Mas foi porque eu não queria perder aquela comodidade de tê-lo por perto. Foi sempre por mim, não por você.

Nunca apenas por você.

Eu sempre soube disso, que eu o estava usando. Aproveitando-me de sua gentileza. Nunca me importei com esse fato. Não posso me desculpar por ser o que sou Gon. Assim como não se pode culpar um leão por estraçalhar uma gazela.

Mas você não me julgou. você não me pediu explicações e nem me pediu para saber quem eu era. Era suficiente para você que fossemos amigos, como se isso curasse tudo. Você não pediu nada, nem mesmo quando soube que eu continuava agindo como um assassino. Não me pediu nada.

Você era estranho, complicado e totalmente contra todas as regras sob as quais vivi a minha vida inteira. Você me assustava. Não se importava em morrer se isso significasse salvar seus amigos. Não se importava em perder tudo o que você era e se entregar a vingança se isso significasse trazê-los de volta.

Você era um tão completo tolo.

Que me tornou um.

Foi por isso que chorei por você mais de uma vez. Chorei de raiva e orgulho partido, chorei por causa daquela dor instalada em meu peito, chorei por não ser forte o bastante. Por não ser mais capaz de reconhecer aquilo que você estava se tornando.

E naquela noite horrível, marcada pelo aroma de sangue que conhecia tão bem, eu cheguei tarde. Não pude lhe impedir de destruir a si mesmo. Me desculpe. Acho que fui um péssimo amigo. Mas mesmo sendo o que sou prometi que iria o salvar. Não por você e sim porque seria impossível viver e deixa-lo morrer. Já me tornei incapaz de fazê-lo. Você percebe Gon?

É apenas minha arrogância.

Salvei duas vidas Gon, a sua e a da minha Irma. Quando foi que eu me tornei esse ser tão sentimental? Você era o culpado de tudo. O culpado daquilo que parecia rasgar meu ser sumir no momento em que abriu seus olhos. 

Você era o culpado de nós termos que nos separar. O seu pai não merecia você Gon. Ele não tinha esse direito. Mas você queria ficar com ele.

Porque você nunca deixaria de ser um tolo.

A promessa que fizemos. A promessa de sermos amigos para todo o sempre, Gon, jamais irei esquecer.

E era apenas arrogância.

Eu não sabia mais ao certo quanto tempo havia passado desde que nos separamos. Diria que fazia quase três anos. Mas não me arrisco. Porque nos vimos algumas vezes depois daquele dia. Mas não vezes o suficiente. Nunca o suficiente. Eu confesso que cheguei a pensar que você havia se esquecido da nossa promessa. 

Mas quando a agência me ligou, recrutando-me para uma missão da qual Gon Freecs me citava como indispensável, nós já havíamos chegado no outono. As grandes tempestades estavam próximas e a prova era o cheiro metálico que as precedia invadindo constantemente o meu nariz. Mesmo depois de tanto tempo, eu continuava prestando atenção aos cheiros da mesma forma que você fazia.

Eu me lembro do abraço que você me deu quando me viu. As feições do seu rosto estavam mais acentuadas e, embora odiasse admitir, tinha crescido alguns centímetros a mais que eu. Você tinha ficado mais velho, isso era indiscutível, embora o sorriso infantil continuasse marcado em seus lábios como se estivesse eternamente ali esculpido. Por um momento pensei que o tempo não havia passado.

Que grande engano. É incrível como podemos perder em um instante aquilo que acreditávamos ser para sempre, Gon. Eu não percebi o quanto havia mudado. Eu tive medo.

No começo era normal, nossa missão era encontrar informações sobre o continente existente alem do nosso. Nos divertíamos e o trabalho era interessante. Mas algo dentro de mim tinha mudado. Algo não era o mesmo. Brigávamos mais, discutíamos mais, você se tornou ainda mais tolo aos meus olhos.

Como eu pude esquecer que havíamos mudado não só fisicamente? Não éramos mais os mesmos. Tínhamos crescido. Nossos corpos estavam diferentes e nossos desejos também. 

Você me deixou a par dessa realidade da pior forma possível. 

Em uma das pistas que seguimos, tenho certeza que você lembra, tivemos que ir a uma festa luxuosa para conseguir o resto das informações que precisávamos. E, por algum motivo, você beijou uma garota.

E eu não sei o porquê, mas eu fiquei tão irritado com você que não queria mais vê-lo. Naquela mesma noite sai e nem olhei para trás. Eu bebi tanto, mas tanto, que, mesmo sendo treinado, o álcool fez efeito sobre mim.

Quando eu voltei você estava sentado na poltrona perto da porta. No momento em que seus olhos encontraram os meus vi que eles ardiam de raiva mas, mesmo assim, você correu para me ajudar quando tropecei e cai. Isso me fez rir. Algo sem nenhum humor.

Porque você continuava um tolo.

Brigou comigo como Mito brigaria com você, mas, sabe, não ouvi nenhuma palavra que você disse. Meu corpo doía, minha cabeça doía e algo prendia minha garganta. Eu tinha certeza que não era o álcool, já não estava sob o efeito dele. E eu gritei com você, o mandei calar a boca. 

Gon, isso era só a minha arrogância.

Me senti traído e confuso e coloquei toda a culpa em você. Por isso que nos afastamos, parecia que nossa amizade estava sumindo. Mas não podia fazer nada, porque aquela sensação de aperto não passava de jeito nenhum. Eu comecei há passar mais tempo fora, pesquisando sozinho. Queria ficar o mais longe possível, mas por ser um tolo você não entendia.

O dia em que todos os meus nervos explodiram foi quando você me questionou. Gritou que não me entendia. Que nós éramos amigos, que eu estava me afastando.

Eu odiei sua ingenuidade.

E por arrogância eu o beijei. Cobri seus lábios com força. Você ficou sem reação. Uma presa fácil, nada divertida. Então por quê? Já havia saído com muitas mulheres, sabia que meu corpo precisa disso às vezes. Afinal, já não era nenhuma criança. Já havia experimentado o sexo. Era normal, algo fisiológico... Então por quê? Nunca tinha me sentido daquela forma Gon. Eu fiquei com medo de mim mesmo, mas não pude parar. Era só um selinho, um toque de lábios, mas me despertou mais do que todas as noites que passei com aquelas mulheres.

Então, de repente, você me empurrou e eu me desequilibrei. E estático, preso em meio a todo o meu torpor, sua voz me atingiu .E soou aos meus ouvidos quase como a de um animal ferido;  “Isso não tem graça, Killua”.

Só o que eu ouvi depois disso foi o estrondo da porta depois que você saiu. Não sei o que você pensou, sei apenas que eu não fazia ideia do que estava fazendo.

Depois de alguns dias você retornou e tentou fingir que aquilo nunca aconteceu. Seu idiota! Tem ideia do quanto me irritou? A sessão de estar sendo enforcado aumentou ainda mais. Você me disse que aquilo não podia ser chamado de beijo e que eu estava bêbado. Que não significava nada.

Isso me irritou profundamente. Porque, mesmo depois de  tanto tempo, você continuava sem sabendo mentir.

Então eu o beijei novamente. Com mais força, mais fome. E você ficou estático mais uma vez. O joguei contra a pedra fria da parede, lhe deixei sem escapatória. Não aguentava mais aquela confusão em minha cabeça. Por isso que não me contentaria apenas com um toque de lábios, queria mais. Mais, mais, mais. Meu corpo inteiro gritava tão alto que eu colei-o tão forte ao seu, que podia sentir todos os seus músculos se contorcendo sob minha pele. Corri minha língua sobre seus lábios em um toque tão desesperado, que, quando em fim eles se separaram, tudo ao nosso redor desapareceu. Não havia mais dor, não havia medo, não havia raiva.  Havia apenas eu e você. O mundo poderia explodir naquele momento e eu não ligaria. Nada me faria ficar longe do seu calor que me invadia, ardendo em cada poro, em cada pedacinho do meu corpo. Eu era como alguém que encontrou água depois de semanas vagando por um deserto. Estava sedento de você, Gon. Seus lábios eram mais macios do que eu poderia imaginar em mil sonhos. Seu gosto doce invadia minha boca e fazia dela sua morada. Meu corpo inteiro clamava por você e eu não sabia mais quem eu era, só o que eu queria era mais de você. Queria tudo o que você era. Seu corpo, seu olhar, sua inocência, sua bondade, seu coração... Tudo.       “Não estou bêbado, Gon. Estou mais sóbrio do que nunca”.                                                                                            

E foi naquele quarto alugado, de quadros estranhos e cheiro de lavanda, que você se entregou a mim e eu a você. Onde nós fomos o que seriamos para sempre: Um só.                                                                                            

Nem mesmo a minha arrogância podia esconder o que eu queria bem lá no fundo. O que eu sempre quis, mas nunca soube o que significava. Disso que evoluiu e cresceu a cada ano, a cada dia, a cada segundo longe de você. Mas não diminuiu nem um pouco, ao contrario do que tudo o que eu já havia vivido, eu continuava querendo você. Nunca estava satisfeito. Nunca era o suficiente. Não importa quantas vezes minhas mãos passeavam pelo seu corpo. Não importava quantos rastros ardentes eu deixava em sua pele. Eu queria mais. Nada mais existia quando eu estava com você. 

O amor não surgiu aos poucos, não nasceu ao léu. Ele sempre esteve lá. Esperando uma chance para escavar meu peito e encontrar a luz. Vir à tona. Sua amizade nunca foi suficiente e nunca será, agora eu sei. Tudo o que eu aprendi era como tirar outras vidas. Não sabia se amar era o que eu estava fazendo. Mais era impossível para mim me separar de você. Era impossível parar de te tocar. Nunca pensei que essas coisas significariam tudo para mim. A arrogância sempre foi um pretexto para permanecemos ao seu lado.

No final Gon, o único tolo sempre fui eu e não você.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                

Mas parece que existe uma pessoa como você para gostar de mim da forma que eu sou. Porque mesmo com todos os nossos pecados, todas as nossas tolices, continuamos tendo um ao outro. 
Dizer eu te amo é tão pouco para nós dois Gon, que chega a ser quase uma ofensa. Seria como se pudéssemos medir o que sentimos. Mas não há como. É impossível denominar o que sentimos um pelo outro. Tudo o que eu sou é seu, e tudo o que você é me pertence.

Se você esta lendo essa carta, é porque eu não pude te acompanhar nessa nossa última aventura. Mas eu não queria ir sem antes dizer o quanto você foi idiota, Gon. Me perdoe por demorar tanto. Vou esperar você, sei que sabe como me encontrar. Podemos desbravar até a linha do horizonte para encontrar o que há alem. Ir mais longe do que qualquer humano. Mas a unica coisa certa é que eu permanecerei sempre ao seu lado, idiota. Eu sou permanente, Gon.

                                                                                                                                                                                         

Por que para mim sempre foi você.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                    

E para você, sempre fui eu.         

 

 

                                                                                                                                                                                      Killua Zoldyck.
 

...

 

Quando terminou de ler aquela  carta gasta e amassada que lhe foi entregue por Gon, grossas lagrimas salgadas escorriam de seu rosto para o papel. Suas mãos tremiam tanto que teve se apoia-las para não deixar cair algo tão importante. Ela não podia acreditar que aquilo era verdade. Que seu irmão tinha partido para sempre.

Lá fora a chuva caía forte, assolando a cidade com fios de um chicote. Lavando o sangue que incrustou no chão. As grossas gotas de água colidiam contra a única janela do quarto em ruínas como prata derretida. Tão forte e tão ruidosamente que Alluka mal conseguiu ouvir o que o homem deitado a sua frente, finalmente, conseguiu dizer.

 ‒ Aquele idiota... Falei para não nos separarmos... 

Sua voz era baixa e rouca. Lagrimas lavavam seu rosto firme, endurecido pela dor. Gon era um homem forte, alguém conhecido por ser o maior Hunter do século. Mas naquele momento parecia que algo havia talado tão fundo em seu ser, que nada daquele homem pareceu restar em pé. 

Alluka levantou e, ignorando todo o sangue que escorria dele, ela lentamente passou os braços ao redor daquele que seu irmão mais amava. Mesmo após toda aquela luta seus cabelos, já cobertos por alguns fios prateados em meio aos negros, ainda cheiravam a um lar para retornar.

Gon crescera e se tornara um homem lindo. E o Hunter que o mundo conheceria como o maior herói, assim como Killua. Que vencera a batalha, mas perdera a vida.

‒Me perdoe por deixarmos você sozinha, Alluka.

Falou contra o rosto da mulher que caiu em um choro tão alto que superou o som da tempestade que caía lá fora.

Quando Gon Freecs finalmente fechou seus olhos, um sorriso infantil foi deixado para trás. Diziam que era porque ele se reencontrara com seu amor, mas, Alluka sabia que aqueles dois permaneceriam juntos nem que para isso tivesse que lutar contra Deus. Gon e Killua tinham uma forma diferente de amor. E a forma mais bonita que em dia ela teve a chance de conhecer.

Porque Gon sempre foi de Killua.

E Killua sempre pertenceu a Gon.

E nada poderia superar isso, nem mesmo a morte.

 

 

Fim.


Notas Finais


Sera q vale a autora chorar cm a propria fic? T.T
Obrigada pela chance e ate a próxima.
Beijos da Loba.....


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