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História Eu, que nunca quis você. - Um jogo para dois.


Escrita por: Desdemonia

Capítulo 6 - Um jogo para dois.


 

Essa era a hora certa de sair sem levantar suspeitas. Suigetsu dividia com os rapazes as proezas que realizou para tornar seu almejado sonho em realidade, e os seus ouvintes, talvez pelo efeito do álcool, demonstravam-se cativos à narração notoriamente exagerada. Sakura passou um olhar ativo para Hinata e Ino, comunicando a intenção da retirada. 

— Mas Hinaldo, onde é que você vai? — Naruto a segurou pela mão, mas sem tirar os olhos de Suigetsu. — tá "móh" legal aqui.

— Naruto k... — A garota lutava para conseguir respirar sem desmaiar. Karin temeu que a morena não estivesse conseguindo oxigenar o cérebro o bastante. — Eu vou fazer uma ligação lá fora com meu amigo Inamako. 

— É mesmo — Ino pegou o gatilho da fala da amiga. — Se não avisarmos nossas esposas que iremos demorar, perderemos nossas mordomias.

— Mordomias, huh? — Sasuke olhou para Naruto. — Eu tenho um pouco de medo da Sakura. Ela parece ser esse tipo de mulher.

— Esse tipo de mulher? Shana... — Sakura lançou-lhe um olhar raivoso. 

— Vamos, Karusa. Você já bebeu demais! — Karin segurou a amiga pelos ombros e a arrastou até o umbral do banheiro. — Sayōnara.

— Hey, Kamaro! — Suigetsu chamou e quando Karin virou, percebeu a posição peculiar de suas mãos. Imediatamente reconheceu a técnica do revólver de água. — Lembre-se... Longe. Da. Karin. Entendido?

— Sim. — O olhar rubro da moça atravessou as lentes dos óculos quase embaçados. — Entendido. Sayōnara.

— Sayōnara.  — Os rapazes se despediram.

 


*   *   *

 

Na ante-sala do ofurô as quatro garotas, ainda transformadas, tentavam manter a respiração e encontrar uma forma de mover o armário sem emitir nenhum ruído. Do outro lado, os rapazes riam despreocupadamente das enfadonhas narrações de Naruto sobre a vida de casado e o que Sasuke teria de enfrentar nos seus próximos anos de vida.

— Esse Naruto... — Sakura encarava o móvel com os punhos cerrados. — na próxima vez que ele me der um motivo, descontarei na cabeça dele esse monte de absurdos que ele está falando. Ah, sim... eu vou destruir a cabeça dele!

— Destruir a cabeça de quem?

As meninas viraram ao mesmo tempo em direção à voz que vinha da entrada da ante-sala. Parado ali, em pleno esplendor nu e lendo um livro bastante conhecido pelo público masculino, o Rokudaime, também conhecido como Hatake Kakashi.

— Kakashi-sensei... — Hinata arregalou os olhos e finalmente desabou de constrangimento, o que foi considerado um feito para as demais, já que a coitada havia conseguido se manter de pé quase todo esse tempo. 

O olhar treinado de Kakashi era como o de um perdigueiro. Bastaram milésimos de segundos para que ele analisasse toda a situação e instintivamente cobrisse sua região genital com o livro que antes lia.

— Mas que p... — Os olhos do Hokage dilataram-se. — Sakura, mas que diabos vocês estão fazendo aqui?

— Sakura? Não tem nenhuma Sakura aqui... — A Haruno tentou disfarçar, mas sabia que o disfarce já era.

— Vocês não tem vergonha? E ainda por cima carregaram a pobre da Hinata pra maluquice de vocês.

— Não é nada disso, Kakashi-sensei. — Ino se esforçou para continuar mantendo contato visual com o homem à sua frente. — Estamos aqui em uma missão. Pode não parecer, mas não temos nenhum interesse na despedida de solteiro do Sasuke.

— Então o que vocês estão fazendo aqui? 

— Kakashi-sensei, não podemos falar para você agora. Peço muitas desculpas, mas preciso que você confie em nós. — Sakura estava suplicante, tentando manter a esperança de que Kakashi as deixaria partir.

— Ok, tudo bem. Confio em seu julgamento, Sakura. — O sensei se dirigiu para a porta do banheiro. — Vou mantê-los distraídos enquanto vocês fazem o que vieram fazer.

— Kakashi-sensei...

— Sakura?

— Como o senhor soube que éramos nós?

O sábio sensei prostrou-se de ombro nos umbrais do cômodo e olhou sua antiga aluna como se estivesse resgatando em suas memórias a ingenuidade que a mesma um dia carregou e que ainda assim ainda estava presente em alguns momentos.

— Foi fácil, para um ninja como eu. Aliás, acho que seria fácil para qualquer um com treinamento. Não sei como Shikamaru e Sasuke não perceberam os sinais óbvios, assim como Naruto que é o maior usuário desta técnica básica.

— Diga logo, sensei.

— Ok. Primeiro, a combinação da cor de cabelo de vocês. Como as vejo muitas vezes juntas, uma lembrança remota me ocorreu. — Continuou. — Depois, você Sakura... não me lembro de conhecer nenhum shinobi masculino de cabelo rosa, mas isso poderia passar batido; Ino... nenhum homem anda mexendo o quadril como você estava fazendo. Ainda não consigo acreditar que os seus companheiros não tenham sequer reconhecido o jeito de andar; Uzumaki Karin... essa eu não sei bem ao certo se tinha analisado corretamente, mas não me lembro de conhecer qualquer homem do clã Uzumaki que tenha poder de cura e consequentemente marcas de mordida. — Lançou seu olhar para Hinata, que ainda estava desmoronada nos braços da Yamanaka. — E a confirmação foi Hinata. Se um dia forem fazer isso novamente, atentem-se aos detalhes mais sórdidos. Nenhum homem veste uma toalha cobrindo o peitoral e, o mais importante, a família principal dos Hyuga não tem nenhum rapaz da faixa etária de Hinata, o que significa que um homem Hyuga nesta idade seria da família secundária. Quando bati meus olhos na testa dela e vi que não tinha a marca da família secundária, foi o mesmo que ter lido um cartaz dizendo "Ei, Jutsu sexy reverso!". Foi uma boa tentativa, garotas...  — Com um aceno de cabeça o sensei se despediu e entrou no banheiro.

— Mas que sorte... o Kakashi-sensei tinha razão. — Sakura olhou para Ino que ainda tentava amparar a amiga. — Ino, leve a Hinata para o carro e nos aguarde. Karin e eu levamos a espada.


*   *   *

 

 

Durante o trajeto de volta para casa, a exaustão se fez presente entre as meninas. O tsunami de adrenalina tinha passado, deixando quatro mulheres com a sensação de ressaca do mar.

— Mas que aventura... — Ino estava estirada no banco do carona. — Eu vou somar essa à meu histórico de missões de rank S. A Hinata já retomou a consciência?

— Não, ainda está morta de constrangimento. — Karin observou. — Mas não vai demorar muito à recobrar a consciência.

— Mas que dia e tanto, hein? — Sakura ria, sem tirar os olhos da estrada. — Tinha me esquecido de como era a vida dentro de missões agitadas. Com a paz em Konoha, as coisas ficaram tão monótonas.

— Karin, o que é que você vai fazer com essa espada? — A posição de Ino no banco lembrava a de um sorvete derretendo na calçada.

— Vou deixar no meu quarto. — A ruiva abriu um sorrido de canto. — Basta ele saber que fomos capazes de reaver a espada, independente se ele irá invocá-la de onde quer que ele esteja.

— Hm... tanto esforço por causa de uma espada. — A loura riu. — Foi divertido... Ah, Sakura... lá no ateliê você tinha dito que havia mudado as configurações de entrada da cerimônia de casamento. 

— Nossa, é verdade. A tarde foi tão agitada que acabei me esquecendo. Bom, deixe-me lembrar do que eu havia decidido com o Sasuke... Ino, você e Sai vão entrar primeiro na cor vermelha. Hinata e Naruto entram com a cor branca, simbolizando a aste do leque de papel. Por ultimo, Karin e... ops! — Sakura arregalou as imensas esmeraldas e levou a mão esquerda à boca. — Oh não...

— "Oh não" o quê? — Karin se projetou entre os bancos do motorista e do carona.

— Karin, eu tinha de ter lhe avisado antes... Você e Suigetsu vão entrar juntos.

— Meu Rikudou, Sakura... como é que eu vou conseguir ficar ao lado do Suigetsu por horas depois de tudo o que aconteceu hoje?

— Karin, você vai ter que dar um jeito. — Sakura riu. — Eu sei que pra você, ficar ao lado dele não é nenhum sacrifício.

— Uhum, uhum... Sakura está certa e eu estou louca para ver vocês dois se alfinetando na recepção! 

— Karin, chegamos. — Sakura parou o carro em frente ao hotel. — Vai precisar de ajuda para carregar isso?

— Arigatou, mas não. Vou subir pelo elevador mesmo. — A ruiva sorriu desanimada. — Nos vemos no salão amanhã de manhã?

— Sim sim! Amanhã às nove em ponto. Até mais, Karinzinha!

— Tchau, meninas.

 


*   *   *

 

O que se passou durante o trajeto de Karin e a espada até a cobertura foram apenas lapsos da mente cansada da ruiva. Suas costas doíam, os pés pareciam dormentes e a boca já estava seca de tanta sede. Tudo o que fez, quando finalmente fechou a porta atrás de si mesma, foi jogar a espada decapitadora no canto atrás do sofá, tirar toda a sua roupa e ir direto para a jacuzzi na área externa da cobertura.

Lá fora o vento da meia da noite bailava frio e contrastava com a temperatura quente dos jatos d'água da hidromassagem.

Karin estava ao ponto de cochilar. Seus braços abertos estavam tão relaxados e seu corpo tão entorpecido pela massagem da água que ela se permitiu cerrar os olhos por alguns segundos e inalar o leve aroma de pêssegos que a essência escolhida da água liberava. Quando abriu os olhos, poderia sim ficar surpresa, mas de certa já esperava pela imagem do homem que a mirava.

Encostado nos umbrais da imensa porta de vidro que ligava a área externa ao quarto, Suigetsu observava a ruiva. Apoiada sob o ombro direito, a decapitadora repousava reluzindo a luz do luar. 

— Eu realmente não posso te subestimar, não é? Admiro essa sua capacidade de me surpreender sempre.

— Não sei porquê ainda faz isso, Suigetsu. — A ruiva nem se deu o trabalho de abrir novamente os olhos para encará-lo. — Por que veio buscá-la?

— Buscar ela era apenas uma desculpa para conversar com você.

— Ainda não entendeu que eu não quero conversar com você, idiota? 

— Mas eu quero conversar com você. — Karin ouviu o barulho dos passos mansos do espadachim se aproximando e abriu os olhos. — Por que está me evitando o tempo todo? Se tivéssemos conversado, metade desses joguinhos sequer teriam acontecido.

— Lá vem você de novo com esse negócio de "joguinhos". Não tem nenhum jogo acontecendo. — Karin aproximou-se da beirada da jacuzzi para olhá-lo nos olhos.

— Posso entrar aí? — Os imensos olhos de ametista brilhavam pedintes.

— Huuuuu... — Era o que Karin mais queria. — Não, não pode.

— Ah, vamos lá, Karin! —Suigetsu estava notavelmente contrariado. —Vamos conversar. — O rapaz aproximou-se.

— Nem pense em chegar mais perto, ou então eu liberarei uma corrente de chakra em você que vai te deixar nocauteado até a semana que vem! — Karin o ameaçou, mas queria mesmo que ele pagasse para ver.

Suigetsu parou e encheu os pulmões de ar e o liberou esbaforido. Para a tristeza de Karin, o espadachim tinha se dado por vencido.

— Ok, vamos fazer do seu jeito então. — Ele meteu uma mão no bolso da calça. — Antes de sair, eu preciso lhe perguntar uma coisa...

O coração de Karin parou por alguns segundos e ela sentiu algumas gotas de suor frio minando de suas costas e misturando-se à água quente da hidromassagem. Seria possível que ele...

—... você vai querer de volta isso aqui? — Da mão esquerda antes cerrada, Karin pode ver um pequeno tecido de renda branca entre os dedos grandes do rapaz sendo revelado. Ele então estendeu a pequena e delicada peça até a altura do próprio rosto e abriu o mesmo sorriso canalha de canto. 

— Suigetsu, seu babaca! Saia daqui agora!

— Bem, foi você que pediu... — Ele levou a minúscula peça até o nariz e a inalou como se estivesse sorvendo um raro perfume caro. — Talvez você se arrependa, ruiva. 

— Me arrepender de quê, animal? — Karin estava ruborizada com o gesto sensualmente obsceno.

O sorriso sacana no ex-shinobi duplicou de tamanho e sua presa protuberante mostrou-se ainda mais afiada. Os olhos de ametista encontraram sérios os rubis brilhantes daquela que estava nua banhando-se na jacuzzi.

— Ah, Karin... eu também sei jogar.
 



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