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História Eu quero - Tão Burra


Escrita por: Hiperbole

Notas do Autor


Bom... essa é minha primeira e única fic, então aproveitem e me digam o que acharam, ok?
Beijos!

Capítulo 1 - Tão Burra


 

DIAS ATUAIS

 

Minha visão estava turva, me sentia tonta enquanto ouvia a música e as risadas de forma abafada ao meu redor. Por segundos tudo parecia ter parado menos aquela cena, que se prendeu a mim moendo lentamente o meu peito. Meus olhos se encheram de lágrimas e antes que eu desabasse preferi fugir.

Eu precisava sair de cena, sumir, desaparecer... me esconder de tudo e todos. Não sei para onde, só sei que ali eu não poderia ficar nem mais um segundo. A música distraía os convidados enquanto eu corria e esbarrava no que via pela frente. Ouvi uma voz que se perdia no meio de tantos rostos chamar meu nome, atravessei o gramado afundando o meu salto sem coragem de olhar para trás.

 (...)

Já passavam das 3 da manhã, eu conhecia muito bem Miami, mas tinha a sensação de estar perdida e exausta. Cansada de correr sobre o meu salto quinze sem direção e emocionalmente sem rumo. Minha cabeça latejava de informações inacabadas que giravam por mim entre luzes e sons dos carros que movimentavam a cidade.

Sem forças, sentei quase que desabando no meio fio. Minha pele estava gelada com o vento frio que batia. Nada fazia sentido. A agonia que sentia por não ter o controle dos meus soluços, a exaustão do meu corpo que se contraia com o choro quase que infantil, me deixavam ainda mais nervosa.

 

Estava eu sentada na beira de uma calçada, abraçada aos meus joelhos, procurando a minha culpa por me permitir ser tão descartável.

- Como pode? Depois de tudo que vivemos, sentimos... sou mesmo uma idiota. Totalmente idiota! (Pensei em voz alta)

Sei que estou ridícula nessa posição de vítima e me sinto péssima por isso. Falava para mim mesma – Camila foram tantos sinais... como não percebeu isso antes? Ai meu Deus, sou tão burra! Tão cega! Acho que no fundo eu não quis ver o que era óbvio. Permito-me indagar mentalmente por saber que em parte tive culpa. Minha culpa foi acreditar, permitir, ignorar...

 

Depois de alguns minutos meu abdômen doía fazendo com que minha respiração voltasse ao normal. Meu vestido longo de costas nuas me deixava exposta. Me abracei com mais força aos meus joelhos como uma forma de me proteger do frio. Encaixei o rosto no vão que se fazia entre a junção dos meus joelhos, ao abrir os olhos encarei o borrão no esmalte do dedão esquerdo. Involuntariamente me lembrei daqueles olhos verdes, braços quentes... me cobrindo com seu corpo de forma tão protetora. Nunca havia me sentindo assim... tão... viva. Essa era a palavra... VIVA. Não consigo pensar em outra que se encaixe nesse momento. Então percebo que também não fui das mais certas em desejar e querer o que meu corpo pedia, mas antes que voltasse a me culpar... pingos de chuva me fazem despertar de meus pensamentos e me dou conta que nesse momento não consigo odiar. Sinto-me frustrada por isso. Queria socar alguma coisa e pôr para fora toda essa dor e mágoa, porém antes que eu pudesse planejar isso a chuva aperta e me faz perceber que a lei de Murphy estava se aplicando a mim. Acabo sorrindo com a ideia de ser tão azarada.

Estou ensopada. Minha maquiagem já se tornou algo abstrato, meu vestido está mais pesado. Retiro minhas sandálias e solto o cabelo como forma de rendição esperando que a chuva me lave por completo e me torne mais leve.

Fecho meus olhos e direciono meu rosto para o céu. Sinto o gelado da chuva me abraçando, me confortando. Não consigo abrir os olhos, mas tenho a impressão de que a lua está tão viva que me cega com toda a sua luz.

 

Um carro encosta diante de mim. Ouço uma voz familiar e mesmo sem olhar pego as minhas sandálias e entro em silêncio.

Todo o trajeto até o apartamento foi silencioso. Dinah sabia que eu precisava desse tempo e como uma boa amiga fez o que achava certo; não tocou no assunto.

(...)

Tomo um banho demorado pra me livrar de todo esse fim de noite. Em parte, fiquei mesmo debaixo do chuveiro só sentindo a água cair e passar pelos meus ombros. Saindo do box visto a primeira camisa que vejo pendurada no banheiro, passando pelo espelho, paro. A imagem que vejo ao olhar a garota magra de cabelos molhados com aquela camisa xadrez me causa repulsa. Tiro a camisa rápido demais, tão rápido que me desequilibro e caio por não ter aberto os botões. Me vejo como uma criança pirracenta que perde o direito de brincar por ser tão mimada e mal-educada. Só que essa criança tem 24 anos e vai com certeza vai acordar com uma marca roxa na bunda. Ergo-me do chão me apoiando na mezinha lateral e mesmo nua me acomodo na cama. Sinto a noite mais longa enquanto rolo de um lado para o outro. Penso em pegar o celular para me distrair, ler mensagens, passar fotos, talvez escrever textos malcriados... aí me lembro o quanto isso seria errado / torturante e me convenço de que fiz certo em tê-lo quebrado ao tacar contra a parede.



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