História Eu quero ser seu anjo - Mas e você, confia em mim?

—Ei, está tudo bem... Eu quero mesmo que a gente volte a ser como antes... – ela desviou o olhar. —Eu te amo Analu...

—E como vou saber se você não vai me deixar na próxima briga?

—Você me conhece o suficiente para saber que eu sou bastante orgulhoso... Eu fui atrás do Luan... Analu, você acha que se eu não te amasse tanto assim eu iria atrás de um homem na qual eu nunca me dei bem?- ela negou. —Ele é seu ídolo, teve uma atração por você e além do mais vocês já se beijaram... Acha que eu faria isso por qualquer mulher? Claro que não! Eu passei por cima do meu orgulho para saber notícias sua, até um acordo de paz nós fizemos.

—Como assim?- ela olhou curiosa.

—Ele foi lá em casa, me deu conselhos e me levou até você... Porém quando chegamos lá você não estava. Resolvemos fazer um acordo de paz...

—Isso quer dizer que vocês se acertaram?- provocou.

—O único acerto que eu quero é você...- ela sorriu. —Digamos que a gente não precisa brigar mais... -dei de ombros. —Ele tem namorada agora...

—É, fiquei sabendo... -nos saímos andando até o quarto. Ela parou por um pouco e colocou a mão na testa fechando os olhos em seguida.

—O que você tem?- perguntei pegando ela nos braços.

—Tonturas...- disse baixo, sentei ela na cama e ela se deitou.

—Vou chamar um médico!- falei depositando um beijo na testa dela.

—Não!- ela disse baixinho. —Fica aqui comigo, já passou.

—Tem certeza? -perguntei preocupado.

—É verdade... – ela alisou minha mão. —Sabe se minha mãe trouxe algum creme para pele?- mudou de assunto.

—Sim, você quer?- ela assentiu. Fui até a mochila e peguei, aproveitei para pegar uma escova para pentear seus cabelos e um prendedor de cabelo. —Quer que eu passe em você?

—Não precisa!- ela pegou o creme e esfregou em suas mãos antes de passar pelos braços.

—Deixa que passo nas pernas...- sorri. —Sem esforços, lembra?-

—Você não acha que está exagerando demais?- ela riu.

—Estou garantindo que vai ficar tudo bem...- passei o creme nela. —Vira, deixa eu pentear seus cabelos. – comecei a pentear seus cabelos e o silêncio predominou o quarto.

—Precisa de ajuda?- ela gargalhou ao ver que eu encarava o prendedor de cabelo como se fosse algo de outro mundo, devo lembrar que para mim era sim...

—Vou fazer uma trança!- falei decidido, ela virou para mim desconfiada. —Confie em mim!- ela deu uma risadinha e assentiu. A verdade é que eu nunca havia feito, mas sempre tem a primeira vez. Parti o cabelo em duas partes e fui entrelaçando uma na outra ate o fim. —Uau!- falei orgulhoso​. —Deu tudo certo!- ela pegou, analisou e gargalhou. Acho que não deu certo.

—Ai amor, ficou lindo!- ela gargalhou e eu fiquei confuso. —Trança com apenas duas mechas de cabelo?

—É... Feito especialmente para você!- dei de ombros. —Espera, você me chamou de que?

—Henrique!- suas bochechas ficaram vermelhas. —É... Acho que agora temos um assunto para resolver, não é?- mesmo não querendo, assenti. —Será que agora você pode me ouvir?- ela disse e eu fiquei sem graça.

—Desculpa!- abaixei a cabeça.

—Senta aqui. – sentei na cama ficando de frente para ela. —Preciso que você me deixe te contar tudo, não me interrompa, depois você me faz perguntas ou diga seu posicionamento. Mas quero que você preste atenção no que eu vou dizer e que mantenha os olhos nos meus, você mais do que ninguém sabe quando estou mentindo.

—Tudo bem!- peguei em suas mãos e fixei meus olhos nos seus.

—Olha, primeiro eu queria dizer que tudo o que aconteceu foi de forma forçada. Minha história com o Osmar você já sabe...- ela respirou fundo. —Então vou pular essa parte! Quando conheci você naquela padaria eu te achava um idiota, egocêntrico...- arregalei os olhos e ela sorriu fraco.— Você se achava demais e isso me incomodava bastante! Naquele dia em que você me convidou para sair e Osmar me liberou eu não queria, mas não tive escolha... Ele me obrigou e aquilo foi o começo de tudo, ele me obrigou a me envolver com você, é claro que eu disse que não queria fazer isso, mas era isso ou...- seus olhos encheram de lágrimas. —Ou ele iria matar a minha mãe! E eu não te conhecia direito, nem mesmo sabia da sua carreira e sobre sua vida, só fiquei sabendo quando ele me descreveu. Na primeira vez que transamos eu fiquei muito mal, não porque foi ruim mas porque eu me senti suja. Em momento algum eu pensei em seu dinheiro, eu nunca me importei, eu só queria poupar a vida da minha mãe. Ela era a minha única família, a única pessoa que eu tinha, na verdade eu tinha muito medo do Osmar, ele sempre dizia que se eu não fizesse o que ele queria quem sofreria as consequências era ela. – seus olhos pareciam duas cachoeiras e meu coração batia acelerado. — Não pense que foi fácil para mim ter que aceitar isso, mas não tive escolha. Tudo piorou quando eu me apaixonei por você!- nesse momento ela abaixou a cabeça e chorou, seus soluços eram altos.

—Não precisa terminar!- a abracei. —Me desculpa por....

—Eu preciso fazer isso...- ela disse baixo, levantou a cabeça e me encarou. — Quando eu comecei a te conhecer de verdade e passei a conviver com você, eu sofri muito. Tentei abrir mão de tudo, até mesmo pensei em te contar sobre minha mãe para que pudesse me ajudar mas era arriscado demais. Eu pedi a ele para mudar o homem, não me importava se fosse um velho careca, eu só não queria ter que fazer isso com você!- ela me olhou triste. —Você foi e sempre vai ser o único homem que amei, foi por você que eu aprendi a ser amada novamente, já me apaixonei por outra pessoa mas não se compara ao que sinto por você!- confessou. —Osmar aproveitou que eu havia me apaixonado e para torturar ainda mais me obrigou a continuar com essa bola de neve que crescia a cada dia. Não foi fácil dormir todas as noites com a consciência pesada, com o medo do que aconteceria quando tudo viesse á tona, não foi fácil ter que olhar para o homem que eu amo e ter a certeza que o nosso relacionamento estava com os dias contados, que tudo iria acabar e que o sentimento que você sentia por mim converteria em ódio. Não foi fácil para mim, enganar o homem na qual eu queria que fosse o pai dos meus filhos mas...- ela desviou o olhar. —Mas ouvir de sua boca que eu só queria engravidar e que eu era uma interesseira foi mais doloroso que um tapa na cara. Quantas vezes eu aceitei tantas humilhações de você, Henrique? Quantas vezes você me tratou com grosseria antes mesmo de saber o que aconteceu? Eu fiquei aguentando calada e não foi pelo Osmar, foi por você, foi por amor. Eu te amo tanto que seria capaz de suportar tudo só para ficar ao seu lado, mas, no momento em que eu mais precisei você me disse coisas horríveis, me fez sentir um lixo. – ela estava visivelmente magoada e eu não tirava sua razão, eu fui insensível naquele dia. —Eu tentei te contar a verdade quando fui morar com você, mas em todas as vezes que eu tentava dizer, algo me atrapalhava. Eu sabia que tudo acabaria no instante em que eu contasse, só não esperava que a história fosse contada por outra pessoa, , tanto que não levei a sério quando Osmar disse que iria dizer que a culpa era minha. Sabe por que? Porque eu pensei que você confiasse em mim. Pensei que fosse tentar me entender quando eu contasse a verdade... Eu realmente pensei que você soubesse do amor que sinto, mas você preferiu fazer o mais fácil. Me mandar sumir da sua vida, despejar sua raiva em mim sem ao menos me deixar explicar... Se depois de tudo o que eu dissesse você me mandasse embora, eu iria triste mas com a consciência limpa, mas você me tirou esse direito...- ela limpou as lágrimas e suspirou. —Vá em paz, Henrique, você não precisa voltar comigo por pena de me ver assim. Não se preocupe, vou ficar bem, vou melhorar e o quanto antes eeu vou embora daqui.

Fiquei em silêncio absorvendo tudo o que acabei de ouvir, o que eu poderia dizer disso tudo? Não sei. Me sinto um completo idiota por ter agido assim, como eu não pensei na possibilidade do Osmar obrigá-la a fazer isso? Parte de mim está chateado, a outra está se sentindo culpado. Analu sofreu tanto nas mãos deles e mesmo assim seguiu em frente aguentando tudo calada, sozinha, tudo pela mãe. E quer saber? Eu faria o mesmo se estivesse no lugar dela! E não posso culpá-la por querer o bem da única pessoa que ela tinha, ela teve as prioridades dela...

—Meu amor!- levantei sua cabeça. — Antes de qualquer coisa eu quero te pedir perdão pelo que eu disse naquela noite, nada do que falei era verdade, eu estava de cabeça quente, magoado, decepcionado... Foi na hora da raiva! Eu nunca quis magoar você, e escuta bem o que eu vou te dizer agora...- peguei seu rosto com as duas mãos fazendo-a me encarar. —Você nunca foi como as outras, pois nenhuma outra chegou aos seus pés, nenhuma delas conseguiram fazer o que você fez comigo. Você foi a única que que quebrou essa armadura que construí, a única que me fez ter sentimentos intensos e que me fez amar. Tantas mulheres já passou na minha vida, tantos lençóis eu já dormi mas, nada se compara á acordar e ver você ao meu lado com os cabelos bagunçados e o corpo seminu entre os lençóis. Bastou eu ficar esse tempo todo fora para reorganizar a mente, esfriar a cabeça e me lembrar de que eu tenho uma namorada incrível, e que eu nunca fui tão feliz como fui com você nesse tempo em que estamos juntos. – seus olhos derramavam lágrimas, meu polegares tentava limpar todas, eu queria tanto beijá-la mas ela precisa saber o que eu sinto... —Amor, você foi a melhor coisa que poderia ter acontecido na minha vida, e eu espero que você não tenha acreditado quando eu disse que você foi o pior erro de minha vida... – ela fechou os olhos e foi aí que eu percebi que aquilo havia a magoado bastante. —Olha para mim!- ela abriu os olhos lentamente e uma cachoeira de lágrimas desceram. —Isso não é verdade, você jamais foi um erro, pelo contrário, foi a única pessoa capaz de me mudar, de me fazer feliz e de me tornar a pessoa que sou hoje. Sou cheio de defeitos mas estou aprendendo a melhorar, por mim, por nós. Porque eu te amo, eu quero está perto de você, eu preciso de você comigo, preciso saber que você não vai me deixar, que ao fim de cada viagem eu vou voltar para casa e você vai estar me esperando. Eu só preciso de você, eu sei que as palavras duras que usei com você foram as piores e que te magoaram bastante... Mas, eu preciso de você. Preciso do seu perdão! Eu não quero que vá embora, eu te quero volta... Me perdoa?

—Vou te fazer uma pergunta e quero que você seja sincero comigo!- assenti apreensivo. —Esse tempo que você ficou fora... Você se relacionou com alguma mulher?- perguntou me olhando firme, meu sorriso se estendeu e ela me olhou confusa.

—Não meu amor, eu não conseguiria. Você sabe minha rotina e sabe que oportunidades não faltam mas, eu não teria coragem de fazer isso com você...

—Mas a gente não estava junto, tecnicamente você poderia ter ficado com alguém, você não estaria me traindo. – ela indagou

—Sim, você tem razão. Mas não fiz pois sabia que eu poderia dormir em qualquer cama com qualquer pessoa que fosse, mas ela não seria você e no fim eu me arrependeria. Não transei, não beijei, porque você tirou a graça de toda a outras mulheres. Eu não consigo desejar outra mulher sabendo que tenho você, eu sei que já te trai aquela vez mas foi em outros tempos, eu tive um deslize, e esse foi o suficiente para saber que nunca mais vou repetir.

—Eu confio em você!- ela disse sorrindo mas seu sorriso cessou. —Mas e você, confia em mim?