Sentia a água escorrer pelo meu rosto, em seguida o resto do meu corpo.
- Aquele idiota! Pelo que eu saiba, quando as pessoas pedem desculpas, elas falam "Ah, que isso, tá tudo bem" e ele da um sorriso? Agr!
×××
Havia acordado sonolenta, claro, como todos os dias, mas nunca senti tanta saudade da minha calma. Por que eu não entrei em casa logo?! Eu poderia ter perdido meu tempo com minhas tarefas. Clara, sua idiota!
- Clara! - Ouvi a Tayna gritar - Vem comer!
×××
Colégio, 06:56 A.M
Tínhamos comido, e agora estou indo na direção da sala, mas... Estou ajoelhada no chão, com algum tipo de diário antigo.
- Uh? É antigo, que raro... - Falei para mim mesma.
- Licença, poderia me dar meu bloco de notas? - Essa voz, porém não encantadora, ríspida!
Levantei uma sobrancelha, ele está pensando que eu li?
Apenas dei em sua mão e sai. Eu havia prometido a muito tempo que iria focar apenas nos estudos, e a partir deles, iria descobrir um novo significado para viver.
Assim entrei na sala de aula e foquei nesse pensamento.
×××
Biblioteca, 10:12 A.M
Estava terminado de ler o livro, quando senti uma mão em cima do meu ombro.
- Licença, não deveria estar na sala? - A voz aparenta ser de um garoto.
- Uh? - Virei-me para encara-lo.
Era um garoto loiro, ambos olhos a mesma cor. Vestia uma blusa simples azul, acompanhado com uma calça branca.
Digamos que ele tinha um jeito intelectual.
- Ainda estamos no intervalo - Respondo, após analisa-lo.
- Não - Ele riu - Suponho que a aula de matemática já tenha começado.
- Se já começou, o que faz aqui? - Peguei meu celular, e eram 10:15. Ok, atrasada.
- Porque sou o representante de turma, Heartfilia. Aliás, prazer, Nathaniel - Ele sorriu.
- Uh, vai me pôr na detenção? - Perguntei, indo em direção para colocar o livro no lugar.
- Não, se você for logo a aula - Apenas soltei um "uh"e sai.
Bati na porta da sala, vi a porta ser aberta por uma professora com a expressão de raiva, possuía um cabelo castanho curto, mais comprido do lado esquerdo, e olhos cinza. Ela vestia um vestido azul, junto a um cinto preto e uma fivela dourada, com jaleco por cima.
- Algum problema? - Disse, ríspida. Por que não me surpreendo?
- Posso entrar?
- Não, é quase 20 minutos de atraso, acha que irei aceitar isso? - Minha expressão continuou a mesma, impassível. Ela suspirou - Como é minha primeira aula, deixarei, mas não aceitarei mais atrasos!
Apenas passei pela porta e como sempre, todos olharam para mim, apenas sentei no meu lugar.
Descobri que chamava-se Delanay, e era professora de Biologia, Química e Física.
Apesar de ela ser ríspida, sou de biológicas e exatas, então nem me importei ao seu tom.
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Sala de Aula, 12:49 P.M
A aula havia acabo faz uns quatro minutos, e nesse tempo estava organizando minha mochila. Estava pensando o resto da minha rotina, já que ontem não organizei ela por causa da minha raiva, falando em sentimentos, preciso controlar mais o meu para me manter firme.
- Oi, Clara - Essa voz, só pode ser da Rosalya, ignorei-a.
- Ei, Clara, não é legal ignorar as pessoas, sabia? - Agora a voz do Alexy, ele é algo tipo de dramático?
Coloquei a mochila em minha costa, e virei-me para direção da porta, mas estavam ocupadas por Alexy e Rosalya.
- Liçenca - Falei, impassível. Os dois não saíram do meio - Licença - Falei mais ríspida. Os dois não saíram!
- Que seja - Voltei para minha cadeira e tirei um livro do mesmo. Obrigada, Zeus, por esse livro!
- Oi, Clara - Rosalya falou de novo, ignorei-a de novo.
- Ei, Clara. Não é legal ignorar as pessoas, sabia? - Alexy repetiu sua frase, porém, ele puxou o livro das minhas mãos.
- Ei, Alexy, não é legal pegar as coisas dos outros, sabia? - Ironizei.
- Lucíola - Rosalya leu o nome empregado a capa.
- José de Alencar - E Alexy completou.
- Sim, Lucíola, uma das mulheres de Alencar. Ouviram falar? - Perguntei com sarcasmo.
- Sim, uma história narrada por Paulo, seu amante - Essa voz. Lysandre!
Direcionei meu olhar para o mesmo.
- Ué, cadê o tom ríspido de hoje? - Sarcasmo de novo, ele franziu a testa.
- Que surpresa a senhorita se interessar por romances - Comentou, ignorando minha pergunta.
- Que surpresa alguém sorrir, invés de falar "Tudo bem" - Fiz referência a minha desculpa.
- Aliás, é um belo enredo - Comentou sorrindo, novamente ignorando-me.
- Acho que estamos atrapalhando, Rosa - Alexy falou para Rosalya com um sorriso malicioso destacado.
- Concordo, Lex - A mesma também sorriu maliciosamente, continuei com a mesma expressão, impassível.
- Poupe-me. Poderia devolver meu livro? - Estiquei minha mão na direção de Alexy que havia pegado meu livro.
- Uh... só se você fazer um favorzinho - Ele deu um sorriso enorme.
- Não, aliás, o livro é meu.
- Agrh! Como você é chata! Nós só queríamos te chamar para ir ao shopping conosco - Rosalya se meteu.
Analisei a situação, não por eles, mas sim por mim. Eu precisava de alguns itens para meu quarto, já que me mudei.
- Quem vai? - Perguntei numa possibilidade de ir.
- Eu e o Lex precisamos de comprar roupas novas, fora o Lys-fofo e o Cast porque precisam de algumas coisas para sua banda.
Lys-fofo? Eles são algum tipo de namorados? Fora que a Rosalya tem um tanto estilo vitoriano.
Olhei o Lysandre para encara-lo, e de novo ele estava prestando muito atenção em mim, isso inclui minha respiração.
- Tudo bem - Voltei a olhar os outros, os olhos dos mesmo brilharam - Não vou fazer isso por vocês, e sim porque preciso comprar alguns itens para meu quarto.
- Seu quarto? Por quê? - Lysandre, ou melhor, Lys-fofo se intrometeu.
Por um segundo veio a minha mãe na minha mente, claro, ela é o motivo.
Olhei para Lysandre com raiva, que me lançou um olhar surpreso.
- Poderia me dar o meu livro agora, Alexy? - Minha voz apontava raiva. Eu tenho que sair daqui antes que meu corpo trema de raiva.
- Ah, claro - Ele parecia triste e surpresa pela minha reação, aliás, todos estavam.
Ele devolveu meu livro, e o coloquei dentro da minha mochila e sai daquela sala sufocante.
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Sala de Jantar, 13:21 P.M
Após ter saído da escola, apenas tomei um banho e vir almoçar com a família do meu pai.
O almoço só dava para escutar a voz da Thayna e de sua mãe, Lisanna, apenas algumas palavras do meu pai, e eu, obviamente calada.
- Clara, eu fui arrumar seu quarto hoje, e não estava decorado, quer alguma ajuda com ele? - Lisanna comentou.
Automaticamente lembrei da conversa de hoje cedo. Estava quase tremendo de raiva.
- Estava planejando ir no shopping algum dia desses para comprar as decorações - Falei, impassível. Se eu tentasse falar gentilmente, ia sair a raiva na minha voz.
- Que bom, querida. Então vai querer algum dinheiro para isso?
- Sim, mas não se preocupe que vai me dar, é o meu pai, obrigada.
Ele olhou pra mim inacreditável. Ignorei-o. De qualquer forma não iria ser para sempre, procuraria algum emprego, para me ocupar mais e não ficar dependendo desse homem.
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Biblioteca, 09:36 A.M
Cá estava eu procurando emprego pelo computador da escola, eu tinha o meu, mas ontem me ocupei em estudar que esqueci.
A maioria dos empregos que procurava eram muito longe, e as outras pediam algumas exigência, como idade pelo menos dezoito anos, e eu tenho dezesseis.
Só ficaram ser recepcionista numa papelaria, só que tem um problema, eu sou péssima com pessoas, mas vou pensar melhor, porque é emprego, né.
Eu parei de digitar, e me espreguicei, olhei para o lado e vi aquele famoso diário antigo.
- Tsc, mas que garoto esquecido! - Disse, pegando o bloco de nota do garoto, olhei no meu celular que horas eram, e faltavam uns vinte minutos para a aula.
Decidi procurá-lo.
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Clube de Jardinagem, 09:40 A.M
Havia procurado em tudo que era canto, mas estava evitando um local, e era nessa local que estava entrando.
Esse clube é realmente bonito, tudo muito bem cuidado. Virei-me para olhar a maior árvore dalí, Lysandre estava escorado na mesma, parecia dormir, pude sentir as minhas bochechas queimarem, ele parece um anjo dormindo.
Bati levemente no meu rosto, tirando esse pensamento.
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