História Eu Sei Que Você Me Ama - Capítulo 2

Eu Sei Que Você Me Ama! – Capítulo II

9¾

- Você? – Baekhyun controlou-se para não gritar e assim assustar seus pais.

Como assim, Park Chanyeol era o cara que havia ligado pela manhã? Demorou até a ficha cair, se bem que, naquele caso, ela nem caiu, quem caiu foi o queixo do Byun quando reparou melhor no “ilustre” visitante da noite.

Não podia negar que sim, era bonito. Muito bonito, do tipo bonito para o caralho. Também não podia negar o fato de que ele tinha um sorriso enormemente encantador, cheio de dentes brancos e perfeitamente enfileirados. Até as orelhas, que eram bem grandes, eram bonitas e não lhe pareciam algo estranho. Ah! Ele também era muito alto, alto demais, e até mesmo as pernas tortas like a alicate de bijuteria lhe pareciam em conformidade com tamanho carisma. Se esquartejado, talvez fosse algo estranho, mas aquele cara formava um conjunto e tanto, era preciso admitir.

Mas é lógico que tudo isso não tirava o fato de que ele era prepotente e abusado a níveis extremos. E sim, isso inviabilizava uma primeira boa impressão.

- Quem mais seria, amorzinho? Eu não avisei que vinha aqui hoje à noite? Tudo bem que eu vim mais cedo... mas eu disse que viria! – ditou Chanyeol com os olhos brilhando. Só de olhar Baekhyun de perto, sentia o coração bater mais rápido que mão de adolescente quando descobre o prazer chamado punheta.

- Amorzinho vai ser a minha mão na tua cara! – Baekhyun ameaçou, abrindo bem a mão na intenção de cumprir com sua ameaça, mas Chanyeol se aproximou repentinamente e com apenas uma, cobriu a semelhante do menor quase por completo.

- Oh! Suas mãos são tão lindas e macias – Chanyeol nem ligou para a ameaça, apenas sentiu o calor e maciez da mão de Baekhyun na sua – Meu amorzinho tá muito estressado – ditou num bico manhoso, franzindo as sobrancelhas.

- Escuta aqui, idiota! – Baekhyun afastou-se ao sentir o sangue ferver pela ousadia alheia e num puxão nada delicado, livrou a mão da semelhante de Chanyeol – Pra começo de conversa, não me chame de amorzinho, entendeu?! Não te dei liberdade pra isso. E outra... nem sei quem você é! – falou com o dedo rente ao rosto de Chanyeol.

- Errado! – Chanyeol ergueu a mão direita fazendo o sinal de pare, antes que Baekhyun furasse seu olho – Você já sabe que me chamo Park Chanyeol – corrigiu o outro com um sorriso enorme na face, dando uma piscada de olho em seguida – Logo, teoricamente,  claro, você me conhece sim! – aquele sorriso enorme com um ar vitorioso, estava deixando o baixinho profundamente irritado. Baekhyun era altamente irritável, quase um chihuahua.

- Que seja! Mas mesmo assim... Eu... Eu não sei de onde veio ou o que você faz... Não sei nada de você além do nome! Por isso você não tem direito algum de me chamar de amorzinho – Baekhyun estava nervoso na tentativa de deixar as coisas claras e se manter “por cima”, mas já na primeira tentativa foi facilmente quebrado pelo outro.

- Sou daqui da cidade mesmo – Chanyeol iniciou sua explicação, sempre mantendo aquele sorriso largo e que apertava seus olhos – E trabalho com sua mãe já tem uns três anos, ou mais e ela me conhece muito bem – contou – Mas você me conhecerá com o tempo, não se preocupe... teremos muito tempo pra isso – rebateu o que Baekhyun havia falado sem, em nenhum momento, perder o sorriso vibrante, que só aumentou ao ver a expressão surpresa de Baekhyun. As reações dele eram tão sinceras e transparentes que o deixava ainda mais apertável e mordível.

- O que você pretende com essa brincadeira idiota? Onde quer chegar com isso? – Baekhyun estava lutando para manter a calma e não gritar, mas estava difícil. Chanyeol tinha uma resposta para cada pergunta que fizesse, parecia que tudo já estava ensaiado. É... só podia ser brincadeira, toda essa situação.

- Quem disse que estou brincando? – Chanyeol respondeu diminuindo um pouco o sorriso, deixando transparecer a seriedade no que falava – Nada disso é brincadeira. Em momento algum foi... e onde quero chegar? Isso depende de você, mas só de ter chegado até aqui, eu já me sinto muito bem – voltou a mostrar o sorriso que formava uma bela combinação com seus olhos brilhantes.

- Como assim, depende de mim? – Baekhyun não entendeu o que Chanyeol tinha falado, e a sobrancelha erguida era a prova daquilo.

- Se vou ou não chegar onde quero, oras! – Chanyeol explicou calmamente se aproximando um passo a mais de Baekhyun. Deixando ainda mais claro a diferença de altura.

- E... e onde que você quer chegar? – Baekhyun levantou o rosto e manteve a sobrancelha erguida em sinal de desconfiança.

- Aqui – tocou no peito de Baekhyun, onde descompassadamente batia seu coração. Pode sentir as batidas fortes ao tocar ali, e isso o deixou mais feliz ainda, o coração de Baekhyun estava acelerado por sua culpa.

Sabia bem que não era de paixão que o coração de Baekhyun batia tão rápido naquele momento, mas mesmo assim, era por sua causa. Não importava o motivo, só de saber que fazia o coração do baixinho acelerar, já valia a pena.

- Tá louco? – Baekhyun afastou-se rapidamente de Chanyeol. Por algum motivo desconhecido, e que o assustou bastante, naquele momento seu coração, que já batia rapidamente em seu peito, ao toque de Chanyeol, acelerou mais ainda.

- Por você? Estou sim! – Chanyeol não tirava aquele sorriso bobo do rosto de jeito nenhum – Nunca neguei.

- Sério... você não é normal – Baekhyun falou da curta distância onde se encontrava, analisando Chanyeol de cima a baixo.

- Normal? Nunca fui... mas gosto do que sou! – Chanyeol comentou com tranquilidade, pouco se ofendendo com as palavras do Byun, do qual se afastou para se aproximar do espelho que ficava numa parede próxima, onde, calmamente, ajeitava os cabelos fazendo algumas caras e bocas. E aproveitou para mandar alguns beijinhos pra Baekhyun, pelo reflexo do espelho.

- E ainda por cima é narcisista – Baekhyun lhe lançou um olhar de reprovação e em seguida cruzou os braços, balançando a cabeça negativamente, nunca clara expressão de reprovação.

- Não é ser narcisista, Baekhyun... é apenas aceitar as coisas como elas são – Chanyeol deu de ombros enquanto falava calmamente, dando os últimos retoques no cabelo – E eu acho que eu sou, no mínimo, um cara bonito – afirmou, seguro do que dizia.

- Você por acaso não se enxerga? – Baekhyun indagou, rindo sarcasticamente em seguida.

- Claro que me enxergo. E por sinal, gosto muito do que vejo... você gosta do que vê? – calmamente, Chanyeol abriu os braços e ficou de frente pra Baekhyun mais uma vez.

- É o que? – Baekhyun estava incrédulo com a audácia de Chanyeol. Achava não ser possível existir uma pessoa assim, mas existia, e estava ali, bem na sua frente.

- Olhe pra mim e diga sinceramente... eu sou feio? – Chanyeol manteve os braços abertos e deu uma voltinha em seguida.

- B-be-bem... – Baekhyun jamais poderia dizer que Chanyeol era feio, mentiria pra o outro e pra si mesmo. Tinha de ser sincero naquele momento, e feio era algo que Chanyeol, definitivamente, não era.

- Viu?! Não sou feio! Você mesmo admitiu isso quando gaguejou. É errado eu gostar de mim? – Chanyeol cruzou os braços e ficou tranquilamente a encarar Baekhyun.

- Não! – Baekhyun respondeu de imediato, porque realmente não era. Acreditava que, se a pessoa não gostasse de si, não poderia gostar de outra pessoa.

- E então? O que tem de errado eu gostar de mim? Por isso que volto a dizer que não sou narcisista – Chanyeol defendeu-se – Narcisista é alguém que é apaixonado por si próprio – explicou voltando a se olhar no espelho.

- E você não é? – indagou com desdém. Pra Baekhyun, Chanyeol era narcisista sim.

- Não... sou apaixonado por você, é diferente – afirmou, olhando Baekhyun pelo reflexo do espelho, e rindo ao vê-lo ficar com o rosto vermelho de vergonha e logo ficando de costas pra si.

- Ora, seu... – Baekhyun abriu a boca para falar o resto da frase, mas foi impedido.

- Olha a boca, mocinho – Chanyeol falou numa falsa bronca – Falar palavrão é feio! – reforçou, olhando seriamente pra Baekhyun, que virou para si com indignação clara em seu rosto.

- Agora vai me tratar como criança? – Baekhyun ergueu a sobrancelha, era inacreditável o que estava vivendo naquele momento. Será que além de abusado, Chanyeol queria bancar o sensei tarado dos mangas yaoi?

- Claro que não! Até porque você não tem idade pra isso, mas te trataria como um rei se você me permitisse – Chanyeol deixou o sorriso de lado pra poder falar aquilo, porém da maneira mais séria possível.

- Eu... você... – Baekhyun daria uma resposta bem desaforada pra Chanyeol, mas simplesmente ficou sem saber o que falar, porque mais uma vez foi desarmado pelo mais velho. Era incrível a capacidade que Chanyeol tinha em lhe deixar sem palavras.

- Eu sei.... eu e você formaríamos um casal lindo, olha – Chanyeol se aproximou e passou o braço pelos ombros de Baekhyun, virando-o de frente ao espelho, apontando pra o reflexo de ambos no objeto que estava pendurado na sala – Não acha? Olha como somos lindos. Nos completamos – afirmou.

- Não era isso que eu ia dizer, seu ridículo! – Baekhyun afastou-se rapidamente de Chanyeol. Sentia o rosto pegar fogo. Porque ficava tão envergonhado perto dele? Porque seu coração batia tão forte? E porque a imagem de Chanyeol o abraçando em frente ao espelho ficou gravada em sua memória? Porque, porra?

- Ia dizer o que então? – Chanyeol cruzou os braços e voltou a encarar Baekhyun com aquele sorriso enorme e iluminado.

- Er... Ah! Vou pro quarto... – Baekhyun virou-se e postou-se a andar, queria sair dali o mais rápido possível.

- Byun Baekhyun! – a voz autoritária de Yejin o fez travar imediatamente onde estava – Ia sair e deixar o Chanyeol sozinho, na sala? É essa a educação que eu te dei, garoto? – sua voz se alterou. Sempre foi muito rígida na criação do filho, e aquilo era algo que não perdoava – Quer que eu quebre tua cara agora mesmo? Eu quem fiz, então eu tenho o direito de acabar com ela!

- Não, não, Yejin, calma! – Chanyeol falou rapidamente, tentando acalmar a mulher ali – Ele vai pegar o celular dele pra me mostrar as músicas do No Minwoo, não é, Baekhyun? – lançou um olhar significativo que logo foi entendido pelo outro.

- S-sim, Omma... É isso mesmo – Baekhyun estava com o olhar perdido e o sorriso amarelo. Sua salvação foi Chanyeol, tinha que admitir isso e o agradecer depois – Era isso... já volto, Chanyeol... é rápido! – saiu correndo da sala.

- Chanyeol, por favor, não leve isso em consideração, ok?! Ele me paga – Yejin falou pra Chanyeol.

- O que é isso? Fique tranquila... Ele só foi pegar o celular, acredite em mim! – Chanyeol falou calmamente, sem perder o sorriso gentil.

9¾

Baekhyun entrou no quarto, fechou a porta e escorou seu peso nela, deixando seu corpo ir descendo aos poucos enquanto tentava normalizar a respiração, que estava por demais acelerada, assim como seu coração.

O que estava acontecendo naquele dia? Primeiro recebeu uma ligação de um estrando dizendo que era seu namorado, depois o estranho aparece na sua casa, descobre que se chama Chanyeol, que trabalha com sua mãe e ainda é amigo dela. Para sua segunda maior surpresa, era super gato. Não podia negar aquilo nem em mil anos. Para terceira surpresa, vai lhe levar até a casa de campo. Para a quarta, Chanyeol diz que está apaixonado por si e que quer chegar em seu coração... Era muita informação para sua pobre cabeça suportar e muita surpresa para um dia só.

Estava terrivelmente perdido em seus pensamentos, mas foi tirado deles quando ouviu, e sentiu, fortes batidas na porta.

- Meu filho foi fabricar o celular, foi? – pode ouvir Yejin indagar seriamente com aquele seu jeito amistoso, simpático e sarcástico de sempre. Insira aqui um card de ironia.

- Não, Omma! Estava procurando o carregador. O celular está quase descarregando... só tem dois por cento – Baekhyun respondeu desesperadamente enquanto corria pelo quarto à procura do objeto falado.

- Vê, Chanyeol? É por isso que eu quero que você vá levar ele – Yejin falou para o maior, que estava ao seu lado – Esse menino só não esquece a cabeça em casa porque é colada no corpo, se não fosse por isso, seria uma mula sem cabeça legítima – a preocupação em seu rosto era grande, muito embora o filho não pudesse ver, mas pelas gargalhadas do Park, ela estava fazendo aquela cara outra vez.

- Mula sem cabeça? – Baekhyun perguntou assim que abriu a porta. Estava visivelmente indignado com o que sua mãe acabara de falar – Me chamou de mula sem cabeça, Omma? – não podia acreditar no que estava ouvindo.

- Eu não disse que você era, disse que seria, caso sua cabeça não fosse colada no corpo – Yejin explicou tranquilamente – Enfim, meu filho, vá logo mostrar as músicas pra o Chanyeol que vou ajudar seu pai com nossas malas, depois que terminar ele vai falar algo com Chanyeol, então... – apontou pra o filho e estreitou os olhos – Trate a visita com bastante educação, caso contrário já sabe, não é?

- Sem celular e internet por um mês... no mínimo – Baekhyun respondeu revirando os olhos.

- Olha! Até que não é tão cabeça de vento assim – Yejin sorriu amorosamente para o filho – Não é que nessa massa cefálica ainda existem neurônios vivos?! Passada! – deu um beijo em sua testa e seguiu pra seu quarto.

- Essa mulher ainda me mata... de vergonha, claro – Baekhyun resmungou pra si mesmo, respirando fundo em seguida.

- Não se preocupe, seu príncipe estará aqui pra te salvar! – Chanyeol afirmou, estufando o peito sorrindo graciosamente, mas seu sorriso morreu quando ouviu Baekhyun rindo alto. Uma risada que seria linda, se não estivesse desdenhando de si – Qual foi a graça? – fez bico.

- Que tipo de príncipe é você? – Baekhyun indagou ironicamente, ainda rindo um pouco – Ok, vejamos... Alto, forte, bonitão, o que mais? – tentava segurar a vontade de rir enquanto contava as “qualidades” de Chanyeol nos dedos – Se acha o rei da cocada preta, quer dizer... o príncipe da cocada preta. Ah! Esqueci do cavalo! Você tem cavalo, né?! Príncipe sem cavalo é o mesmo que a Britney sem auto-tune, meu querido. Um não existe sem o outro – explicou – Então você deve ser um daqueles príncipes que vem num cavalo branco, né!? Acertei? – completou sua “análise” com uma boa e gostosa risada – Fala sério! – deixou seu sorriso morrer e se converter numa expressão de incômodo.

- Não! – Chanyeol respondeu mantendo o bico – Não sou do tipo que vem em cavalos, até porque cavalos fedem… mas vim num Audi R8 Spyder com 600 cavalos de potência – falou calmo ao mesmo tempo que Baekhyun arregalava os olhos – E claro... é branco – sorriu, por fim, dando uma piscada de olho.

- Tá de onda, né?! – Baekhyun riu do que Chanyeol falou. Por um momento havia acreditado.

- Estou falando a verdade, não acredita em mim? – Chanyeol indagou, vendo Baekhyun negar com a cabeça – Vai lá fora então, sabichão – falou seguro, vendo Baekhyun andar até a sala, o seguindo de perto.

Logo viu Baekhyun parar junto à janela da frente e ver estacionado em frente à sua casa aquele carro tão perfeito, que mesmo de noite, era impecavelmente brilhante. Baekhyun podia não ser amante de carros, mas sendo um daqueles era impossível não se apaixonar... pelo carro.

- Quem garante que é teu? Pode ser de algum dos vizinhos ou alguém que veio visitar eles – Baekhyun não queria acreditar em Chanyeol. Morava em um bairro nobre, e era comum ver carrões importados estacionados pela rua, muito embora nunca tivesse visto por ali um daquele tipo.

- Ok! – Chanyeol colocou a mão no bolso, tirou as chaves do carro e entregou a Baekhyun – Aqui... pode apertar – ditou assim que o outro estava com as chaves em mãos.

Imediatamente Baekhyun analisou aquelas chaves. Não haviam quaisquer marcas estampadas, então apenas apertou o botão com o símbolo do cadeado e ficou chocado quando viu o veículo piscar e buzinar duas vezes, indicando que estava destravado. Ficou com os olhos arregalados mais uma vez, e nem sabia mais qual o número daquela surpresa, foram tantas desde o começo do dia, que já tinha perdido as contas.

- Viu que eu vim nele? – Chanyeol, mais uma vez, sorriu vitorioso.

- De onde você tirou tanto dinheiro pra comprar esse carro? – foi impossível Baekhyun segurar aquela pergunta.

Vivia sim, num bairro nobre, mas a casa em que morava era de herança, e embora seus pais fossem corretores de imóveis e ganhassem bem, sabia que eles não tinham condições de comprar um carro daqueles. E até teriam, mas precisariam trabalhar bastante para isso, e como Chanyeol trabalhava com Yejin, Baekhyun sabia mais ou menos quanto ele recebia mensalmente, e por ser novo, acreditava que o maior não teria como juntar tanto dinheiro em tão pouco tempo, a menos que fosse rico... muito rico.

- Além de corretor de imóveis, também trabalho como modelo e, claro, esse carro não é meu, é do meu pai – Chanyeol sorriu revelando seu “segredo” – Ele é dono de uma locadora de veículos e tem alguns modelos de luxo, mas eu disse que vim num Audi, não que tenho um Audi, portanto, não menti em momento algum – sorriu mais uma vez, pegando as chaves da mão de Baekhyun e travando novamente o veículo ao tempo que se afastava da janela e se aproximava do sofá – Mas me mostra a música nova do Minwoo – já sentado, voltou sua atenção pra Baekhyun, que ainda estava parado na janela, olhando aquela máquina estacionada em frente à sua casa. Seria estranho pedir para ar uma voltinha?

- Como sabe que tenho músicas do Minwoo no celular? – só então Baekhyun se tocou daquele detalhe, que era, no mínimo curioso... Como Chanyeol sabia que tinha aquelas músicas ali?

- Entenda, Baekhyun, fomos feitos um para o outro – Chanyeol sorriu amorosamente para o mais novo – É questão de tempo até você se dar conta disso – falou calmo, porém, seguro do que dizia. E disse com tanta certeza que Baekhyun, por um momento, chegou a acreditar nas palavras dele.

- E quem disse a você que eu gosto de homens? – Baekhyun tentou, mais uma vez, reverter a situação para o seu lado, mas estava ficando cada vez mais difícil.

- Se você não gostasse, teria dito desde o primeiro momento em que liguei de manhã – Chanyeol respondeu tranquilamente – Por acaso não lembra o que você me disse hoje?

- “Mas eu não tenho namorado! ” – Baekhyun pensou consigo – “Merda! Dei bandeira demais” – recriminou-se.

- Pelo visto se lembra, não é!? – Chanyeol provocou, alargando ainda mais aquele sorriso de quem havia ganhado a batalha.

- É... me lembro sim – Baekhyun foi forçado a admitir.

- Foi justamente por isso que eu falei que seria seu namorado – Chanyeol tirou o celular do bolso.

- E o que te faz pensar que eu te quero como meu namorado? – já que não haviam mais possibilidades de argumentar com Chanyeol, Baekhyun decidiu tentar outra estratégia, só não sabia qual. Esperava ter alguma durante a conversa.

- Você está solteiro, não está? – Chanyeol desviou a atenção do celular pra Baekhyun, que ainda estava parado em frente à janela.

- O fato de eu estar solteiro não quer necessariamente dizer que eu esteja desesperado a ponto de me agarrar com um qualquer que aparece dizendo que tá apaixonado por mim! – Baekhyun respondeu mostrando um sorriso triunfante no final. Quem ria por último, ria melhor.

- Mas eu não sou um qualquer! – Chanyeol afirmou olhando sério pra Baekhyun.

- Mesmo que não seja... eu estando solteiro não diz nada sobre eu querer, ou não, ter algo com você – Baekhyun falou, cruzando os braços, e não disfarçou o sorriso quando viu o sorriso de Chanyeol morrer.

- E o que te impede de ter algo comigo? – Chanyeol deixou de lado todo ar de brincadeira e bom humor que estava antes. Estava sério... bem sério.

- Bem... er... – aquela pergunta pegou Baekhyun de surpresa. De fato, não havia nada que o impedisse de ter algo com Chanyeol, ou melhor, tinha... ele mesmo. Ficar com Chanyeol era algo que, pelo visto, dependia apenas de si mesmo.

- Pronto, Chanyeol – Yejin apareceu na sala – Dobin está te esperando, lá no escritório – falou tranquila – Espero que esse mocinho tenha te tratado bem – olhou sério pra Baekhyun, que instintivamente se encolheu.

- Lógico que me tratou bem – afirmou, olhando sorridente pra Baekhyun – Ele é realmente um menino de ouro. Parabéns, Yejin, você soube o educar muito bem – falou ao tempo que se levantou do sofá e fez uma reverência à mulher que estava em sua frente, virou-se pra Baekhyun, piscou o olho e saiu da sala.

Mais uma vez Chanyeol deixou Baekhyun sem palavras. O havia tratado bem? Não! Muito pelo contrário, mas Chanyeol o encobriu. O que ele queria consigo? Será que tudo o que ele disse era verdade? Estava confuso com tudo aquilo. Se pudesse classificar Chanyeol com um único adjetivo, seria incomum.

- É ele que vai me levar amanhã? – Baekhyun indagou pra sua mãe, que havia acabado de se sentar no sofá e estava prestes a ligar a televisão.

- É sim. Porque? Tem algo contra? – Yejin foi direta na pergunta, mantendo a mesma “suavidade” em suas palavras.

- Não, Omma... claro que não – Baekhyun adiantou-se em esclarecer. E mesmo se tivesse, Chanyeol o levaria de qualquer jeito. O que sua mãe decidia estava decidido, ponto final e foda-se sua indignação com aquela situação.

- Chanyeol é um bom rapaz... muito respeitador e responsável também – Yejin falou calmamente, já não tão grossa como sempre, mas mostrando seu carinho de mãe para com Baekhyun, seu único filho – Você sabe que eu não deixaria qualquer um lhe levar pra lá, e embora eu não demonstre, você é meu bem mais precioso nesse mundo e eu não deixaria que ele o levasse se não confiasse plenamente e tivesse a certeza de que ele cuidará muito bem de você, Baekhyun.

Yejin definitivamente não se encaixava no estereótipo de mãe amorosa e carinhosa, definitivamente não. Mas em contrapartida à falta de expressão afetuosa, o zelo e cuidado que ela tinha para com o filho eram indiscutíveis, tanto que Baekhyun já tinha quase dezenove anos e ainda não tinha tirado, sequer, a carteira de motorista. O fato era bem simples, segundo Yejin, Baekhyun era tapado demais para dirigir um carro, e ainda afirmava categoricamente que um carro na mão de Baekhyun, era pior que bomba na de terroristas.

- Tudo bem, Omma – Baekhyun respirou fundo e internalizou aquelas informações. Pelo visto, Chanyeol não só lhe levaria, como também ficaria consigo durante o tempo que ficasse fora, então, a Baekhyun só restava aceitar as ordens da General Yejin.

- Então vá logo arrumar suas malas, Chanyeol chega aqui amanhã logo cedo – falou finamente ligando a TV.

Sem mais dizer nada, Baekhyun saiu da sala e foi diretamente para o seu quarto, onde pegou sua mala e ficou a pensar no que colocaria para passar aquela semana na casa de campo, já que a sua seria dedetizada e nesses períodos não podia ficar em sua casa, pois era altamente alérgico, tanto aos produtos usados na dedetização quanto a outros diversos produtos em geral.

Olhou seu guarda-roupa e pensou na época do ano. Roupas pesadas não seriam necessárias, pois estavam numa época quente, então pegou oito bermudas para que usasse durante o dia, assim como oito camisetas e quatro sungas. Pegou também quatro conjuntos de pijamas, já que quando ia para a casa de campo não saía à noite, portanto ficaria a noite toda de pijamas.

Ao olhar a mala, viu que nesta já não cabia mais nada, então pegou a segunda, onde colocou uma bolsa com todas as cuecas que imaginou precisar para aqueles dias e mais cinco de emergência. Uma nécessaire com shampoo, condicionador, escova de dentes, pasta, desodorante, perfume, hidratante e gel de cabelo.

Colocou, na mesma mala, uma segunda nécessaire maior, onde estavam seus remédios de alergia para o caso de alguma eventualidade, outro remédio pra dor, dentre outros, e também colocou dentro um pequeno kit de primeiros socorros. Graças a sua mãe sempre andava com um na bolsa, pois, como ela mesma sempre falava: “Nunca se sabe o que pode acontecer quando se coloca os pés fora de casa”.

Olhou atentamente, e ainda tinha um espaço, nele colocou um segundo par de sandálias. Colocou também meias e então partiu pra sua bolsa de costas, onde estava levando seu notebook, o carregador dele, assim como carregador do celular, seu par de fones, carteira com seus documentos e algum dinheiro para o caso de pararem pra comer algo no meio da viagem, e só então sentou na cama olhando o relógio. Havia batido um recorde, organizou as malas em pouco mais de quarenta minutos.

Após dar uma última conferida nas malas e se certificar de que estava tudo correto, foi para a sala, onde sua mãe se despedia de Chanyeol.

- Venha se despedir do Chanyeol – Yejin chamou Baekhyun, que ao ver Chanyeol, sentiu o rosto corar e o coração acelerar novamente, fato que não passou despercebido pelo maior, pelo menos no que diz respeito ao rubor de seu rosto.

- Obrigado pela visita – Baekhyun falou enquanto fazia uma breve reverência – Nos vemos amanhã de manhã! – completou em voz sair baixa.

- Sim, nos vemos amanhã! – Chanyeol afirmou com um enorme sorrindo no rosto – Durma bem.

- Obrigado, você também... E dirija com cuidado – Baekhyun sentia vontade de sair correndo dali, mas com sua mãe por perto era impossível, então teve que se controlar ao máximo.

- Omo! Como meu filho é educado – Yejin falou orgulhosa deixando transparecer um enorme sorriso de satisfação enquanto assanhava o cabelo dele.

- Omma... Assim a senhora me encabula! – forçando o sorriso, Baekhyun deixou as palavras saírem sem que praticamente movesse os lábios, enquanto olhava para os lados quase entrando em pânico.

- É o que, garoto? Tá me chamando de cabulosa por acaso? – Yejin deu um tapa na nuca de Baekhyun, que imediatamente choramingou ao que colocou a mão no local recém-batido.

- Não foi isso que ele quis dizer, Yejin – Chanyeol partiu em defesa do menor e ficou passando a mão na nuca de Baekhyun, que não fez nada, apenas ficou quietinho, choramingando – Ele apenas quis dizer que você falando e fazendo essas coisas, deixa envergonhado – explicou.

- Ah! Sim, desculpe, Baekhyun – Yejin falou dando um beijo na testa do filho – Mas vá dormir. Amanhã cedo o Chanyeol chega e você pra acordar é pior que uma anta com febre – o empurrou Baekhyun pra fora da sala, dando dois tapinhas em seu bumbum.

Baekhyun saiu da sala como um raio, sem nem sequer olhar para trás. Em momentos como esse, sempre tinha o forte desejo de cavar um buraco no chão e se esconder, pois, certamente, a vergonha que sentia era tanta, que sumir era sempre uma ótima alternativa, mas como sumir não podia, corria. E foi isso que fez, ao entrar no quarto, fechou a porta num estrondo e deixou o corpo colado à madeira.

- “Porque eu fiquei nervoso desse jeito? ” – pensou consigo – “Eu não deveria ficar nervoso desse jeito… Na verdade, eu não deveria nem ir até a casa de campo, não com ele, claro… Mas não posso descumprir uma ordem da General Yejin, seria morte na certa… Aish… O que eu faço? ” – deixou o corpo descer até sentir o chão gelado abaixo de seu corpo, permitindo subir o arrepio pela coluna – Será que quando estiver lá ele vai… – os olhos arregalaram ao passar por sua cabeça que Chanyeol poderia tentar algo contra si, afinal de contas, seria uma semana com ele. Apenas os dois, e isso o estava deixando assustado.

Mas não havia muito o que ser feito, teria de obedecer às ordens de sua mãe, e nessa certeza, se moveu até a cama e se cobriu, deixando apenas a cabeça de fora. Mil coisas se passavam por sua cabeça naquele momento. Possibilidades das mais plausíveis até as mais absurdas que pudessem existir. E toda e qualquer possibilidade, por mais ensandecida que fosse, era válida pra Baekhyun e tudo isso o assustava.

Além de tudo o que permeava sua cabeça naquele momento, algumas coisas apareciam em sua mente como um flash, e uma delas era a imagem dele e Chanyeol em frente ao espelho. Poderia dizer que sim, ficaram bem juntos, mas se recusava a admitir aquilo.

Procurou, então, pensar em outras coisas, no que poderia fazer na casa de campo. Poderia caminhar pela pequena mata que existia lá, comer frutas diretamente do pé, tomar banho de piscina... essas possibilidades o tranquilizaram e já estava quase dormindo quando seu celular vibrou, anunciando uma nova mensagem.

Pegou o aparelho em suas mãos e abriu a mensagem. Ao ler as primeiras palavras, sentiu um frio subir pela espinha e seu coração disparar outra vez: “Boa noite, amor lindo! Durma bem, pois, a partir de amanhã, seremos apenas nós dois, beijos! ” Seu Chanyeol.

CONITNUA...