História Eu sempre a terei - O abismo.

Fazia uma semana que não nos falávamos. O coração ainda aperta de lembrar que deixei ela ir daquele jeito. Eu tinha que fazer algo pra mudar essa situação, pois desde aquele dia, minha vontade de fazer qualquer coisa tinha ido à zero. Eu passava horas com aquela vontade de ligar pra ela só pra saber se ela tava bem e isso não estava sendo saudável pra mim. Isso ia mudar hoje, Tarah tinha insistido pra que eu ligasse pra Laurel.

Ela atendeu depois do terceiro toque "oi Ana" "oi Laurel" "tava com saudade da sua voz" "eu também" "liguei por que não tava mais aguentando tentar adivinhar o que está acontecendo" "Amor, não quero brigar de novo" "mas você sabe que se a gente não falar sobre isso, nunca iremos resolver, Laurel" "eu sei, só para de me chamar pelo nome, sinto como se não tivéssemos mais nada com você me chamando assim" "como você quiser, só quero entender o que você queria dizer pra ter se enrolado tanto aquele dia" "eu queria dizer que...". A escutei suspirando e logo notei que aquilo não ia ser fácil "eu queria dizer que a gente precisa de mais tempo junta" "sério isso?" "Ana, amor, parece idiota, mas eu queria mais tempo pra gente. Nos vemos no máximo duas vezes por mês e olhe lá e as vezes, com toda essa distância, eu sinto que posso te machucar. Tu conhece meu passado, eu nunca tive um relacionamento muito sério, tu é o primeiro" "já faz 11 meses e tu começa a sentir isso só agora?" escutei ela fungando, e quando começou a falar, notei a voz embargada em choro "eu passei a sentir isso só agora, por que você foi pra mais longe ainda, o medo que eu tenho de te perder ficou mais forte. Em 11 meses eu sempre confiei em você e em mim mesma, sempre que saio com meus amigos eu te mando mensagem, penso no quão bom seria ter você comigo e isso me machuca, pois eu sei que é difícil você poder vim pra cá" ela fez uma pausa, como se tivesse recuperando o fôlego. Me doía escutar ela naquela situação. Era uma das raras vezes que ela chorava e eu sabia que tava sendo sério.

"Amor, calma, respira fundo. A gente ta tentando resolver e eu não gosto de te ver assim" "ta bom, mas eu quero deixar claro pra você que a gente é dois casos perdidos que se acharam uma na outra, e eu não quero me distanciar mais" "tu sabe que não tem como a gente ficar mais próxima, Laurel" "mas a gente podia né? Podia tentar se ver mais" "cara, não tem como, tu sabe disso, por mais que eu quisesse a gente não tem como se ver mais do que duas vezes por mês. Eu faço faculdade e você também, só temos os finais de semana, relacionamento a distância é isso mesmo" ela ficou em silêncio por uns minutos, até que enfim falou "não sei se eu consigo te amar com essa distância" isso fez com que o meu coração se fizesse em mil pedaços. Sabia no que ia dar, íamos terminar, eu não a veria mais, ia começar a ir mal na faculdade e isso faria com que eu voltasse pra casa. "Laurel, tu escutou o que acabou de dizer? Tens certeza do que você ta falando?" "não, eu não tenho certeza, mas Ana, tu sabe que isso é foda" "eu sei, mas estamos tentando não estamos? Deu errado? Não deu! A gente tava bem até você vim com essa ideia maluca de que a gente tinha que se ver mais" "a ideia não é maluca, a ideia era boa, sincera e era o que eu queria" "eu também queria, o problema é que não dá e você tem que entender isso, Laurel. A gente sabia das consequências desde o primeiro mês de namoro e quando eu disse que queria a faculdade, concordamos que ia ser mais difícil, mas que íamos continuar." fiz uma pausa. Pensei comigo que tinha ligado pra ela pra resolver e não complicar mais e olha o rumo que essa conversa ta levando. "Amor, eu não quero te machucar, sério. Eu quero te ver, será que pode ser assim? Nos vermos e tentarmos conversar melhor pessoalmente?" "Esse final de semana pode ser? Eu não vou ter prova semana que vem e não precisarei estudar" "okay, eu vou aí, fazemos alguma coisa aí no ap e já conversamos" "ta bom, a Tarah não vai ficar aqui esse final de semana, me parece ser bom assim" "acho melhor irmos dormir, já estamos conversando a mais de duas horas" concordei com aquilo mesmo sabendo que eu ficaria acordada até tarde pensando naquilo. Ia tentar me conformar que nosso namoro ia acabar mesmo tendo aquele fundo de esperança.