Acordei as seis da manha, mesmo sendo sábado e eu podendo dormir até mais tarde. Mas amanha é meu aniversario, não consigo contar a ansiedade diante da tal surpresa da Laurel. Fiquei por uns minutos apenas olhando para o teto, quando meu celular vibrou, era Mary “mas ela acordada assim tão cedo? O que será que ela quer?”. Ao abrir a mensagem, vi que ela estava me convidando para sair com ela e Beth, já que ela viria passar o final de semana aqui. Falei que iria ver com Laurel, mas que era quase de certeza que eu iria pra Criciúma para vê-las.
Voltei a dormir e acordei somente meio dia com Tarah batendo na minha porta “Ana, já é meio dia, vai quere almoçar?” “puta merda eu to atrasada e elas vão me matar” pensei comigo. Laurel tinha dito que não tinha problema que eu fosse vê-las, pois a surpresa que ela tinha, era só para o meu aniversario, então combinei com Mary e Beth que estaria ás duas no shopping e tendo acordado agora, provavelmente iria me atrasar.
Acabei saindo de casa sem comer, mal vestida e correndo, mas consegui chegar a tempo na rodoviária. Mandei mensagem pra Mary “saindo de tubarão” e ela respondeu com um emoji revirando os olhos “já estávamos aqui á uma hora” “não briga comigo nenê, acabei dormindo demais, mas to indo, não deixei de ir” “okay, vamos esperar então”. Achei incrível que ela não tivesse brigado mais, ela sempre brigava horrores quando eu me atrasava, mas que bom que assim foi.
Quando estava entrando na praça de alimentação, já as avistei, com aqueles balões idiotas, um no formato do número um e o outro no formato do número oito. Logo que me viu, Mary gritou e veio de encontro a mim. Meu coração não aguentou, admito que uma lagrima foi derramada quando ela pulou nos meus braços, envolvendo aqueles pequenos braços no meu pescoço e me apertando como se quisesse matar toda saudade que sentia. “Eu estava com tanta saudade de você, Mary” “depois você lamenta por não ter mantido contato, vai cumprimentar a Beth, que ela ta com saudade de você”. Assim que a abracei, senti o coração dela disparado e então ela sussurrou no meu ouvido “isso é só o começo desse final de semana”. Me afastei sem entender, mas então ela falou “a Laurel” e meu coração foi na mão. “Ela falou com vocês?” “porra Beth, sério que você já soltou? Era pra esperar pelo menos a gente por o papo em dia né” “Mary, você também sabe?” “sei” ela disse com uma cara maliciosa “eu sei de tudo bebê”.
Depois de um tempo jogando conversa fora, Mary se levantou e estendeu a mão para mim “vamos aniversariante” “vamos pra que lugar?” “é surpresa” Beth logo interrompeu dizendo “vamos pro lugar onde a Laurel esta” “porra Beth, para de estragar os esquemas” ri bastante de Beth, ela estava bem desligada e não estava sabendo guardar segredo.
Saímos do shopping e fomos para o ponto de ônibus “estamos indo pra minha casa?” “espera e tu vai ver guria, para de ser curiosa. E Beth, nada de dizer para onde estamos indo” “meu plano de saber para que lugar estávamos indo foi por água abaixo com esse esporro de Mary” pensei. Já estava começando a escurecer quando o ônibus enfim passou, Mary e Beth me fizeram sentar sozinha para que pudessem cochichar sobre sei lá o que.
Quando estávamos quase na parada da minha casa, Mary se levantou e eu levantei junto, mas logo ela colocou as mãos nos meus ombros e disse para que eu sentasse de novo “eu só vim sentar com você, a gente não vai pra tua casa, amor” “então me da uma dica do lugar pra onde estamos indo, por favor!” “olha, vou te dar uma única dica, depois dessa tu não pede mais” “okay, fala” “a gente ta indo pra um lugar que tu ama” “praia?” “não, e chega, falei demais”.
Desembarcamos na parada onde eu sempre descia para ir pra casa da Mary, quando ainda morava aqui “caralho, por que a gente ta indo pra tua casa?” “quem disse que a gente ta indo lá pra casa?” “meu deus Mary! Beth me socorre, pra onde estamos indo?” “estamos indo pra lá” ela apontou pro morro. Lá tinha um local para eventos, que era pequeno a meu ver, mas se Beth disse, era verdade.
Assim que chegamos lá, depois de muito esforço para subir aquele morro, notei que estava tudo apagado “ta cara, que merda ta acontecendo aqui?” “nossa Ana, tu é tapada né! Entra de uma vez!” disse Mary me empurrando pra porta, que estava só encostada e isso fez com que eu entrasse com tudo e luzes fossem acesas. Todos meus amigos estavam lá, todos, inclusive aqueles amigos da Laurel que acabei criando afinidade. Num instinto, levei as mãos à boca e logo comecei a chorar, mas de felicidade. Laurel estava plantada na minha frente com um sorriso enorme “oi criaturinha” sem enrolar, a abracei e disse que a amava, mas como uma idiota que sou, soltei “mas ainda não é meu aniversario” “eu sei amor, por isso ninguém gritou ‘surpresa’ ‘parabéns’ nem nada, a meia noite que vai rolar tudo” “eu te amo” “eu também, vai aproveitar, sei que tem gente aqui que tu não vê desde o começo do ano”.
Comecei a dar abraços e beijos em todos, mas quando cheguei na Aurora, o abraço foi mais demorado. Ela vinha se sentindo mal nos últimos dias, eu sabia, pois vínhamos trocando snaps há muito tempo e essa semana ela me mandou três chorando. “Você ta bem?” perguntei enquanto ainda a abraçava “eu to levando Ana, mas hoje eu to bem, eu to aqui com os teus amigos, os meus amigos e com você”. Continuei abraçada nela e só soltei quando Laurel apareceu dizendo que ia me roubar um pouco. Ela me levou até o piso de cima e nós sentamos na varanda que lá tinha. A vista de lá era linda, ainda mais com a pouca poluição luminosa e o reflexo da lua na lagoa que tinha ali perto. “Lembra quando eu disse que um dia ia te dar aliança de verdade?” “pra falar bem a verdade, eu não lembro não” disse rindo. Ela sorriu e disse “é quase meia noite, queria que você viesse aqui pra cima comigo, pois vai acontecer uma coisa muito foda agora a meia noite” “o que exatamente?” “espera um pouquinho que você vai ver” “okay” disse me aproximando dela e apoiando minha cabeça no seu ombro.
A meia noite em ponto, uma queima de fogos começou, eram todos azuis, minha cor favorita. “Não acredito que Laurel tenha feito tudo isso pra mim, todo dinheiro gasto nisso, será mesmo que eu mereço tudo isso?”. Assim que os fogos pararam, ela perguntou se eu tinha gostado, fiz que sim com a cabeça mostrando um sorriso que pouco convencia “o que foi amor?” “Laurel, sei que você me ama, mas você acha que eu mereço tudo isso?” “Ana, olha pra mim. É claro que você merece e quero deixar claro que por você eu roubaria as estrelas do céu. Eu te amo do tamanho da imensidão do céu e só quero o teu bem” “nossa, isso foi profundo e me deixou sem palavras” “não precisa dizer nada, só desce e dança comigo” “então vamos descer”.
O resto da noite foi maravilhosa, tocou só musica da minha conta no spotify e meus amigos estavam todos bêbados e isso foi um dos melhores presentes que alguém poderia me dar, já que nunca tinha visto nem metade dos meus amigos bêbados. “Ta gostando amor?” “claro” “então espera por amanha, vai superar todas tuas expectativas” “olha, eu nem to criando”.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.