Acordei morrendo de dor de cabeça. Com os olhos cerrados, pela claridade que entrava pelas janelas, notei que apenas Mary, Laurel e Aurora tinham dormido ali, o resto tinha ido embora ontem. Não lembro nem de 60% do que aconteceu ontem, mas lembro que Laurel gravava o tempo inteiro, então ela devia ter gravado algo que me faça refrescar a mente.
Continuei deitada olhando pro teto, pois não queria acordar ninguém. Vi que meu celular não tinha bateria, nem o de Laurel. Tentei alcançar o celular da Mary, mas acabei acordando ela, que assim que levantou a cabeça fez uma cara de quem odiou ser acordada. “Que merda você ta fazendo Ana?” “tava tentando pegar teu celular, o meu e o da Laurel estão sem bateria e preciso saber que horas são” “fazia isso com mais cuidado né, pelo amor” mesmo de mau humor, ela pegou o celular e me mostrou “puta merda, já é uma da tarde, a gente precisa acordar elas” “por quê?” “a Laurel disse que hoje íamos sair à tarde, é meu aniversario Mary, eu e ela íamos sair pra comemorar” “beleza, beleza. Eu acordo a Aurora e você acorda a Laurel”.
Laurel pareceu irritada quando a acordei, pois ela não parava de repetir que devia ter ido dormir cedo e não era pra ter me deixado beber tanto “amor, o que vamos fazer hoje que ta te deixando tão irritada por termos acordado tarde?” “a gente ia pra cachoeira, tinha que ser cedo, mas ontem bebemos demais, não vai dar de ir” “tudo bem Laurel, a gente pode ir pra outro lugar, sendo que eu passe meu aniversario contigo” “tu não entendeu né? Eu planejei tudo pra esse final de semana, era pra ser uma coisa especial e deu em merda” o tom da sua voz ficou amargo e aquilo me feriu, era como se ela tivesse jogando a culpa pra mim. “Okay, não tenho culpa, só to tentando...” “tentando o que Ana?” disse ela me interrompendo “tentando ajeitar as coisas como você sempre faz? Tentando fazer com que tudo fique bem, sendo que nunca vai ficar tudo perfeito, pois não existe o perfeito” “Laurel, o que eu te fiz pra você estar falando assim comigo?” “tu não lembra né, claro que tu não lembra você encheu a cara ontem” “eu não tenho culpa, todo mundo sabe que eu sou fraca, se fosse pra eu não beber, que me impedisse” “eu tentei, porra, tu me ignorou depois que ficou bêbada” “me explica o que eu fiz então, se eu não lembro me diz o que eu preciso saber”. Ela só se levantou e saiu. Mary e Aurora estavam olhando incrédulas pra cena que tinha acabado de acontecer.
Depois de começar a chorar e Mary fica limpando meu rosto e Aurora estar na rua falando com Laurel, eu perguntei “tu sabe o que eu fiz ontem pra ela estar assim?” Mary ficou séria, pelo jeito a merda tinha sido grande “olha só Ana, pelo pouco tempo que eu conheço tua namorada, eu já posso dizer que ela não faz muito a linha ciumenta sabe? Mas o que tu fez ontem foi muita mancada, na moral” “não enrola, só fala” “tu simplesmente ignorava ela e vinha falar comigo, dançar comigo, e eu não estava no meu melhor estado, então dançava e conversava contigo em vez de falar pra você para de beber ou ir com ela” “merda” pensei comigo “a Laurel sabe do que tive com a Mary, eu fiz merda, definitivamente eu fiz merda”.
Levantei-me com o coração na mão, vendo Aurora abraçando Laurel na rua. Aquilo me fez mal, eu fui babaca com ela mesmo ela tendo feito isso tudo por mim e eu retribuo assim. Qual o meu problema? Por que a Laurel ainda se presta ao papel de tentar me agradar mesmo comigo fazendo isso com ela? Isso não ta certo, eu a amo e odeio a ver sofrendo desse jeito.
“Mary, cadê minha coisas?” “estão no banheiro” “eu preciso sair daqui, tem outra saída a não ser aquela que a Laurel esta?” “tem uma porta no fundos, mas você vai ter que passar lá pela frente igual. Mas pra onde você vai ir?” “Eu preciso sair daqui, só isso, não posso fazer mais mal pra Laurel” ela me segurou pelos ombros e falou para que eu parasse “Ana, tu vai a fazer sofrer mais se tu sair assim” “mas eu não posso ficar aqui sabendo da merda que eu fiz” “para cara, enfrente de frente, para de fugir quando a coisa fica ruim, to de saco cheio de você fazendo isso e provavelmente a Laurel também esta. Vê se pelo menos dessa vez faz a coisa certa, por favor!”. Acabei respirando fundo e caindo no choro novamente, mas fiquei não fugi.
Laurel acabou entrando depois de uma hora, Aurora só apareceu na porta e fez sinal com a cabeça, para que Mary saísse. Laurel estava com um ar cansado, mas assim que se sentou do meu lado, pegou minha mão, mas não olhou nos meus olhos, manteve o olhar parado no chão. Depois de uns minutos de silencio, ela enfim falou “eu te amo, mas não da” meu coração parou, eu entrei em desespero por dentro, mas não queria me mostrar frágil, então aguentei e disse “eu sei, eu sou estúpida e muito egoísta, tu merece coisa melhor Laurel” ela enfim levantou o olhar, seus olhos estavam cheiros de lagrimas “mas eu não quero terminar, Ana” “mas eu pensei que...” “pensou errado” “mas eu sou babaca pra você, tudo que tu faz por mim, não só isso aqui, todas as vezes que você saiu de Orleans e foi me ver em Tubarão, gastando dinheiro com ônibus ou gasolina, todas as vezes que você me aguentou tendo crises, tu não merece isso Laurel” ela soltou minha mão e abraçou os joelhos “tu pode até achar isso, mas é meu jeito. Eu gosto de ficar com você, eu não me assusto e tu é a única pessoa que eu consigo me abrir de tal forma, não se culpe por essas coisas idiotas. Eu vou sempre estar aqui pra você, Ana” ela me beijou depois de ter dito isso, retribui o beijo numa forma de escape de tudo que eu estava sentindo.
Mary e aurora acabaram entrando depois de um tempo e se depararam comigo e Laurel abraçadas, ambas chorando. Elas disseram que não queriam interromper, mas que tínhamos que sair dali, já que ás quatro horas o dono ia vim pra limpar, pois ia ter evento hoje á noite. Nos levantamos e começamos a arrumar as coisas no carro da Laurel, o silencio foi inevitável e horrível, até o silencio estava me machucando, pois eu não queria aquilo, eu queria gritar e chamar pela Laurel, mas eu não sabia o que seria da gente a partir de hoje, me resta esperar que o tempo diga, pois hoje o dia definitivamente acabou.
Assim que embarcamos, Laurel disse que iria me deixar na minha madrinha e iria embora “precisamos de um tempo, sei dos meus sentimentos, mas quanto a você, acho que você precisa de um tempo pra pensar, certo?” apenas concordei com a cabeça.
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