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História Eu sempre a terei - Eu não sei o que fazer.


Escrita por: rayantunes

Capítulo 48 - Eu não sei o que fazer.


Eu estava no avião, esperando para que ele decolasse de uma vez e eu pudesse deixar toda minha vida pra trás, mesmo sabendo que seriam só por uns dias. Já se passaram dois meses desde que a Maju foi embora e desde então, eu e Laurel mal nos falamos, mas ela mesmo assim foi lá no ap, ficamos, transamos e fizemos coisas como se nada tivesse acontecido. Meu pensamento ainda estava com a Maju, mesmo que isso tudo tenha voltado, a Laurel ido lá e meu corpo fraquejando em meio a carência em vez de contar a verdade pra ela.

O avião começou a decolar assim que começou a tocar Habits Of My Heart do Jaymes Young, que foi uma musica que a Maju tinha me indicado. Era a primeira vez que eu estava em um avião, meu primeiro vôo, mas minha cabeça estava tão longe, que nem consegui ficar animada com isso. Estava saindo onze horas de Jaguaruna e chegaria em SP mais ou menos meio dia e meio. De lá pegaria um avião para Boston que só sairia ás  nove da noite, que faria uma parada em NY, pra depois continuar o vôo. Seriam mais de quinze horas de viajem pra ver a Rafa, mas eu sabia que valia o esforço.

A viagem toda eu estava a base de remédio pra dormir, pois queria que tudo passasse mais rápido e de fato passou. Assim que cheguei em Boston, a mãe da Rafa estava me esperando pra irmos pra casa dela. Ela me deu um abraço apertado e longo “Oi Ana, que bom que viesse, a Rafa vai ficar muito contente de te ver” “poxa, mas só porque vim? Mais nenhuma amigo dela quis vim vê-la?” “infelizmente não, mas não vamos falar de coisas ruins, vamos, eu te ajudo com as bagagens”. Meu coração se partiu em mil pedaços ao saber daquilo, poxa, a Rafa tem muitos amigos no Brasil e nenhum quis vim pra ver ela?

Assim que cheguei na casa da Rafa, vi que a casa era enorme, eles estavam vivendo bem aqui, mas eu sabia que tudo era pra Rafa, já que ela precisava de muitos recursos por causa do problema que ela tinha no coração. Quando entrei, vi que ela estava no sofá da sala e fez um enorme esforço pra se levantar e vir na mina direção, mas mesmo assim me deu um abraço de urso, o mais forte que eu recebi desde que Maju foi embora. “Caralho, tens noção da saudade que eu tava de ti?” “óbvio que eu tenho né, eu também estava” disse me afastando “mãe, vamos pro meu quarto okay? Só nos chama pra jantar, preciso colocar o papo em dia com a Ana” a mãe dela só concordou e vi que ela estava feliz, afinal, a Rafa estava feliz, então não teria com o que se preocupar agora.

Deitamos na cama dela e ficamos de frente uma pra outra “me conta, como é que ta tua vida?” eu não queria nenhum pouco começar a chorar, mas foi mais forte que eu. Logo a expressão animada dela se tornou em preocupação e ela veio me abraçar “Ana o que ta acontecendo? Sei que és de escutar e não falar, mas porra, eu só perguntei e tu já desabou, aproveita e desabafa também”. Procurei recuperar o fôlego pra depois começar, então expliquei tudo o que estava acontecendo, desde a Maju ter ido simplesmente passar uns dias no ap, até eu ter traído a Laurel e ainda não ter contado a ela.

Devo ter ficado quase uma hora falando sem parar e quando enfim parei me senti leve como uma pena e notei que e Rafa estava com a expressão séria demais. “Tens noção da merda que tu fez?” “olha Rafa, infelizmente eu tenho” “mas como tu se sente perante a Laurel nisso tudo?” “eu não sei, eu não quero magoar ela, não quero contar e também não quero terminar com ela” “ai tu fode né Ana! Não querer nem terminar com a guria? E a Maju vai ficar como? Alias como ela esta sabendo que já passou dois meses e ainda nem tentasse terminar com a Laurel?” “ela ta triste, claro, mas eu sempre digo que to esperando o momento certo, mas esse momento nunca chega” “assim, como tua melhor amiga, vou te dizer o que fazer: assim que tu pisar no Brasil de novo, tu vai ligar ou mandar mensagem pra Laurel dizendo que vocês precisam conversar, nem que tu vá até na casa dela pra contar, mas tu vai!” “eu não vou conseguir fazer isso” “tu vai sim, nem que pra isso eu vá pro Brasil contigo e te obrigue a fazer isso”.

Depois da conversa que tivemos, a Rafa falou pra que eu dormisse, pois minha cara estava péssima e viagem de avião cansa muito. Eu acordei meio grogue com a mãe da Rafa a chamando. Assim que ela saiu do quarto eu peguei meu celular e notei que e Rafa já tinha feito o que tinha pra se fazer para que eu usasse ele aqui e notei também que tinha mais de duzentas mensagens no Whats, mensagens mesmo, dez ligações perdidas e fiquei assustada com tudo isso. Ao desbloquear o celular, vi que somente cinquenta eram da Laurel e cem eram da Maju, logo fui ver as mensagens dela primeiro. Não eram coisas tão importantes, era só ela dando ataques de fofura, dizendo que me amava e queria saber se estou bem, logo abri um sorriso e a respondi com um longo áudio. Em seguida vi as mensagens da Laurel e a maioria eram reclamando de eu ter vindo pros estados unidos, pois ela queria me levar pro sitio do avo dela e comparado a Maju, que me mandou mais de trinta mensagens só com “eu te amo”, ela mandou um meio seco por ultimo. Acabei não a respondendo, apenas larguei o celular e me levantei, sabia que o dia seria cheio e queria esquecer de tudo que estava no Brasil, pelo menos essa semana eu queria que fosse assim.

Já era final de tarde e a Rafa apareceu toda animada no quarto, onde eu estava me vestindo “Ana, se veste de uma vez, não é sempre que meus médicos me deixam sair na neve” “calma guria, tem que vestir muita roupa” ela saiu sorrindo e quase saltitante. Assim que terminei e cheguei na porta da sala ela me olhou perguntando “ta preparada?” “claro” e então abriu a porta e a sensação que eu tive, era de estar olhando pra coisa mais linda que meus olhos poderiam ver. Sai na frente e simplesmente parei ali, no meio da calçada e senti a neve cair no meu rosto. Senti um braço envolvendo o meu e quando voltei a abrir os olhos, notei que a Rafa estava do um lado, com a cabeça levantada e sentindo a neve também. “Sabe a quantos meses que eu queria sentir a neve? Muitos, sério!” apenas a vi sorrindo e voltei a senti a neve, isso iria durar só uns dez minutos, pois ela não podia ficar muito tempo, mas eu sabia que iria ficar eternizado na minha mente.

Estávamos deitadas pra dormir quando, ela no meu colo e eu fazendo carinho nos cabelos loiros e finos dela “eu sinto sua falta no Brasil” “e eu sinto falta de lá”. Ficamos em silencio por uns minutos até ela se apoiar no braço, olhar nos meus olhos e dizer “depois de amanha eu tenho um transplante de coração, é por isso que eu precisava dos meus amigos, não falei nada disso, pois não queria que meus amigos viessem na obrigação, pensando que eu poderia morrer no transplante, mas querendo ou não eu já estava morrendo e olha só, só você veio” ela terminou aquela frase num suspiro e um sorriso cansado. Eu não sabia o que dizer, então apenas fiz com que ela deitasse novamente no meu peito e falei que eu estaria sempre com ela.

 Infelizmente já era o dia do transplante e infelizmente também era natal e eu iria embora logo depois que ela o fizesse. Fui com eles para o hospital e antes que ela fosse se preparar eu a beijei na testa e falei que daria tudo certo, mesmo não sabendo se daria mesmo. Eu fiquei com a família dela e dois amigos gringos dela, na sala de espera, sala essa que virou nossas camas, pois a cirurgia demorou mais de dez horas, mas assim que terminou a médica que estava fazendo a cirurgia veio nos dar a noticia “tivemos algumas complicações, mas ela passa bem” foi o que ela disse, segundo a mãe da Rafa que me traduziu. Meu peito se encheu de felicidade, mas agora, eu tinha que voltar pro Brasil. Deixei uma carta com a mãe dela e falei que me virara com o taxi, mesmo ela me oferecendo carona.

E novamente eu estava no avião, esperando que ele decolasse, pensando o que seria de mim agora que estava voltando pro Brasil, ter que conversar com a Laurel, com a Maju, sendo que a minha única certeza era de que eu queria ficar aqui e nunca mais por meus pés no Brasil, nunca mais ter que lidar com os problemas que lá habitam.



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