História Eu sinto você - Capítulo Único

Lee Sin a conheceu numa noite fria e calma em Ionia.

Ele andava pelas ruas movimentadas da cidade em busca de um lugar tranquilo para meditar. Quando se é cego, todo barulho é um incômodo. Continuou andando até sentir a grama fria tocando seus pés e o som da água. Parecia estar perto de uma lagoa ou jardim. Sentou-se no gramado e começou a meditar. Até que uma doce e calma melodia chegou até seus ouvidos. Poderia dormir bem ali se pudesse, de tão calmo que seu corpo estava. Precisava chegar mais perto e ouvir melhor. Levantou-se e andou em direção ao som tão agradável. Quando chegou numa distância adequada, ouviu um único agudo vindo do instrumento, que calou-se com a proximidade. 

Sona gostava de ficar naquele lugar para treinar e compor suas novas músicas. Era um local calmo e bonito. Quando o fazia em lugares mais lotados, apareciam pessoas fazendo diversas perguntas nas quais não podia responder. Era muda. Assustou-se de ver uma pessoa ali.

 — Desculpe, eu te assustei? - perguntou Lee Sin, constrangido com o silêncio repentino. Talvez tivesse chegado perto demais. 

Ele não recebeu nenhuma resposta. Silêncio. 

 — M-Melhor eu ir embora, desculpa pelo incômodo. - ele já ia afastando-se.

Sona não sabia como expressar que o queria por perto, viu a faixa em seus olhos e estranhou que ele não podia ve-la. Então voltou a dedilhar as cordas do instrumento, calmamente.  

Parou seus passos quando ouviu a doce melodia novamente. Talvez a pessoa desconhecida quisesse que ele ficasse por perto. Sentou-se com certa distância e aproveitou o show improvisado. Era um som agradável que nunca havia escutado antes, acalmava a sua alma e corpo de uma maneira incrível. Poderia ficar escutando aquilo para sempre. A melodia chegou ao fim e ele bateu palmas não muito altas. 

 — Você toca muito bem. Obrigado por me deixar ouvir. - elogiou, com um sorriso no rosto. 

A garota corou com o elogio do desconhecido. Queria poder falar para agradecer mas apenas retribuiu com o seu silêncio. 

 — Não é de falar muito, né? - comentou. 

Ele queria poder enxergar a pessoa que havia tocado tão belamente. Mas não podia. 

 — Eu posso te escutar outras vezes? - perguntou. 

Sona acenou um sim com a cabeça mas lembrou-se de que ele não podia ver ela. Então se aproximou do homem e traçou uma linha imaginária com seus dedos no braço dele, escrevendo um ''sim''. 

Após isso, ele passou a encontrar-se diversas vezes com ela naquele mesmo lugar. As vezes compartilhando de um silêncio agradável, outras escutando a doce melodia que ela tocava. Lee Sin ficou surpreso quando descobriu que a garota era muda. Não havia nascido cego, mas compartilhava um sentimento de compreensão de quem sabia como ela se sentia. Essa coincidência fez com que os dois quisessem estar perto do um do outro com cada vez mais frequência. Um sentimento de amizade criado entre eles acabou se transformando num sentimento muito maior com o tempo. 

Numa noite em especial, Lee Sin quis fazer uma surpresa. Pediu ajuda para Karma, uma amiga de longa data pra que desse dicas de como agradar a musicista. A morena sorriu ao ver que ele havia se apaixonado, trazendo pra ele um buquê de flores que ele soube que eram por conta do doce odor que exalavam.  Ele voltou ao local especial para os dois e reconheceu que ela já estava lá ao ouvir o som tão adorável que vinha do seu instrumento. 

Sona corou ao ver o buquê de flores que ele segurava, sorrindo e aproximando-se dele. 

 — Isso é pra você. Espero que goste. - ele entregou o buquê, sentindo seu rosto esquentar. 

Ela o pegou com um sorriso no rosto que infelizmente ele não podia ver. Queria expressar a sua gratidão por te-lo por perto. Então encostou a sua cabeça no peito de Lee Sin, envolvendo o braço livre ao redor dele. Ele surpreendeu-se com a proximidade repentina da garota, sorrindo e envolvendo-a. 

 — Você gostou? 

Como resposta, ela acenou que sim com a cabeça próxima ao peito dele. Podia sentir o coração dele batendo forte. 

 — Eu posso te ver?  - perguntou timidamente, queria fazer aquilo à muito tempo. 

A garota refletiu sobre como ele faria aquilo já que era cego. Então logo chegou na conclusão de que ele queria toca-la. Pegou as mãos grandes gentilmente e as colocou em seu rosto quente, deixando-o fazer o que quisesse. 

Ele sorriu com o toque da garota e passou a mão pela bochecha macia, subindo o polegar até os olhos redondos e cílios compridos. Desceu e sentiu os cabelos compridos e sedosos, fazendo um leve carinho neles. Voltou para o rosto e corou ao sentir os lábios aveludados da garota, que formou um sorriso quando Sona viu que ele havia ficado envergonhado. O homem criou coragem e finalmente disse o que havia guardado por muito tempo. 

 — Eu amo você. - confessou. 

Sona arregalou os olhos e seu rosto corou ao ouvir aquilo. Não sabia que teria seus sentimentos retribuídos por ele e como poderia dizer isso? Era muda. Abriu um enorme sorriso que fez com que Lee Sin chegasse numa conclusão de que o sentimento era repríoco. Aproximou seus lábios dos dela, beijando-a de uma maneira carinhosa e calma. 
 

Só segure a minha mão
Me abrace daquele teu jeito
É muito mais do que amor
Que eu to sentindo no meu peito

Não importava se ele era cego. 

Ou se ela era muda.

Eles podiam sentir os sentimentos agradáveis que tinham um pelo outro. E a deficiência dos dois jamais iriam impedir que o amor começasse a agir em seus corações.