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História Eu te Hanahaki - Por que logo rosas, Jungkook?


Escrita por: pjmeow

Notas do Autor


A alguns meses atrás minha amiga me pediu para que eu escrevesse algo com a temática de Hanahaki. Na época eu pensei que não poderia escrever algo tão cruel, mas quando novamente conversando com ela sobre esse assunto ela disse que gostava de ler as interpretações diferentes desta doença eu tive vontade escrever a minha interpretação sobre ela e está aí.
Espero que gostem <3

Ps: Hanahaki faz a pessoa vomitar as flores favoritas de sua pessoa amada.

Capítulo 1 - Por que logo rosas, Jungkook?


Fanfic / Fanfiction Eu te Hanahaki - Por que logo rosas, Jungkook?

 

 

Eu sou um mau hyung?

 

Talvez me apaixonar pelo meu dongsaeng tenha sido algo errado, mas porque eu não consigo achar isso de forma alguma?

 

Meu dongsaeng tem cabelos negros como a noite. Noite esta que gosto de apreciar estando ao seu lado. Caminhando a passos vagarosos com um cigarro sambando nas pontas dos meus dedos enquanto um pirulito de morango brinca em seus lábios.

 

Meu dongsaeng tem cheiro de morangos.

 

A estação favorita do meu dongsaeng é uma transição. Ele gosta de observar a forma que o inverno se torna a primavera. Gosta de apreciar árvores feias se tornarem floridas e eu gosto de observá-lo.

 

Gosto de buscá-lo na escola e vislumbrar o seu sorriso tão doce quando me vê lhe esperando.

 

— Hyung, pare de fumar.  - Pede com um bico chateado nos lábios sempre que me encontra.

 

Me desculpe, eu não consigo conceder-lhe este pedido.

 

— Os seus pulmões vão parar. - Avisa enquanto eu balanço a cabeça em negação sorrindo fraco.

 

Eles estão parando Jungkookie, mas não é o cigarro que está causando isso e sim você.

 

A minha razão para viver se chama Jeon Jungkook.

 

O motivo para a minha morte precoce tem o mesmo nome, mas algumas pessoas gostam de chamar de hanahaki em livros de ficção.

 

Obviamente ele não sabe e eu prefiro que continue assim. Prefiro que ele ache que o cigarro está me matando e não o meu amor por ele e as suas tão adoradas rosas.

 

Por que logo rosas, Jungkook?

 

Todas as noites tenho dificuldades para dormir, só porque eu te amo.

 

E porque você ama rosas.

 

Sempre que o meu corpo cansado se deita na cama pontadas insistentes nas costas me pertubam.

 

São suas rosas Jungkook, suas malditas rosas.

 

Quando eu disse que em mim o garoto havia começado a fazer morada não imaginei que essas palavras fossem realmente se concretizar.

 

Ele veio morar em meu coração e fez de meus pulmões o seu jardim particular.

 

E eu só consigo dormir se colocar parte deste jardim para fora, a cada dia que passa maior ele fica, assim como o meu amor que é tão masoquista.

 

Nos primórdios da doença e do meu amor pétalas de rosas vermelhas deixavam os meus lábios quando eu tossia. Jungkook sempre me perguntava o porquê de eu usar máscaras higiênicas durante o verão, sua expressão curiosa a que eu achava tão adorável me fazia tossir e deixar ali entre a máscara e meus lábios uma pétala macia e maldita de rosa.

 

Conforme o meu amor aumentava maior era a gravidade da doença e eu não me importava, afinal não é isso que a literatura diz que é tão bonito? Morrer de tanto amar.

 

Morrer de amor parece valer a pena, principalmente quando o seu amor é Jeon Jungkook.

 

Hanahaki é inteiramente proporcional ao meu amor. Quanto maior o amor, maior hanahaki.

 

Jungkook, só porque seus pais não lhe deixaram plantar rosas no quintal de sua casa você achou que o meu corpo era um bom terreno fértil?

 

Concordo em parte. Eu sou um terreno fértil para o seu amor, mas porque me fazer sofrer assim?

 

Por que logo rosas, Jungkook?

 

Por que unilateral?

 

Eu gostaria de perdir-lhe desculpas, apenas por amá-lo tanto.

 

Amar não é errado, mas amar Jungkook foi errado?

 

No fim das contas isso não importa. Minha mãe sempre me disse aos berros que eu só gostava das coisas que eram erradas.

 

Eu quis amá-lo.

 

EU QUIS.

 

Mas por que essas rosas rasgam o meu corpo como se dissessem que eu não deveria nem ter cogitado a ideia de possuir tal sentimento?

 

Por que os espinhos são tão crueis?

 

Por que arrancam o meu sangue enquanto riem da minha desgraça por amar tanto e não ser amado?

 

Por que logo rosas, Jungkook?

 

As noites frias são as piores para mim, meu corpo fica fraco e as rosas se aproveitam.

 

Elas ficam cada vez mais vermelhas como se o meu sangue fosse o pigmento fundamental de suas pétalas. Consequentemente o meu corpo fica mais fraco, mais pálido, cada vez mais sem vida.

 

E por isso eu comecei a fumar. Para me manter aquecido, para que a nicotina me alivie dessa dor tão intensa que eu sinto, para que eu morra mais rápido e principalmente para que ele não desconfie.

 

Jungkook, acredite, eu estou morrendo por causa dos cigarros.

 

Quando eu tive a ousadia de dar-lhe um beijo na bochecha fui empurrado com exagerada força batendo assim as costas no tronco de uma cerejeira. Ele estava assustado e eu me arrependi imediatamente de ter feito isto.

 

Aquela noite foi fria e pela primeira vez uma rosa inteira arranhou a minha garganta com seus espinhos impiedosos e caiu em minha cama de lençóis brancos. O meu sangue coloriu o lençol, coloriu os meus lábios e coloriu a rosa.

 

Aquela era uma perfeita cena de crime. O crime de amar quem não se deve amar.

 

Por que logo rosas, Jungkook?

 

Talvez eu tenha sido um completo louco ao lhe dar em uma manhã fria uma das minhas rosas.

 

— Oh! Eu nunca vi rosas tão vermelhas, hyung.

 

Eu sorri, talvez orgulhoso de pelo menos ter sido capaz de produzir algo tão bonito em meu corpo podre cheio de sentimentos errados.

 

—Ela tem um cheiro agradável, parecido com o seu.

 

— Eu tenho um cheiro agradável? — Perguntei sentindo um calorzinho bom em meu peito.

 

— Sim, eu tenho vontade de lhe abraçar o tempo todo.

 

— Então abrace. — O calorzinho em meu peito continuou insistente enquanto eu abria os braços e o acolhia.

 

— Eu queria que você fosse o meu irmão…

 

Com essa frase o calor em meu peito cedeu o lugar para um frio tão ou mais intenso do que o inverno que envolvia o externo do meu corpo. Senti o meu interior começar a ser rasgado, furado, torturado e ridicularizado pelas rosas.

 

Eu sei, eu não devia amá-lo desta forma.

 

Mas, por que logo rosas, Jungkook?

 

Elas me tornam pior.

 

Afastei-me do abraço que tanto me curava e tanto me machucava. Peguei no bolso do meu casaco o maço de cigarros não demorando a colocar um em meus lábios e acendê-lo. A nicotina alivia as dores, afasta os espinhos de mim e me mata em comunhão com as rosas.

 

— Hyung! Não fume.

 

Sua expressão preocupada fez o meu coração vacilar e uma tosse forte deixar os meus lábios. Tampei rapidamente a boca capturando com a mão aquela maldita pétala.

 

— Viu Hyung? Isso está te fazendo mal.

 

Não Jungkook, você está me fazendo mal.

 

Coloquei a mão fechada em punho nas costas.

 

— Olhe, aquela árvore está começando a florir. — Apontei para o outro lado da rua desviando a atenção de Jungkook para lá.

 

E nesses míseros segundos em que ele virava a sua cabeça rapidamente na direção que eu havia lhe indicado soltei a pétala e ela se despediu de mim, sendo carregada pelo vento.

 

Eu sabia que eu estava chegando ao fim.

 

E eu queria aproveitar dos meus últimos dias, aproveitar enquanto o meu amor mesmo que não correspondido ainda existia.

 

Parei ao lado de Jungkook e o olhei sorrindo amarelo.

 

— Acho que me enganei, desculpe.

 

Voltamos a caminhar pela calçada da praça e eu em um ato de coragem segurei a sua mão fria e as coloquei unidas no bolso largo do meu casaco.

 

— Hyung…

 

— Por favor, não me afaste. Não machuque o meu coração hoje.

 

E ele não me afastou neste dia. Deixou que eu segurasse as suas mãos geladas, retribuiu os meus sorrisos e criou borboletas em meu estômago.

 

Pena que as rosas sempre as matavam.

 

Rosas não gostam de borboletas. Eu gosto de borboletas e não gosto de rosas.

 

Talvez este dia que embora tenha sido o melhor dos dias para mim tenha acelerado Hanahaki. Eu cheguei em casa com um imenso sorriso no rosto, mas as rosas não gostam de me ver sorrir.

 

Pelo menos não por Jungkook.

 

Elas destruíram o meu sorriso ao me fazer colocar um jardim inteiro para fora. Talvez seja a hora de começar a fazer a minha coroa fúnebre, com minhas próprias malditas rosas.

 

Os espinhos rasgaram impiedosamente a minha garganta, assim no dia seguinte eu não tinha mais voz para cumprimentar Jungkook. Eu não pude dizer que o amava.

 

Por que logo rosas, Jungkook?

 

— Você não consegue falar, hyung? — Jungkook perguntou preocupado e eu concordei. — É por causa desses cigarros, esses malditos cigarros.

 

Suas malditas rosas.

 

Observei Jungkook arrancar de minhas mãos a carteira de cigarros e com extrema raiva jogá-la ao chão e pisotea-lá até que ali sobrasse apenas pó e uma caixinha amassada.

 

— Não fume mais, hyung. — Recebi um abraço. — Você não pode morrer, eu não posso te perder.

 

O choro que sacudia o corpo de meu querido dongsaeng era tão sôfrego e eu me culpei por ser o causador disto.

 

Uma ardência sem igual tomou conta de todo o meu trato respiratório. Eu não conseguia inspirar corretamente, como se eu estivesse entupido. Elas estão me entupindo.

 

Tentei tirar os braços de Jungkook do meu corpo, mas ele se mantinha firme em sua missão de me abraçar e chorar todas as suas dores pela minha morte. Pelos meus cigarros.

 

— Sai… — Consegui dizer com uma grande dificuldade, a voz quase não saíra, mas ele foi capaz de escutá-la.

 

— Por quê? Por que eu deveria?

 

Tirei os seus braços de meus ombros, desta vez ele não relutou. Levei as mãos até o rosto do meu dongsaeng limpando as lágrimos grossas que saiam dali.

 

Tudo culpa minha. Tudo porque eu o amo.

 

Eu queria dizer-lhe o quanto meu amor por ele é grande, mas as rosas não me permitem, elas roubaram a minha voz.

 

Minha respiração saia tão entrecortada de meus lábios secos que eu já me sentia tonto pela falta de oxigenação no cérebro.

 

Eu vou morrer, vou morrer sem dizer que o amo.

 

E com este pensamento, quando vi o corpo de Jungkook se lançar novamente contra o meu o empurrei para o outro lado da sala o fazendo cair sentado com as costas apoiadas no sofá. Ele me olhou com decepção e eu corri daquele lugar, mesmo que o meu corpo me dissesse que talvez eu não conseguisse chegar em casa a tempo.

 

Parei diversas vezes com as mãos apoiadas no joelho tentando conseguir o mínimo que fosse de oxigênio para abastecer o meu corpo, mas ficava cada vez mais difícil.

 

Tossi, tossi como se a minha alma fosse escorrer de minha boca com esta tosse, mas foram apenas pétalas e todas elas carregavam o meu sangue.

 

Depois de me livrar de pelo menos um pouco das pétalas que me entupiam eu consegui inspirar uma grande quantidade de oxigênio, tive forças para voltar a correr e conseguir chegar em casa.

 

Abri a porta do meu apartamento e já deixei ali sobre o tapete mais uma centena de pétalas, meu corpo ficou mais fraco.

 

Cambaleando fui até o quarto e me ajoelhei ao lado da cama, deixei ali mais pétalas. Puxei a gaveta do criado mudo tirando de lá o meu caderno de anotações, abri em qualquer página e o coloquei sobre a cama.

 

Busquei uma caneta e ali se deu início a minha despedida oficial.

 

Escrevi o que eu tinha vontade, escrevi o que eu precisava escrever para pelo menos morrer em paz. Enquanto eu vomitava, tossia e me sufocava com rosas eu escrevi sobre os meus sentimentos.

 

Quando coloquei o último ponto final na carta a minha garganta começou a ser arranhado de uma forma que eu nunca havia experimentado antes. Eu gritaria de dor se eu tivesse voz para isso.

 

Levei as mãos até o pescoço tentando de forma inútil aliviar a dor que só se tornava mais intensa e com gritos mudos joguei ali sobre os meus lençóis brancos e já manchados de sangue a minha última rosa.

 

Esta era diferente das demais. Uma rosa branca com espinhos grandes, cruéis e pintados de carmim.

 

Uma lágrima solitária escorreu pelo meu rosto quente e parou ao encontrar-se com os meus lábios me mostrando o sabor salgado da tristeza.

 

Sem forças o meu corpo foi ao chão. Minha última visão foi o teto, meu último sabor experimentado foi o da minha própria tristeza e o meu último pensamento foi.

 

Por que logo rosas, Jungkook?  


 

Eu estou morrendo agora.

Morrendo por te amar tanto.

Mesmo que eu esteja sofrendo como um condenado ao inferno eu estou morrendo feliz.

Não existe forma melhor para morrer se não for por Jeon Jungkook.

Obrigado por ter permitido que eu te amasse, obrigado por me fazer morrer por uma causa ao menos justa.

Hanahaki levou a minha vida, mas nunca levará o meu amor por você.

Eu te amo Jeon Jungkook.

Eu te Hanahaki.

                        Min Yoon Gi






 


Notas Finais


Eai? Não me odeiem.
Eu gostei muito de escrever isso kkk
Espero que tenham gostado, mesmo que seja triste.

Twitter: @absdojimin


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