Talvez um dia os teus mistérios tenham me despertado interesse, mesmo que você sempre tenha parecido grande demais para mim. Talvez um dia eu quisesse te explorar de uma ponta à outra só para poder dizer que teus segredos habitavam na palma da minha mão. Talvez um dia eu precisasse saber de todos os teus truques, simplesmente por achar que isso me faria menos visitante e mais de casa. Da sua casa... Do teu ser.
Embora eu tivesse mil e uma coisas para descobrir sobre ti, menos que dez bastaram. Teu ritmo acelerado, tuas cores mortas e o teu céu monótono. Tua rotina é mais rotina que a minha. E o teu cheiro de cigarro desperta minha alergia. Você fuma demais, bebe demais, vadia demais. Não que isso seja um problema. Talvez até você seja a solução de alguém. Mas a minha, definitivamente, não.
A forma sinuosa de como tuas palavras dançam entre as nuvens cinzas ainda me assusta. Ora você era sol, ora você era chuva. E nunca sequer avisou dos motivos das tempestades ou para usar protetor. Você explodia e eu sorria. Acenava. Por fora contente, por dentro contando as horas para me livrar. Cada segundo contigo me fez crer na existência da paz. Porque a paz era qualquer momento sem ti. Eu havia cansado de me adequar e percebi isso na última madrugada que passamos juntos.
Eu. Você. Um banco de trás.
Você sorriu maroto e arrastou a mão pela minha coxa.
Eu me afastei e agradeci por chegar bem em casa. Não te deixei entrar.
Você arqueou as sobrancelhas. Confuso. Já não tinha mais o de sempre.
E os nossos dias mal duraram, vale ressaltar. Provei a eternidade da forma mais amarga e sorri ao final.
Eu te odeio por ser a minha São Paulo. E te deixo pelo mesmo motivo.
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