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História Eu tentei - Treva exposta


Escrita por: Eric_Elgae

Notas do Autor


Ola pessoas!
E consegui postar no dia aeeeee
Hoje sem avisos especiais. Mas nem por isso menos... Intrigante haha
Quero dizer obrigado a cada favorito novo, e a cada review também. Isso me estimula muito viu? Vocês são fod@ pra caramba ^^
Nos vemos lá embaixo, boa leitura

Capítulo 10 - Treva exposta


Fanfic / Fanfiction Eu tentei - Treva exposta

Eu estava um pouco tenso. Aquela luz azul não estava ajudando muito na verdade. Fui me encostando a parede e avancei devagar para evitar fazer barulho. Passei por algumas portas fechadas, e no final do corredor percebi que havia mais uma porta.

E pude ouvir uma voz nervosa falando rápido.

-Está tudo conforme o combinado, pode ter certeza, cada peça é checada individualmente, o sistema de frequência de rádio engana qualquer tipo de...

 -Chega. Não preciso saber mais nada além do fato de que funciona.

O dono da voz nervosa prendeu a respiração. Ele grunhiu alguma coisa e então pude ouvir com clareza uma voz feminina e ligeiramente rouca.

-Essa semana ainda irei utilizar os seus serviços. Sabe como posso ser generosa quando o contratado executa bem sua parte. Ou posso ser bem intransigente caso não saia algo conforme o combinado.

-Não... Não se preocupe. Não há como esse sistema ser descoberto.

-Muito bem. Seu pagamento pode ser retirado amanhã, após a minha saída do edifício dos Solo, por volta das onze da manhã. Sabe onde fica?

-Sim... Eu já passei por lá algumas vezes.

-Ótimo. Já sabe que nem uma palavra...

-Ninguém saberá de nada. Sou conhecido de longa data por meus serviços discretos.

-Ótimo. Até amanhã.

Ouvi passos se aproximando. Não tinha como me esconder ali, portanto foi um golpe de sorte quando ouvi o dono da voz nervosa.

-Espere.

-O que é, Espartan?

-Senhorita Pandora, eu só...

Não esperei para saber o que era. Estiquei as pernas ao máximo e fui saindo. A voz deles se distanciava, e consegui retornar ao burburinho do bar sem ser notado.

Retomei o lugar que ocupava no balcão e aguardei. Não demorou muito, a moça do vestido preto saiu do corredor.

Pandora.

Aquele nome não me era estranho. Eu tinha uma ligeira sensação de reconhecimento, algo familiar, mas não conseguia lembrar de onde. Observava-a discretamente, quando ela foi abordada por um grandalhão abobado.

-Hey boneca, sabia que uma coisinha linda não devia andar por aí assim? Devia estar dentro da sua caixa...

O cara deveria ter no mínimo dois metros e dez de altura. O punho dele era do tamanho da minha cabeça. Usava um jeans surrado, uma camiseta regata cinza super justa e coturno marrom. Tinha um moicano branco, e pelo que percebi lhe faltava uma orelha.

Não era um modelo, isso eu garanto.

Pandora parou, as mãos cruzadas a frente do corpo. Os olhos estreitos se abriram levemente por uns segundos para mirar o grandalhão de cima abaixo.

Qualquer um podia sentir o desprezo que ela emitiu com aquele olhar. Se tivesse uma faca por perto, seria possível cortá-lo e servir em cubinhos. O sorriso idiota do grandalhão morreu na hora.

Ele limitou-se a dar um fungado e continuou como se tivesse pisado em um inseto. A figura pareceu não gostar muito daquilo.

-Ei porcelana, eu estou falando com você.

Dessa vez todos se viraram para encarar a cena. A mão dele que equivalia a uma pata iria em breve puxar a garota pelo braço.

E aposto que todos pensaram como eu. Que ela iria quebrar com um puxão daquele brutamontes.

Instintivamente larguei o copo no balcão e já ia me intrometer quando a surpresa aconteceu.

Foi tão rápido que quase ninguém acreditou no que viu.

Pandora girou o corpo, desviando com graça do braço do azarado. Não perguntem como ela subiu no braço dele, e jogou as pernas em seu pescoço.

Exato.

A túnica preta subiu, deixando a mostra pernas brancas como o rosto, extremamente torneadas. O gigante não entendeu com certeza o que estava acontecendo, mas em segundos ele girou os olhos nas órbitas e caiu de cara no chão, com um baque surdo.

Pandora não caiu. Pousou de pé, elegante como um pássaro em pouso. Bateu os saltos finos no chão e ajustou a túnica a altura normal do corpo, cobrindo-se novamente. Como se não houvesse acontecido nada, ela prosseguiu até sumir de vista.

O silêncio foi quebrado com a chegada de três seguranças. Após checarem que o grandão estava vivo, eles o retiraram dali. Quando retornei ao balcão, pude ouvir o barman conversando com um homem estranho, com longos cabelos grisalhos, olhos esquisitos, meio baixos nos cantos, magro e com um terno verde acinzentado. Reconheci na hora o dono da voz nervosa.

-Não me surpreendo com mais nada vindo dela. A aparência engana ao extremo.

-Mas tenho que concordar com o grandão caído ali. Ela parecia uma boneca.

-Se soubessem que aquela boneca é assassina, ninguém se atreveria a brincar com ela.

-Tão ruim assim Espartan?

-Muito mais do que podemos imaginar. De qualquer forma, preciso ir.

-Mais trabalho?

-Muito. Preciso aproveitar essa onda de sorte. Até mais.

Espartan era o homem que estava conversando com Pandora. O que era mais engraçado ainda era que ele também não me parecia estranho.

Terminei de beber e resolvi sair dali. Achei que não haveria mais nada de interessante para aquela noite, portanto melhor era que fosse pra casa.

No caminho, lembrando de tudo que acontecera, algo me chamou a atenção: Pandora e Espartan haviam citado algo com a empresa Solo.

Onde o irmão de Saga trabalhava, e de onde eu fizera Kassa ser remanejado.

A curiosidade bateu forte.

O que será que poderia acontecer ali no dia seguinte?

-- --

Na semana seguinte cheguei ao consultório e o próprio Saga me recebeu. Saori ainda não chegara.

-Vamos esperar por Saori?

-Ela não vem hoje.

Aquilo me surpreendeu um pouco.

-Não? Aconteceu alguma coisa?

-Eu pedi que não viesse. Quero falar com você a sós.

Saga bebia algo de uma xícara, o cheiro denunciava café.

-Aceita?

-Não, obrigado.

-Não sabe o que está perdendo. Por favor, fique a vontade.

Seria a primeira vez que encararia Saga sozinho. Aquilo estava realmente me deixando preocupado. No dia anterior na consulta com Saori, eu havia desabafado novamente sobre o incômodo que ele causava. E ela continuava impassível. Se eu quisesse mesmo parar o tratamento com ele, que lhe falasse diretamente e sem rodeios.

Contei também sobre o episódio da gueixa. Saori me disse que era um acontecimento incomum, mas que eu não devia me meter em coisas que não me dissessem respeito. Eu deveria focar no meu tratamento, pois se eu continuasse no caminho que estava quando comecei a ver Saga eu poderia ver as coisas sobre outro ângulo. O ângulo dos mortos.

Enquanto eu pensava se contaria o que vi para Saga, ele olhava a tela do computador. Após alguns minutos ouvi sua voz. Parecia cansado.

-Como foi sua semana?

-Foi... Tranquila.

-Não saiu com ninguém desconhecido?

-Não. Não tive nenhuma experiência estranha novamente.

-Mesmo?

-Não. Quer dizer, aconteceu algo estranho, mas... Nada relacionado a mim.

Saga me olhou rapidamente.

-Isso é bom. Muito bom. Bem, após esse tempo posso dizer que tenho um prognóstico. E será no mínimo inquietante para você.

-Descobriu o que eu tenho?

-Suspeito. Os indícios são evidentes e se encaixam perfeitamente na situação como um todo.

Respirei fundo.

-O fato aqui Ikki é analisado como uma perturbação chamada de Transtorno de personalidade dependente.

Aquilo não soou nada bem.

-Desculpe?

-Quando o paciente apresenta esse tipo de transtorno, que é caracterizado geralmente por uma excessiva dependência de outros para tomar decisões, ou baixa autoestima, ou algum medo patológico de ser abandonado, ele acaba se sujeitando a relacionamentos abusivos. A submissão passiva às vontades do outro e dificuldade em expressar as próprias vontades e necessidades fazem com que esse tipo de pessoa se transforme em um objeto que faz as coisas mais absurdas apenas por um momento de afeição, uma palavra que soe carinhosa, um elogio... Uma necessidade de aprovação exacerbada leva as pessoas a casos assim como o seu.

Imaginei o que seria um caso “assim como o meu”. Saga pareceu ler a pergunta direto da minha cabeça.

-Você precisa de muita afirmação para se sentir... Um pouco melhor. Mas tem buscado isso de fora. E esse é o erro. Você quer quantidade, independente da qualidade. Por isso se sujeita as coisas que se sujeita, sai com esses estranhos... E corre os riscos que corre.

-Não corro nenhum risco.

Acho que meu tom foi um tanto arrogante. E Saga não gostou nada disso.

-Não corre? Digamos que em uma realidade paralela, a razão do seu afeto decida por fim se relacionar com você.

Ele falou como se aquilo nunca fosse acontecer.

E isso me irritou ao máximo.

-Você pode estar doente. Se for apenas uma DST, ok, um tempo de tratamento e tudo se resolve. Sua sífilis foi prova disso. Mas e se você for contaminado por exemplo, pelo vírus HIV? Você teria coragem de contar a essa pessoa que é portador do vírus?

-Isso é absurdo...

-Ou você a contaminaria? Gostaria de vê-la se descobrindo doente, futuramente morrendo, e por sua culpa sofrendo dores excruciantes?

Fiquei meio em choque. Obviamente eu jamais, JAMAIS iria querer que ele derramasse uma lágrima sequer por minha culpa.

-Mas não precisamos ir tão longe. Apenas uma Hepatite, talvez? Ou que tal o vírus que além de acabar com seu sistema imunológico como o HIV, ainda estimula suas células a desenvolver alguns tipos de câncer? O HTLV?

-Espera... Isso existe?

-Vamos Ikki, eu te fiz uma pergunta. Gostaria de ver a pessoa que você ama passando por uma situação dessas, sabendo que VOCÊ pode ter sido o causador disso tudo?

-Não... Nunca... Eu jamais faria isso com...

Realmente, nunca passou pela minha cabeça que eu poderia contaminá-lo com qualquer coisa que fosse.

Céus, isso não podia ser real.

-Faria sim. A cada vez que se deixa levar a uma dessas situações extremistas... Você tem noção das coisas que me contou? Que fez? Acha mesmo que tudo isso foi normal?

-Se achasse não estaria aqui.

-Fingindo que acredito em você, deixe-me então te perguntar algo: depois do episódio da ingestão das fezes do rapaz lá, que exigiu isso como preço para destruir a vida do outro, você tomou algum vermífugo?

-Tomou o que?

-Vermífugo... Remédio contra parasitas intestinais, tênias, lombrigas, oxiúros1...

-Na verdade... Não...

-Não apresentou nenhum parasita no corpo?

-Pelos deuses, não.

-Isso foi um golpe de sorte, fique sabendo. A ingestão das fezes, voluntária ou não exige uma profilaxia específica. E acredite, isso ainda é comum nos dias de hoje. Já pensou se você, de repente, transmite uma desses parasitas ao seu objeto de desejo?   

-Eu não... Já disse, jamais o prejudicaria. Eu não sou doente assim não, eu o amo. E só estou aqui por que sou obrigado. Já percebi o seu jogo.

-Meu jogo?

-Você quer me fazer acreditar que eu sou doente pra ver se me controla. Pra que eu fique como todo mundo. Mas não vou cair nisso. Eu estou ótimo.

Saga piscou algumas vezes. Sua voz era baixa quando falou.

-Não banque o espertinho comigo, rapaz. Você não está doente. Você É doente. E o pior tipo de doente, o que não quer ajuda.

Quem aquele arrogante achava que era? Claro que eu queria... Mudar...

-Se você quer se destruir, faça isso de uma vez. Agora, se não se importa com você, importe-se com as pessoas que te amam, mesmo que você não as ame de volta. Pelo menos por elas, tente melhorar. Agora, se realmente acredita que ninguém te ama, continue assim e em dois anos eu terei notícias suas em um noticiário qualquer.

Senti o sangue correr mais rápido e minhas mãos se fecharam. Minha vontade era dar na cara daquele homem. Arrogante metido a besta.

-Nossa, que intimidante... Ele está crispando as mãozinhas... Já te bati uma vez, e sequer considerei aquilo desafio. Quer apanhar mais? Se bem que acho que bater em você é como bater em qualquer coisa inútil... Talvez um saco de pancada rasgado seja mais emocionante.

-Saga...

-Escute bem. Se você quiser se matar comendo merda, dando pra cachorro, enforcado por um psicopata ou com uma mandioca enfiada no corpo isso é problema seu e não fará nenhuma diferença na minha vida. Nem meu paciente você é, apesar de eu ter aceitado analisar seu caso. Portanto pra mim você não é nada, assim como é pros outros.

-Que outros? Não fale besteira, eu tenho pessoas que me amam.

-Mesmo? Quem ama você? Até onde me lembro, você só foi visto superficialmente por alguns estranhos que te usaram para realizar fantasias e desejos que jamais fariam com pessoas normais. E vários se satisfizeram com você justamente por perceber que há algo errado por trás dessa aura de soberba e arrogância. Admita que você não se sente amado.

-Mas eu sei que sou...

-É? Tem certeza disso?

-Meu irmão... Saori... Meus amigos...

Saga deu uma gargalhada irônica.

-Seu irmão te atura por que você é o que o pobre considera como família. Imagino que Shun será um rapaz muito mais feliz quando se vir livre de você. Saori tem por você e pelos outros a mesmíssima consideração. Hyoga, outro dos mais próximos, entende alguns dos seus momentos mas nem por isso permanece disponível a você como permanece a seu irmão, estou errado?

Como ele poderia saber daquilo?

-Shiryu é outro que se dá bem com você por ser sisudo, sério e isso não te incomoda. Mas eu sei que você tem uma rivalidade velada com ele. E por puro ciúme.

Aquilo me assustou ao extremo.

-Não... Impossível...

-Tem ciúmes de Shiryu por que de todos, ele é o que mais se dá bem com Seiya. Seiya é o ícone mais bobo do grupo de vocês. O mais palhaço, o mais inconveniente, e por consequência, o mais querido.

-Saga...

-E mesmo sendo tão diferentes, Seiya e Shiryu são os melhores amigos. Conseguem conversar com um olhar apenas. Isso te incomoda, não?

A minha boca ficou seca naquele momento.

-Por que será? Por que os dois tem um vínculo que pode ser maior do que o visto pelo mundo?

-Não...

-Será que eles não são mais do que amigos?

-Não... Cale a...

-Desde sempre juntos... Sabe, pesquisei com Saori sobre as pessoas próximas a você. Estudei minuciosamente esse seu grupo de relacionamento. Ao que tudo indica, Seiya e Shiryu podem ser muito, mas MUITO mais próximos do que aparentam ou deixam que os outros vejam.

-Chega Saga, isso não...

-Seiya e Shiryu como um casal... Quantas vezes isso já tirou seu sono Ikki?

-CALA A BOCA!

Esmurrei a mesa, me levantando e ficando a milímetros do rosto de Saga, que se mantinha impassível.

-Talvez eles mesmos não tenham se dado conta de como estão ligados... Intimamente. Mas não vi em nenhum deles um indício de que se um dia isso acontecesse seria um problema. Eles não me parecem ser o tipo de pessoa que entrariam em negação por algum motivo qualquer.

Saga tomou um gole de café, me ignorando completamente.

-Seiya e Shiryu formam um casal bonito. Interessante. Consegue imaginar comigo isso? Um todo esquentado, o outro todo centrado. Eles se complementam.

-Eles jamais ficariam juntos.

-Por que não? Eu só vejo razões para os dois ficarem juntos. Pense comigo, aliás, você com certeza pensou nisso muito mais do que eu: um sempre está atrás do outro. Seiya fez de tudo para ajudar Shiryu quando ele esteve doente por duas vezes, certo? Assim como Shiryu livrou a cara de Seiya inúmeras vezes nos negócios. Eles se cuidam, se apoiam...

Saga deu um sorriso maquiavélico.

-Eles são um casal perfeito.

-CALE A BOCA. NUNCA.

A fúria que me tomou foi colossal. Comecei a chutar as coisas, derrubar os livros das prateleiras, arremessei a minha cadeira na janela. Saga sequer parecia incomodado, desviando-se eventualmente de um ou outro objeto atirado em sua direção, e recostando-se a parede bebericando da maldita xícara de café. Após um gole mais longo ele estalou a língua e me olhou, calmo e sorridente.

-Quanta raiva... Por que isso de repente, Ikki? Por que se deu conta de algo que nunca quis aceitar?

Além da voz carregada de sarcasmo, Saga sorria de um jeito que me tirava o pouco de sanidade que restava no momento.

-Ou por que eu descobri o seu segredinho estúpido?


Notas Finais


Deu pra perceber que vai rolar uma mudancinha no rumo da história né?
Então já sabemos o que o Ikki tem... Hum, finalmente nome aos bois :)
Ikki, Ikki... O que você acha que está fazendo surtando com o tio Saga? Não aprendeu ainda meu? "_"

Nos vemos na semana que vem, e já sabem como fazer esse autor felizão né? Hahaha
Beijos e abraços e até a próxima.


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