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História Eu tentei - Don't play with the devil.


Escrita por: Eric_Elgae

Notas do Autor


Oi gente!
Desculpa a demora. Atrasei um diazinho né?

Bom, vamos lá.

*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_* AVISO*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*_*

O capítulo de hoje tem violência extrema. Gore talvez. Não está cheioooo de detalhes, mas ainda assim é um capitulo forte. Esteja com o estômago preparado para depois não falar que não avisei.

Nos vemos lá embaixo, boa leitura ^^

Capítulo 14 - Don't play with the devil.


Fanfic / Fanfiction Eu tentei - Don't play with the devil.

-A não tão boa.

Saga sorriu de forma gentil.

-Meu consultório vai demorar um pouco mais para ficar pronto. Problemas com a alfândega, o mármore italiano, esse tipo de coisa.

Virei o rosto e pude ver Saori girando os olhos. Eu não precisava contar para Saga que ela ia arcar com tudo. Tive que fingir.

-Mármore italiano?

-Por todo lado. Ouvi dizer que ele é bem resistente sabe? No caso de algum paciente meu surtar e quebrar tudo...

Fiz cara de zangado, mas queria rir. Era a primeira vez em todo o tempo que eu o conhecia que finalmente tinha a chance de enganá-lo em qualquer coisa que fosse.

-Entendo... E as boas notícias?

-Essas são referentes ao seu tratamento. Eu andei pesquisando mais algumas coisas, lembra que te falei sobre fazer exames mais específicos para saber se os outros sintomas se tornaram doenças também?

-Sim, me lembro.

-Achei algumas técnicas mais diretas que podem fazer essa avaliação. Vamos descartar um sintoma e a provável doença associada a ele se for bem nessas avaliações. E se você se sentir bem com a medicação, futuramente podemos até retirá-la. Às vezes os remédios começam a ser realmente efetivos após dois ou três anos de tratamento, mas isso é muito variável...

Saga falou muito naquele dia, mas podíamos ver claramente que ele estava empolgado. Não nego que naquele momento eu estava esperançoso. Deixei que ele falasse até que após muitas explicações, ele me perguntou sobre a semana.

Eu sabia que não poderia omitir o meu envolvimento com Pandora. Saori com certeza esperava que eu falasse sobre aquilo. E assim o fiz.

Após relatar meus primeiros encontros com ela, e o que aconteceu neles, Saga me olhou de forma preocupada.

-E você tem se sentido bem?

-Se dissesse que não, seria mentira. Ela me deixa a vontade de algum jeito... E não penso em Seiya quando estou com ela.

Saga coçou a cabeça.

-Ikki, eu não sei bem como... Como te falar isso, mas... Não acho que seja saudável para você continuar vendo essa mulher.

Fiquei foi curioso.

-Por que diz isso?

-Eu... Conheço a fama que ela construiu. Não só eu... E já tratei algumas poucas pessoas que sobreviveram a um relacionamento com essa... Enfim.

-Que jeito estranho de falar da Pandora...

-Ikki, ela é uma mulher perigosa. Não estaria me enganando se dissesse que ela é muito doente... Mais do que aparenta. E é esse o perigo.

-Perigo?

-Pandora não é quem parece ser. Por mais que ela tenha “mostrado” algo que pareça íntimo, analise o quão superficial isso pode ser. Vocês só se conhecem há uma semana. E eu conheço a fama dela há um bom tempo. Para que não pense que estou querendo te privar de algo bom, eu te faço uma sugestão: ouça uma pessoa que a conheceu há pouco tempo. Analise a impressão dessa pessoa. E fique atento. Sei que vai continuar a encontrá-la, e de certa forma, melhor que faça isso com alguém que conhecemos, ainda que pouco, do que se envolver com outro estranho.

Saga me fitava de maneira preocupada. Podia sentir isso.

-Mas preste atenção. O que a irrita? O que desperta sentimentos nela? E quais sentimentos?

Saga estava realmente atento a situação. E não tirava os olhos de mim.

-Já viu como se estudam animais em um Zoológico ou em viveiros?

-Eu? Não.

-Eu te direi: observa-se o animal através da jaula. Cada movimento é analisado. Na hora de alimentar, envia-se uma isca e através da forma que ele abater a presa, pode-se dizer se o animal é pacífico ou violento. A partir dali, os tratadores decidem o que dar de alimento e como se aproximar ou não. Da mesma forma eu quero que você a analise. Observe as emoções, as ações... Ofereça-lhe algo que você acha que ela pode gostar e veja como ela reagirá diante disso. Se você achar que ela reagiu de forma tranquila... Então conversaremos sobre a situação de vocês dois.

Ainda achava muito surreal a forma com que falavam dela, mas no momento eu só podia aceitar.

-Está bem.

-Conhece alguém que se envolveu com ela recentemente?

Conhecer a fundo eu não conhecia. Apenas de vista.

-Não muito bem... Sei de um cara que trabalhou com ela, e... Do seu irmão.

-Meu irmão?

-Ela recentemente esteve em visita às empresas Solo... Na verdade tentou... É... Espionar a empresa usando um velho funcionário da casa. Eu descobri isso acidentalmente e... Avisei seu irmão.

Saga piscou algumas vezes, agora ficando com um semblante sério.

-Que coincidência... Isso já prova que ela é uma pessoa de má índole. E manipuladora. Não pense que você é imune a isso, Ikki.

-Eu sei... É só que... Não vejo isso nela. Pra mim ela só é uma mulher carente, carente como eu. Por isso nos demos bem. Não quero julgá-la pela forma que age no trabalho.

Saga remexeu no cabelo.

-Semana que vem pedirei a meu irmão que venha aqui e fale tudo que sentiu sobre Pandora a você.

Lembrei-me de algo na hora.

-Semana que vem temos uma festa com os sócios de Saori. Temos que marcar antes do meio da semana, ou no dia seguinte.

-É verdade... Havia me esquecido. Acho melhor nos vermos no dia anterior.

Saga me falou mais algumas coisas, e anotou tudo que pode relacionado à Pandora. Após alguns exercícios em que tive que fazer desenhos e falar sobre com o que eu os associava nos despedimos e eu saí meio preocupado.

Honestamente? Eu estava achando Pandora uma coisa boa na minha vida. Iria ficar de olho aberto, mas enquanto ela me fizesse esquecer o Seiya, tudo estaria bem.

-- -- --- -- --

A semana passou de maneira rápida. Eu estava ligeiramente ansioso para a festa, por que já tinha algum tempo que eu não via Seiya nem ouvia falar dele. E apesar de ter esquecido um pouco de todo o sentimento, ele ainda estava lá.

Eu queria poder vê-lo e mesmo assim ficar bem depois disso, independente do que acontecesse, se ele me desse atenção ou não. Eu PRECISAVA vê-lo e ficar bem.

Devo deixar bem claro que passei a pensar assim somente depois de começar a tomar o remédio, coincidência ou não.

Nos dias que saí com Pandora, pude notar que ela estava bem tensa. Os ombros sempre rígidos, atenta ao celular e cada vez que ele tocava, ela ignorava o que quer que estivesse fazendo para atender de maneira ansiosa e cheia de expectativa.

Na terceira vez que saímos e ela fez isso, eu tive que perguntar o que estava acontecendo. Ela me olhou como se eu nem ali estivesse.

-Problemas de trabalho.

-Quer comentar? Percebo que anda tensa por isso.

Ela suspirou. Estávamos no carro, parados em meio a um cruzamento. Iríamos a um restaurante no outro lado da cidade.

-Não serviria de nada falar disso com você.

Achei estranho aquele tom dela.

-Tente. Pode ser que ao menos ao falar você se sinta mais leve, ou ache uma solução mais clara.

-Aprendeu isso com seu terapeuta?

Ela deu um sorrisinho cheio de sarcasmo.

-Não. Isso é experiência de vida. Se quiser falar, estou disposto a ouvir. Se não quiser, o problema é seu.

Paciência nunca foi meu forte. Sempre fui mais objetivo. Acho que ela ainda não tinha me visto desse jeito também, pois pareceu ligeiramente surpresa.

-Eu... Pode ser que você fique meio chocado com a situação.

-Eu? Posso te garantir que não fico chocado com qualquer coisa.

Ela pareceu ligeiramente... Não sei, como se sentisse desafiada. Olhou-me de um jeito estranho.

-Mesmo?

-Garanto.

-E se eu dissesse que posso ser... Radical em alguns aspectos.

-Ainda assim não me assusta.

-E se eu... Castigasse alguém de forma severa por não fazer algo que eu precisava? Qual seria sua opinião?

Lembrei-me da minha última conversa com Saga. Resolvi ver até onde aquilo podia ir.

Como fora dito, eu tinha que dar algo que ela desejava e ver como iria reagir.

-Eu queria ver ao vivo como isso poderia acontecer.

Pandora ficou quieta por alguns segundos. Parecia ter saído do corpo. Foi algo estranho de se ver, isso eu garanto.

-Vou te falar algo, Ikki. Meus superiores na empresa que trabalho são... O tipo de pessoa que você não quer ver nervosa. Por conta do último serviço que o incompetente do Espartan não efetuou muito bem, eu ando sendo pressionada pelos meus chefes.

-Pressionada como? Tipo... Querem te demitir ou coisa do tipo?

Pandora deu uma risada estranha.

-Ninguém é mandado embora na minha empresa. Simplesmente... Somem do mapa.

Ela me olhou de lado, o meio sorriso que seu perfil exibia era... Não sei dizer...

-Eu estou em uma situação complicada. Ou eu levo Espartan aos meus chefes, ou eu serei punida no lugar dele.

Foi naquela hora que entendi por que ela andava tão tensa.

-Então por isso tem andado estranha?

-Nervosa... Sim. Eu coloquei algumas pessoas atrás dele, mas ainda...

Nesse momento o telefone tocou, e ela me ignorou rapidamente.

-Alô. Sim. Sim. FINALMENTE!

Pandora sorriu aliviada.

-Onde estão? O que? Perfeito, perfeito. Arrumem o material para filmar isso. Não, ainda hoje. Aliás, agora. Não vamos perder mais tempo.

Pandora girou o carro e começou a fazer outro caminho. O celular estava com um fone, portanto eu só conseguia a ouvir falando, não quem estava do outro lado.

-Preciso de alguns instrumentos... Há sim... Estão aí? Ótimo. Chegarei em alguns minutos, estejam preparados. Sim. Até mais.

Ela sorriu aliviada.

-Boas notícias?

-De certa forma, sim. Encontraram Espartan.

-E agora?

-Agora? Vou dar a ele a lição que seria aplicada em mim. Com sorte, escapo ilesa dessa situação.

Eu estava realmente curioso. Muito.

-Desculpe Ikki, irei deixá-lo em casa e...

-Quero ir com você.

Ela ficou séria.

-Como é?

-Você me disse a pouco que pode ser bruta... Severa em um castigo. Imagino que vá castigar Espartan. Quero ver como fará isso.

Ela ficou em dúvida.

-Isso é um assunto confidencial. Não posso deixar alguém de fora...

-Me disfarce. Diga que serei um auxiliar, um ajudante, um segurança. Invente algo, mas me mostre isso. Afinal, eu quero conhecer todos os lados possíveis que você possa me mostrar...

Ela sorriu ligeiramente feliz. Sabia que ali ela estava em minhas mãos.

-Nesse caso pode ser que você tenha que sujar as mãos um pouco. Fazer um trabalho pesado. Pode ser intimidante.

-Nada me assusta. Já te disse isso.

Ela me encarou e sorriu em desafio.

-Já que é assim... Espero que seja verdade.

-- -- --- -- --

Chegou o dia da consulta com Saga. Um dia antes da festa dos sócios de Saori.

Não mentirei. Eu estava nervoso. Tenso. Sabia que se contasse a verdade, teria problemas, mas não podia omitir muita coisa aquela altura.

Eu dera minha palavra a Saga e a Saori. Eu tinha que ser sincero para ter... Uma esperança.

Valia tudo por ele. Tudo.

Saga notou só de olhar para mim que havia algo errado. Eu estava sentado com as mãos cruzadas. Saori, como habitualmente fazia, encontrava-se quase oculta nos fundos da sala.

-Boa tarde Ikki.

-Olá Saga.

-Tudo bem?

O encarei com uma expressão dura. Ele de cara foi direto ao assunto.

-O que houve? Teve outra crise?

-Eu... Saga... Preciso...

Não sabia como falar aquilo.

-Preciso da sua palavra que tudo que eu disser ficará aqui, entre nós. Além do sigilo médico-paciente, eu preciso... De segredo.

Saga arqueou uma sobrancelha.

-É realmente sério.

-Está certo, Ikki. Nada que for dito, por mais absurdo que seja, sairá daqui. Pode se abrir.

O encarei por algum tempo, e ele sustentou meu olhar. Não se intimidou, sequer piscou.

Respirei aliviado. Eu sabia que ele cumpriria sua palavra.

-Eu... Eu fiz uma loucura.

-Loucura?

-Acho que... Bem, eu...

Saga me deu o tempo que eu precisava. Aguardou pacientemente até que eu conseguisse falar.

-Semana passada eu saí com Pandora.

-Sim...

-E nós... Eu...

Tive que contar o que acontecera. Não pude manter aquilo para mim.

-- -- --- -- --

Pandora dirigiu até uma casa afastada da cidade. O bairro era de classe alta, as várias mansões eram cercadas por grades grossas, cercas elétricas, havia guaritas por todo lado. Uma das últimas mansões possuía uma casa nos fundos, imensa também, mas com as luzes todas apagadas. Em frente a essa propriedade foi onde Pandora estacionou.

-Espere aqui. Quando tudo estiver certo eu irei te ligar e você entra. Ainda a tempo de desistir...

-Pareço o tipo de homem que desiste?

Ela apenas sorriu.

-Te vejo em alguns minutos.

Pandora se aproximou do portão e logo entrou. A noite escura dificultava e muito enxergar com clareza, ela parecia um vulto caminhando naquele jardim imenso sem nenhuma decoração, apenas a grama reta e bem aparada.

Quando ela sumiu atrás da casa, aguardei por quase meia hora. Pude ver uma figura pequena atravessar o gramado vazio e deixar um pacote em frente às grades do muro. Depois de mais quinze minutos, meu telefone tocou. Era ela.

-Mandei um funcionário deixar uma roupa para você. Vista ela, e permanecerá oculto de qualquer problema futuro. Em cinco minutos enviarei alguém para busca-lo. Limite-se a responder com grunhidos, não quero que ouçam sua voz. Precisa me obedecer a risca se não quiser se ver envolvido em algo perigoso.

-Tudo bem.

Ao me aproximar e pegar o pacote notei que havia ali um conjunto de roupas pretas com um tecido que imitava couro. Um par de luvas, uma touca ninja e uma máscara completavam o disfarce, além de um par de botas que eram um número maior que o meu, pois ficaram bem maiores quando as calcei.

Troquei-me no carro e ao me encarar no retrovisor, parecia alguém preparado para uma grande encrenca.

Aguardei no portão, e logo menos surgiu um rapaz com cabelos loiros e compridos, quase brancos de tão claros. Ele me encarou de cima abaixo e abriu o portão.

-Você deve ser o capataz da Srta Pandora.

-Uhum.

-Seu nome?

Limitei-me a encará-lo. Ele aguardou e resmungou algo.

-Certo. Siga-me. Se não tem nome irei chamá-lo de Sombra.

Atravessamos o gramado e eu pude reparar que ele trazia uma espécie de chicote enrolado no cinto. Também se vestia de preto, mas não estava fazendo o tipo de quem precisava se esconder.

Contornamos a casa, e eu vi um alçapão aberto. Ele entrou ali e fez sinal para que eu continuasse. Quando passei por ele, a porta se fechou e ele acendeu uma lanterna.

Em silêncio seguimos por um corredor vazio. Uma porta de ferro surgiu no final do corredor e ele deu três batidas ali.

Ouvi um barulho de tranca e uma sombra pequena empurrou a porta. Entramos em um espaço amplo, que tinha algumas cadeiras ocupadas em um canto mais afastado. No centro, havia uma mesa com uma pessoa deitada. Pude ver dois tripés com câmeras ligadas neles.

No fundo havia uma pia e um balcão. O rapaz que me trouxera e o pequeno que atravessara o gramado e depois abrira a porta, se dirigiram a pia e começaram a falar com Pandora.

-Está tudo preparado Srta. Quando pudermos iniciar...

-Quando quiserem. Meu convidado irá ajudá-los no que for preciso.

-Como devemos chamá-lo?

-Da forma que quiserem. Apenas sejam breves, nossos superiores desejam um serviço completo.

Pandora estava sentada do lado de três outros homens, que pareciam alheios ao momento. Não pude notá-los com clareza, mas detestei as expressões deles pelo pouco que vi.

Ao me aproximar da mesa no centro do local, pude ver que Espartan estava amarrado ali, com os braços acima da cabeça e as pernas bem esticadas, com cordas nos tornozelos.

O rapaz loiro dirigiu-se as câmeras, ligou as duas e começou a falar.

-Lune realizando essa gravação sob supervisão da Srta. Pandora e seus assessores Minus, Aiacos e Manthys. Interrogatório do ex-associado Espartan, que deixou um serviço incompleto com provável chance de ação prejudicial contra a empresa. Assessorado por Markino e Sombra, convidado da Srta. Pandora. Iniciaremos agora a interrogação.

Fiquei espantando ao descobrir que o anão com quem eu saíra estava ali. Espartan estava apenas de cueca. Seu olhar era de pânico, pude notar alguns roxos em seus braços, peito e barriga. Estava amordaçado e gemendo muito, debatendo-se a todo instante.

Lune dirigiu-se a ele, colocando luvas e o mirando com indiferença.

-O que acontecerá é o seguinte: colabore e acabamos logo com isso. Minta e será algo demorado. A decisão é sua.

Lune puxou a mordaça. Espartan respirou com força.

-O que... Por que fazem isso comigo?

-Você foi contratado para espiar as empresas Solo. Um serviço simples, mas que foi descoberto de imediato e ainda por cima associado ao nome das empresas Heinstein. Como explica isso?

-Eu já contei a história toda, não entendem?

Lune desferiu um soco na barriga magra de Espartan.

-Repita do começo.

Com algum esforço e claramente dolorido Espartan fez seu relato. Infelizmente, tentou jogar a culpa em Pandora.

-E ela falou antes da hora, por isso...

Lune desferiu um soco no maxilar de Espartan que gritou surpreso.

-Nunca mais culpe os outros pela sua incompetência.

-Mas...

-Calado.

Lune foi até a pia, e voltou com um pedaço de pano molhado, o jogando sobre o rosto de Espartan.

-Sabia que isso pode sufocá-lo e ninguém descobriria que você morreu por qualquer outro motivo?

O homem se debatia em desespero.

-Quero motivos melhores para sua incompetência do que jogar a culpa na Srta. Pandora. Diga a verdade, ou eu irei machucá-lo em outro lugar.

Mas o que mais aquele pobre coitado poderia falar? O medo fez com que ele acabasse caindo de novo no assunto Pandora.

-Sombra, me ajude aqui. Você também Markino. Afastem as pernas dele.

O pequeno homem careca e feio puxou vigorosamente a perna direita de Espartan, enquanto eu fiz o mesmo com a perna esquerda. Lune colocou-se de frente a mesa e afastou ligeiramente a cueca da vítima.

-Vamos ver se uma pequena estimulação te ajuda a falar direito. Que tal isso?

Sem nenhum tato, Lune enterrou o dedo indicador no ânus de Espartan, que soltou um berro de dor.

-Agora, me diga por que culpa a Srta.?

-ARGH!

-Vejo que fui pouco convincente.

Lune retirou o dedo. Olhou para a vítima de forma maliciosa.

E enfiou dois dedos de uma vez, forçando-os com vigor em Espartan que gritou com mais vontade.

-Vai me falar o que quero ou terei que ir além?

-EU NÃO SEI... ELA FOI...

Lune retirou os dedos, e preparou-se para mais uma invasão. Espartan se debatia, mas eu e Markino facilmente o dominamos.

-POR FAVOR, POR FAVOR EU...ARGHHHHH!

Os três dedos que o invadiam eram cruéis, com o claro desejo de machucar. Lune forçou a mão sem mudar a expressão no rosto.

-Apertado... Vamos ter que amaciar isso mais ainda...

Espartan gritava, se debatia e ninguém além de mim parecia incomodado ou penalizado. Sorte que eu estava coberto, assim não deixei transparecer o que sentia.

-Sombra, sua mão é maior que a minha. Enfie você os dedos aqui, como eu fiz.

Senti uma gota de suor escorrendo pela minha espinha. Eu teria que participar daquela tortura, afinal, eu que pedira a Pandora para ver. Ela tinha me avisado.

Não era algo agradável. Achei que apenas ia ver, mas... Tanto ela quanto eu ficaríamos em maus lençóis se eu hesitasse.

Fechei a mão juntando todos os dedos e forcei entrada no coitado do Espartan. Tentei ir devagar, assim talvez ele se sentisse menos dolorido, facilitasse o caminho. Mas qual não foi nossa surpresa quando Lune empurrou minha mão com força, e metade dela se enterrou dentro de Espartan.

-Sombra, coloque o punho inteiro aí. E quando estiver dentro, abra a mão. Quero que ele fale, e se não o fizer com isso...

Espartan berrava e se debatia. Mas não teve jeito.

Com algum esforço meu punho entrou inteiro no ânus dele. A pressão dos músculos era forte, mas minha mão era mais. Ele respirava fundo, e pude notar que havia sangue ali.

Logo menos o sangue se misturaria a outra coisa.

Lune se aproximou do rosto dele e falou baixo, mas de forma que desse pra ouvi-lo:

-Fale logo. Você recebeu dinheiro de algum concorrente para se deixar ser pego. Algum inimigo da Srta. Pandora queria prejudica-la e achou que você poderia fazer tal serviço.

-EU JÁ DISSE QUE NÃO! ARGHHHHH!

Lune sacudiu a cabeça em negativa. Senti algo quente e retirei a mão de Espartan, que logo acabou por despejar uma grande quantidade de fezes na mesa. Markino e Lune torceram os narizes.

-Que coisa mais nojenta... Markino, a mangueira.

O anão soltou a perna da vítima e se dirigiu a pia. Puxando uma mangueira de jardim, ele a ligou na torneira e retornou a mesa, com a ponta dela dobrada.

-Agora arranje um balde. Não quero isso espalhado pelo chão.

Ele cambaleou pelo espaço e voltou com o balde. Aguardou por Lune que mirava Espartan com olhos sem emoção.

-Além de mentiroso é um porco. Não é digno de ser chamado de homem.

Lune colocou a mangueira na narina direita de Espartan. Com a outra mão, tapou a narina esquerda.

-Sombra, ligue a torneira.

Dei as costas e fui fazer o ordenado. Começamos a ouvir grunhidos desesperados.

-Então, como é a sensação do sufocamento “a seco”? Isso ao menos pode nos dizer?

Espartan se debatia e Lune se demorou ali, o livrando da mangueira já quando ele parecia prestes a desfalecer. O pobre coitado tossia muito, e implorava pela vida.

-Já basta Lune. Parece que não está adiantando muito.

Um dos homens se levantou e se aproximou, andando devagar. Tinha as mãos nos bolsos e rodeava a mesa como uma serpente em volta da presa.

Espartan suplicou ao homem.

-Senhor, por favor... Eu juro que nunca quis prejudicar a Srta. Pandora, eu não recebi nada de ninguém, eu...

O homem tinha os cabelos escuros como os olhos. Levou um dedo aos lábios e Espartan se calou.

Mas a voz que soou pelo espaço não vinha de nenhum dos presentes. E garanto, aquilo foi mais assustador do que tudo que ocorrera até então.

-Eu e Nato estamos enjoados desse showzinho. Ou vocês acabam com ele de uma vez ou me dão alguma informação útil. Ou devo fazer com vocês o que tem feito com ele para diminuir a ira de nosso amado... Presidente?

O silêncio era sepulcral. Pandora se adiantou, falando com uma voz servil e melosa.

-Não há necessidade, Sr. Nos. Se o agrada, daremos cabo da vida desse infeliz nesse instante.

-Que seja assim se não conseguiram nenhuma informação relevante.

Apenas perto da hora de fugir dali que reparei algumas caixas de som espalhadas no local, e um computador num canto do espaço. Provavelmente deveriam estar além da gravação, fazendo uma transmissão ao vivo.

-Há algum método que o agrada em particular para esta noite?

Ouvi uma risada sem emoção.

-Já que perguntou, há tempos que não presenciamos uma ação conjunta.

Pandora secou a testa em um movimento ansioso.

-Então ela será realizada nesse instante. Espero que satisfaça os senhores...

Pandora cochichou algo com os dois homens sentados, enquanto Espartan continuava suplicando e choramingando.

A cena era realmente deplorável. O homem magro, com um moicano grisalho e comprido, jazia quase nu amarrado em cima da mesa de metal frio. Sua peça íntima estava suja e rasgada, exibindo parte de sua genitália murcha e triste, enquanto o sangue ainda corria devagar de sua saída, misturado as fezes.

As manchas arroxeadas na pele macilenta só pioravam a situação. Honestamente? Para ele a morte era a melhor saída.

Quando dei por mim, me deparei com um dos homens, com uma longa cabeleira parecida com a de Lune, mas com algumas ondulações e mais comprida, mexendo em algo entre as mãos. O moreno, chamado Aiacos, foi que quebrou o silêncio.

-Vai começar, Minos?

-Já sabe como funciona... Eu puxo os fios... Você marca o local... Manthys queima.

A voz deles era desprovida de emoção.

-Nenhuma variação? Poderíamos acrescentar algo...

A voz do anão soou ansiosa. Com o balde na mão, ele acabou esbarrando em Lune ao se aproximar, ansioso.

-Eu posso ajudar senhor, veja, eu estou preparado.

Ele puxou uma pequena foice das costas. Aiacos ergueu uma sobrancelha.

-Mas que diabos...

Lune pigarreou.

-Senhor, pode deixar que eu e Markino concluiremos o serviço. Se não se incomodar é claro.

-Sem problemas!

Manthys, o último dos homens, alto de cabelo curto e loiro escuro foi quem dissera a última frase. Não deixei de notar o modo elegante que falava, e suas sobrancelhas unidas.

-Façamos nossa parte, e deixemos os criados limparem a sujeira. Minos, tem tudo que precisa?

Sem responder nada, Minos se aproximou de Espartan. O que ele mexia inquietamente nas mãos era um rolo de fio de náilon.

Ele tirou do bolso da calça duas agulhas curvas de sutura. Com uma velocidade absurda, cortou alguns pedaços de fio e os passou pelas agulhas.

Espartan sabia que iria morrer em breve pela forma com que deu mais alguns gritos. Minos sequer pareceu incomodado. Apoiando-se nos cotovelos, ele estudou Espartan e sentenciou:

-Barriga.

Abaixo do umbigo ele introduziu a primeira agulha. E começou lentamente a passá-la em zigue e zague até que o fio acabasse, isso na metade do abdome de Espartan. O fio sangrava um pouco a medida que abria caminho, não era nada bonito de ver.

-POR FAVOR.

-Cale-se. Preciso agora fazer o mesmo na horizontal.

E ele fez. A barriga de Espartan estava “costurada” por uma linha de náilon, não sei dizer se em forma de cruz ou de “x”. Minos suspirou.

-Aiacos, sua vez.

O moreno se aproximou e observou calmamente o homem sangrando e costurado. Tirou um frasco pequeno do bolso e o sacudiu.

Ao abrir o frasco, ele começou a gotejar o que quer que fosse aquele líquido vagarosamente em torno dos fios de náilon.

-ESTÁ DOENDO! POR FAVOR, POR FAVOR...

-Cale-se verme. Perdeu sua chance de falar, agora... Fique quieto.

Após alguns minutos ele fungou.

-Manthys, pode completar.

-Não vai prejudicar o resto?

-Não se preocupe, sei o que estou fazendo.

O último dos homens sacou um isqueiro do bolso e acendeu um cigarro. Após uma tragada profunda, ele apenas sorriu.

-Sofra.

Ele jogou o cigarro na barriga de Espartan. E foi horrível de se ver.

-- -- --- -- --

Saga estava lívido.

-Eles... Mataram aquele homem?

-Fizeram pior. Veja as notícias recentes, o caso dos manequins...

Saga me encarou ainda assustado. Pedindo licença a Saori, ele se sentou-se à mesa dela e começou a mexer no computador. Não demorou nada até que ele começasse a ler, com a voz transtornada.

-Isso é...

-Atearam fogo na barriga dele, que queimou nos locais marcados pelos fios de náilon. Após irem embora, eu fiquei para trás com Lune e Markino. O anão usou sua foice para decepar o membro de Espartan. Ele ainda estava vivo quando começaram a cortar sua pele.

-E você...

-Presenciei tudo, sim. Quando o anão terminou o trabalho sujo, Lune o matou enforcado com o chicote. Nós... Carregamos os corpos até...

Saga me interrompeu abruptamente.

-Ikki. Como era o cheiro?

-Que cheiro?

-O cheiro do ambiente. Quando Espartan morreu. Como era o cheiro?

Até tossi ao lembrar.

-Tinha cheiro de ferro. Merda. Carne queimada. Urina.

-E quando o anão retirava a pele do morto, qual o cheiro?

-Era... Pelos deuses Saga, o mesmo. Mais de ferro. E o ar estava morno. E o som da pele sendo puxada dos músculos era...

Senti o estômago embrulhar.

-E o membro cortado... O sangue vazando dali, não... Não quero lembrar...

Saori levantou-se e me deu um copo de água. Parecia ter uma conversa muda através do olhar com Saga.

-E o anão...

-Morreu gritando enquanto sufocava. Depois eu e Lune carregamos os corpos até um carro antigo. Ele guardou as peles.

-As? Ele arrancou...

-A pele do anão também. E aí eu tive que fazer... O que você está vendo.

A notícia deixava claro. Foram encontrados próximo ao edifício das empresas Solo dois manequins vestidos com pele humana. Uma frase escrita com sangue na parede dizia:

“Não brinque com o diabo”-


Notas Finais


E é isso. Ikki foi cúmplice de um assassinato e obviamente não pode sair ileso dessa. Mas o que nosso amigo doente vai fazer....Bom, isso vocês descobrem na terça ou quarta feira.

A quem interessar, link da imagem utilizada no capítulo:
http://s13.zetaboards.com/Atenea_to_Hagios/topic/718433/1/


Um beijo enorme a quem continua me acompanhando, eu sou grato por vocês existirem na minha vida.

Kiss kiss e até breve!


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