História Eu, um noivo e um bebê - 02. Talvez, me casar com Yixing possa ser legal

Capítulo 03

— É claro que pode Yixing. Vamos nos... nos casar não é mesmo? — O olhei malicioso, me inclinando e dando um beijo em suas bochechas pouco avermelhadas, sussurrando em seu ouvido bem baixo, minhas últimas palavras para sí. — Farei de sua vida um inferno agora.

×××

Eu ainda não estava acreditando no que acontecia comigo. Há duas semanas atrás, eu era apenas um homem que havia transado com um cara depois de beber uma grande quantidade de bebidas. Agora, sou uma pessoa que vai se casar e vai virar pai, tem como ficar em uma situação mais complicada? Ah, claro que tem, com Sehun perto, tudo pode se complicar mais.

— Eu falei para você naquele dia. Não quero nem saber de desculpas, a única coisa que quero ver, é vocês dois se casando. — O maior começou a falar, andando devagar comigo pelas ruas movimentadas de Seul, a procura da joalheria na qual comprou suas alianças com Byun. — Eu ainda não acredito nisso.

— E você acha que eu ‘tô como? Feliz? Não que ter um bebê seja algo ruim, e nem se casar, mas poxa, eu queria fazer isso com alguém que amo. — Disse um tanto entristecido, e possivelmente, muito arrependido de meus atos. — Eu só falei com o Yixing por uns três dias, talvez foi até muito. Eu não o conheço, me ajuda Sehun, por favor cara…

O mais alto se virou para mim, parando automaticamente seus passos para que pudesse colocar suas mãos no bolso de sua blusa de frio, fitando atentamente meus olhos. Havia me lembrado apenas agora, que Byun estava com Zhang, conversando sobre os “preparativos” da festa de noivado e também sobre as coisas do chinês, que seriam levadas para minha casa. Ótimo, agora não tem ninguém para segurar o Oh.

— O que acha de pensar mais com a sua cabeça, antes de fazer uma besteira? — Perguntou-me, fazendo com que eu desse um suspiro cansado, dando de ombros enquanto seguia meu caminho até a joalheria, que se encontrava na esquina. Eu já sabia da gravidade do meu erro, não queria ficar ouvindo meu amigo discutindo cada vez mais comigo, sobre aquilo. Não mesmo.

Continuamos caminhando em um silêncio total, comigo resmungando uma coisa ou outra à cada vez que eu tropeçava na calçada, por ser extremamente desastrado, tinha tendência a ficar pisando em lugares que não devia, e que me levariam a cair como sempre. Assim que passamos pela porta, andamos até uma moça que estava com um sorriso enorme no rosto, que aumentou ainda mais quando nos viu.

— Sehun, quanto tempo faz que não nos vemos. — Ela sorriu de canto, saindo de trás do balcão, indo até ele para lhe dar um abraço apertado, o qual fiquei olhando com cara de tédio, esperando que os dois parassem logo com toda aquela cerimônia. — Como vai seu namoro com o Baek?

— Seohyun. — Ele falou aparentemente com um sorriso fraco nos lábios, fazendo uma reverência à moça assim que ela se soltou dele. — Está ótimo, espero que o seu esteja também.

— Oh, está sim. — Respondeu o mesmo empolgada. — No que posso ajudar? Veio trocar as alianças antigas por novas? Chegou algumas hoje, são importadas dos Estados Unidos, você precisa ver.

Se for para eu me casar, as alianças terão que ser importadas. Eu não sei o porque, mas sempre tive uma grande admiração por produtos importados dos Estados Unidos e da França.

— Ah, quem sabe eu troque a minha e a do Baek. Ele estava querendo uma nova. — O maior deu uma risada soprada. Se tinha coisa que eu via e muito, era que Baekhyun trocava mais de aliança, do que de roupa. Acredite se quiser, mas em um mês, pude o ver com quatro alianças de namoro diferentes. — Mas eu vim trazer meu amigo. Ele vai se casar e precisa de um par de alianças.

— Preciso é? — Perguntei quase em um sussurro, começando novamente a resmungar algumas coisas desconexas enquanto observava a Seohyun pegando várias alianças diferentes na vitrine.

— Para casamentos, essas são da linha mais bonita que temos. Também são muito caras, e são feitas praticamente de ouro. — Explicou, pegando minha mão e colocando o primeiro exemplar que havia alí. Ele era de ouro, com detalhes em prata, destacando a aliança em meus dedos. Era realmente bonita. — Ela gosta mais de prata ou ouro?

— É ele. Eu não sei muito bem, mas ouro é bem melhor, não é? — Olhei confuso para Sehun, que concordou levemente com a cabeça, passando a observar as alianças importadas que a moça havia falado anteriormente. — Será que você tem algo com diamantes pequenos? Apenas aqueles enfeites pequenininhos que ficam na aliança. Eu gosto de modelos como aquele.

— Temos sim. Um segundo e já volto.

— Olha só quem ficou empolgado comprando alianças. — Sehun falou com certo deboche, mordendo seus lábios  levemente enquanto fazia movimentos de negação com a cabeça. Revirei os olhos, voltando a observar as alianças que estavam alí em cima, tentando descobrir do que Yixing gostaria mais. Não que a opinião dele me importasse, mas ele também iria usar ela.

— Não estou empolgado. Quero comprar algo legal apenas. — Disse sem mais delongas. — Hum, aliás, você não comprou uma aliança mês passado?

— E quem disse que o Baek para quieto com aliança? — O mesmo falou rindo baixo,  observando comigo a loira, que voltava com vários exemplares que pedi, acompanhado dos preços deles logo ao lado. Cada vez que a aliança ficava mais bonita, o preço aumentava, e eu me perguntava se valeria à pena pagar tão caro por uma pessoa que eu nem sequer gostava.

Depois de meia hora escolhendo tudo, decidi pegar uma de prata e diamante, simples mas cara até demais. Sehun pegou outra aliança, era importada de Paris e ele, assim como eu, tinha certeza de que Byun não desapegaria dela tão cedo.

Eu passei a minha no cartão de crédito, em dez vezes obviamente, esperando que Sehun pagasse a dele, para que voltássemos ao nosso ponto de encontro, que era o Restaurante, em especial, no meu carro, já que iríamos para minha casa agora.

— Se ele não gostar, não irei trocar. — Falei sério, olhando para a caixinha de presentes em minha mão, na qual dentro, se encontrava o par de alianças guardadas na caixinha vermelha. Sehun pressionou os lábios, como se estivesse pronto para falar algo, mas acabara por desistir. Ele resolveu ficar em silêncio comigo durante o caminho todo, da rua ao carro e do carro à minha casa, falando apenas um “ vai logo “, pouco antes de chegarmos, já que eu estava indo devagar apenas para o provocar.

Depois de cinco minutos, chegamos na minha casa, e eu encontrei o carro de Baekhyun e um outro carro em minha garagem, o qual acreditei ser do Lay. Respirei fundo devido ao ar fresco no local, abrindo a porta para descer logo depois que estacionei, esperando Oh sair para que eu pudesse ligar o alarme do carro. Fomos em passos rápidos para dentro, encontrando Byun e Zhang sentados no sofá, ao risos, levando a atenção deles para nós quando chegamos. Baek foi imediatamente abraçar Oh, que resolveu dedicar sua atenção apenas para ele, que sussurravam coisas um para o outro. Eu, olhei para Yixing, com minha típica cara de tédio, me aproximando de sí para poder me sentar ao seu lado.

— Você vai dormir na minha casa à partir de hoje? — Perguntei calmo, olhando para o chão, sentindo as mãos dele se aproximando de minhas costas, para uma breve massagem. Sem querer reclamar, mas já reclamando, eu estava achando ele oferecido demais. Digo, eu e ele temos apenas um futuro noivado falso, destinado à acabar em poucos anos, pois se não haveria amor, seria impossível ficar casado com ele por muito tempo.

— Se você deixar, eu vou. — Olhei de relance para ele, e percebi que o mesmo sorria fraco. Acredito eu, que era apenas um sorriso que dizia claramente que eu ia me ferrar, pois sorriso apaixonado, aquilo não era mesmo.

— ‘Tá, tudo bem. Eu não me importo. — Dei de ombros, notando que ele parou a massagem. Me virei para sí, olhando profundamente nos seus olhos. — Eu sei que errei, mas… Por favor Yixing, não transforme minha vida em um inferno por causa disso. — Até porque, essa é a minha função.

— Não irei. Se quiser, posso te evitar aqui. Não vou atrapalhar, ou pelo menos, tentarei. — Ví sua expressão se transformar em algo possivelmente triste, demonstrando levemente que ele parecia interessado naquela história toda de se casar e ter uma vidinha feliz comigo e com o nosso filho, mas eu não permitiria isso, ou talvez, até permitiria, quem sabe.

— Ótimo. Faça isso. — Respondi seco, escondendo a caixinha da aliança em meu bolso. — Eu não te entendo Lay, primeiro você faz questão de ferrar com a minha vida, depois age como se fossemos um casal de verdade. Você não entende a gravidade de seus atos? Você não percebe que em um momento, ou iremos nos apaixonar, ou provavelmente, machucamos um ao outro com nossas atitudes? — Pressionei os lábios, engolindo um seco enquanto fitava os olhos escuros do chinês. Eu já conhecia essa história, e sei que no final, alguém vai acabar apaixonado ou machucado, e eu não queria nenhum dos dois.

— Eu estou tentando ser agradável, para que não se irrite comigo, mas isso não parece que vai ser fácil. — Ele desviou seus olhos dos meus, respirando fundo antes de se levantar com um sorriso no rosto. — Vou tentar ser alguém melhor SuHo, mas se esforce também, não por mim, mas pelo bebê que está por vir e pelo casamento. — E o mesmo foi até o Baekhyun, para perguntar sobre sua consulta no médico, me deixando sentado no sofá com uma cara de idiota e uma aliança no bolso. Ótimo.

— Ei, Kim. — Ví Sehun me chamando para ir a cozinha, o que eu fiz no mesmo instante, não ligando muito para a presença dos outros na sala. — Entregou a aliança para ele? Espero que não. Pensando bem, é melhor fazer um pedido de casamento mais formal, sabe?

— Não vou me casar com ele. — Falei por fim, deixando o maior com uma expressão séria no rosto, como ficou no momento em que descobriu sobre a noite que tive com Yixing. — Digo, não agora. Não acho um momento adequado, quero pedir ele em casamento no momento certo.

— Tudo bem, já que prefere assim. — Ele resmungou, indo até a porta de vidro da cozinha, a deixando aberta. Antes mesmo de que eu pudesse responder, Baekhyun veio correndo da sala, agarrando o pescoço do Oh enquanto enchia o mesmo de beijinhos. Zhang apareceu logo atrás, com um sorriso de canto enquanto negava com a cabeça, ele parou do meu lado, cruzando os braços enquanto olhava para mim.

— O que você fez? — Perguntei sorrindo fraco, vendo Sehun negar diversas vezes algo que Byun insistia em sussurrar em seu ouvido.

— Disse que seria fofo se ele e Sehun fossem pais também, e o Baekhyun decidiu ir sugerir isso para ele. — Ele riu baixo, pegando minha mão e me puxando para fora da cozinha, aproveitando que os dois estavam distraídos. O mesmo subiu as escadas da casa às pressas, fazendo-me o acompanhar na mesma medida. Por fim, ele me levou para a varanda do quarto no qual ele ficaria, soltando delicadamente minha mão, se virando para mim, fitando meus olhos profundamente.

— Por que me trouxe até aqui? — Murmurei olhando para a decoração da varanda, que por mas que quase ninguém usasse o quarto, permanecia bonita como sempre.

— Eu não sei. — Falou simplista. — Seria errado querer passar um tempo com você?

— Não, mas é que… — Me permiti olhar direito para o rosto dele, vendo um sorriso delicado e bonito aparecendo em seus lábios, me levando a revirar os olhos. Por que o meu futuro marido tinha que ser incrivelmente bonito? — Você é tão idiota.

— Quando me beijou, disse outra coisa. — Provocou rindo baixo, mostrando levemente para mim um lado mais provocador de sí. — Por que não me procurou depois daquela noite?

— Eu estava bêbado. Você foi apenas um ficante, nem me lembrei do que aconteceu naquela noite direito.

— Apenas… Um ficante? Tudo bem. — O acastanhado comentou parecendo ofendido. Pensei em algo para consertar minhas palavras, mas preferi ficar quieto, para não piorar a situação no momento. — Você é fodidamente sexy, eu quero te beijar..

— O quê??! Você nem ouse tentar me beijar. — Arregalei os olhos, colocando as minhas mãos sobre meus lábios, encarando o outro indignado. Se ele era assim no começo, imagine futuramente?

— Seu bobo, foi você que me disse isso quando estávamos na boate. — Ele começou a rir, fazendo suas covinhas aparecerem melhor, o deixando ainda mais fofo. Droga, sério que eu disse isso para ele? Não tinha algo melhor não? Algo como… “ Gostei da sua boca, o que acha dela praticando alguns movimentos com a minha? ”

Ninguém precisa saber que eu pensei isso.

— Olha Yixing, você para de me lembrar do jeito que fico quando estou bêbado. Por que o que faço quando estou bêbado, não chega nem perto das coisas que faço quando sóbrio. — Dei de ombros, fazendo com que uma expressão emburrada aparecesse em meu rosto, levando o outro a parar de rir, para voltar a me encarar. — Eu vou te fazer uma pergunta, e quero que seja sincero comigo.

— Eu… Ah, pode fazer.

— Você acha que eu seria um marido interessante? — Sorri de canto, envergonhado por uma pergunta do tipo, afinal, havia pedido para que ele não me atrapalhasse, mas no fundo, percebia o como seria divertido deixar meu futuro marido confuso. Mesmo não o amando, não podia deixar de admitir; Zhang Yixing era lindo quando sorria e legal o suficiente a ponto de me fazer querer ficar perto de sí.