História Eu, você e a Lua - Prólogo

Preto. Estava tudo tão escuro que por um instante se questionou se seus olhos estavam realmente abertos. Sentiu todos os músculos de seu frágil corpo reclamarem em quanto tentava inutilmente levantar-se. Esticou um dos braços sentindo uma parede próxima, neste momento uma dor aguda atingiu-a logo acima do estômago, provavelmente uma costela quebrada, mordeu os lábios reprimindo um grito de dor. Girou o corpo com cuidado até que estivesse de bruços, sentiu o chão molhado abaixo de si e o cheiro forte de ferro preencher suas narinas, era sangue. O seu próprio sangue. Lágrimas grossas começaram a descer por seu rosto. Como terminara daquele jeito? Não se lembrava. Estava morta? Não poderia ser, tinha certeza de que a morte não seria tão dolorida.

Juntando todas forças que ainda lhe sobravam, ela voltou a tentar se levantar. Apoiando-se na parede áspera, colocou uma das mãos sobre os joelhos, levando a outra até a barriga imediatamente apoiando-se na parede com o ombro esquerdo, tossiu fortemente sentindo os pulmões em chamas, gotas grossas de sangue desciam por seus lábios e se juntavam à poça que se formara no chão. Quando parou de tossir olhou em volta, não vendo nada além de escuridão. Sentiu as pernas fraquejarem ao começar a arrastar os pés para frente, andando, tão devagar que mal podia-se perceber.

Engoliu o choro prometendo para si mesma que seria forte, não era uma garota chorona afinal. Fechou a mão em punho e forçou contra o peito, como se aquele gesto fosse lhe ajudar a não sentir dor. Tentou ativar sua linhagem para que pudesse enxergar aonde estava, mas fora em vão, o chakra esvaia de seu corpo assim como sentia que sua vida o fazia também.

Uma forte luz veio por trás de si iluminando precariamente o corredor a sua frente. Foi naquele momento que ela ouviu, nas profundezas do corredor, uma voz que fazia todo aquele breu se esvair. ⁃ Hinata! - A voz gritava embargada. - Hinata! Por favor, eu não posso... - Vacilou por um momento, engolindo em seco. - Eu não posso perder você também! Acorde! Por favor, acorde, HINATA.

O coração da Hyuuga preencheu-se com uma sensação indescritível, lavando a escuridão e a dor, com luz e amor. Mais lágrimas escapavam por seus olhos, queria fazer o que a voz mandava, mas não sabia como, nem mesmo sabia se era possível! Tentou gritar, mas fora em vão, nada saia de seus lábios. Talvez, aquela fosse a sensação antes da morte, ouvir a voz de quem se ama como uma última dádiva antes de deixar a vida se esvair por completo. Virou-se para trás com cuidado e fechou os olhos por uns instantes, ficara tanto tempo no breu que seus olhos já haviam se acostumado, quando os perolados focaram-se na silhueta masculina que se formara ao fim da luz, começou a mover-se com todas as forças que ainda lhe restavam, tropeçou nos próprios pés caindo de joelhos no chão, desta vez não reprimiu um urro de dor, ao sentir que seu corpo já estava desistindo.

“Só mais um pouco, aguente, só mais um pouco...” era o que se passava na cabeça da primogênita Hyuuga. Começou a arrastar-se pelo chão lambido por sangue, estava tão concentrada em chegar até ele que nem mesmo notara a quantidade de sangue que havia pelos chãos. Quando estava perto o suficiente, forçou o corpo a levantar-se minimamente para que pudesse olha-lo nos olhos. Sorriu com dificuldade, filetes de sangue desciam por seus lábios e queixo, enquanto as lágrimas salgadas desciam, sem cessar, por suas bochechas vermelhas pelo esforço.

“Então é você”, pensou. Fechou os olhos projetando lembranças do homem a sua frente em sua mente, encarou-o novamente, sentindo o peito ser preenchido com amor do mais puro que se pode imaginar. Poderia dizer que sempre soube. Seu coração sempre soube que seria ele a estar ao seu lado a todo momento, até mesmo no fim.