1. Spirit Fanfics >
  2. Eu, você e os bilhetes de amor >
  3. Onde há fogo tem algo queimando

História Eu, você e os bilhetes de amor - Onde há fogo tem algo queimando


Escrita por: YOUGOT7JAMS

Notas do Autor


Oláaaaa! Já é aniversário do Lay na Coreia!!! ❤️
Estou escondida aqui no computador do meu irmão pra postar esse capítulo, então me deem muito amor rs
Já aviso para quem estiver procurando algum sentido nos títulos dos capítulos: não tem. Pois é ;-;
Só queria dizer o quanto vocês são maravilhosos e que nunca imaginei receber tanto carinho assim, então, sério, muito obrigada mesmo. Vocês são incríveis!!!
Espero que gostem da senhora Zhang :)
Boa leitura ~

Capítulo 5 - Onde há fogo tem algo queimando


Fanfic / Fanfiction Eu, você e os bilhetes de amor - Onde há fogo tem algo queimando

De todas as pedras no meu caminho, Yixing era a maior delas. E até pensava como uma, meu irmão.

Na maioria das vezes, quando um sujeito bonito à beça como ele sai dando uns beijos por aí – principalmente se estamos falando da minha boca – é normal ficar desesperado e sair correndo, certo? Certo. O problema era que: 1) estávamos no telhado de sua casa; e 2) o cidadão era espertinho pra diabo.

Antes que eu me desse conta, estávamos abraçadinhos sobre as telhas geladas, os braços descobertos se arrepiando com a temperatura baixa. Quando o silêncio pareceu se tornar pesado demais, Yixing enfim se levantou, atrapalhado, prometendo voltar o mais rápido possível com um cobertor quentinho. O cretino havia roubado a minha brilhante ideia de me escafeder dali.

— Espera aí, presidente. Espera aí — disse de um jeito tão bonitinho, gesticulando com as mãos estendidas, que não pude evitar esboçar o milésimo sorriso daquela noite. — Eu volto logo.

É claro que a minha tentativa de persuadi-lo dizendo que podíamos simplesmente descer do telhado não funcionou. Então, quase tropeçando nos próprios pés, ele caminhou de volta para a janela por onde viemos, me deixando sozinho com as estrelas.

E até que ficar ali não era tão ruim, exceto pelo fato de eu estar sozinho e com um baita frio. Era, de certa forma, um bocado aceitável permanecer naquele telhado admirando o céu noturno. No entanto, quando você percebe que já está admirando o tal do céu noturno há mais de meia hora, automaticamente enfiamos um punhado de caraminholas na cabeça. Talvez eu estivesse pensando demais, ou talvez Yixing tivesse me esquecido ali em cima.

Obstinado a não morrer congelado, rapidamente pesquei o celular no bolso da minha calça jeans e acessei o KakaoTalk. Um aplicativo onde eu realmente era Kim Junmyeon, e não um conselheiro anônimo.

Ah, mas ninguém me beijava e depois me abandonava em um telhado como aquele... Não mesmo.

 

Junmyeon: Ei, Yixing...

Yixing: Oi?

Junmyeon: Você não tá esquecendo de nada, criatura?

Yixing: Eu esqueci alguma coisa?

Junmyeon: Eu ainda tô aqui no telhado, bicho burro. Vem me buscar.

 

Aigoo! O sujeitinho não valia nem um tostão furado. Ou, pelo menos, era aquilo que eu achava. Meus dedos tamborilando sobre os joelhos diziam o contrário. Afinal, era bem verdade que eu estava ansioso para que ele voltasse, e meu corpo praticamente vibrava em antecipação.

Estava tão nervoso, tentando pensar em como deveria agir após o nosso primeiro beijo, que sequer percebi quando o garoto apareceu, tão silencioso quanto uma assombração, e depois agachou ao meu lado.

Ele apoiou uma mão em meu ombro, a fim de se equilibrar sobre as telhas.

— Desculpa, presidente — ele pediu, coçando a nuca de um jeito envergonhado. — É que minha avó decidiu tocar panelas, e eu acho que seria um desperdício não nos juntarmos a ela.

Pisquei, ainda um pouco aturdido. E ele tratou de colocar de volta os meus óculos, provavelmente achando que eu não estava enxergando direito.

— Espera... Tocar panelas? — perguntei, meio abobado, enquanto seus olhos se mantinham atentos ao meu rosto para ajustar as hastes atrás das minhas orelhas. — Você... Repete isso, volta a fita.

Ele sorriu, provavelmente achando a expressão um tanto engraçadinha.

— Vai ser divertido — ele prometeu, e logo tratou de me puxar pela mão. — Vem logo!

E eu fui, bicho. Levantei dali quase tropeçando e segui o sujeito. Afinal, eu não fazia ideia do que tocar panelas significava. Mas estava mais do que disposto a descobrir.

 

 

A senhora Zhang não era, nem de longe, uma avó comum.

Para início de conversa, avós comuns não costumam ter halteres cor-de-rosa e duas – repito: duas! – bicicletas ergométricas no jardim dos fundos. Também não costumam dançar em cima da mesa do jantar (não faço a mínima ideia de como a coroa foi parar lá). E Yixing jurava de pé junto que sua querida avó costumava ir até o mercadinho da esquina em um skate. Para finalizar, avós comuns definitivamente não costumam tocar panelas.

Só compreendi o que a coisa significava quando, um tempinho mais tarde, ajudei o garoto a apanhar todas as panelas e colheres disponíveis na cozinha. A senhora Zhang já estava a postos no quintal, e até mesmo colocara uma toalha de mesa sobre a grama úmida. Foi ali onde organizamos todos os utensílios metálicos, dispostos lado a lado.

Quando me viu, a idosa sorriu de um jeito bastante amável, as bochechas deixando os olhos espremidos. Sua gentileza me lembrava muito de seu neto.

— Vó, acha que já estamos com panelas o suficiente? — Yixing perguntou, tocando o braço dela, coberto por um casaco grosso e felpudo.

Ela o olhou com estranheza.

— Não preciso de nenhum ingrediente. Muito menos canela.

Era um bocado surda, aquela senhorinha. Quase sempre confundia o que dizíamos, e isso nos obrigava a praticamente berrar em seu ouvido. Para os vizinhos, devíamos parecer um bando de malucos. Mas, para ser franco, eu me sentia estranhamente feliz e confortável sentado de pernas cruzadas sobre a toalha xadrez, compartilhando de um pouco daquela loucura da família Zhang.

— Eu disse panela! Pa-ne-la — ele repetiu, aumentando o tom de voz. — Quem é que falou em ingrediente, afinal?

A velhinha deu alguns tapinhas inofensivos na cabeça dele.

— É verdade — concordou, num sotaque chinês carregado, provavelmente confundindo tudo outra vez. — Meu neto é muito inteligente.

Eu não entendia bulhufas do que aqueles dois desmiolados diziam. Mas, como diz o ditado: quem está na chuva é pra se molhar. Então, quando a senhorinha virou uma das panelas de cabeça para baixo e começou a acertá-la com uma colher de pau, eu não demorei a fazer o mesmo. Os olhos de Yixing brilhavam, observando com certa admiração o modo como entrei na brincadeira tão facilmente. Por sua vez, o garoto apanhou uma frigideira e colocou em seu colo, batendo em sua base como se fosse um tambor.

Foi a senhora Zhang que ditou o ritmo, e logo estávamos inaugurando um pequeno concerto particular no quintal de sua casa. Era gozado ver uma velhinha aparentemente tão adorável, com pantufas fofinhas e uma calça florida, batucando o metal com tanta vivacidade, quase como se ela estivesse em um show de rock. Era um barato vê-la balançando os cabelos escuros com tanta energia, o que só me fazia ter vontade de agitar a cabeça também.

Quando Yixing me puxou pela camiseta, me obrigando a levantar, começamos a dançar quase instintivamente. Com uma escumadeira em uma das mãos e a panela na outra, iniciei movimentos tímidos e meio desajeitados. Eu me mexia de um lado para o outro, sem saber direito o que estava fazendo.

— Bota pra quebrar, garoto! — a vovó berrou, se esforçando para que sua voz se sobressaísse ao barulho do metal sendo atingido diversas vezes. — Isso tá do balacobaco!

A coroa era das minhas.

Começamos a dançar loucamente, sem nos importarmos com o que os vizinhos pudessem dizer. Tive que guardar meus óculos quando os movimentos se tornaram frenéticos demais, mas eu não ligava de estar pagando um dos maiores micões da galáxia.

Eu não era um bom dançarino, afinal. Mas ali, rindo e preenchendo aquela noite com ruídos altos e os piores passos de dança do universo, eu me sentia a pessoa mais feliz do mundo.

 

 

Dormir tarde e acordar cedo é como se apaixonar. A gente sabe que vai se arrepender, mas faz assim mesmo. O verdadeiro problema é acordar às oito e meia, e ainda por cima numa casa que não é a sua. Tive aquele típico quase-ataque cardíaco quando estiquei o braço e não consegui localizar os meus óculos sobre a cômoda. Porque não havia uma cômoda. E o infarto quase se concretizou quando senti meu colchão afundar na lateral, com um sujeitinho chinês me chamando várias vezes até que eu estivesse consciente o bastante para dar um tapa em seu braço.

— Que horas são? — perguntei, ainda meio grogue pelo sono, e então senti os dedos compridos de Yixing afastando os cabelos da minha testa.

— Bom dia pra você também, presidente. São oito e meia.

Dei outro tapa, desta vez em seu joelho.

— Sai daqui, demônio. Ninguém acorda às oito e meia num sábado — tentei argumentar, empurrando-o para fora da cama e puxando o cobertor sobre a cabeça. Minha voz saiu abafada quando murmurei, desacreditado: — Tsc, acordando antes do meio-dia no fim de semana. Onde esse mundo vai parar?

Yixing não se deu por vencido. Em um gesto rápido, ele ergueu o edredom, ajeitando-se ao meu lado no colchão. Juntei toda a sanidade que restava em mim para não soltar um grito esganiçado e desesperado, vendo seu rosto tão perto do meu naquela penumbra confortável e quentinha. Estando assim tão próximo daquela boca bonita, não consegui evitar lembrar dos nossos beijos na noite anterior, e isso acabou resultando em um Kim Junmyeon sonolento e vermelho de vergonha.

O sujeito parecia um bocado à vontade, enroscando suas pernas nas minhas com uma naturalidade impressionante.

— Você dorme demais — ele reclamou. — E também pensa demais. O mundo está do jeito que está porque cada um só pensa naquilo que está pensando.

Fiquei ali tentando entender a frase ou o sentido poético daquela coisa louca que ele disse, juro que tentei, mas só consegui achar o troço engraçado à beça. Talvez tenha sido por isso que comecei a rir feito doido, cobrindo a boca para tentar impedir que o riso se transformasse em uma gargalhada.

— Você fica tão bonitinho quando cobre a risada com as mãos — ele comentou, traçando uma linha imaginária com o dedo nas minhas têmporas. — E seus olhos sumiram de novo.

— Ah... — sussurrei. Foi tudo que consegui dizer, sentindo o toque morno e a distância quase mínima soando como um alarme.

Yixing pigarreou, me olhando de um jeito diferente. Do mesmo jeito que me observou na noite anterior, no telhado.

— Sobre ontem...

O olhar dele se perdeu no meu, e o garoto não conseguiu terminar o que pretendia dizer. Em parte, porque ele parecia nervoso demais para começar aquele assunto, e também porque, de uma hora para a outra, a vovó Zhang entrou no quarto tocando panelas outra vez. E pior: dançando Gangnam Style.

Pelo jeito, a personalidade avoada era de família.

 

 

Ser o novo dicionário ambulante de Zhang Yixing já era ruim o suficiente. O garoto passou a me mandar mensagens tirando dúvidas sobre algumas gírias que eu usava, quando deveria estar mais interessado nas aulas de álgebra que tivemos em sua casa, no sábado à tarde. Não foi nenhuma surpresa quando, na segunda-feira, recebi um bilhete um tanto quanto estranho. Era esquisito pra burro, aquele troço.

Em letras caprichosas, mas em um coreano um tanto desleixado, ele havia escrito:

 

“Já disse que você é supimpa hoje?

Meu amor por você só acaba onde o vento faz a curva.”

 

Como se não bastasse, logo abaixo da última frase havia uma equação matemática toda torta. O bichinho não levava jeito nem para desenhar a tal da raiz quadrada. Durante nossa última aula, ele parecia estar mais interessado no pequeno rasgo que eu fizera em minhas calças jeans quando subira no telhado, tocando distraidamente o buraquinho na altura dos joelhos com o dedo indicador, para depois arrancar os fiapos do tecido.

Quando não era isso, ele estava reclamando sobre “quem foi o doido que inventou de misturar as letras com os números?”. Pois é, meu caro Zhang, é algo que eu me pergunto desde o ensino fundamental.

O fato era que, de todas as coisas que ele podia ter escrito, o cabeção teve a grande ideia de colocar ali uma equação matemática. Na sinceridade mesmo? Entendi foi nada. Patavinas. Necas de pitibiriba. Mas, como sou um guri curioso pra dedéu, logo tratei de resolver aquela fórmula maluca, acomodado em uma das mesas do refeitório.

Quebrei um pouco a cabeça para chegar até o resultado. Afinal, ser bom em matemática nem sempre significa gostar da bendita matéria. Assim, quando encontrei o x da questão, comecei a achar que talvez Yixing fosse um gênio disfarçado. Ou, talvez, que tivesse gastado um bom tempo pesquisando sobre aquilo na internet só para me impressionar.

Eu não precisava ser nenhum Einstein para concluir que, com toda a certeza, se tratava da segunda opção.

Rabiscado no meu caderno, e também circulado de caneta vermelha, o resultado final dizia:

 

x = amo – te

 

Ah, eu não mereço...

Acabei achando a coisa toda bonitinha pra diabo, e logo estava sorrindo e suspirando como um idiota no refeitório.  Até cheguei a olhar para os lados, procurando para ver se alguém havia reparado na minha expressão ridícula e sonhadora. Mas, aparentemente, eu conseguira escapar do meu primeiro micão diário.

Meus devaneios adolescentes, assim como a imagem de Yixing que começava a tomar forma em minha mente, foram para o beleléu quando meu celular vibrou. Eu tinha milhares de mensagens não lidas, e a maioria delas era do garoto baixinho da minha sala, aquele anão de jardim chamado Byun Baekhyun.

Quando abri o aplicativo, a última mensagem do moleque apareceu, quase como um pedido de socorro.

ABSdeNutella: Acho que estou doente.

Não sabia se o plano de Chanyeol – que consistia em dar algumas aulas marotas ao amigo sobre beijos e paquera – havia dado certo, mas eu apostava que aquela doideira toda tinha funcionado com Baekhyun. Porque, agora, a tarefa de abrir os olhos do idiota era toda minha. Eu precisava dizer a ele que aquilo não era doença nenhuma, e sim que ele estava perdidamente apaixonado pelo poste orelhudo.

Perguntei a ele sobre os sintomas que ele vinha sentindo, e acabei me surpreendendo com a realidade, sendo praticamente jogada na minha cara sem dó nem piedade.

A lista era longa.

 

- Bochechas coradas;

- Coração acelerado;

- Borboletas no estômago;

- Uma vontade de sorrir sem explicação;

- Mãos trêmulas;

- Nervosismo;

- Respiração descompassada;

- Vontade de beijar a boca de um sujeito específico, de novo e de novo;

 

Eram todos sintomas característicos de pessoas apaixonadas. E, para a minha surpresa, eu tinha todos eles.


Notas Finais


Mal posso esperar pra ver a vovó Zhang dançando na festinha, hehe
Espero que tenham gostado!
Prometo não demorar mais taaaanto assim. Minha semana de provas acaba amanhã, então devo ficar mais livre pra postar.
Beijinhos
Amo vocês ❤️


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...