História Eu Vou Proteger Você - Hiatus - Capítulo XVIII

     "Deitei novamente na cama abraçando a camisa e alguns minutos depois acabei dormindo; minha mente estava cheia e de alguma forma aquele quarto, a cama o cheiro dele me acalmava...

          Não me lembro ao certo quantas horas permaneci ali em sua cama relembrando em sonho o que houve nas semanas anteriores. O som agudo do celular roubou minha atenção e ainda sonolento olhei a tela, percebendo o nome que tanto queria ver hoje.

- hey baby…-atendi e minha voz ainda estava um pouco grave…

-Boa noite Nam…- a voz doce de Jin ressoou do outro lado da linha despertando todos os meus sentidos.

-Boa noite - sorri me sentando na cama - chegou bem? Onde você está?

-não posso dizer onde estou por telefone, desculpe; mas chegamos bem…- ouvi algumas vozes ao outro lado e uma parecia mais alterada.

-o que está acontecendo ai? Taehyung está gritando?

-Você não vai acreditar; ele veio a viagem inteira implicando com o Jeong Soo…

-quem é Jeong Soo?

- vamos dizer que seu pai, colocou um guarda costas pra cuidar de nós…- Jin riu baixo - mas eu sinto que Tae não gosta muito dele…

-E o que esse Jeong Soo, está fazendo aí? - perguntei recostando minhas costas levemente dolorida na cama.

-ele vai ficar aqui com a gente; achei que dormiria em outro lugar mas tem quartos suficientes aqui…

-Ele é hetero?

-Que tipo de pergunta é essa Namjoon?! - Jin riu em tom repreensor.

-Nada, só pra mim ficar tranquilo…

-Eu posso passar o telefone e você pergunta… quer?

-Não, não, eu estava brincando…- um pouco sim, um pouco não.

-Espera…- ouvi barulhos de metal caindo ao chão, logo depois à voz de taehyung alterada gritava com alguém - TAEHYUNG! - Jin gritava - Eu falei pra vocês não mexerem aí, aish…

-Hyung, estava falando com o Nam? - ouvi taehyung perguntar ao fundo.

-Sim…- uma pausa se seguiu - agora vocês vão limpar isso…- a voz de outra pessoa parecia longe e conclui ser de Jeong Soo.

-Hyung? - me tirando da minha leve observação, a voz de Tae soou ao telefone; em algum momento ele pegou o celular de Jin.

-Oi Tae… o que aconteceu aí?

-Jin hyung… é… ele colocou a comida e Jeong Soo e eu estávamos na cozinha; caiu tudo no chão…- ele ria.

-Você tem certeza que consegue cuidar de Jin? - perguntei sorrindo- não consegue cuidar de si mesmo…

-Eu não tenho culpa de não ter dotes culinarios…- tae parou de rir e sua voz soou seria - Está tudo bem por aí?

-Aconteceu alguns imprevistos…

-como assim?

-JungKook ah…

-JungKook? O que houve? Jimin está bem?

-Calma… Jin te falou sobre o pai dele?

-Ouvi boatos, mas não sei da história toda...

-Boatos; Taehyung?

-Boatos que incluem ouvir conversas sem querer…

-Ok então, bem, o pai dele passou dos limites hoje logo depois que vocês viajaram; eu não sei bem como tudo começou mas parece que JungKook assumiu estar namorando com Jimin e acabou quase sendo espancado...

-Desgraçado… espera…- fiz uma pausa - pronto, fala, Jin hyung está ouvindo também…

-Logo depois que ele ligou pedindo ajuda, fomos lá e Jiminie se estressou, Yoongi também, ele realmente contou pro pai que era gay; bem, foi um pouco confuso… eu pedi que eles levassem o velho pra sede da TreeF…

-O que vai fazer com ele? - Jin perguntou.

-Ainda não sei, não sou o líder... Só meu pai pode julgar isso.

-E JungKook? Onde está? - Tae parecía preocupado; para pessoas que conviveram tão pouco tempo ele sabia o quanto estávamos passando por problemas pessoais, cada um de nós.

-Na minha casa, ele vai ficar aqui por um tempo; ainda tenho que resolver algo com a mãe dele…

-Tudo bem; só não deixe ele sozinho agora…- Jin falou.

-Jimin existe pra isso…- ri e ouvi eles me acompanharem entendendo o que queria dizer. Ouvi batidas na porta e a voz de Lee tirou minha atenção, as batidas apressadas me deixaram um pouco confuso então decidir ir atender…

-Jin; eu ligo pra você depois…

-Tudo bem Nam.- desliguei e fui até a porta abrindo-a devagar; Lee adentrou o quarto sem falar nada e me olhou fixamente.

-O que houve? - perguntei sem entender.

-Onde seu pai está?

-Eu não sei, sabe muito bem que o Senhor Kim não me deve satisfação.- respondi meio óbvio.

-Ele te disse algo de manhã antes de sair? Pra onde ia ou o que iria fazer?

-Onde o senhor quer chegar?

-Só tente se lembrar Namjoon…

-Disse que iria resolver algo com o governo, Yul aprontou mais uma…- respondi indo até o closet, peguei um casaco pois o frio começava a fazer meus dedos doerem.

-Problemas!, ele não deveria não deveria! - Lee falou sentando a cama e passava as mãos pelos cabelos brancos, sua expressão de preocupação agora era evidente… me aproximei tentando entender a causa disso tudo.

-O que houve?

-Seu pai… seu pai, não entrou no avião, ele sumiu. Não consigo saber onde…- meu celular tocou interrompendo sua fala; olhei o visor e um número desconhecido. Parou de repente. Lee me olhou como uma pergunta silenciosa; o celular tocou novamente e atendi.

-Alô…- O silêncio do outro lado da linha; nada me dava respostas. Desligou. Pela terceira vez o celular tocou e olhei para Lee  fazendo uma expressão irritada. - Alô…

- Namjoon por favor não corra…- uma dor atingiu meu coração de repente - Namjoon!… vem aqui meu amor…- sua voz era inconfundível, apesar de todos os anos - olha pra mamãe, Nam; olha a câmera…- sua voz doce me soava tão longe; era como se ela estivesse ali, mas não… o que era aquilo? Uma brincadeira de mau gosto? - Mamãe vai tirar uma foto, sorria…- meus olhos lacrimejando ao ouvir a voz dela, tão real, tão surreal novamente… tão distante e ao mesmo tempo me atingia a saudade; rasgava e arrancavam-me todas as estruturas que construi para esquecer essa dor.

-Mãe…- sussurrei baixo, não ouvia mais nada. O silêncio incômodo tomou conta e então o telefone desligou. De onde? De onde eu havia ouvido aquilo? Eu lembrava da voz dela… era minha mãe, porque eu ouvi aquilo?

-O que tem sua mãe? O que houve? - Lee perguntou me mirando atentamente.

-Eu ouvi, ela falando comigo…

-Ora Namjoon, não é hora para brincadeiras.

- Estou falando sério…- passei as mãos entre meus olhos, uma lágrima solitária havia aparecido pra me lembrar que continuo sensível a dor do passado. Levantei indo até a sala, procurei por Hoseok e não encontrei subi até os quartos encontrando todos no quarto que agora pertencia a JungKook.

-Hobi; eu preciso que você me ajude…

-O que? Porque está nervoso?

-Meu pai desapareceu e eu acabei de ouvir minha mãe no telefone me chamado…

-Você bebeu? - Jimin perguntou colocando algo na boca.

- Para de ser idiota, você acha que ia brincar com uma coisa dessa?!

-Sim, onde eu me envolvo exatamente? - Hoseok perguntou levantando e me seguindo.

-Só preciso que você rastreie uma ligação… entreguei o celular a ele.

-Tudo bem; - Hoseok adentrou meu quarto e então percebi a turma toda logo atrás…

-Só tem um porém, está "Desconhecido".

-Acho que consigo rastrear pelo IP, isso não é problema.- Hoseok ligou o computador acionando uma aba escura e digitando rápido algumas coordenadas de letras e números sem sentido algum para mim;  os garotos nos observava sem dizer algo, dei meu celular para que hobi fizesse o procedimento e por breves instantes torcia para que meu pai estivesse bem; Lee me olhava apreensivo, acho que ele não estava acreditando totalmente no que eu havia dito… não era como se eu estivesse alucinando, não, eu estava em perfeito juízo.

-Namjoon… eu acho que você vai querer ver isso…- Hoseok falou e prontamente me sentei ao seu lado; um mapa de localização estava aberto e nele um pequeno ponto vermelho brilhava.

-O que é isso? - perguntei estranhando, não reconhecia aquele território.

-A origem das ligações… - ele digitava algo rápido.

-Onde é isso?

-Bem na toca do lobo; lembra do deposito, academia ou seja lá o que for aquele lugar… que Kim Yul usava para treinar seus homens? - assenti compreendendo - então, esse é o ponto... A ligação foi feita de lá, todas…

-Más...- tentei assimilar - não faz sentido, o que esse velho está aprontando? - olhei para Lee de relance e talvez tudo estivesse ligado. Meu celular ainda estava perto de Hoseok e agora ele tocava o mesmo nome " Desconhecido" aparecia em sua tela; Hobi atendeu colocando em alto som para que todos ouvissem.

-"Seokjin? Olhe pra mim… a titia está aquí…" - A voz aguda da minha mãe soava novamente, mas "seokjin?", de onde eu estava ouvindo aquilo e porque? Yoongi me olhou apreensivo e também deve ter reconhecido a voz dela, afinal ele conviveu também conosco muito antes dela partir.

-Que brincadeira é essa? - Yoongi perguntou se levantando - ela está morta, de onde vem essa voz?

-Eu não sei, mas se Kim Yul está de gracinha comigo eu vou resolver isso de uma vez…- Levantei pegando as chaves do carro e eles me seguiram, na sala Yoongi pedía que Jimin ficasse  com JungKook enquanto ele afirmava que era homem o suficiente para ir com seus hyungs.

-Jimin você não vai…- falei um pouco áspero demais sem querer. Ele obedeceu um pouco aborrecido.-Senhor Lee chame o chefe de segurança da TreeF, e diga que traga alguns com ele…

-Você realmente vai lá? Vai enfrentar Yul? - Hoseok perguntou colocando o casaco e entrando no carro.

-Ele não vai me deixar louco, eu não vou aceitar afronta de ninguém.

-E Jin? O que ele acha disso?

-Porque está falando isso?

-Você não acha que pode agir sozinho não é Namjoon, ele tem tanto poder de decisão quanto você.- entrei no carro e Yoongi sentou - se atrás olhando atentamente o celular.

-Eu não quero envolver ele nisso; Jin está longe daqui por causa disso tudo… eu não vou deixar que Kim Yul faça a TreeF de refém.

- Namjoon! - Lee falou vindo até o carro - Aconteceu alguns atentados no centro…

-Que tipo de atentados?

-Parece que alguns homens mataram e colocaram fogo em três pessoas na praça central agora há pouco… - olhei para Hoseok em afirmação, ele estava tentando desafiar.

-Viu?; ele começou isso, Yul quer chamar minha atenção e conseguiu.- falei batendo na porta do carro em frustração, não era a primeira vez que Yul fazia isso… não, agora era constantemente. Ele machucou pessoas e matou dentro do meu território; isso soava como uma afronta que com toda certeza a raiva que sentia agora, não iria deixar passar.

-O homens chegaram…- Yoongi interrompera meus pensamentos.- Vamos…-Hoseok dirigia e nós não trocamos palavras durante o percurso; não me lembro se levamos meia hora ou mais para chegar até uma outra cidade próxima onde a localização do telefone indicava. Meus pensamentos se deixaram levar até Seokjin, estava nítido que apesar de toda aquela situação eu queria que ele estivesse ali… me sentia fraco sem ele ali; me sentia sem motivos; o vazio incômodo do meu melhor motivo tinha vindo com força desde que ele entrara no avião.

-Chegamos…- Hoseok parou o carro em uma grande área e sim, ele tinha razão quando disse que aquilo parecia ser um campo de treinamento. Desci do carro analisando a área, logo atrás os carros da segurança pararam e reconheci um deles, o mesmo que havia estado comigo quando levou o pai de JungKook até o prisão. Todos se puseram em posição de alerta e o chefe veio até mim me cumprimentando.

-Não acha arriscado vir confrontar Yul aqui? - perguntou.

-Eu não vim confrontar ele… não agora. Só queria ter uma conversa franca.

-Onde o líder, digo, seu pai está?

-Isso nós vamos descobrir…- respondi mirando a entrada do local, Yoongi e Hoseok se mantinham do meu lado enquanto calmamente andei até o lugar que parecia um pouco deserto e silencioso demais no momento. Olhei em volta  as árvores; os postes de luz fracos; lembrando que Taehyung um dia esteve aqui, não por querer, mas foi treinado aqui… a inteligência dele era incontestável. Hoseok sabia que uma pessoa era tão capaz de burla e quebrar a sua segurança profissional e posso dizer que até mesmo pessoal, era Taehyung. Mas ele escolheu proteger o irmão o tempo todo, e não usou o que sabia para nos prejudicar; isso já era motivo para que ele apesar de ter crescido perto de Yul, ele tinha meu respeito e eu iria proteger Taehyung tanto quanto Jin.

         Abri a porta do lugar lentamente logo percebendo o movimento de pessoas dentro do local, eu estava a frente de todos e Hoseok me seguía como Yoongi ao meus lado enquanto nossos seguranças permaneciam em escolta atrás.

-Ora, ora, se não é o filho do líder…- O velho que eu já sabia bem quem era, sorriu sentado em uma poltrona me observando aproximar-se.- Você finalmente veio visitar o tio Yul?

- Me poupe da cena...- respondi sem expressão - acho que você me queria aqui… pra chamar tanta atenção, estava praticamente implorando que eu viesse aqui…

-Sim; tenho que admitir que você é bem inteligente por sinal… entendeu rápido a mensagem.

-Então? sou todo ouvidos…

-Sabe onde seu pai está? - sorriu.

-Yul eu esperava sinceramente que você me desse essa resposta…

-olha só, seu pai não ensinou que não devemos chamar pessoas mais velhas diretamente pelo nome. Eu sou seu tio - o tom de ironia escorria como veneno de cobra.

-Há! - Sorri em deboche - Kim Yul, eu não devo nenhum respeito a você, agora vamos direto ao ponto!…

-Tragam ele aqui… - Ele disse a um dos homens que estava ao seu lado. Alguns longos segundos se passaram e meu pai apareceu com as mãos amarradas e me olhando fixamente.

-Solte ele… -falei firme.

-Claro; eu não preciso dele…- deu sinal para que o homem soltasse as mãos do meu pai; o mesmo andou até mim e parou a minha frente.

-O que faz aquí? Você está louco? - Meu pai perguntou baixo ficando ao meu lado; sua respiração descompassada, a raiva subia subitamente fervendo meu sangue… mas eu precisava me controlar, ou não; Kim Yul se pôs de pé a nossa frente sacando uma arma e apontando em nossa direção, percebi que o alvo era diretamente meu pai; o fitei os olhos procurando um sinal de que ele não faria aquilo…

-Eu vou perguntar só uma vez Kim Namjoon, onde está Seokjin?