P.O.V Digo:
Tá legal... Tá legal... Tá legal...
Não vai ter nenhum problema, certo? Qual a possibilidade de acabarmos no mesmo parque novamente?
Bem, era isso o que eu diria se soubesse que a Bia viria para Orlando na mesma época que eu e minha família e olha só o que aconteceu, se Beatriz não estivesse de bom humor certamente teria perdido tudo sem ao menos ter chegado em uma decisão bem no brinquedo do “Meu malvado favorito”.
E que dia foi aquele no “Universal Studios”! Encontrei alguém que não esperava, briguei com quem eu já sabia encontrar lá e depois acabei a beijando!
Não sei o que dizer, só acho que temer essa viagem não seria nenhum erro.
Hoje iriamos para o “Hollywood Studios”, e o meu nervosismo não podia estar pior! Na verdade, em qualquer lugar que eu fosse eu estava morrendo medo de encontrar com... Uma pessoa que o nome começa com B.
Se encontrasse a Bia eu não podia mentir... Depois de ontem, quando pensei que podia perder a Abby, percebi que não conseguiria a ver zangada ou distante de mim e cada vez mais, cada segundo mais que eu passava ao lado dela a minha decisão se tornava mais sólida...
Meu coração pedia pela Abby... E quanto a isso eu não podia fazer nada, mesmo que me importasse com a Bia e seus sentimentos.
Eu precisava dizer tudo isso a ela, mas não precisava estragar suas férias, esse término podia esperar até voltarmos para o Brasil... O melhor para todos é que não nos cruzemos novamente.
E eu não era o único que assim pensava...
JP: Obrigado, meu Deus! Até que enfim esse menino acordou!
Disse JP quando liguei para ele na noite anterior.
Fernando: Aleluia! Esse negócio de Disney fez muito bem ao Digo! Mal chegou e já tomou a decisão certa! Até que enfim deixou de ser burro!
Obviamente Fernando concordou com JP. Desde sempre eles concordavam em tudo em relação a este triângulo amoroso.
Digo: Não precisa me ofender, cara! Além disso, eu não sou burro coisa nenhuma! A Bia é uma pessoa incrível, mas a Abby é melhor.
Fernando: Ok, meio burro.
JP riu do comentário do nosso amigo, enquanto eu fazia cara feia.
JP: Agora fala... O que vai fazer? As duas estão aí em Orlando... A possibilidade de um...
O interrompi antes que prosseguisse.
Digo: Isso não vai acontecer de novo! Tenho certeza!
JP: Está confiante demais...
Digo: Vai dar tudo certo, JP! E se algo começar a dar errada é só eu fugi, a Bia não teria a coragem de enfrentar a Abby, principalmente se eu não estiver por perto.
JP: Para o seu bem eu espero mesmo que não. Acredito que não queira perder a Abby...
Digo: Isso não vai acontecer! Eu tenho tudo em mente! Eu volto para o Brasil, termino com a Bia, peço a Abby em namoro e pronto! Vou ser feliz!
JP: O que posso dizer? Torcendo por você, meu amigo!
Meus pensamentos foram interrompidos por um voz.
- Digo, anda logo!- Falou Ali aparecendo no meu quarto.- Só falta você para irmos para o parque!
- Já estou indo, Ali.- Disse.
- Agora!- Falou ela pegando na minha mão e começando a puxar, mas como não tinha muita força eu não saí do lugar.
- Calma, baixinha!- Disse me soltando e fazendo cosquinha na menina.
- Vamos, por favor! Eu quero ir logo!- Disse ela dando pulinhos. Não contive a risada.
- Tudo bem, tudo bem. Vamos.- Disse aceitando a pequena mão da menina que voltou a me puxar pela casa alugada até chegarmos a sala, onde realmente, todos me esperavam.
- Finalmente, atrasadinho.- Disse minha mãe se levantando do sofá.
- Agora que o Digo terminou a maquiagem, podemos ir.- Falei meu pai recebendo risadas como resposta.
Todos se levantaram e seguiram o caminho para a porta, eu fazia o mesmo até que alguém pegou no meu braço.
- Oi! O dia já amanheceu para você?- Abby perguntou cruzando nossos braços. Ri enquanto caminhávamos para a saída da casa.
- Bem, é Orlando! Precisa amanhecer!- Falei.
- Ah, é? Então se explique enroladinho!- Ela disse fazendo cosquinha na minha barriga. Ri, no entanto mais de nervoso do que qualquer outra coisa.
Como poderia dizer o que fiquei pensando naquela manhã?
- Ah, sabe...- Comecei nervoso.- Preguiça e também... Precisei pensar um pouco.
- Você anda muito chamativo ultimamente.- Ela disse.- Quando não está fazendo nada parece que fica com um olhar perdido, pensativo... Está acontecendo alguma coisa?
Como eu queria que não...
- Ah... Nada demais.- Mentiroso!- Posso resolver.- Não, não posso!
- Espero que sim, se precisar estou aqui.- Ela disse me olhando com aqueles olhos profundos e doces e tive certeza que tinha tomado a decisão certa. Tudo tinha ficado óbvio com os meus sentimentos no dia de ontem, tudo o que eu mais queria era acabar logo com isso e poder ficar com a Abby da maneira certa! Mas...
Eu tenho muita consideração pela Bia para magoá-la, por isso preciso fazer isso com calma e terminar tudo de um jeito gentil, de uma maneira que ela entendesse e não ficasse zangada comigo e seguisse em frente, encontrando alguém que seja certo para ela.
Depois dessa viagem eu resolveria tudo e seguiria o meu relacionamento com a Abby... Assim como o meu coração mandava.
- Vamos, vocês dois! Queremos ir ao parque ainda hoje!- Falou a tia Pri.
- Estamos indo!- Falei apressando o passo junto da Abby. Entramos no carro e em seguida começamos a seguir o caminho.
Chegamos ao parque minutos mais tarde e após muitas fotos em um pequeno jardim que tinha na entrada, entramos no local que era ainda mais bonito do que o do dia anterior. E ainda melhor...
Que sorte eu tive! Assim que entramos estava tendo uma parada do Star Wars!
Preciso dizer que enlouqueci?!
- Meu Deus! É o Darth Vader!- Reagi. Fiquei parado vendo aquilo totalmente paralisado e só voltei a vida quando escutei a risada dos meus pais.
- Vê se não surta, ok?- Disse minha mãe acariciando meu ombro.- Eu e as meninas vamos ali numa lojinha, mas o resto vai te acompanhar nesse loucura!- Em seguida bagunçou meu cabelo e sumiu... Pelo menos eu acho que foi isso, pois não prestei mais atenção nela e sim no show que ocorria na minha frente.
Fiquei tão distraído e hipnotizado por ver um dos meus filmes favoritos praticamente acontecendo aqui na frente que foi preciso uma voz bem específica para me tirar de tal situação.
- Isso é mais uma coincidência ou deu um jeito de me rastrear.- Minha pele se arrepiou no mesmo instante e não pude acreditar no tamanho do meu azar.
Caramba! Só pode ter algo contra a mim, só pode!
- Vai ficar parado assim? Até onde eu sei não virei fantasma...- Ela continuou a dizer, no entanto eu não conseguia reagi. Precisei de pelo menos de mais uns dez segundos para ter qualquer reação no meu corpo, em especial, minha boca.
- Bia... Oi.- Falei constrangido.
- Que cara é essa, Digo? Você sabia que eu também estava aqui em Orlando.- Ela disse.
- E-eu sei...- Disse ficando cada vez mais envergonhado.
Nada contra a Bia, mas não queria vê-la mais naquela viagem. Tudo o que me lembrava olhando para o rosto dela neste momento é o que eu precisava fazer... Mas não aqui.
- Que coincidência nos encontramos novamente...- Ela disse se aproximando de mim.- Está me seguindo, Digo?- Ela perguntou.- Estou só brincando.- Ela disse após eu ficar ainda mais nervoso com a sua presença. Como se isso fosse possível...
Um silêncio constrangedor tomou conta do local e eu só fiquei olhando para a lojinha, onde as mulheres tinham ido, para ver se a Abby não ia sair a qualquer momento e deixar tudo ainda mais complicado.
- Onde é que está a sua... Amiga.- Disse Bia e pude ver que com um olhar de desprezo.
- Foi em uma lojinha.- Respondi. Bia deu um sorrisinho.
- E te deixou aqui sozinho? Meio bobinha... Se eu fosse ela e estivesse na campainha de um cara como você não largaria nem por um segundo... E eu sei bem disso, deixei um cara sozinho uma vez e quando ele volta está envolvido com outra.- Aí... Essa doeu.
Ignorei parte do comentário e foquei na pergunta.
- Não estou sozinho... Meu pai e...- Parei de falar assim que a Bia colocou a mão no meu ombro.
- Bem distraído.- Ela disse olhando para alguém acima do meu ombro, que eu bem sabia que era meu pai.- Qualquer pessoa pode aparecer aqui e te levar embora.- Falou risonha, mas eu ficava cada vez mais tenso e com olhos intercalando para o rosto da Bia para a porta da lojinha.
- Bia, olha só...- Tentei começar a falar, porém ela pós o dedo na minha boca impedindo-me.
- Eu sei o que vai falar.- Disse ela.- Para eu ir embora e... Te deixar um tempo sozinho para pensar. Mas se quer saber... Isso é injusto! Você passa horas e horas ao lado dela, é evidente que não tenho chance sendo que não tenho uma! Por favor, ninguém está olhando, vamos em um brinquedo! Só eu e você! Ao menos isso... Não quero que a escolha sendo que poderia ter sido melhor comigo e não deu certo porque você não me deu chance... Por favor.- Ela fez uma cara de criança chorona que não importava o quanto eu tentasse, não conseguia dizer “não”.
- Bia...- E eu juro que eu tentei.- Tudo bem, vai... Um brinquedo não vai fazer mal.- No mesmo instante ela bota um sorriso enorme no rosto.
- Eba! Obrigada!- Ela disse se pendurando no meu pescoço.
Não... Eu não podia fazer isso... Vendo a alegria dela percebi o quanto a estava fazendo mal, e como não poderia fazer aquilo nem por mais um segundo, não aguentava mais ser o vilão de nenhuma história ou menino insuportável indeciso, eu tinha tomado uma decisão e precisava segui-la, só assim poderia seguir em frente... Só assim a Bia poderia seguir em frente. Só assim encontraríamos a felicidade.
Então eu decidi... Não ia dar... Não posso esperar voltar para o Brasil sendo que posso fazer o que deve ser feito nesse segundo, preciso ficar livre dessa culpa e a Bia livre de mim para conseguir encontrar alguém que goste dela o quanto que eu gosto da Abby.
Esse é o certo. Já estou cansado de fazer tudo errado...
Bia tinha começado a puxar para algum lugar, porém a interrompi parando de repente e a fazendo me olhar.
- Vamos logo, Digo! Não podemos demorar!- Ela disse.- Logo sua família vai te procurar e não teremos mais tempo juntos...
- Bia, olha...- Disse fazendo-a parar de falar.- Eu preciso ter uma conversa séria com você.- Então foi a vez dela de ficar séria, e não só no jeito de falar, mas também na expressão do seu rosto, que na verdade parecia até meio assustado.- Preciso conversar com você. É sério.- Vi o pavor no seu olhar e por um momento quase mudei de ideia. Quase.- Eu não acho que...- Nesse momento fui interrompido por um abraço repentino da Bia.
- Não faz isso... Não agora.- Ela disse.- Na verdade, por mim nem nunca! Eu... Fiquei tanto tempo sem você, sendo uma boba com o Paulo, não posso te perder agora, Digo. Me dá mais uma chance.
- Bia, eu não posso te enganar.- Falei decidido a prosseguir.
- Você não se decidiu, Digo.- Ela disse.- Só acha que sim... Passou um tempo com ela e a escolheu, e eu sei disso... Daqui um tempo pode voltar a ficar com essa dúvida, precisa saber direito do seu coração... Você tem certeza absoluta que não gosta de mim?- Disse separando o abraço e me olhando profundamente.
Olhando assim eu não tive certeza, pois tinha um carinho muito grande por ela, e nada apagaria isso, só queria a felicidade dela... E o quanto eu amo a Abby não muda nada disso. Mas... Eu não podia negar que ainda a queria por perto, mas julguei que se me afastasse o sentimento iria embora tão rápido quanto veio, mas agora... Aqui com ela... Não sei se sou capaz disso.
- Não.- Respondi automaticamente, mas creio que tenha sido o meu coração falando mais alto, pois ele sabia que ainda amava as duas.
Mas também sabia que amava mais a Abby, mas que não conseguia deixar a Bia, pois o amor que por ela eu sentia ficava cada vez mais forte e parecido com o sentimento pela Abby.
- Sabia.- Ela disse e voltou a me abraçar com toda a força que tinha.
Por um momento levantei meus olhos e meu coração saltou, pois a única pessoa que não poderia ter visto isso, viu... Abby.
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