No quarto escuro, enrolado pelas cobertas, Light apertava os olhos tentando reprimir as teimosas lágrimas que insistiam em sair de seus olhos e banhar o seu rosto. Abafava pequenos gemidos de dor com o travesseiro. Por que Isso doía tanto? Uma dor no peito, tão forte que era realmente capaz de o matar, embora, não seja uma dor física:
— L... — sussurrou ele entre o travesseiro, se contendo ao máximo para não chorar novamente.
Finalmente ele tinha conseguido. Como Light havia planejado, a shinigame Remu escreveu o nome verdadeiro de L no death note, lhe matando com um ataque cardíaco, e de quebra, matando a própria shinigame dona do caderno. Light tinha conseguido. Tinha ganhado de L.
A única forma de matar um shinigame, é ele se apaixonar por um humano
Amor. Que sentimento estranho é esse que pode invadir o coração das pessoas sem prévio aviso? Tudo estava indo como os seus cálculos, ele tinha abdicado da posse do caderno e perdido suas memórias, seu caderno entregue a outro dono — temporariamente é claro — o caderno de Misa escondido na floresta, esperando a hora certa para ser desenterrado e cumprir a sua função.
Assim como seus cálculos previam, ele foi solto de seu cárcere e inocentado por todos, menos por L é claro, que insistiu e os uniu por algemas. Passaram alguns dias acorrentados, sempre ao alcance dos olhos vivos e intensos do detetive. As discussões e brigas, dividiram espaço com os pequenas alegrias do dia a dia. Light percebeu que não era tão mau ficar perto de L, que não se importava de ter um pedaço de seus bolos roubado. Ansiava cada vez mais poder ficar a sós com ele.
Assim como os seus cálculos previam, Light teve novamente a posse do caderno se lembrando do death note, shinigames, Kira, o novo mundo e sua cede por justiça. Mas ele também teve que aprender a conviver com os novos sentimentos que adquiriu. Se apaixonar por Misa Amane, Light poderia, e nada disso acontecia, mas ele foi amar L. Lawliet.
Estava totalmente fora dos cálculos. Light estava dividido, e ficou assim cada vez mais, entre o amor que tinha pelo detetive ou seu ideal. As ultimas conversas que tiveram não melhoraram em nada a situação. As mãos de L sobre os seus pés eram macias, e o toque lhe rendeu uma sensação agradável de conforto e um pequeno calorzinho no coração. As palavras de L na ultima conversa que tiveram na garagem do prédio do Q.G. foram as mais doloridas.
No meu ponto de vista, você é só um assassino estúpido e sem esperanças... e... Você foi também o meu único amigo
Light sentiu uma nova onda de tristeza lhe invadir, afundou novamente o rosto no travesseiro e voltou a soluçar. O rosto do detetive não lhe saia da cabeça. Seus olhos negros se fechando pouco a pouco, tinham um sentimento tão grande de decepção e tristeza. Primeiro um falso choro, agora era tão real. Kira tinha ganhado. O novo mundo se aproximava. Mas o sentimento de vazio que lhe invadia era tão grande, que mais nada tinha importância.
Queria que tivéssemos nos conhecido em outras circunstâncias
— Esta era a única forma de nos conhecermos — Light sussurrou enxugando as lágrimas.
Os pássaros começavam a cantar, o céu estava tomando um tom mais azul, o dia já estava nascendo. Light olhou pela janela do quarto que estava aberta, eram os primeiros raios de sol do novo mundo. Ele enfim seria um deus, e assim como os deuses de diferentes mitologias, ele fez seus sacrifícios. Nenhum deles seria em vão.
Igrejas serão erguidas em nome dele, orações, cultos, rituais, tudo em nome do Deus Light. Deus Kira. Deus da justiça, que matou vários inocentes para alcançar o seu objetivo. Que abriu mão da coisa mais importante, para seu grande propósito. Mas por que, isso doía tanto?
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