História Ever Since I Met You - Capítulo 4 - Storm

Eu conversava animadamente com Nayann quando alguém bateu na porta. O capitão entrou me encarando com malícia.

- Espero que tenha gostado... – ele me disse.

- Foi o maior erro que já cometi em toda a minha vida! – falei.

- Que pena, baby. Porque vamos repetir aquilo várias e várias vezes... Até você aprender como se faz.

- Eu até gostaria de levantar e te socar até você cair morto, mas infelizmente, minhas pernas estão latejando.

- É realmente uma pena... Adoraria levar um soco seu... Mas... Não estou aqui por isso. Vim avisá-la de que esta noite você terá a oportunidade de sair e beber com os piratas.

- Vai me amarrar num canto, nua, para que todos os seus homens possam “se divertir” comigo?

- Na verdade... Essa é uma excelente ideia! – ele disse sorrindo enquanto olhava para cima, pensativo.

- Não falei sério, seu idiota!

- Mas eu falei – ele disse – sua mimadinha.

- Eu não sou mimada! – protestei.

- É sim – ele disse indiferente.

Olhei pra Nayann esperando que ela dissesse algo, mas na verdade, ela concordou com o Capitão.

- Aceite, princesa. Você é mimada! Na verdade, é a pessoa mais mimada que já conheci.

- Ei! – falou Nayann – Will continue o que estava falando, sim? Fale sobre a bebedeira.

- Você, minha querida, perdeu o direito de me chamar de “Will” quando fugiu, ou seja, três longos meses atrás.

- Ah, mas tenho certeza que o Capitão aproveitou esses três meses, estou certa?

Will encarou o nada, baixando os olhos.

- É claro que estou certa. O senhor não aguentaria uma semana sem sua... Diversão.

- Cale a boca, sua vadia! Você deve ter transado umas cinquenta vezes com algum idiota pra acabar grávida!

- Will! – James gritou do lado de fora.

- O que foi agora, James? – Will perguntou irritado.

- Uma tempestade se aproxima.

Ele correu pra fora com tanto desespero que nem trancou a porta.

- Por que o desespero dele? – perguntei para Nayann.

- Sei lá.

Saí de onde eu estava e fui até a porta. Todos estavam correndo de um lado para o outro enquanto Will gritava ordens.

- Vá lá pra fora! – Nayann disse.

- Não! Se ele me vir eu estarei morta! E, além disso, vai molhar toda a minha roupa!

- Ah qual é! Deixe de ser medrosa e mimada!

- Não sou mimada! E nem medrosa!

- Prove! Vá lá fora!

Então, contra todos os meus instintos, eu fui para fora do quarto/cela.

- Charlotte! – James disse – O que faz aqui fora? – ele perguntou em meu ouvido.

- Nayann me desafiou.

 - Claro – ele riu.

- Por que o capitão ficou tão desesperado ao saber da tempestade?

- William não se dá bem com tempestades desde que tinha quatro anos e uma tempestade matou nosso pai. Nossa mãe nos criou sozinha por mais dez anos e depois faleceu também.

- Oh minha nossa... Não sabia disso...

- Você não tinha como saber, minha cara. Will tem uma aparência de durão, mas por dentro, ele é só um homem partido, sem ninguém para

- Ele ama você, James – eu disse.

- Claro que ama. Mas ele precisa amar outra pessoa também! Alguma mulher... Alguém como Katherine.

- Quem é Katherine? – perguntei.

- Ahn... Pergunte ao Will... Não estou autorizado a dizer nada sobre ela para ninguém. Desculpe.

E ele simplesmente saiu de perto de mim. Sem mais nenhuma explicação.

Quem é Katherine? E por que ela é tão importante para o Will? ...O que eu ainda estou fazendo viva? Por que não me joguei desse maldito navio ainda?

Os raios caíam e iluminavam o céu num clarão que acabava em questão de segundos. Não havia chuva, ainda, mas o vento que vinha contrário ao navio era muito forte.

- Ei! - ouvi uma voz. Will. - O que faz aqui? 

- Só queria tomar um ar - menti.

- Nessa tempestade? Com essa ventania? Se você tem algum plano suicida, esqueça-o. Volte para o seu quarto.

Eu não queria, mas fiz o que ele mandou.

Sentei na cama, sem mais nada para fazer.

- E aí? Morreu?

- Sim. Está falando com meu espírito - falei - Claro que não morri, Nayann!

Ela riu. Eu enfiei o rosto entre as mãos e fiquei com ele ali por um tempo.

- Sabe... Apesar de você ser mimada e medrosa, você daria uma boa Pirata. Talvez até uma Capitã razoável.

- Ahn... Obrigada.

- É verdade - ela disse.

- Mesmo que eu quisesse, irei me tornar Rainha um dia. Talvez eu tenha realmente nascido para ser isso já que... Sou mimada e medrosa.

- Ah qual é! Você sabe que é mimada! Quanto a ser medrosa... Mudei meus conceitos... Por enquanto.

Sorri pra ela.

- Ei! Vocês duas! Saiam daí! - James disse.

Saí com Nayann daquele quarto, mas preferia ter ficado lá dentro. Do lado de fora, tudo estava uma bagunça. Marujos correndo de um lado para o outro, tentando estabilizar o navio, o capitão dando-lhes ordens para que prosseguissem fazendo isso e dando ordens para alguns outros homens, que mexiam em outras coisas.

Um raio se aproximou de mim, mas antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, Nayann entrou na minha frente. Levando um choque violento.

- Nayann! - gritei.

James tentou tirá-la de lá, mas acabou sendo eletrocutado também.

- JAMES! - Will gritou.

Impulsivamente, peguei o braço de James, mesmo sabendo que eu poderia morrer, ao menos ele não morreria, e o puxei para longe. Levei um choque também. Tudo começou a ficar embaçado, minhas pernas estavam bambas, meus dedos tremiam, eu não sabia o que estava acontecendo, mas eu não estava queimando.

Ousei olhar para o lado. Nayann não estava mais lá. Só o que havia sobrado eram ossos e uns pedaços das botas dela.

Resolvi parar de resistir a enorme tentação de cair. Deixei que a gravidade me vencesse. Caí com tudo no chão do deck. Tudo ficou preto. E eu já não ouvia mais nada também.

.      .      .

Acordei em um lugar diferente. Não era o navio... Eu estava em terra firme! EM TERRA FIRME! Pra ser mais precisa, dentro de uma cabana. A cama não era a mais confortável, mas era melhor do que a cama do navio. Ao lado dela, havia um criado mudo com um pedaço de pão e um copo d'água.

- Ela acordou - alguém disse.

Will entrou no quarto, já me deixando apavorada. Mas, para a minha surpresa, ele apenas sentou na cama e colocou uma das mãos sobre minha perna.

- Fico feliz que... tenha acordado - ele disse.

- Fiquei apagada por quanto tempo? - perguntei.

- Quase uma semana... - ele disse - Pouco tempo depois de você apagar a tempestade parou e tudo voltou ao normal... Mais ou menos... - ele passou a outra mão pelo cabelo - Nayann já era. Morreu eletrocutada. James teria tido o mesmo destino se não fosse por você. Obrigado.

- Como ele está?

- Se recuperando. Ele acordou há dois dias, pediu pra te agradecer por ter salvo a vida dele.

Sorri, feliz por ele estar sendo gentil comigo. Poderia ter sido assim desde o começo.

- Bem eu... Preciso sair dessa cama - falei tentando me levantar, mas Will me deitou novamente. Seu toque tinha uma delicadeza surpreendente, como se eu fosse quebrar.

- Você precisa descansar. Não sabemos como não morreu queimada. Você ficou mais exposta ao raio do que James.

- Também não sei como... mas aconteceu.

- É. Aconteceu. E você precisa ficar na cama, descansando até estar recuperada.

- Por que de repente você se importa com o que acontece comigo? Pensei que eu fosse só um brinquedo sexual - falei.

- Bem... Eu prefiro transar com os vivos. E qual seria a graça se você morresse? Eu não poderia encher seu saco. 

- Então é disso que se trata? Você me trouxe pra esse lugar estranho e me pede pra descansar só pra poder transar comigo e encher meu saco nas horas vagas?

- É. Exatamente isso - ele sorriu.

Subitamente, sorri também.

- Pensei que nunca veria um desses vindo de você - ele disse.

- O quê?

- Seu sorriso. É um belo sorriso.

- Oh... Obrigada.

- Me desculpe por ter feito o que eu fiz e dito tudo o que eu disse... Ser um Pirata implica em parecer alguém diferente do que você realmente é diante de sua tripulação.

- Então você transou comigo aquela vez pra impressionar sua tripulação? - perguntei enraivecida.

- Mais ou menos isso... No entanto... Eu realmente estava com vontade de transar com você... Imagine quem não estaria... Você é incrivelmente sexy, princesinha.

- Por favor não me chame disso... Minha tia me chamava assim. Ela era assustadora... Eu odiava ir visitá-la.

- Claro... Tudo bem. Então... Como devo lhe chamar?

- Charlotte ou Charlie. Qualquer um dos dois.

- Tudo bem... Bom... Se me dá licença, eu preciso verificar algumas coisas.

Ele saiu do quarto, sem mais nem menos.

Minha nossa... Ele estava completamente mudado! O pirata vil que conheci algum tempo atrás não era aquele homem que estava sentado em minha cama, falando-me as coisas de forma gentil...

Ele despertou algo em mim. Algo que eu não sabia que existia... Mas o que poderia ser? Amor? Paixão? Devoção? Amizade? Tesão? Não sei... Tudo o que sei é que mudei meus conceitos sobre William Rogers Moore.