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História Every Day - 00.01


Escrita por: stopbitchin

Capítulo 2 - 00.01


* Adam P.O.V *

O barulho ensurdecedor das máquinas que a mantinham viva, ao qual eu já estava habituado, fazia-se ouvir pelo quarto branco. A máquina respiratória era a mais barulhenta. Fazia sons constantes parecidos com assobios baixos.

Olhei para a rapariga magra deitada à minha frente. O seu corpo estava coberto com um cobertor azul marinho e um lençol branco. Estas eram as cores do hospital onde nos encontrávamos agora. Os seus braços estavam descansadamente esticados em cada um dos lados do corpo. Uma intra venosa estava ligada à sua mão esquerda e uma mola estava na ponta do seu dedo direito. Da cintura para cima, a vista tornava-se dolorosa para qualquer um. A sua boca estava ligeiramente aberta, dando assim espaço aos os tubos que ligavam a máquina respiratória ao corpo dela. É estranho pensar que ela só respira por causa de uns tubos. A pior parte era a cabeça. O seu longo cabelo não existia mais... Consequência de uma importante neurocirurgia que iria 'muito provavelmente' traze-la de volta. Aqui estou eu, 3 anos depois, à espera dela. Há 3 anos que não faço a viagem diária de 5 minutos que separava a minha casa daquela escola. Há 2 anos e meio que o cabrão foi preso. Há 3 anos que não saio deste hospital. Tudo porque aquela neurocirurgia a traria de volta. Aqui estou eu à espera dela.

- Adam? - Melody entrou no quarto.

- Hm - disse sem tirar os olhos da rapariga frágil à minha frente.

- Sabes que hoje é o aniversário de...

- Eu sei - interrompi-a. Por mais que eu soubesse, não gostava de o ouvir.

- Eu só queria saber se precisavas de ir a casa ou assim... - ela fez uma pausa - posso ficar a olhar por ela se quiseres... - acrescentou.

- Não é preciso Melody, não passei a noite aqui. - disse calmo.

- Não? - ela perguntou confusa. Eu entendo a confusão dela, há 3 anos que eu passo os meus dias e algumas noites aqui. Desde que nos conhecemos, ela nunca me viu dormir fora.

- Nunca durmo aqui na noite do aniversário.

- Ah... - ela disse baixo. - Então, vou dar uma volta por aí e volto mais tarde.

- Tudo bem.

Ela saiu, fechando a porta azul atrás dela.

Tudo aconteceu muito depressa naquele dia. Eu estava atrasado. Eu nunca estou atrasado. Ela deve ter estranhado. Estava exatamente 5 minutos atrasado. Ela ficava sempre mais 5 minutos na escola nem sabia bem para quê. A rua que me levava à escola dela estava deserta mas ao aproximar-me da escola, pude ver um grupo de alunos (percebi pelos uniformes que vestiam) a conversar e uns carros estacionados mais à frente: alguns com pessoas e outros sem ninguém. Aproximei-me da porta da escola e olhei em volta à procura dela. Ela devia estar atrasada também já que nunca ia embora sem mim. Decidi ligar-lhe. O telemóvel tocou várias vezes e logo a voz dela apareceu no atendedor. Decidi não deixar mensagem e esperar. Encostei a minha cabeça no banco e esperei.

Alguém gritou 'cuidado' e eu saí rapidamente do carro. O grupo de pessoas que estava perto da entrada da escola correu em direção à estrada em frente da mesma e um grito foi ouvido. Corri o mais depressa que pude para o grupo que estava maior ainda. Pessoas que não estavam ali por perto já estavam naquele círculo. E eu ainda não sabia o que estava a acontecer. Afastei várias pessoas e cheguei ao centro do grupo de pessoas. Os meus pés pisaram uma grande poça de sangue e caí de joelhos na mesma. Eu não acreditava. Charlotte estava deitada no chão, inconsciente e a perder muito sangue. Rapidamente liguei para o 112 e entreguei o telemóvel a uma pessoa aleatória para que ela chamasse uma ambulância. Já não me lembro das palavras exatas que a pessoa disse a não ser estas 6 palavras ' Eu acho que ela está morta'. Rapidamente passei a minha mão pelo seu pescoço à procura da pulsação. Embora fraca, estava lá. Lembro-me de gritar que ela não estava morta e decidi que a ia estabilizar. Endireitei-a devagar e pressionei a grande ferida que ela tinha na cabeça. O sangue manchava tanto a camisa branca dela como os seus cabelos loiros. Também eu já estava coberto de sangue.

A ambulância chegou 10m depois. Vi-a ser estabilizada na maca e o paramédico que a examinava dizia um monte de coisas para o outro que apontava num papel que estava numa prancheta. Fui levado para a ambulância com ela e o caminho para o hospital foi cheio de momentos de insegurança. O paramédico não sabia responder a nenhuma das minhas perguntas e eu não sabia responder às dele. Nem sabia o que tinha acontecido. Entrámos a correr no hospital e levaram-na para uma sala à qual eu não tinha acesso. Já esperava isso. Sentei-me no banco da sala de espera e pus os braços nas pernas, segurando a minha cabeça. Ela tinha que ficar bem.

Os meus pensamentos foram interrompidos por um barulho irregular da máquina que registava os seus batimentos cardíacos. Observei a maquina e os números começaram a ficar vermelhos. Ia virar-me para chamar uma enfermeira quando esta entrou rapidamente no quarto, seguida de 3 pessoas. Fui empurrado para fora do quarto e as cortinas foram fechadas, deixando-me completamente sozinho no corredor. Estava assustado, nestes últimos 3 anos nada parecido tinha acontecido.

Eu tinha um mau pressentimento acerca disso.


Notas Finais


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