*Adam P.O.V *
Todo o ar à minha volta não parecia suficiente para o que iria acontecer naquele momento. O barulho das máquinas enchia, como sempre, o quarto e a pequena e desprotegida Charlotte estava deitada na mesma posição de sempre.
Como sempre, eu estava encostado aos pés da cama alta onde ela estava. Eu gostava daquele local. Conseguia ver tudo o que se passava com ela: todos os fios que a mantinham viva e o cabelo que estava agora quase pelos ombros.
A enfermeira, cujo nome eu ainda desconheço (acho melhor assim) entrou na sala com a prancheta comum a todos os funcionários deste hospital e olhou para todas as pessoas presentes naquela sala. Melody, Camila, José e Luís estavam comigo dentro do quarto.
Era agora.
4 HORAS ANTES
- NÃO ACREDITO QUE ME MENTIRAM DURANTE 3 ANOS! - eu gritei descontroladamente. As pessoas que estavam presentes na sala de espera olhavam com curiosidade para nós.
- Nós não te mentimos! Fala baixo por favor - Melody pediu mais baixo.
- LOGO TU! EU CONFIAVA EM TI MELODY! - gritei de novo. Não queria saber dos olhares que tinha agora em mim, só queria libertar este sentimento que estava lentamente a consumir-me.
- Tu podes confiar nela! Ela nunca te mentiu! - Camila, a mãe da Char, disse no mesmo tom que a Melody. Olhei com raiva para ela que se encolheu com o meu olhar mas não me encarou.
- NUNCA ME DISSERAM NADA! EU TINHA O DIREITO DE SABER! - gritei novamente. O segurança que estava a assistir da porta que separa a secção dos quartos da secção da sala de espera aproximou-se calmamente de nós.
- Senhores, o que está a acontecer aqui? - ele perguntou ao colocar a mão no meu ombro e encarou-me à espera de uma resposta.
Os olhares curiosos, que antes eram discretos, aumentaram.
- Nós pedimos desculpa. - começou Luís - Nós vamos lá para fora. - ele disse e, com um abano de cabeça, apontou-me a saída. O segurança acenou que sim com a cabeça e afastou-se novamente depois de agradecer.
Olhei novamente para Melody que mordia o lábio e tentava, a todo o custo, não me encarar.
Segui o Luís para o lado de fora do hospital que tinha uma entrada para a cafetaria do mesmo.
- Mano, ninguém te escondeu nada. - ele disse e pegou num cigarro, acendendo-o em seguida.
- Não me esconderam? - perguntei. - Ah claro que não - disse exagerando na ironia.
- Adam - ele disse depois de uma longa tragada no cigarro que tinha em mãos - Tu nunca perguntaste. - ele disse simplesmente.
- Independentemente disso não achas que me deveriam ter contado? - eu disse já sem paciência - ISTO ENVOLVE A VIDA DELA! DEVIAM TER-ME DADO PORMENORES SOBRE A POLÍTICA DOS 3 ANOS! - gritei novamente.
- Adam... - Luís quis explicar mas eu cortei-o rapidamente.
- Nunca ninguém me disse que depois de 3 anos sem registo de atividade cerebral as máquinas seriam desligadas. - disse agora mais baixo.
- Porra Adam, ouve-me! Não achas que se não fosse o melhor para ela eu não concordaria com isto? - ele perguntou já irritado.
- Como é que consegues aceitar isto? Vai simplesmente sentar-te e assistir alguém a desligar as máquinas que a mantêm viva? - disse - As máquinas que mantêm a tua irmã viva! - acrescentei.
- Adam, a política dos 3 anos é uma coisa provada pela ciência. Se o paciente não mostra sinais de atividade cerebral durante 3 anos... - ele deixou a frase a pairar.
- Completa essa frase - eu disse ao fechar os meus punhos.
- Se o paciente não mostra sinais de atividade cerebral durante 3 anos então provavelmente não mostrará nunca mais. - ele disse baixo.
- Está bem. - disse e saí do pequeno espaço onde estávamos.
**********
3 horas depois estava do lado de fora do quarto já tão conhecido por mim. Luís, Melody, Camila e José aproximaram-se de mim seguidos por uma enfermeira. Esta enfermeira fará a última inspeção à atividade cerebral da Charlotte. Era agora ou nunca.
Antes de nós sermos autorizados a entrar, esta mesma enfermeira entrou e fechou a porta e as cortinas.
Melody aproximou-se de mim pegando na minha mão calmamente. Embora estivesse chateado com ela, não a afastei: apertei a mão dela.
Não sei quanto tempo passou mas sei que a enfermeira saiu da sala sem trocar uma palavra connosco. Não havia nada que pudesse impedir a política dos 3 anos agora.
Entramos no quarto, que com tantas pessoas lá dentro parecia pequeno, e eu soltei a Melody, posicionando-me no meu local de sempre: os pés da cama.
A enfermeira, cujo nome eu ainda desconheço (acho melhor assim) entrou na sala com a prancheta comum a todos os funcionários deste hospital e olhou para todas as pessoas presentes naquela sala.
6 HORAS ANTES
- Boas e más notícias? - eu perguntei ao encarar o doutor Curtis.
- Sim - ele disse simplesmente.
- Acho que esta é a altura em que escolho se prefiro as boas ou as más notícias primeiro - concluo.
- Sim - ele concordou.
Avaliei as possibilidades: boas e más notícias. Qual a pior notícia que me poderiam dar? Ela estava morta? Um arrepio correu pela minha espinha.
- Prefiro as más notícias primeiro. - disse convencido da minha escolha.
- Tudo bem - ele disse. - Infelizmente, tenho de informá-lo que hoje termina o prazo da Política dos 3 anos que foi assinada após a cirurgia da menina Charlotte.
Lá estava de novo: Política dos 3 anos.
- Política dos 3 anos? - perguntei confuso.
- A política dos 3 anos diz que se o paciente não mostra sinais de atividade cerebral durante 3 anos então provavelmente não mostrará nunca mais. - ele fez uma pausa mas continuou logo depois - Depois deste prazo, as máquinas de suporte de vida são desligadas.
O ar foi retirado dos meus pulmões. Por mais que eu inspirasse, o ar não atingia os meus pulmões. Não parecia ar suficiente.
- O senhor está bem? - o doutor aproximou-se.
Não tinha ar suficiente para responder. Eu inspirava e expirava rapidamente.
- ENFERMEIRA! - foi a última coisa que ouvi antes de apagar.
**********
Acordei com uma forte dor de cabeça. O doutor Curtis estava a encarar-me.
- Sente-se melhor? - ele perguntou.
- O que aconteceu? - ignorei totalmente a pergunta dele. - O que aconteceu à Charlotte?
- A menina Charlotte está na mesma. O senhor desmaiou. - ele explicou.
- Preciso encontrá-los. - levantei-me rapidamente antes que o doutor pudesse reclamar e saí do quarto.
Corri até à secção mais conhecida e vi-os na sala de espera.
- NÃO ACREDITO QUE ME MENTIRAM DURANTE 3 ANOS! - eu gritei descontroladamente. As pessoas que estavam presentes na sala de espera olhavam com curiosidade para nós.
- Nós não te mentimos! Fala baixo por favor - Melody pediu mais baixo.
- LOGO TU! EU CONFIAVA EM TI MELODY! - gritei de novo. Não queria saber dos olhares que tinha agora em mim, só queria libertar este sentimento que estava lentamente a consumir-me.
- Tu podes confiar nela! Ela nunca te mentiu! - Camila, a mãe da Char, disse no mesmo tom que a Melody. Olhei com raiva para ela que se encolheu com o meu olhar mas não me encarou.
- NUNCA ME DISSERAM NADA! EU TINHA O DIREITO DE SABER! - gritei novamente. O segurança que estava a assistir da porta que separa a secção dos quartos da secção da sala de espera aproximou-se calmamente de nós.
- Senhores, o que está a acontecer aqui? - ele perguntou ao colocar a mão no meu ombro e encarou-me à espera de uma resposta.
Os olhares curiosos, que antes eram discretos, aumentaram.
- Nós pedimos desculpa. - começou Luís - Nós vamos lá para fora. - ele disse e, com um abano de cabeça, apontou-me a saída. O segurança acenou que sim com a cabeça e afastou-se novamente depois de agradecer.
Olhei novamente para Melody que mordia o lábio e tentava, a todo o custo, não me encarar.
Segui o Luís para o lado de fora do hospital que tinha uma entrada para a cafetaria do mesmo.
- Mano, ninguém te escondeu nada. - ele disse e pegou num cigarro, acendendo-o em seguida.
- Não me esconderam? - perguntei. - Ah claro que não - disse exagerando na ironia.
- Adam - ele disse depois de uma longa tragada no cigarro que tinha em mãos - Tu nunca perguntaste. - ele disse simplesmente.
- Independentemente disso não achas que me deveriam ter contado? - eu disse já sem paciência - ISTO ENVOLVE A VIDA DELA! DEVIAM TER-ME DADO PORMENORES SOBRE A POLÍTICA DOS 3 ANOS! - gritei novamente.
- Adam... - Luís quis explicar mas eu cortei-o rapidamente.
- Nunca ninguém me disse que depois de 3 anos sem registo de atividade cerebral as máquinas seriam desligadas. - disse agora mais baixo.
- Porra Adam, ouve-me! Não achas que se não fosse o melhor para ela eu não concordaria com isto? - ele perguntou já irritado.
- Como é que consegues aceitar isto? Vai simplesmente sentar-te e assistir alguém a desligar as máquinas que a mantêm viva? - disse - As máquinas que mantêm a tua irmã viva! - acrescentei.
- Adam, a política dos 3 anos é uma coisa provada pela ciência. Se o paciente não mostra sinais de atividade cerebral durante 3 anos... - ele deixou a frase a pairar.
- Completa essa frase - eu disse ao fechar os meus punhos.
- Se o paciente não mostra sinais de atividade cerebral durante 3 anos então provavelmente não mostrará nunca mais. - ele disse baixo.
- Está bem. - disse e saí do pequeno espaço onde estávamos.
**********
3 horas depois estava do lado de fora do quarto já tão conhecido por mim. Luís, Melody, Camila e José aproximaram-se de mim seguidos por uma enfermeira. Esta enfermeira fará a última inspeção à atividade cerebral da Charlotte. Era agora ou nunca.
Antes de nós sermos autorizados a entrar, esta mesma enfermeira entrou e fechou a porta e as cortinas.
Melody aproximou-se de mim pegando na minha mão calmamente. Embora estivesse chateado com ela, não a afastei: apertei a mão dela.
Não sei quanto tempo passou mas sei que a enfermeira saiu da sala sem trocar uma palavra connosco. Não havia nada que pudesse impedir a política dos 3 anos agora.
Entramos no quarto, que com tantas pessoas lá dentro parecia pequeno, e eu soltei a Melody, posicionando-me no meu local de sempre: os pés da cama.
A enfermeira, cujo nome eu ainda desconheço (acho melhor assim) entrou na sala com a prancheta comum a todos os funcionários deste hospital e olhou para todas as pessoas presentes naquela sala. Melody, Camila, José e Luís estavam comigo dentro do quarto.
Era agora.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.