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História Everybody's Broken - The Price of Love


Escrita por: lara_henio

Notas do Autor


Genteee, eu realmente esperei muito para postar esse cap. Confesso que é um dos meus preferidos. Geralmente posto às sextas, mas amanhã estarei fora, então resolvi antecipar esse.

Capítulo 17 - The Price of Love


“Vivemos,aprendemos, mentimos
pelo preço do amor
Beijamos, então dizemos adeus
Isso é o preço do amor”

Passara-se uma semana desde o último conflito com Daniel, até que Henry conseguiu a confirmação da internação dele naquele mesmo dia. Julia estava sentada à mesa de Henry com o braço já amarrado por um elástico. Ele terminava de esterilizar tudo para tirar seu sangue, apesar de não ter licença para fazer esse tipo de serviço, podia se dar ao luxo de colocar a amostra no laboratório sem que ninguém o questionasse.

- Quando?

- Acho que ainda hoje.

- Não tem horário? Eu não tenho que estar lá?

- Não obrigatoriamente.

Henry levantou os olhos do frasco que tirava da embalagem.

- O quê? – questionou.

- Sei que estou fazendo isso para o bem dele, mas ele vai me odiar. Querendo ou não, ele vai saber que eu armei isso para ele, mas não consigo nem imaginar sua reação ao se ver sozinho passando por isso.

- Como você acha que ele vai reagir? – perguntou voltando as atenções para a agulha.

- Da pior forma possível! Provavelmente terão que dopá-lo.

Calou-se enquanto ele a furava e desviou os olhos quando o sangue começou a fluir.

- Você fez o que pode e muito mais do que eu teria feito no seu lugar.

Ela pegou o curativo em sua mesa e aplicou no próprio braço enquanto ele etiquetava o frasco.

- Posso pedir mais uma coisa? – perguntou ele.

Julia franziu o cenho.

- O quê?

Henry estendeu um potinho transparente com uma etiqueta com seus dados.

- Eu não vou te dar minha urina! – riu ela.

- Tudo bem, você pode entregar sozinha no laboratório, só quero que você faça.

Hesitou por um instante, mas sabia que ele não descansaria enquanto ela não aceitasse. Concordou, torcendo para que ele não pedisse um exame de fezes também.

(...)

Jon amanheceu desconfortavelmente posicionado na cama de Emilly. Ela ainda dormia, nua, com o corpo roçando no seu. Passara o dia anterior inteiro com ela enquanto Tico arranjava contatos profissionais para a banda e David ficara no estúdio ensaiando com Phill. Reprogramaram a visita a Richie para domingo, forçando Jon a abrir mão de sua ida ao cemitério. Emilly iria sozinha visitar o túmulo da irmã, mas Jon prometeu que voltaria para almoçarem juntos no lugar de sempre.

Vestiu as mesmas roupas que deixara jogadas pelo chão e ela acordou com o ruído de seus sapatos. Tomaram café da manhã junto com D. Lucy e saíram juntos para que ele a deixasse no cemitério.

O hospital era longe da casa dela, assim como o cemitério, mas ele achou bom ter um tempo para refletir sozinho antes de visitar Richie. Encontrariam os pais dele lá, o ambiente seria tenso e talvez tivessem alguma nova notícia sobre seu estado. Já completavam dois meses de acidente, de coma, de desesperanças. Não queria ter que raciocinar sobre a possibilidade do amigo nunca mais acordar, aguentava bem encarando aquilo como se tivesse a certeza de que ele despertaria.

(...)

Julia viu primeiro os Sambora chegando, eles não reconheceram-na e ela também não os teria reconhecido se não tivessem fornecido seus nomes e o do paciente.  Estavam ambos péssimos, haviam envelhecido em torno de dez anos desde a última vez em que os vira. Pensou em identificar-se apenas para dar palavras solidárias, mas teria que identificar-se como ex do Jon e não conseguiria pronunciar aquilo em voz alta.

- Eles virão hoje – balbuciou para Sharon em tom assustado.

Podia jurar ter visto um sorriso formar-se no canto de sua boca, um dos primeiros que ela dava desde que Julia e Henry se assumiram para todo o hospital. Sabia que não poderia contar com sua ajuda para livrar-se do balcão quando Jon chegasse, não dessa vez. Sua única alternativa foi acumular documentos a serem entregues em outros andares para quando ele viesse.

Henry caminhou pesarosamente do elevador até a recepção, fazendo Julia franzir o cenho quando ele depositou um documento em sua frente.

- Preciso de uma cópia e a outra você arquiva, por favor. Pode incluir na ficha do paciente – sua voz era grave e seu rosto estava tenso.

Julia assentiu e esperou que ele saísse para ler o documento.

- Vocês brigaram? – indagou Sharon, tentando esconder o quanto ansiava uma resposta positiva.

- AimeuDeusdocéu... – proferiu rapidamente sem tirar os olhos dos papéis.

Era bom que passasse longe de Jon, aquele seria um péssimo dia para ele.

(...)

Tico fora de carona com David, ambos já esperavam na entrada do hospital quando Jon chegou. Notou que Julia não estava na recepção, apenas uma nada simpática moça de cabelos curtos e pretos, dona de traços finos, porém rígidos com seu mau humor.

Sabia que eles o esperariam fora, pois ninguém gostaria de fazer companhia para os pais de Richie, não quando se sentiam na obrigação de confortá-los, sabendo que absolutamente nada do que dissessem serviria para algo. Nem queriam vê-los, enfrentar aquele olhar opaco de desesperança, ouvir o choro da mãe ou encarar a feição distorcida do pai. Evitavam tais encontros, mas Dr. Crispin informara-lhes que teriam alguma nova notícia naquela semana, não necessariamente boa.

Subiram os três até o terceiro andar, Henry ainda não voltara de sua ronda e os Sambora ainda estavam no quarto com o filho. Serviam-se de água quando o médico apareceu saindo do elevador com sua costumeira prancheta à mão. Cumprimentou-os com acenos de cabeça, fez anotações aguardando os pais de Richie voltarem e suspirou longamente consultando suas anotações.

Os Sambora amuaram-se no canto mais próximo, após o médico fazer um gesto para que eles não se ausentassem, tinha informações de seus interesses também.

- Como vocês sabem, – começou pigarreando – Richard teve uma redução do córtex cerebral, ou como chamam, uma morte cerebral, que o colocou em estado vegetativo.

Alternou o olhar entre os três amigos, para os quais as informações ainda poderiam ser novas.

- Seu quadro é irreversível, ele agora respira, se alimenta e vive por meio de aparelhos. É a única coisa que nos resta fazer por ele, não há nenhuma chance de recuperação e pouquíssimas de sobrevivência.

Jon apoiou-se na parede, a Sra. Sambora soluçou em voz alta.

- Oferecemos aos Sambora uma procuração para desligarmos os aparelhos respiratórios ligados a ele.

David grunhiu alto e Tico emitiu um som de engasgo.

- Eles assinaram, – parou mostrando o documento em suas mãos – o desligamento será feito amanhã pela manhã.

- Como vocês puderam? – David esbravejou para as pálidas figuras encolhidas.

- Nós não tivemos escolha! – replicou Sr. Sambora com lágrimas no rosto – Ele nunca mais será o mesmo, para que estender essa condição miserável?

David sabia que eles estavam certos, mas precisava descontar sua angústia em alguém.

- Vocês vão matar o próprio filho!

Sra. Sambora deu um grito agudo, como se ele a tivesse ferido com uma navalha.

- David, por favor... – replicou Dr. Crispin.

Não precisou repetir, David retirou-se a passos largos e sumiu atrás das portas do elevador. Jon encostava-se à parede como se pudesse virar parte da pintura, Tico escondeu o rosto nas mãos enquanto seus ombros balançavam-se. Henry pigarreou indicando que seu trabalho ali acabara, mas Jon gesticulou recuperando a voz para lhe falar.

- Amanhã... Ele vai morrer?

Henry estava absorto em seu papel como médico, fitava Jon em seu momento de fragilidade e tentou não associar sua imagem à de Julia. Nunca parara para imaginar os dois em um momento íntimo como casal, nunca pensou em como ele um dia a tivera em sua cama da forma como ele próprio ansiava tanto tê-la. Balançou a cabeça vagarosamente afastando tais pensamentos.

- Há uma grande possibilidade de ele continuar respirando após o desligamento, mas não podemos afirmar por quanto tempo ele conseguirá respirar sozinho.

- Ele pode continuar respirando...

- Por semanas? Talvez, mas é improvável. A partir do momento em que desligarmos o aparelho, não temos mais nenhuma garantia. Estejam prontos para o pior.

Jon não esperava por aquilo quando saíra furtivamente da cama de Emilly pela manhã. Suas últimas esperanças foram arrancadas, aquele era um prenúncio de morte, não havia saída. Tico olhou-o pelo canto dos olhos, limpava as últimas lágrimas de seu rosto, mas não sabia o que dizer. Jon fez um gesto com a cabeça indicando que deviam ir, não tinham acusações nem palavras de conforto para os Sambora.

Tico quis ir ao banheiro antes de irem embora e Jon disse que ficaria esperando na entrada do hospital. Chamou o elevador prestes a descer sozinho, mas quando as portas se abriram viu Julia vestida em seu uniforme branco, encostada na parede do cubículo com uma pasta nas mãos. Por sua expressão facial ela soube que ele recebera as notícias sobre Richie. Ele postou-se a seu lado murmurando um oi.

- Eu sinto muito - sussurrou ela.

Ele assentiu com a cabeça, olhando-a de esguelha como há algum tempo não a via tão de perto. Julia abraçou-o, não porque ansiasse por tocá-lo ou tê-lo consigo de alguma forma, mas porque sentiu que era a única coisa realmente confortadora que poderia oferecê-lo. Jon retribuiu timidamente, encostando o rosto em seus cabelos, mas contendo o ímpeto de chorar que sentia. Sentiu-se seguro, fechou os olhos e viu-os ambos abraçados na porta de uma sala, onde havia cadeiras e instrumentos. Na imagem, Julia vestia jeans e uma blusa roxa acinturada, beijava-o do pescoço à boca e ele sorria presunçoso.

As portas do elevador se abriram, eles se soltaram do abraço e ela murmurou um tchau enquanto se afastava. Ele sabia que acabara de ter um flash de memória de algum encontro passado entre os dois, abriu a boca pensando em chamá-la, mas fechou-a em seguida. Ela não precisava de mais aquela falsa esperança, para que trazer tudo à tona quando cada um já seguira seu caminho?

Encaminhou-se silenciosamente até onde Tico o esperava para que ele o levasse de carona, uma vez que David fora embora com o carro em que vieram. Ainda precisava encontrar Emilly no cemitério e estremeceu ao pensar que em breve teria uma segunda cova para visitar.

(...) 

Julia não sentiu o menor ímpeto de contar a Henry que estivera com Jon, até mesmo porque se narrasse em voz alta acabaria sentindo mais do que compaixão pelo sofrimento dele. Aquele abraço ainda ardia em sua pele, sua mente a puxava para as lembranças de tudo o que eles já viveram, seu amor ainda vivia com a mesma intensidade de quando ainda namoravam, antes de tudo começar a ruir.

Não fora uma boa ideia almoçar com Henry quando fazia apenas minutos desde que aquela cena acontecera. Ainda alimentara a esperança de que ele já estaria instalado na mesa dos médicos quando ela chegasse, mas assim como todos os outros dias desde que se assumiram "bons amigos", ele a esperava em uma mesa só para os dois.

- Quando os exames ficarão prontos? – perguntou sem mesmo se importar, apenas para fugir do assunto que cercava seus pensamentos.

- À tarde, provavelmente às quatro horas.

- Hm.

- Eu te chamo assim que ficarem prontos, e se você me permitir abri-los...

Ela riu baixo.

- Depois de coletar minha urina, certamente não me importarei que veja os resultados.

Despediram-se com um beijo contido, enquanto em sua mente, Julia sentia a boca de Jon colando à sua. Voltou para seu posto, confidenciou todas as emoções do dia a Amber, a internação de Daniel, a notícia de Richie, o abraço, e ouviu a repreensão da amiga por ter feito contato físico com Jon.

- Agora que você já estava até se envolvendo com Henry, uma lembrança assim com ele só servirá para te puxar para trás.

- Mas eu não tinha nada para dizer e não podia ficar de braços cruzados sabendo a barra que ele está passando.

- E Daniel? Você vai visitá-lo?

Estremeceu pensando nos últimos três encontros desastrosos que tiveram.

- Não, mas ele não ficará internado por muito tempo, provavelmente só até obter um diagnóstico e ser encaminhado para um especialista. Então, dali para a frente será com ele, eles não poderão mantê-lo lá.

- O que você vai fazer quando ele sair? Ele está sem emprego, não tem condições de conseguir outro.

- Os pais dele o estão sustentando, Daniel é problema deles agora.

Amber concordou com a cabeça, ela faria o mesmo em seu lugar. Não tinham muitas tarefas para o dia, domingo era sempre o mais tranquilo da semana. As horas se arrastaram, deu quatro, cinco horas da tarde e nenhum sinal de Henry com seus exames. Às seis horas pensou em procurá-lo, mas ele devia ter uma boa desculpa para não aparecer, talvez tivesse uma cirurgia de emergência ou um de seus pacientes morrera... As possibilidades eram infinitas quando tratava-se de um neurocirurgião.

Arrumou suas coisas no fim do expediente convencida de que ele não poderia levá-la para casa, mas ele saiu do elevador carregando suas pastas, sem olhar em sua direção. Parou ao seu lado esperando que ela terminasse de juntar seus pertences para irem.

- Teve um dia cheio, não? – perguntou em tom brincalhão e olhou em seu rosto.

Henry estava pálido, sua boca estava ressecada e branca, até o azul de seus olhos pareciam mais escuros conforme ele a fitava.

- O que houve?

Só o vira assim uma vez, após dar a notícia da morte de uma menininha de cinco anos a seus pais, depois ele próprio parecia ter perdido um ente. Mas naquele instante, ele parecia mais assombrado, com medo.

- Vamos para a minha casa? – perguntou em um fio de voz.

- Claro – forçou um sorriso enquanto o acompanhava até o carro.

Ele começou a dirigir em uma velocidade mais alta do que o normal, ansiava chegar em casa, ou descontava seu nervoso na estrada.

- Henry, o que aconteceu? – perguntou timidamente.

Ele engoliu a seco, balançou a cabeça negativamente e inclinou-se para sua pasta. Julia pegou-a e tirou o primeiro papel que viu, tinha seu nome completo.

- Esse é o seu exame de urina, embaixo dele está o hemograma, mas só por esse mesmo você pode saber.

Ela fitou os números sem entender.

- Eu estou doente?

- Veja os índices hormonais.

Ela olhou, parecia fora do normal, mas ainda não compreendia o que aquilo poderia significar. Nunca fora hipocondríaca, muito pelo contrário, seu plano médico mofava nas gavetas e mal se lembrava qual fora a última vez em que se consultara com um médico.

- O que eu tenho? – perguntou calmamente.

Henry parecia incapaz de fitá-la, mas tampouco concentrava-se na estrada.

- Você está grávida.


Notas Finais


Parece que Daniel está fora de jogada por hora.
Julia terá um belo forninho para segurar...


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