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História Everybody's Broken - Burning for Love


Escrita por: lara_henio

Capítulo 2 - Burning for Love


Fanfic / Fanfiction Everybody's Broken - Burning for Love

“Você é a vítima, está em seus olhos
Sou o suspeito e o amor é o crime
Tensões se acumulando, corpos tremendo”

“- Como vão os shows?

- Ótimos, a galera é super animada, sabem nossas letras, cantam junto, gritam...

- Está dormindo bem? Comendo direito?

Jon revirou os olhos com um sorriso.

- Sim, mãe, estou.

- Hum – Julia assentiu sem saber o que dizer – Falando nisso, sua mãe te ligou?

- Até demais. Estou com saudades...

- Da sua mãe? – perguntou rindo ela mesma antes dele.

- Não aguento mais – respondeu ele sério.

- Eu também, mas nós temos que aguentar, a saudade vai passar, mas os benefícios dessa turnê ficarão.

- Queria que você estivesse aqui...

Julia abriu a boca para responder quando uma multidão de vozes invadiu o outro lado da linha.

- Tenho que ir, eu te amo! – gritou ele rapidamente e desligou.

- Eu também – sussurrou ela para o ‘tu...tu...tu...’ do aparelho.

Ele ligaria no dia seguinte, e no outro, e no outro, até que aquelas duas semanas de shows passassem, ele também olharia para a platéia imaginando que ela estava ali e trocariam mensagens sobre seus dias. Eles estavam juntos.”

Ele relembrava enquanto recolhiam os instrumentos para pegar a rodovia para a próxima cidade. Era em um momento daqueles que ele pararia para ligar para ela, para diminuir as saudades. Então elas só aumentavam.

Não fizera nenhum contato desde que deixara o apartamento e fora para a casa de David, de onde partiram em turnê. Ela deixara ligações perdidas em seu celular, mas ele apenas não estivera perto quando este tocou, embora também não retornasse. Ela deixara mensagens de voz e de texto que ele não lera nem ouvira. Mas ele sentia falta dela como jamais imaginara e queria voltar para casa, reverter todos os danos.

No dia seguinte à briga, os membros da banda convenceram-no de que seria bom repensar sua relação longe dela e decidir se havia mesmo volta. Mas nenhum deles apoiava o namoro, não depois de Julia ter sido vista beijando Daniel anos atrás. Ela jurou que ele havia forçado, ele alegava que ela até pedira. Jon acreditou nela, mas foi o único, nenhum dos outros voltou a respeitá-la e sempre o incentivavam a terminar.

Portanto, passando vinte e quatro horas por dia com eles e longe dela, Jon começava a achar que eles estavam certos e que ela o havia traído. Começava a querer voltar para casa e terminar tudo entre eles, mas a dor que sentia ao olhar o celular cheio de chamadas e mensagens, a dor que o impedira de cantar “Always Run to You” no show, convencia-o de que não conseguiria terminar.

Richie, o garanhão solteiro, dizia que ele estaria “engolindo um chifre” se voltasse para ela, mas não havia evidência concreta de que ela o traíra, fora uma hipótese de sua mente enciumada. Tico, o “pegador come-quieto”, insistia que eles estavam juntos há tempo demais e que ele precisava de novas perspectivas. David, o namorado fiel de Claire, apenas achava um absurdo não tocarem “Alway Run to You” sendo a turnê de lançamento de 7800º Fahrenheite e uma das músicas mais aclamadas pelas mulheres, incluindo Julia...

O primeiro show fora difícil até ele pisar no palco e o êxtase fazê-lo esquecer-se de tudo, mas quando saía dele as preocupações voltavam, nenhum dos outros entendia, nem mesmo David que namorava há dois anos. Os dias passavam-se arrastados e voltados unicamente para a música. Fora do palco, Jon tentava ocupar-se com os fãs ou dormindo mais do que o sono pedia, qualquer coisa para não ter que pensar ou lembrar.

(...)

Julia prometera-se que se entregaria ao trabalho, a música fez-la cumprir. A apresentação dos alunos chegou e passou e ela fazia hora extra, abriu aulas de reforço, tentou ocupar-se ao máximo. Mas sempre sobrava aquele tempo para dormir em que ela não conseguia, o sono brigava com sua mente que a atormentava com pensamentos sobre Jon, e ela chorava. Havia momentos em que ela tinha que parar para comer e a fome dava espaço à saudade, ela mandava mensagens e ligava sem nunca obter resposta.

Em suas mensagens, ela apenas pedia desculpas, assim: “Desculpa...”. Sem justificativas. Como se realmente fosse culpada por algo grave. Não era.

Estar longe dele, por si só, já era torturante, mas estar longe dele sem saber se ainda estavam namorando, era mórbido. As saudades doíam menos do que as mágoas da briga, mas quando as duas dores se misturavam a proporção já não fazia diferença.

Quando um de seus alunos apresentou-se para a sala tocando “Runaway” e ela caiu em prantos assustando os pequenos músicos, decidiu que se controlaria da melhor forma. Parou de ligar, apenas ligava para a mãe dele para saber se estava tudo bem. A sogra lamentava o ocorrido e torcia para que os dois voltassem.

- Ele também sente sua falta – disse Carol em uma das ligações.

- Ele disse isso?

- Não, mas é evidente, ele está perturbado.

Não servia de consolo, nem a expectativa de que as semanas estavam passando e logo os três meses terminariam, pois ela não sabia se ele voltaria. Ele poderia ficar na casa de Tico (a mais distante do apartamento deles) e voltar para os outros três meses de turnê sem que ela o visse.

- Ele estará na cidade, vá atrás dele! – repetia a sogra.

- Ele não quer me ouvir.

- Acredite, é o que ele mais quer e precisa.

E dessa mesma forma tortuosa e incomunicável, os três meses se passaram para ambos.

(...)

Jon tivera que reprogramar sua semana na cidade, mas tomara sua decisão e conversaria com Julia. As malas quase não haviam sido completamente desfeitas, uma vez que ficavam dois dias em cada cidade fazendo shows em tempo integral. Não haviam tido tempo para instalarem-se em algum lugar, apenas dormiam e comiam de malas feitas para partir a qualquer instante.

Phillip, o empresário, sempre servia de motorista, mas até ele estava exausto demais para manter-se desperto no volante. Jon voluntariou-se porque era o único que gastara todo o tempo livre dormindo e porque dirigir o deixaria concentrado em algo que não “ela”. Quase todos foram dormindo na van, o veículo tinha apenas cinco assentos contando com os dois da frente e a traseira comportava os instrumentos e malas.

Tico e David apoiavam a cabeça no vidro da janela e Richie, que ficara no meio, pendia com a cabeça para trás, fazendo-o roncar mais do que o normal. Phillip, sentado ao lado de Jon, aproveitava para conversar com ele sobre o assunto que tanto o perturbava. Ele vira Julia poucas vezes desde que começara a representar a banda, não tinha um pleno julgamento sobre ela e podia dar uma opinião neutra. Jon sentia-se mais confiante para falar com ele do que com qualquer dos outros amigos, pois Phillip era intelectual e maduro para um rapaz de vinte e oito anos empresário de uma banda de rock.

A escuridão da noite camuflava o nervosismo estampado em seu rosto, mesmo quando os carros passavam na pista oposta iluminando-os, mas a rodovia estava quase vazia. Esticou a mão direita para alcançar a garrafa d’água que Phillip segurava, quando percebeu que estava sem a aliança. Havia tirado logo na viagem de ida para não pensar em Julia cada vez que olhasse para a mão, mas já não podia impedir-se de pensar e não podia magoá-la mais voltando sem.

Com os olhos na rodovia, esticou a mão para o porta-luvas e abriu-o recebendo mil tranqueiras despencando. Olhou assustado recuando o braço, voltou o olhar para a rodovia e a mão para o buraco atulhado de coisas, achar uma aliança fina ali... Soltou o cinto para aumentar sua flexibilidade.

Tateou às cegas até ouvir um tilintado fraco, segundos antes de ouvir um caminhão vindo pela pista oposta, não conseguiria mais guiar-se pelo som. Phillip assistia a cena divertindo-se, sem tentar procurar ele mesmo pelo objeto que estaria a centímetros de distância.

A luz dos faróis dianteiros do caminhão iluminou o interior da van, Jon aproveitou-se para enxergar rapidamente o porta luvas e alcançá-la. Curvou a cabeça e visualizou o brilho dourado, esticou uma mão mantendo a outra firme no volante.

Uma faísca luminosa alcançou seus olhos fazendo-o olhar para a rodovia novamente, mas a mão já esticada instintivamente fechara-se em torno do anel. A faísca tornara-se um holofote que o cegava, Phillip gritou algo que Jon só fora entender um segundo antes de perder a consciência, ele pensou exatamente o que o outro gritara, havia um carro vindo em sua direção.

A luz aumentou ainda mais antes do pára-brisa quebrar, o caminhão, lado a lado com a van, buzinava freneticamente. Jon apenas tivera o reflexo de tentar manobrar para o lado, o que viria a poupar sua vida, mas o carro não conseguiu frear e nada poderia impedir a colisão.

 

 



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