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História Everybody's Broken - Blaze of Glory


Escrita por: lara_henio

Notas do Autor


Vai começar o festival de troca de capa? Ahh, não, gente. Eu juro que essa é a oficial até o fim kkkkk Não sei, me deu na telha que a outra não estava legal e eu gostei mil vezes mais dessa... Sinopse idem hehehe
Eu devia ganhar um real por cada vez que mudei os dois...

Capítulo 9 - Blaze of Glory


Fanfic / Fanfiction Everybody's Broken - Blaze of Glory

“Você me pergunta se conheci o amor
E como é cantar canções na chuva
Bem, eu já vi o amor vir
E o vi ser derrubado à bala
Eu o vi morrer em vão”

O cemitério estava movimentado, todos achavam os domingos perfeitos para visitarem seus mortos. Jon fez questão de ir sozinho, os outros já haviam feito aquela visita sem ele e precisava fazer aquilo sem o desconforto de lidar com uma dor coletiva. O coveiro explicara-lhe como chegar, subiu e desceu caminhos, contou covas até achar a lápide dele.

Uma foto quase séria de Phillip, mas ele sorria pelos cantos dos lábios zombando daqueles que agora choravam sua morte. Os números na lápide indicavam vinte e oito anos vividos até ali. Foram deixadas flores frescas e velas acessas, provavelmente de sua família que ali o visitava todos os dias. Jon tossiu sentindo o pesar que rondava aquele lugar, cada pedaço de terra parecia ter um grito de desespero contido.

Mentalizou algumas palavras para o amigo, molhou os lábios e suspirou várias vezes tentando manter a calma. Alguns caixões estavam sendo carregados para suas novas covas, seguidos de famílias desoladas e amigos chorosos, aquela visão não o ajudou. Caminhou firmemente até a saída do cemitério, tentando não olhar para as pessoas ao redor, mas sem sucesso.

Alguém chamou sua atenção, em frente a um túmulo exageradamente coberto de flores coloridas, uma moça de óculos escuros, bata rosa e calça jeans, parada esfregando as mãos, com cabelos lisos batendo pouco abaixo dos ombros, ruivos. Em questão de segundos deduziu que seria melhor sair fingindo nunca tê-la visto ali, mas ela ergueu a cabeça em sua direção tirando os óculos. Os grandes olhos azuis pareceram ficar ainda maiores quando ela acenou, Jon retribuiu o aceno sem saber o que fazer em seguida.

A ruiva balançou a cabeça chamando-o até onde estava, Jon andou calmamente pensando em algo sóbrio para dizer.

- Está me seguindo e ainda diz que não é minha fã? – gracejou falhando na tentativa de ser sóbrio.

Ela riu baixinho balançando a cabeça negativamente.

- Você é quem deve ser meu fã.

- Estou falhando, nem sei seu nome.

Instintivamente olhou para a lápide do elegante túmulo colorido por flores, “Emma Lander 1978 – 2004”.

- Emilly. – Jon olhou-a confuso – Meu nome é Emilly.

- Ah, sim – olhou novamente para a lápide.

- Era minha irmã, Emma.

- Sinto muito – sussurrou levantando os olhos para seu rosto.

Emilly tinha algumas sardas em seu nariz arrebitado, longos cílios castanhos cobriam seus imensos olhos azuis, os cabelos voavam contra o vento parecendo uma tocha humana.

- Éramos gêmeas.

Ele arqueou as sobrancelhas assustado com a informação.

- Por isso você está...?

- Fazendo acompanhamento psiquiátrico? Sim, é mais difícil do que parece.

- Eu não suporia como algo fácil.

- E você, por causa do acidente?

- Sim, na verdade, por causa da memória.

Emilly franziu o cenho.

- Não viu no noticiário? – Jon sorriu – Eu perdi parte da minha memória com o acidente.

- Acho que isso merece um almoço – sorriu de volta com um olhar curioso.

Almoçaram em uma lanchonete onde, aparentemente, Emilly já estava habituada a comer após suas visitas ao túmulo de sua irmã. Conversaram sobre tudo que não envolvesse os motivos de estarem ali. Emilly era estudante de psicologia, recentemente trancara a matrícula e trabalhava como estoquista em uma loja de CDs.

- Trabalha em uma loja de CDs, mas só me conheceu por noticiário, – brincou ele – acho que alguém aqui não está cumprindo o trabalho direito...

Emilly riu e continuou uma conversa sobre gostos musicais, bandas e músicas. Jon não tinha uma conversa descontraída há muito tempo, e lá estava com outro alguém que também sentia falta de uma boa conversa que a fizesse esquecer-se de todos os seus dramas cotidianos.

Julia esperou sozinha no apartamento até que a impaciência para comer a convenceu de ele não voltaria para almoçar, esquentou as sobras disponíveis e comeu com gosto, sem questionar-se o porquê de sua demora.

Ele voltou calmo e bem-humorado, embora silencioso como sempre. Pegou o violão e suas partituras, voltando ao treino já quase completo do primeiro CD. Julia sentou-se ao seu lado no chão, auxiliando-o nos quase imperceptíveis e raros erros que agora cometia.

Estava cansada, no dia seguinte trabalharia e apenas ansiava por sua cama, mas decidiu que ficaria ali com ele. Dormiu à tarde quando Jon foi visitar a família de Phillip e acordou com o cheiro da macarronada que ele preparava. Descabelada, em seu habitual pijama de flanela, arrastou os chinelos até a cozinha sentindo o estômago roncar. Jon vestia apenas um jeans velho com uma blusa de moletom, descalço, salpicava queijo ralado na travessa embebida em molho sugo.

Riu baixo ao vê-la daquele modo, ela sequer percebeu e logo virou-se rumo ao banheiro onde tomou um rápido banho. Jantaram em seguida e Jon fez questão de voltar ao treino logo após arrumarem a cozinha, a visita havia sido mais do que perturbadora e precisava de um momento com sua música para se acalmar.

Treinou sob a supervisão de Julia que o avaliava sentada no sofá, longas horas se passaram até ele próprio sentir-se cansado, ainda que satisfeito com o treino. Virou-se para o sofá vendo que Julia já dormia ali mesmo, encolhida desconfortavelmente entre as almofadas, um sentimento de pena o abalou. Passou um braço por suas costas, o outro amparou suas pernas, levantou-a puxando seu corpo contra si e sentindo o perfume doce de seus cabelos, carregou-a até o quarto depositando-a sobre a cama.

(...)

Jon não usava pijamas, classificava algumas roupas em “impossível de se usar em público” e as vestia para dormir. Não eram necessariamente roupas feias, apenas algumas peças já gastas, desbotadas e remendadas. Ele não se lembrava de quais entraram nessa categoria nos últimos quatro anos e estava na hora de usar o instinto para escolher uma para aquela noite.

Julia penteava os cabelos sentada na cama enquanto ele revirava o closet, estavam prestes a jantar e seguir com a rotina dos treinos noturnos.

- Essa parece uma boa – opinou ela olhando a camiseta que ele tinha nas mãos.

- Eu usava essa para dormir?

- Não, mas parece uma boa.

Ele riu baixo.

- Você podia me dizer quais eu usava.

- E acabar com a sua chance de fazer novas escolhas? – brincou ela – Pega aquela cinza, então.

Jon segurou a peça sugerida, apertou-a em suas mãos.

- Essa é nova, você mesma me deu há poucos meses.

Julia assentiu com a cabeça, mas logo seu corpo inteiro tremeu e seus olhos arregalaram-se.

- Como você sabe?

Levantou-se da cama e correu até o chão do closet onde ele estava sentado.

- Jon, como você se lembra disso? Eu te dei essa camiseta para você levar na viagem!

Ele não parecia perceber o feito, olhava-a atordoado.

- Eu... eu não sei... eu peguei a camiseta e eu simplesmente soube.

Julia sorria com olhos marejados.

- Você se lembrou disso! Você se lembra do momento em que eu te dei?

- Não... eu só sei, de alguma forma.

Levantou-se ainda olhando para ela.

- Isso é um bom sinal, não é?

Julia balançou a cabeça emudecida de emoção, lançou seus braços no pescoço dele, Jon retribuiu o abraço, ainda que hesitante. Naquele mesmo dia ele tivera consulta com a Dra. Wayle, teriam que esperar mais um dia inteiro até a próxima.

(...)

A psicóloga não poderia ter ficado mais radiante, perguntou detalhes que Jon não suporia existir, encheu-o de esperanças e expectativas. Encontrou Emilly prestes a deixar a clínica já na porta, chamou-a pelo nome, a ruiva virou-se assustada e sorriu ao vê-lo.

- Estou atrasada para o trabalho – falou rapidamente segurando a porta para ele.

- Posso te dar uma carona, se quiser – indicou a chave em sua mão.

- Obrigada.

A loja não ficava muito longe, ela provavelmente economizara apenas alguns minutos, mas para seu atraso fizera toda a diferença. Saltou do carro gritando outro agradecimento e, com os cabelos de fogo ao vento, entrou pela porta de vidro da loja.

Jon voltou para o apartamento e para os treinos diários, já estava finalizando o CD e ansiava começar a aprender o segundo. Parou apenas quando seus dedos protestaram. Foi até o mercado abastecer a cozinha e começou a preparar o jantar.

Julia chegou bocejando, um estrondo anunciou que ela havia derrubado seu violão no ato. Fechou-se no quarto saindo vestida em seu pijama verde água de flanela, os longos cachos presos em um coque alto e os olhos verdes contrastavam com as olheiras roxas marcando seu rosto. Elogiou a comida durante o jantar e perguntou sobre a reação da Dra. Wayle ao saber do ocorrido de dois dias atrás.

- Como era de se esperar, – Jon respondeu parando o garfo a meio caminho da boca – ficou extremamente animada.

Já no chão da sala, posicionaram os violões e iniciaram o treino da noite. Julia não comentara sobre a vez em que ele a carregara, mas desde então tomava o cuidado de manter-se desperta e trocava de posição assim que sentia o corpo amolecer.

Passaram-se semanas, mais especificamente três.

Jon não tivera nenhum outro flash de memória, tendo completado um mês desde o acidente. Dia após dia, as esperanças de ambos foram se esvaindo. Aquela primeira conquista ficara para trás até ser totalmente esquecida e a expectativa de outras novas que nunca vinham, desmotivava-os.

Julia começou a ensiná-lo as músicas do segundo e último álbum da banda, Jon empenhou-se com o mesmo afinco do primeiro, não abaixou a bola para a música. O tratamento ficou em segundo plano, faltava a várias sessões por puro desinteresse. Dra. Wayle mostrava-lhe fotos impressas de jornais e revistas do acidente, lia reportagens, pedia que ele mentalizasse a cena e comparasse com o do antigo acidente do qual ele se lembrava. Nada adiantava.

Emilly tornara-se companhia cativa de todos os domingos, cada um tinha seu momento ao túmulo de seus falecidos, depois almoçavam no mesmo lugar e conversavam sobre assuntos aleatórios. Geralmente falavam de música, mas Emilly interessava-se por inúmeros assuntos dos quais Jon nunca parara para pensar. Ela tinha grande fascínio por animais e ele surpreendeu-se pesquisando documentários sobre répteis para dar continuidade à conversa que tiveram.

Jon cada vez mais nutria sentimentos de culpa ao ver Julia chorando escondida no meio da noite, ela folheava álbuns de fotos, relia mensagens no celular, fazia tudo o que podia para manter vivas as lembranças “daquele Jon”. Ela o olhava dormir, o admirava durante as refeições, mas nunca tentara nenhuma aproximação e aquilo o comovia, o respeito e a paciência dela por sua situação. Ele a via em seus vestidos simples, rasteiras, olhos verdes como grama, cachos longos loiros que ela enrolava todos os dias, corpo curvilíneo e pele macia. Mais do que seus atributos físicos, ele via a paciência para ensiná-lo, a delicadeza, a paixão por música, a garra com que ela se levantava todos os dias para trabalhar apesar do cansaço que sempre carregava, a devoção com que ela esperava que ele recobrasse a memória e eles voltassem a ser o que eram. Ele só conseguia pensar: “como eu posso não me lembrar de alguém assim?”


Notas Finais


Turbulências vindo... é eita atrás de eita


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