História Everything is grey... - O começo.

Já fazia algum tempo em que ela vinha apresentando sinais de que não estava bem, eu como uma criança, não sabia o que fazer.
Á alguns dias, meu pai faz uma ligação dizendo que a mulher dele tinha terminado com ele, eu fiquei tão feliz, sai gritando pela casa toda, eu, treze anos, iria ter meu pai de volta, isso não é demais? Não, não foi. Minha mãe, com seu jeito meio depressivo de ser, porém, linda, não esboçava nenhuma reação com a notícia. 
Antes disso, havia ocorrido um fato, quer dizer: O FATO. Minha mãe foi na casa de meu pai, dizia que queria conversar com ele, que ele tinha que separar as coisas, tudo bem ficar com a mulher, mas não poderia esquecer assim dos filhos. - Ela tinha um ódio tão grande dele, vivia falando que ele não prestava pra nós, mas era porque ela o ama, e ela não aceitava ele ter feito isso, ter ficado com outra mulher sem ao menos ter nos contado -

Não sei até hoje o que realmente aconteceu lá, mas minha mãe, que também só pode ter uma explicação ter conseguido chegar em casa bem, ela chegou destruída, com a língua branca, nervosa, olho inchado, ela foi deitar, simplesmente com sapato e tudo, ela deitou e eu queria saber oque tinha acontecido, porque ela tava daquele jeito, mas ela não falava, passou-se não me recordo muito bem, não sei se foi algumas horas, ou alguns minutos, ela começou a falar nada com nada, e ficou estranha, a língua inchou dentro da boca, eu não sei, eu sei que ou ela ia pro hospital ou ela ia morrer aqui em casa.

Ligamos para a minha avó paterna e ela apenas disse: "Ta passando mal? Liga pro SAMU!" Aquilo me deixou tão puta de raiva, que eu não consigo falar direito com ela, até hoje. Enfim, voltando, ligamos para o Samu, não vinha, e ela já tava começando a piorar, então pedidos por socorro no nosso condomínio, pedimos para alguma alma, algum vizinho levar ela, então conseguimos, nosso vizinho a levou, eu fui no carro, foram horas de terror para mim, eu achava que iria perder minha mãe. E ela ainda estava teimosa, não queria que deixar levar ela. No hospital, a trataram como louca, porque realmente, ela estava perdendo a cabeça, literalmente, a colocaram numa das celas que só ficam gente doidona mesmo.

Foram 3 dias de muita aflição, dormindo no hospital, querendo notícias, até que chegou o dia em que ela já estava melhor, ela teve alta, eu acho que nunca fiquei tão feliz na minha vida que nem naquele dia. Mas desde aquele dia, eu comecei a desenvolver alguma coisa dentro da minha cabeça. Fomos buscar ela, fomos de ônibus mesmo, não havia oque fazer, era o único jeito. Ela tava exausta, com os braços todo marcado e machucado por conta das coisas que tiveram que prender ela, porque ela tava enlouquecendo, sério. No ônibus, não deram lugar pra ela, tivemos que pedir. Voltamos pra casa, ela descansou. No dia seguinte, fomos á igreja, ela tava com carinha de doente ainda, mas linda, ela é linda, talvez a mulher mais linda que já conheci.
Agora sim, veio a ligação do meu pai, minha mãe já estava melhor e eu também, pelo menos eu achava que sim...