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História Evocação (bts) - ❄03❄


Escrita por: Omma_Jinnie

Capítulo 4 - ❄03❄


A explosão aconteceria cedo ou tarde e veio por falta de comunicação.... Ou excesso dela,na verdade.


Desde a chegada à praia.Jimin andava pra lá e pra cá com o celular na mão. Caçava a todo instante os pais que excursionavam pela Europa.Depois cochichava com eles por longo tempo,chegava manso e declarava algo assim"já andaram de gôndola e fotografaram no Vaticano" ou "amanhã eles pegam o trem para o norte da Itália".


Claro que seus créditos terminaram rapidinho,então deu de incomodar vovó para saber quando agente ia "até uma cidade de verdade",onde se poderia comprar recarga.No final da nossa primeira semana,vovó já estava cheia.Achou numa vilinha ali perto uma farmácia que vendia cartões de telefone público e comprou um monte deles.


Na mesma vilinha localizamos depois uma lan house e pudemos nos contatar com o mundo via e-mail,mas na primeira semana a gente teve mesmo que usar os telefones.


-Pronto!-vovó espalhou a dezena de cartões sobre a mesa.-Agora vocês podem matar a saudade de seus pais,namorados,amigos,o que quiserem.


Fiquei só com um cartão e deixei os outros a que tinha direito para minha irmã. Essa divisão desigual fez com que o "comunicativo" Jimin arregalasse os olhos de inveja,mas não se atreveu a questionar a minha generosidade.

A encrenca se deu a sexta-feira à noite.Eu, Taehyung e Suga jogávamos cartas na varanda,vovó lia no seu quarto e Jimin via novela na TV da sala.Era uma noite fresca,o luar iluminava o caminho e minha irmã tinha saído para telefonar.Havia um orelhão a uns duzentos metros,na esquina de um condomínio. Voltou pouco depois, chorando.


-O que aconteceu?


Lalice nem conseguia falar.Rodeamos minha irmã:Yoongi achou que era picada de inseto,Taehyung perguntou se algum "cara perigoso" tinha mexido com ela, Jimin largou a TV e correu para a varanda,prevendo fofoca.Lalice afinal conteve os soluços e contou:


-Fui ligar pra mamãe, o telefone de Seul estava ocupado,fiz um pouco de hora. Ai apareceu uma menina pedalando uma bicicleta. Era assim magrelinha e levava um bebê com ela. Perguntou se eu tinha cartão e se podia emprestar.Ok.Aí ouvi a conversa.Era a avó dela.


Minha irmã pegou fôlego, concentrou-se e depois imitou a conversa:


"Vó,o pai tá preso de novo".Deu uma pausa."Não,dessa vez ele não me bateu.Ele só bateu na mãe".Outra pausa."Quando você vem pra cá, vó? Tá bom eu espero".


Lalice estava com os olhos avermelhados.


-Ela não ficou muito na linha,olhou pra mim e desligou.Gente,ela desligou pra me devolver o cartão.


-E o que você fez?-perguntei.


-Eu fiquei com dó, Meiji!Tadinha!Deixei o cartão com ela e voltei.


Sabe aquele instante em que dá um branco?Quando a gente ouve algo muito sério, muito tocante e fica procurando as palavras certas para comentar?E claro,com alguma observação sobre injustiça, solidariedade, piedade...Era isso que a história merecia. Mas Jimin atacou:


-Como você é tonta,Lalice! Cair num golpe desses?


-Golpe?-perguntei.


Jimin deu uma risada feia e não desviou os olhos de mim.


-Não te parece um golpe pra telefonar de graça?


O sangue ferveu.Furiosa,só consegui fazer ataque direto.


-Como você é ruim,Jimin!Como você é burro.


-Eu?Sua irmã fica dando bola pra um papo furado desses e eu é que...


-Você é muito venenoso e nojento,Jimin.


-Meiji,espere um pouco,também não é...-Taehyung entrou na conversa.


E sobrou pra ele.


-Você ficou idiota também, Taehyung? Acredita nesse teatrinho miserável,"tenho medo disso,não gosto daquilo",ou está tão a fim dessa criatura que nem percebe o quanto ele é chato?


-A fim? O que você quer dizer com isso?-reclamou Taehyung, mas bem que ficou vermelho.


Foi nessa hora que vovó chegou à varanda.Foi ela aparecer, pronto!

Flagrei outra cena linda de dono Jimin:na cara dura,armou um beicinho e olhou para vovó, colocando as mãos adiante,num gesto de estátua, "Sou o injustiçado,me ajude".


Dei um tapa no seu braço estendido.Imediatamente ele virou a outra mão para cima de mim e se agarrou no meu braço.Puxava com força.E gritava:


-Socorro,dona Meijin,ela quer me machucar!


Machucar, eu?Quem estava machucando alguém era ele,porque, no meio da confusão, aproveitava mesmo para apertar meu braço e aquilo doía! Resolvi guerrear de vez e estava fechando a mão num soco quando senti que me seguravam.


-Meiji,PARE AGORA MESMO!


Só então Jimin me soltou e se deixou empurrar molemente para o outro lado.


-Vó,mais foi ele que..


-FIQUE QUIETA, entendeu?


Suspirei fundo e calei.Um silêncio... e o choro alto de Jimin se destacando na noite.Ajoelhando e segurando o pulso como se tivesse quebrado o braço, ele se debulhava em lágrimas, de coração partido,sofrendo com as injustiças de inimigos cruéis... Todas aquelas frases chavões, tipicas das novelas idiotas que ele gostava de assistir,eu via acontecer ali,na nossa frente.


"Farsante. Hipócrita. Idiota".,pensei.


-O que aconteceu?-perguntou vovó.


Percebi então que de idiota o tal Jimin não tinha nada!Sua voz saiu firme e rouca,pouco contou da história de Lalice, disse"só porque eu dei a minha opinião e a Meiji não concordou comigo" eu o havia agredido...

Para enorme surpresa,meus primos concordaram com ele.Até Lalice, que em hipótese eu tinha defendido,acabou contando a vovó que me viu"pular em cima do Jimin".A vilã era eu.


Resultado: tive que pedir desculpas.Inventar uma explicação meio pomposa,de que sempre defendia minha irmã caçula. Prometer que tentariamos ser amigos.


-Claro,Meiji.Sei que a gente ainda vai se dar muito bem.


Ergueu"com certa dificuldade"o braço ferido e me estendeu a mão num cumprimento solene, vistoriado por vovó.


Foi nesse momento que percebi que ainda me vingaria dele.Custasse o que custasse.





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