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História Evocação (bts) - ❄08❄


Escrita por: Omma_Jinnie

Capítulo 9 - ❄08❄


No retorno‚ o tempo voltou a fechar. Rapidamente as nuvens mais escuras se adensaram sobre as montanhas. Vovó dirigiu estranhamente tensa‚ calada‚ concentrou-se em fazer as curvas devagar‚ localizou o muro branco e azul‚ tornou a estacionar diante do cemitério.


—Pode ir‚ Taehyung.


—Tudo bem‚ vó. – Meu primo pegou a camiseta com que embrulhara o santinho e saiu do carro.


—Ei‚ Taehyung ‚Você lembra bem de onde tirou o santo?–Jimin me espremeu para o canto.—Vou junto com ele.


Vimos os dois empurrarem o portão de ferro e sumirem lá dentro. Vovó continuava calada e não nos atrevemos a nenhuma brincadeira ‚ nem sequer sugerir nova “Incursão divertida” pelo campo-santo.

Demoraram pelo menos uns vinte minutos. “Será tão difícil assim achar um túmulo nesse cemitério pequeno? ”,pensei. Quando voltaram, reparei no rosto,mais vermelho e angustiado, de meu primo. Já Jimin, ah, esse tinha uma expressão que...

Ele me fez lembrar de uma frase de um livro: “Estava feliz igual a um gato que jantou um ratinho.”

O ratinho só podia ser o meu primo.



Hoje eu me questiono se existiu uma hora H. Se existiu a encruzilhada: a que fica o maligno,ali o caminho é de rosas,um desfecho inocente... Seria bom acreditar nisso. Em inocência. Em desfecho.

Seria bom mesmo? Ou procurar pela hora da virada só acrescenta remorso e arrependimento a essa lista de lembranças?

Mas a tentação é grande. E se? E se não tivéssemos visitado o cemitério? E se Jimin não tivesse roubado o santinho? E se ele demonstrasse mais respeito pelos mortos ou, ao menos,um medo normal diante da possibilidade de a alma sobreviver ao corpo finito? E se,e se,e se...

Se tivesse realmente que escolher um momento,escolheria a primeira noite em que ficamos sozinhos. Se optasse por um motivo,apontaria o carácter obtuso de Jimin.

A verdade é que ele era burro demais para acreditar no sobrenatural! Sua atitude leviana no cemitério e sua expressão quando vovó deu a bronca me fizeram lembrar de uns personagens de O fantasma de Canterville.

No livro de Oscar Wilde,um milionário americano comprava um castelo, recusando-se a aceitar que era mal-assombrado. O espectro podia arrastar correntes ou esfregar sangue no tapete que a familia Otis sugeria lubrificantes para evitar rangidos ou produtos de limpeza para liquidar marcas fantasmagóricas...

Era gente sem imaginação, gente vulgar. Tudo isso se aplicava também a Jimin.


Ele vivia no seu mundinho de pequenos e imediatos prazeres e,se reclamava o tempo todo, era como forma de chamar a atenção para si. Discutir idéias ou abstrações o afastava desse universo-do-próprio-umbigo e por isso eram “coisas chatas”. Visitar cemitério e respeitar a forma de luto alheia requeria uma sensibilidade inexistente no garoto. Daí que o Outro Mundo também faria parte dessa esfera distante dele e, portanto,só merecia deboche ou recusa.

Isso são teorias que penso hoje, que amplio e sofistico hoje. Há seis anos, creio que me movia por algo mais direto,simples e mesquinho: vingança. Provar que aquela criatura não tinha o direito de ser cético com o sobrenatural, posto que era tão tolo e apavorado com o natural. Queria uma forma de humilhá-lo, de assustá-lo.

A chance surgiu com o bingo de vovó.





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